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por falcao, em 28.05.07
TIRANETES - Neste Governo há meia dúzia de Ministros que dizem o que lhes vem à cabeça, para defender interesses particulares ou apenas por autismo profundo e sistemático desrespeito pelos cidadãos, em repetidos exercícios de prepotência, ignorância e má-fé: Santos Silva, Mário Lino, António Pinho, Correia de Campos, Jaime Silva e Isabel Pires de Lima são bons exemplos do síndrome tiranete, atávico na sociedade portuguesa, galopante no elenco executivo em boa parte porque o próprio Primeiro Ministro gosta de ser arrogante e detesta ser contrariado. A Sócrates, o português, dava-lhe jeito aprender com Sócrates, o grego, alguns rudimentos da civilização e do pensamento.

VERGONHA - O que se passa na Direcção Regional de Educação do Norte é fruto deste clima. Sabe-se agora que a senhora que dá cobertura a denúncias e persegue opiniões divergentes saiu da incubadora do Ministro Santos Silva, de quem foi adjunta no Ministério da Educação. É todo um estilo, toda uma maneira de agir. Esta gente, como voz insuspeita me disse por estes dias, acha que a Constituição da República é um mero livro de sugestões. Neste triste caso de denúncia, perseguição e abuso de poder, quem tem razão é o Professor Jorge Miranda: a haver insulto, o caso é do foro dos Tribunais e não de processos administrativos, quem devia ser demitida e alvo de processo disciplinar era a senhora Margarida Moreira. Que o Primeiro Ministro num caso destes fique silencioso, e que até o tenha tentado desvalorizar, diz tudo sobre o seu carácter.

LISBOA – No meio da confusão instalada, o melhor era transformar as eleições autárquicas intercalares de Lisboa num referendo sobre a localização do aeroporto na Ota. Quem são os candidatos a favor, quem são os candidatos contra? António Costa, no Governo, era a favor da solução que mais penaliza Lisboa. E agora, candidato a Preseidente da Câmara, que diz sobre o tema? Se for a favor, quem nele votar, votará também contra os interesses da cidade. Se há coisa que estas eleições mostram, com o elevado número de candidatos, é que a quantidade não quer dizer qualidade. Mas o mais curioso é se, entre os vários cenários possíveis, acontecer que no dia 15 de Julho Carmona Rodrigues e Helena Roseta fiquem em posição de constituir uma coligação pós-eleitoral maioritária. Nestas eleições nada é impossível…



OUVIR – Confesso-me fã de música africana e tenho muita curiosidade pela música de Moçambique, diversa de algumas sonoridades a que estamos mais habituados, mais festiva, e muito mais desconhecida por cá. Recentemente dei com uma nova edição e desde essa altura ouço-a duas ou três vezes por dia. O disco chama-se «Madrugada no Zanzibar», é assinado pelo grupo Canela, liderado por Mingo Rangel. Acho que é dos melhores discos africanos editados em Portugal nos últimos anos, com grandes canções originais, às vezes com a particularidade de os temas serem dedicados a figuras bem conhecidas, originárias de Moçambique – como Ricardo Chibanga e Eusébio. Gosto do ar festivo do tema de abertura, «Mademoiselle Antillaise», da intensidade de «Luar do Poeta» (que conta com a colaboração de Tito Paris), do ritmo e trabalho vocal de «Djembé» e do inesperado «Fado Mulato». O mais curioso é que este é um disco contemporâneo, nos arranjos, nos temas, não é um disco etnográfico ou tradicionalista – e esse é um dos seus grandes encantos. CD editado por Afrikana/Valentim de Carvalho.


COMER – Os olhos também comem mas há casos em que são mesmo os únicos que ficam a ganhar. Em Lisboa o restaurante Faz Figura fica num belo sítio, com uma fantástica esplanada, mas a vista sobre o rio é mais convincente que tudo o resto. A lista de vinhos não corresponde às existências e tem truques desnecessários como vender ao mesmo preço colheitas de anos diferentes (e bem diversas entre si), o local faz fraca figura no serviço mal a sala fica um bocadinho cheia, e no que toca à comida tive mesmo azar: a lista tem boas ideias mal conseguidas – como um tentador arroz de caras de bacalhau com gambas e coentros – que no final se revelou ensonso e desenxabido e provavelmente usando gambas descongeladas à pressa. Valeu a companhia dos amigos, e, mais uma vez a vista. Restaurante Faz Figura, Rua do Paraíso 15 B (a Santa Apolónia), Tel. 218868981.


NAVEGAR – Bela ideia a de Luís Paixão Martins ao criar um site dedicado às ONG’s. Chama-se Causas.Net e lá se pode encontrar muita informação sobre as Organizações e novidades do sector, com actualização permanente. Complementarmente a LPM propõe-se prestar gratuitamente a ONG’s serviços de assessoria de comunicação, a título gratuito, numa operação que é apoiada pelo Banco Espírito Santo, que assim reforça a sua actividade na esfera social e no apoio ao desenvolvimento da sociedade civil. Para ver mais vá a www.causas.net .


BACK TO BASICS - É preferível lixo nas ruas que lixo nas almas - Rui Ramos, a propósito das eleições em Lisboa e do processo disciplinar a um professor no norte do país.

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publicado às 16:51

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por falcao, em 22.05.07
NOTAS SOBRE A POLÍTICA CULTURAL EM LISBOA
Em Outubro e Novembro de 2005 escrevi no «Jornal de Negócios» uma série de artigos sobre a política cultural da cidade, os quais estão aliás neste blog.
Resolvi agora agrupá-los e actualizá-los, contributo para um debate sobre o triste estado a que se chegou nessa matéria.

LISBOA E CULTURA

A política cultural de uma cidade como Lisboa deve ser pensada em termos dos públicos a que se destina, tendo em conta a actividade dos diversos agentes e produtores na área das artes e espectáculos que existem na cidade. Não pode ser pensada só para o teatro, nem só para a música. Deve ser uma linha de acção que cative os cépticos e dote Lisboa de novos pólos de atracção. O caso de Serralves, de uma festa constante construída em torno da arte contemporânea, deve fazer reflectir. Quem acha que a arte contemporânea não atrai públicos bem pode pensar nesse exemplo.

Lisboa não pode ser só a capital e sede de instituições culturais, tem que se ganhar a cidade para ser a montra do novo, o palco do espectáculo, a feira das artes, uma permanente festa dos sentidos.

Nesta cidade os criadores modernos devem coexistir naturalmente com a tradição, a recuperação do património pode e deve estar ao lado do apoio a novas formas de expressão e de experimentação. Lisboa é a cidade do S. Carlos, do D. Maria, do S. Luiz, mas também a cidade da Bedeteca ou da Videoteca, de um S. Jorge retomado pelo público, de museus vivos e dinâmicos, de novos equipamentos para novos públicos, em circuitos naturais onde os visitantes possam descobrir uma nova razão para voltar a Lisboa, uma cidade virada para o Tejo e o futuro.

PROPOSTAS ESTRUTURANTES:
Criar um Conselho Metropolitano da Cultura e Turismo que fomente o destino turístico Lisboa na componente cultural e crie mecanismos de consensualização dos grandes Festivais e Festas dos diversos concelhos, articulando datas e fomentando um calendário sempre com atractivos.
A criação de uma Lisbon Film Commission podia estar ligada a esta entidade.

Lisboa concentra o maior número de equipamentos culturais de todo o país e, simultaneamente, o maior número de criadores e produtores artísticos – entre eles a maioria das instituições oficiais na área da museologia, música, teatro, dança e cinema para falar apenas de algumas áreas.

Em Lisboa, mas também e sobretudo nos concelhos limítrofes, nos anos mais recentes, surgiram uma série de novos equipamentos, desde bibliotecas a auditórios, passando por museus e galerias, diversos espaços dedicados a criadores e algumas iniciativas de carácter regular que têm vindo a ganhar crescente peso.

O objectivo não é fazer Lisboa entrar em competição com Oeiras, Cascais, Sintra, Almada, Loures ou Vila Franca, é antes fomentar a cooperação e proporcionar aos públicos de toda esta região uma oferta ainda mais diversificada, uma possibilidade de actuação mais alargada, uma maior utilização de recursos comuns.

Da mesma forma justifica-se criar um órgão permanente de articulação entre organismos do Ministério da Cultura e a autarquia, nomeadamente o IPPAR, IPM, Instituto das Artes e Instituto do Património Arqueológico.

Finalmente é urgente promover uma maior colaboração entre a Câmara e os operadores privados na área do espectáculo, nomeadamente em épocas determinadas como a das Festas da Cidade, fomentando a integração e não a separação de esforços.

PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO LOCAL:
Transformação do Pavilhão de Portugal num pólo museológico que se torne numa das imagens de marca da cidade de Lisboa.

Conversão do Cinema S. Jorge numa sala multifuncional para música, cinema e conferências com 1500 lugares;

Recuperação do Pavilhão dos Desportos para sede e sala da Orquestra Metropolitana de Lisboa e afectação do edifício da Standard Eléctrica a áreas expositivas e ateliers.

Intervenção no Parque da Belavista para implantação de uma estrutura permanente de acolhimento de concertos ao ar livre (rockódoromo).

Intervenção num dos pavilhões ribeirinhos para criar um espaço vocacionado para as músicas alternativas com capacidade para cerca de 1000 lugares em pé, que coexista com um conjunto de salas de ensaio que possam ser alugadas à horas ou ao dia.

Criação de um espaço onde se desenrolem actividades que sublinhem a multiculturalidade da cidade e permita às várias etnias uma ocupação regular.

NOVAS PROPOSTAS DE ACÇÃO:
Lisbon Film Commission – O objectivo é ganhar notoriedade para Lisboa como destino de filmagens de publicidade, séries de televisão e cinema; Assegurar a participação em certames internacionais da indústria em moldes profissionais e abrangentes, assegurando uma efectiva representatividade nacional; Proporcionar um conjunto de instrumentos capazes de fornecer aos profissionais do sector todas as informações necessárias para a sua actividade;

Bienal Jovens Criadores da Lusofonia – Reforçar o papel dinâmico de Lisboa no relacionamento com as comunidades e países lusófonos, estabelecendo um ponto de encontro e reflexão de jovens criadores de áreas como as artes plásticas, a música, as artes cénicas e performativas, a fotografia, o vídeo, a moda e o design.

Poesia - Promover o grande Encontro dos Poetas Vivos como a melhor homenagem a Fernando Pessoa e introduzir a poesia na vida da cidade.

Criar um regime especial de Mecenato, em articulação com as Finanças, que permitam Lisboa fazer face aos custos que em matéria cultural ser uma Capital implica, nomeadamente no tocante a novas actividades.

Recuperar as Colectividades de Cultura e Recreio e torná-las no eixo de ligação da política cultural da autarquia aos bairros da cidade.

Manter a Lisboa Photo, a Moda Lisboa , a Experimenta Design e o Africa Festival. Retomar o Festival Internacional de Teatro ou, em substituição, criar a Mostra Internacional de Dança Contemporânea de Lisboa.».

Definir a vocação de cada uma das salas e equipamentos culturais que a Câmara possui é urgente. Várias vezes ensaiada, essa definição nunca foi concretizada e por isso subsiste a maior confusão quanto à tipologia de utilização de cada um dos teatros e salas municipais. Há dois modelos em confronto: ou a Câmara garante ela própria toda a programação, ou se associa a privados que queiram utilizar o espaço dentro de situações normais de mercado, que estão absolutamente tipificadas. A Câmara já tem aliás salas demais – e um dos esforços deve ir no sentido de aumentar a colaboração com os privados e não de criar mais estruturas internas.

O CINEMA SÃO JORGE
Antes de mais uma pequena e pouco edificante história: No final do mandato autárquico do Dr. João Soares, em Lisboa, a Câmara Municipal comprou o Cinema São Jorge a promotores imobiliários, obviamente sem saber o que lhe fazer, que utilização lhe dar. Fez uma obras e pôs lá cinema a exibir. As obras foram de cenário: tinta nas paredes, limpeza geral, máquinas de projectar e sistema de som modernizados. O grosso do problema ficou por resolver: o sistema eléctrico, as infiltrações na cobertura que agravam o perigo de um curto-circuito, climatização inexistente de facto. Pelo meio há umas pantominices engraçadas: os políticos que obrigaram técnicos a certificar a segurança de sistemas (nomeadamente na área eléctrica) que notoriamente a não tinham, uma programação de cinema ao sabor das disponibilidades das distribuidoras, etc. É claro que a equipa do Cinema era esforçada e tentava fazer o melhor, vendendo a ilusão de que a sala podia funcionar.
O S. Jorge é o exemplo acabado de como as pressões de lobbys e de uma pretensa opinião pública, em nome de uma mística salvaguarda do património e das memórias, podem levar a becos sem saída. Sem estratégia definida, em más condições físicas, o Cinema S. Jorge acabou por fechar, provavelmente tarde demais, em nome de conceitos elementares de segurança, antes que aquilo tudo ardesse a meio de uma cerimónia qualquer. E para o fechar, mesmo com o risco que existia, foi preciso bater o pé e contrariar velhos do Restelo. No último ano fizeram-se mais uns retoques, melhorou-se para os mínimos a instalação eléctrica e remodelaram-se vagamente as slas existentes para poderem acolher eventos variados.
O que foi feito não resolve a questão. Temos ali a sala. Enorme. A precisar de obras estruturais. Com um edifício ao lado, que faz parte do Cinema, os antigos escritórios da Rank, vazio e a arruinar-se. Qualquer intervenção tem que ter isto em conta. Se persistir a mania de fazer do Parque Mayer um cemitério de elefantes (equipamentos culturais, delineados sem cuidar de saber se são necessários), há que pensar seriamente o que pode ser o S. Jorge no meio de uma selva de salas. Deve reconstruir-se a sala na sua dimensão original, de cerca de 1100 lugares? O destino principal deve ser a música, ou um centro de audiovisuais (por exemplo sediar a Videoteca na zona dos escritórios devoluta) – apesar de a Cinemateca estar mesmo ali ao lado? Justifica-se aquele imobilizado para isto? Ou, como durante algum tempo se tentou, faz mais sentido traçar um cadernos de encargos e abrir concurso para concessão da sala a privados, que a mantenham como sala de espectáculos, garantam a sua recuperação e utilização – como é o Coliseu, por exemplo?

O PARQUE MAYER
Quando se começou a falar na recuperação do Parque Mayer e surgiu o nome do arquitecto norte-americano Frank Gehry, convém recordar que o que estava em causa era construir uma envolvente para um Casino. Eu sempre achei que um Casino, ali, podia fazer sentido. Iria gerar um fluxo de públicos que alimentaria todo o novo Parque Mayer e que voltaria a dinamizar a Avenida da Liberdade, tornando-a simultaneamente mais divertida e segura à noite. Frank Gehry seria, através da imagem que se esperava criar, um argumento de marketing importante do local. Para a actividade que se esperava, era um investimento que fazia sentido.
Depois, quando no meio das confusões que se conhecem o Casino acabou por deixar de poder ser feito ali, a boa lógica e o bom senso mandavam que se voltasse a equacionar o assunto. Sem Casino a possibilidade de circulação de públicos seria infinitamente menor e o programa de ocupação de espaços anterior estava claramente desajustado. Por si só os novos equipamentos, por melhores que fossem, não teriam grande atracção e, muito provavelmente, seria um sugadouro de dinheiros manter tudo a funcionar. Sem Casino o Parque Mayer, perdoem-me a comparação, seria como um Centro Comercial sem salas de cinema e sem supermercado: perdia a âncora. Valia a pena pensar num plano B, que mantivesse o Capitólio e recuperasse o espaço, em sintonia com o Jardim Botânico.
Arquitectos como Gehry servem para criar ícones, são os cenógrafos das cidades, o pretexto para forçar novas paisagens urbanas - acresce que as suas intervenções geram um considerável fluxo turístico, como tem sido sobejamente demonstrado. Com o Parque Mayer sem casino, para quê colocar o ícone num recanto escondido, atrás da avenida? – Esta é a pergunta a que vale a pena dar resposta, pensando nisto: se o objectivo é construir um ícone, que sirva de novo emblema a Lisboa, então porque não se coloca num local bem visível, obsessivamente visível e que altere a silhueta da cidade? Eu acho que é o que faz mais lógica e que existe um sítio ideal para isso, o local onde está o arruinado e já inútil Pavilhão dos Desportos, no Parque Eduardo VII.

O PAVILHÃO DOS DESPORTOS
Quando o Pavilhão dos Desportos de Lisboa foi construído a cidade não tinha infra-estruturas de grande dimensão para a prática desportiva. O Pavilhão, mais tarde baptizado de «Carlos Lopes», foi o local dos grandes jogos de hóquei e de muitas disputas entre colectividades e clubes populares. A utilização do Pavilhão Carlos Lopes para espectáculos começa de uma forma mais sistemática nos anos 70, antes ainda do 25 de Abril . Logo a seguir ele tornou-se no ponto obrigatório de comícios e congressos partidários e no palco do culminar de campanhas eleitorais. Isto até ter ficado impossível de utilizar, que é a situação em que agora se encontra.
Devido à forma como foi concebido e aos materiais de construção utilizados, o Pavilhão sempre teve má acústica (péssima, de facto), e em função da época em que foi feito apresenta graves problemas estruturais. Actualmente o Pavilhão, para além de estar em ruína porque desde há décadas não lhe é feita uma conservação eficaz (na realidade há risco de utilização por causa do estado em que está o tecto), não tem o mínimo de condições de comodidade, nem condições técnicas e de segurança. As bancadas não têm cadeiras, não há ventilação nem aquecimento e muito menos ar condicionado, a instalação eléctrica é insuficiente segundo os padrões actuais, os camarins/cabinas/vestiários são obsoletos, o sistema de incêndios é de anedota, o tecto técnico é inexistente. Além disso foi construído numa época em que não se pensava que uma sala destas poderia ter utilizações diversas e a sua própria estrutura dificulta qualquer recuperação séria segundo padrões contemporâneos – a começar pelo problema das colunas que destroem a visibilidade e dificultam a operação do espaço. Em suma, como está, não serve para nada.
Por outro lado a infraestrutura de equipamentos desportivos da cidade evoluíu. Com os novos estádios construíram-se novos pavilhões bem equipados e o Pavilhão Atlântico é hoje a sala de referência equivalente ao que o Carlos Lopes foi há 30 anos – já para não falar dos vários pavilhões de bairro que foram surgindo aqui e ali. Por isso acho que faz sentido pensar numa utilização não desportiva para o local. Sentimentalismos à parte, a estrutura tem de facto pouco interesse do ponto de vista arquitectónico e mesmo uns azulejos decorativos que posssui podem ser salvaguardados num outro contexto. Pensemos pois que o local pode – e deve - ser utilizado para outra coisa.
Retomemos agora o tema de uma obra arquitectónica emblemática, que seja parte da linha de horizonte de Lisboa, e que possa ser a alternativa de imagem aos planos actuais para o Parque Mayer. Querem melhor local que o alto do Parque Eduardo VII? Bem dotado de acessos e com área e possibilidade de estacionamento, qualquer obra que ali se faça pode contribuir para dar nova dinâmica à cidade, em local de grande visibilidade e comodidade.
A questão das valências, que deve ser bem estudada, pode ter em conta a necessidade de uma estrutura que possa acolher música, conferências, reuniões; ou, em alternativa, que possa por exemplo alojar uma orquestra como a Metropolitana (que assim poderia deixar livre o local onde está, na Junqueira); ou, então, que possa ser o local de eleição para a instalação de um novo Museu, a grande sala de exposições da capital, onde alguma grande colecção possa encontrar o seu destino: já imaginaram ali um espaço como a Tate Modern? Em qualquer caso, a estrutura pode e deve prever equipamentos que permitam ser o ponto central de animação da Feira do Livro, em vez das estruturas provisórias que se vêm construindo há anos e que já consumiram, tudo incluído, cerca de dois milhões de euros, absolutamente a fundo perdido.
No fundo é uma questão de contas: como está, o Pavilhão não serve para nada. Para o remodelar, não faz sentido manter nem a estrutura, nem a finalidade desportiva face à oferta entretanto surgida e à que há-de desenvolver-se a nível de freguesias e clubes. Por isso é importante pensar no assunto agora, sem preconceitos e, sobretudo, de forma integrada: esta é uma peça da construção da cidade; temos que ver como se encaixa e relaciona com outras, para que cada uma fique com uma função diferente, complementar e útil.



ESTADO, CIDADES E CULTURA
Em véspera de autárquicas o caso da Experimenta Design é um bom pretexto para falar um pouco da relação das autarquias com as formas contemporâneas de arte e cultura. O caso ganha ainda mais importância quando a gestão de Carmona e Amaral Lopes decidiram asfixiar a Experimenta.
Vejamos: dois acontecimentos ajudaram a projectar desde há bastantes anos uma imagem de Lisboa diversa dos choradinhos, da luz e dos carris dos eléctricos: falo da Moda Lisboa e da Experimenta. Depois, em 2005, iniciou-se o África Festival, que se propôs fazer assumir a Lisboa o papel de plataforma giratória de contacto entre as culturas de África e da Europa, abrangendo música, artes plásticas, lietratura e audiovisuais.
Estes três projectos são estruturantes, estratégicos em áreas que vão para além da moda, do design ou da música e artes plásticas: a sua repercussão na imprensa internacional produz uma imagem positiva da cidade, moderna e activa, empenhada. Lisboa precisa de mais alguns projectos de dimensão que a façam projectar além-fronteiras como uma cidade de diálogo e de acolhimento.
É nestes projectos, escolhidos e preparados com critério, que vale a pena investir – e não disseminando os fundos públicos em pequenos subsídios que aumentam a dependência e não premeiam, nas mais das vezes, o trabalho sério e de qualidade.

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publicado às 10:53

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por falcao, em 21.05.07
LISBOA- Os dois principais candidatos a Lisboa têm dois pontos comuns nas respectivas carreiras políticas: em primeiro lugar o facto de terem estado ligados à coordenação da actividade de forças policiais; em segundo lugar o facto de não se lhes conhecer nenhuma ideia sobre uma metrópole como Lisboa, para além da evidência do seu mau estado. PS e PSD optaram por escolher juristas, especializados na área policial e na politiquice – isto quer dizer tudo sobre a forma como os partidos encaram a gestão de uma grande cidade e até sobre a natureza dos quadros desses partidos: controlo, manobra, jogos de poder. A nenhum destes candidatos se lhes conhece obra feita fora da política ou da vida académica, não se lhes conhecem ideias nem projectos complexos executados – excepção feita à paródia da corrida entre um burro e um Ferrari, de Loures a Lisboa, a única bandeira eleitoral de António Costa que ficou na memória na sua anterior disputa autárquica. Mas como não é de mais cómicos que Lisboa precisa, estamos conversados. Curioso, curioso, é o facto de a sua candidatura se estar a tornar num lugar comum do politicamente correcto, de Saldanha Sanches a José Miguel Júdice. Mas isso já é outro campeonato…

VER – Astor Piazzolla tornou-se conhecido pela renovação que fez ao tango argentino. Em meados dos anos 80 apresentava o tango como a música contemporânea da cidade de Buenos Aires e começou a surpreender o mundo com o seu bandonéon. Passou por Lisboa, que me lembre duas vezes. Morto prematuramente em 1992, do seu enorme talento ficam os numerosos discos que gravou e, agora, este DVD em que ele toca, interpreta e fala. O filme é de José Montes- Baquer e mostra Piazzola acompanhado pelo seu quinteto, pelo guitarrista Álvaro Pierri e ainda por uma orquestra de cordas dirigida pelo maestro Pinchas Steinberg. As gravações da actuação são cruzadas com depoimentos de Piazzola sobre a sua vida, a sua carreira e o tango - « a música que se mete debaixo da nossa pele», como ele gostava de dizer. O som foi remasterizado para surround, a gravação original é de 1985 e foi feita em Colónia e inclui duas das mais importantes obras da carreira de Piazzola – o «Concerto para Bandoneon, Orquestra de cordas e percussão», de 1979, e o «Duplo concerto para Bandoneon, Guitarra e Orquestra de cordas», estreado em Liège em 1985. (The Next Tango, Astor Piazzola, DVD Deustche Grammophon, Distribuição Universal Music).

OUVIR – A Stax foi talvez a mais importante editora discográfica no universo da música soul. Criada em 1957, em Memphis, criou um som próprio e foi a casa onde se estrearam em disco nomes como Carla Thomas, Booker T, Eddie Floyd, Otis Redding, Sam and Dave, Isaac Hayes, The Bar-Kays e The Staple Singers, entre muitos outros. As características únicas de sonoridade de um velho teatro reconvertido em estúdio, onde foram gravados muitos dos discos do catálogo, assim como a tensão própria da evolução da música negra no início dos anos 60, foram determinantes para que a Stax ganhasse uma imagem de marca única no panorama da música popular anglo-americana. Em 1968, com a morte de Otis Redding, o assassinato de Martin Luther King e de tudo o que se seguiu, a Stax entrou numa fase de declínio, de onde nunca recuperou verdadeiramente. Este ano a Stax completa 50 anos, e a Universal Music, actual detentora do catálogo, decidiu fazer reviver a marca, editando uma caixa de dois CD’s e um belíssimo livro, que conta detalhadamente a história da empresa e de boa parte de uma música que tem influências muito para além do tempo em que foi gravada. Aqui estão temas como «I’ve Been Loving You Too Long», »Respect», «Knock On Wood», «Soul Man», «Walk On By». Caixa com duplo CD, distribuição Universal Music.

PETISCAR – No restaurante «La Brusketta» o prato do dia são sempre petiscos, feitos em torno do conceito italiano das bruschettas, uma fatia de pão de boa lavra sobre a qual se adicionam vários ingredientes em combinações mais ou menos improváveis. Em Portugal há petisco com origens parecidas nos torricados ribatejanos, infelizmente muito ignorados pela nossa restauração. No caso do «La Brusketta» a qualidade das propostas associa-se a uma sala ampla e muito agradável, infelizmente a nota negativa vai para o serviço, e aí é necessária uma enorme dose de paciência já que o desinteresse dos empregados pelos clientes roça o absurdo – hei-de um dia destes voltar a uma doença profissional que varre os empregados de restaurantes: olhar fixo no horizonte, sem conseguirem detectar um único sinal de um cliente que chame, sem se preocuparem sequer em ver o que de facto se passa na sala.

BACK TO BASICS – Em vez de dar a um político as chaves da cidade, melhor seria mudar as fechaduras – Doug Larson.

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publicado às 10:45

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por falcao, em 14.05.07
O TIRO NO PÉ

O campeonato nacional de tiro nos pés abriu no mês passado com a apresentação pública, pelo PSD, de uma proposta de privatização do serviço público de televisão. Sob um manto aparentemente muito liberal, e em nome da diminuição do peso do Estado, os responsáveis actuais do PSD fazem no fundo uma proposta conservadora e paralisante.
Vamos por partes: o que interessa, na realidade, é dar condições ao serviço público para poder ter uma programação mais variada e complementar em relação aos canais privados. Isto faz-se encarando de frente a questão do financiamento, retirando o operador do serviço público da esfera comercial e limitando a sua acção ao que é necessário.
E então, o que será necessário? - Do meu ponto de vista o serviço público deve proporcionar um acesso universal e gratuito - portanto a questão de serviço público com recurso a canais de cabo é, à partida, um contrasenso. Eu sou dos que pensam que o serviço público deve continuar a ter dois canais abertos, complementares, até porque dificilmente, a determinadas horas do dia – e nomeadamente em prime time – seria virtualmente impossível cumprir todas as suas obrigações apenas com um canal. Mas não vejo necessidade alguma na RTPN e, se vejo toda a razão de ser numa emissão internacional, continuo sem descortinar o porquê da RTP África.
Continuo a achar que o serviço público deve ter um papel estratégico no desenvolvimento do audiovisual português e da produção independente. Isto quer dizer que o serviço público devia deixar-se da megalomania produtiva que continua a ter (e os novos estúdios são um infeliz passo no reforço da capacidade interna de produção), devia encomendar mais, apostar mais na inovação, limitar a sua produção interna à informação e dinamizar o mercado das produtoras independentes em todos os outros géneros, documentários incluídos. A grande reforma que ninguém teve a coragem de fazer, e na qual, na minha opinião, radicam muitos dos problemas da RTP, é precisamente o tamanho da máquina e aquilo que ela tem de produzir para justificar a sua própria existência.
Mais do que falar na privatização da RTP, faz é sentido ver como ela deve reduzir a sua dimensão ao mínimo, investir mais na dinamização do sector privado do audiovisual, por forma a que o investimento do Estado e as contribuições (na factura eléctrica) dos ccidadãos seja mais reprodutiva. Isso é bem mais importante e estruturante que uma ilusória privatização.
E, a seguir, com a RTP mais focada na essência do serviço público, deixando de ser concorrente no mercado publicitário, existem novas condições para se desenvolver o mercado, para surgir um novo canal comercial e para ver como tudo isto se articula com o processo da televisão digital terrestre, essa sim uma matéria que merece toda a atenção, para que a decisão e o futuro não fiquem hipotecados no espírito controleirista do Ministro Santos Silva – cuja acção em muito pouco abona para que se encare com tranquilidade o desfecho desse processo, que é o mais importante de todos no contexto das indústrias da comunicação e do entretenimento em Portugal.

(Publicado na edição de Maio da Revista «Atlântico».)

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publicado às 14:47

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por falcao, em 13.05.07
NOTA - ESTA SEMANA «A ESQUINA DO RIO», por boa decisão do editor do suplemento «week-end», às sextas no «Jornal de Negócios», foi escrita como se estivéssemos em 2011, daqui a quatro anos. Por isso o tom dos parágrafos seguintes.

A SEMANA em Maio de 2011- A Ordem dos Engenheiros atribuíu esta semana uma cédula profissional ao ex-Primeiro Ministro José Sócrates… Novas eleições autárquicas intercalares são esperadas para a Câmara Municipal de Lisboa no espaço de dois a três meses, após anos de sucessivos actos eleitorais que apenas aprofundaram a crise existente… Marques Mendes foi nomeado coordenador do Grupo Parlamentar de Investigação sobre a história recente da oposição em Portugal… O novo partido Liberal, saído de quadros do PP e do PSD descontentes com as suas direcções, realiza no próximo fim de semana a sua primeira convenção nacional … João Cravinho regressou esta semana de Londres, após ter terminado o seu mandato no organismo internacional onde esteve colocado, mas o actual secretário-geral do PS, António Vitorino, afirmou já que não tenciona subscrever o pacote anti-corrupção que o histórico dirigente socialista persiste em apresentar no Parlamento.

LER – O mercado está inundado de livros de memórias de ex-políticos que relatam todas as peripécias da sua passagem pelo Poder. Os mais recentes, de Paulo Portas e José Sócrates, estão na lista dos títulos mais vendidos, o mesmo não acontecendo com os «Relatos Pessoais» de Francisco Louçã a quem os críticos acusam de ter feito uma narrativa sem pormenores aliciantes. Os direitos de passagem a televisão do livro de Sócrates está a ser negociado com o envolvimento directo de Pina Moura: «A TVI sempre teve a melhor produção de ficção nacional», referiu.

VER – Portugal continua atrasadíssimo na atribuição das licenças para a Televisão Digital Terrestre e o último concurso, realizado em 2010, foi mais uma vez contestado judicialmente por um dos concorrentes ; o grupo Cofina e a Controlinveste continuam a reivindicar o direito a terem licenças no novo espectro de emissão digital, mas os grupos mais antigos do sector têm dificultado essas pretensões; numa declaração recente o responsável do maior grupo de comunicação estrangeiro em Portugal, um ex Ministro do PS e ex-dirigente do PC, sublinhou estar convicto que as suas boas relações políticas e a sua influência nas esferas do poder têm sido suficientes para dificultar a vida à concorrência.

OUVIR- Confesso que cada vez ouço menos discos, embora ouça mais música. A introdução da rádio digital há um ano atrás abriu um enorme campo de possibilidades, com rádios temáticas bem segmentadas. A Europa LX (antiga FM 90.4 Lisboa) naturalmente vocacionada para ser a rádio de referência do jazz, acompanha-me grande parte dos dias. O resto anda no iPhone ou no computador. Outro dia pus um CD a tocar e a minha neta perguntou-me que raio de coisa era aquela.

RARIDADE – A derradeira Rua de Lisboa cujo piso resiste sem buracos foi ontem fechada ao trânsito automóvel e considerada zona protegida. Está a decorrer um programa de visitas de estudo, por jovens alunos das escolas da Capital, para terem uma ideia de como era a pavimentação das artérias da cidade na altura em que havia ainda manutenção e reparações.

PETISCAR – O aquecimento global alterou de tal forma a sazonalidade dos produtos que, estamos agora em Maio e já desaparecem as sardinhas desta temporada. De facto desde há cerca de dois anos que as sardinhas têm começado a surgir cada vez mais cedo e este ano foi em finais de Fevereiro que apareceram as primeiras boas sardinhas. Como a Feira Popular continua sem abrir, resta procurar algum tasco simpático por esta cidade de Lisboa onde se possa comer o petisco.

BACK TO BASICS – «O Senhor Ministro é um homem de qualidades invísiveis» - diálogo do premonitório filme de Edgar Pêra, «Rio Turvo», estreado há quatro anos, antes de Mário Lino não ter conseguido impor a construção do aeroporto da OTA. O filme contava a história da construção de um aeroporto no Ribatejo, sob a inspiração mitológica de um bode chamado Sócrates. As limitações ao direito de expressão existentes na época levaram o realizador a rebaptizar o bicho como Platão.

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publicado às 12:09

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por falcao, em 06.05.07
NÓS - Desde há muito tempo que penso que o futuro da língua e da cultura portuguesas se decide, não fundamentalmente na escrita e nos livros, mas na oralidade moderna que surge na produção audiovisual, sejam filmes, curtas metragens e documentários, vídeos, discos ou toda a gama de produtos feitos para serem vistos e ouvidos. Se Portugal não marcar um lugar na paisagem audiovisual, a língua morrerá por falta de uso e a cultura ficará estagnada debaixo de uma pilha de pó. Acontece que, para Portugal conseguir uma presença nesta galáxia de som e imagem, nos mini-ecrãs ou nos ecrãs tradicionais, precisa de criar uma indústria audiovisual e não de fomentar um artesanato. Os sucessivos governos têm preferido os jogos florais e o artesanato.


DIFERENÇAS - Vem isto a propósito de dois filmes, de recente produção portuguesa, que vi no espaço de uma semana. Dois regimes de produção diferentes e de certa forma ao contrário do que costuma ser: de um lado um filme, em película, feito «dentro do regime», com apoios oficiais, participação do Ministério da Cultura e da RTP, mas que apostou em conseguir comunicar; do outro lado uma excursão nas possibilidades do vídeo de alta definição, feito à margem do regime, sem subsídios nem benesses, mas com um discurso radical e marginal. O primeiro caso é baseado em «O Mistério da Serra de Sintra», de Ramnalho Ortigão e Eça de Queiroz; o segundo, num conto de Branquinho da Fonseca, «Rio Turvo».


INTERESSANTE - «O Mistério da Serra de Sintra» conta com uma boa produção, uma excelente fotografia, uma direcção de actores que mostra o talento do José Pedro Vasconcelos dos reality shows, e sobretudo um grande argumento, boas falas, bom ritmo, boa realização, assinada por Jorge Paixão da Costa, um dos poucos realizadores portugueses a apostar na capacidade de comunicação e não no hermetismo militante nascido de boa dose de preguiça e auto-complacência.


DIFERENTE - «Rio Turvo» é feito com poucos meios, mas com um enorme trabalho na concepção da imagem, na realização, na edição e na pós –produção. Este filme, uma curta metragem de 70 minutos, parece um produto de luxo ao pé de muitos filmes portugueses onde para sempre será um mistério o destino dado ao orçamento. As estrelas do filme são bem conhecidas: Teresa Salgueiro, Nuno Melo, Manuel João Vieira, para citar apenas alguns. A história é ela própria um sinal dos tempos que correm: o conto de Branquinho da Fonseca relata as peripécias da construção de uma pista de aviação no Ribatejo e o mistério em torno de uma figura inspiradora do director da obra, um bode chamado Sócrates que o realizador Edgar Pêra achou por bem renomear como Platão, por causa dos tempos que correm.


VER – Teresa Sobral é a actriz de «A Gaivota», de Tchecov, que o Teatro da Cornucópia apresenta por estes dias no Teatro Municipal de Almada. Ela é também o sujeito das fotografias da exposição que André Gomes apresenta na galeria do mesmo Teatro, até dia 27 deste mês. «Masha» é o nome do personagem de Teresa Sobral e é também o nome da exposição, que apresenta fotografias feitas em Polaroid e posteriormente digitalizadas, como vem sendo timbre de André Gomes.



LER – Pessoalmente gosto de ler livros de memórias. Raymond Aron é o estereotipo francês do intelectual de direita, amigo de Sartre mas seu jurado adversário. Académico, jornalista, Aron vive o século XX entre 1905 e 1983 – e esta autobiografia vai exactamente até 1982, um ano antes da sua morte. É a História do Século vista por interposta pessoa, com passagem pelo pós guerrea, o gaullismo e o Maio de 68. Uma leitura apaixonante, agora editada em Portugal pela Guerra e Paz. Memórias de Ray,mond Aron, 671c páginas.


PETISCO - Gosto de salgadinhos. Uma feliz circunstância levou a que uma merendinha alterasse por completo a minha vida. A velha e tradicional Confeitaria Valbom (Av. Conde Valbom 31) também tem merendinhas, mas são sobretudo as suas empadas de galinha que me fazem lá ir; a meio da manhã., um salgado e um café é uma combinação improvável, mas funciona. A empada é módica, na boa massa que a forra está um dos segredos, a 1.05 euros por peça - há ainda prazeres baratos. Voz avisada recomenda o leite creme da casa, superior; é uma troca pela merendinha do «Nosso Café», de Campo de Ourique, que se atravessou no destino.



BACK TO BASICS - No fim é a disciplina na verificação dos factos que separa o jornalismo do entretenimento, da propaganda, da ficção ou da arte - Bill Kovach, Tom Rosentiel, The Elements Of Journalism.

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