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por falcao, em 29.08.07
TELEVISÃO – Se fosse ao Dr. Balsemão ficaria preocupado com os resultados de audiências mais recentes da SIC e furioso com a RTP, que continua em guerra aberta pelo segundo lugar na preferência dos telespectadores. É uma guerra de significado político claro, actualmente o telejornal da SIC já fica praticamente sempre em terceiro lugar e a perca de influência informativa em relação à estação financiada pelo Estado é cada vez mais evidente.


ERC – Os relatórios da ERC parecem-se cada vez mais com tentativas de branquear a acção do Governo nas relações com a Comunicação Social. A recente sugestão da criação de um conjunto de normas para regulamentar a relação dos assessores governamentais com os jornalistas é absolutamente sintomática do delírio reinante: o trabalho dos assessores de imprensa dos políticos é tentar evitar que surjam notícias desfavoráveis, procurar publicitar factos agradáveis e acima de tudo evitar as verdades incómodas. Querer regulamentar esta linha de acção é por junto institucionalizar a manipulação como parte do processo informativo. Simplesmente lamentável.


PSD – Quando um partido político tem de escolher entre Marques Mendes e Luís Filipe Menezes, é muito mau sinal; é uma escolha entre uma pessoa estimável mas sem chama e um autêntico lança chamas cujo combustível é o populismo. A situação da direita e do centro direita assemelha-se a uma piscina a que abriram o ralo – anda num remoinho, mas fica cada vez mais vazia.


PROCURA – Suscitou muita procura e pedido de informação à referência ao mais recente número da «Monocle», aqui feita na semana passada. Vários quadrantes da autarquia perguntaram onde a poderiam obter. Folgo em saber que se interessam pelo tema das políticas para as cidades. A «Monocle» é uma revista fundada por Tyler Brûlé (o homem que também criou a «Wallpaper» e agora escreve aos sábados no International Herald Tribune) e esta sua nova publicação está cada vez melhor.


LISBOA – Eu acho que uma das áreas onde os escritos da «Monocle» sobre as cidades têm mais relevância é na vida cultural e na oferta de entretenimento que existe nas urbes. Aguarda-se que o novo executivo camarário dê algum sinal sobre o que nessa área tenciona fazer – tanto mais que o programa eleitoral de António Costa nesta matéria era de uma pobreza franciscana, limitando-se a meia dúzia de lugares comuns e com muito pouca correspondência com o que já é a realidade de Lisboa e a relação que deve manter com as instituições nacionais existentes na cidade. A este propósito foi sintomático o silêncio, quer do Presidente da Câmara, quer da sua vereadora da Cultura, em relação ao caso do afastamento da Directora do Museu Nacional de Arte Antiga. Submissão à política governamental ou falta de interesse ou/e conhecimento sobre o assunto?


LER – Gosto de livros de espionagem e um dos mais deliciosos que me lembro de ler foi devorado nestes últimos dias. Chama-se «O Correspondente» e relata as peripécias de um grupo de refugiados italianos que tentam combater Mussolini a partir de Paris, em vésperas do início da II Grande Guerra. É a história das tensões entre as diplomacias e as suas extensões nos serviços secretos do Reino Unido, França, Itália e Alemanha. O seu autor, Alan Furst, escreveu oito novelas de espionagem antes desta – porventura a que se tornou mais conhecida – e vê-se que domina o género. A forma da sua escrita combina a acção com a emoção, um estilo que por vezes corre mal mas que neste «O Correspondente» resulta da melhor forma.


BEBIDA – Embora este verão não esteja a ser muito quente, daqui saúdo a mais recente guerra das cervejas, em torno do formato «mini». A mini é uma garrafa de 20 cl, ou seja mais ou menos o mesmo que uma imperial. Este ano a Sagres convidou uma série de designers a refazerem as suas garrafas numa edição limitada com muita graça e lançou a Bohemia mini e a Super-Bock voltou a atacar no formato reduzido. Parece que as minis são sobretudo populares abaixo do Tejo e que a Sagres tem sido líder no segmento. O esforço da Super Bock para entrar no reino das minis é bem vindo. Eu gosto das minis, é um formato que apela a ser bebido directamente da garrafa, sem aquecer no transbordo para um copo. Direitinhas do frigorífico as minis são uma das boas coisas deste nosso Portugal.


OUVIR – Nestas férias uma presença constante tem sido uma recente edição dos quartetos para cordas de Brahms (e do quinteto para cordas e piano), gravadas por ocasião do 30º aniversário do Emerson String Quartet , aqui, no quinteto, com a participação do pianista Leon Fleisher. CD duplo Deutsche Grammophon.


BACK TO BASICS – Os politicos contam mentiras aos jornalistas e depois acreditam no que lêem (Alan Furst, adaptado, retirado de «O Correspondente»).

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publicado às 11:35

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por falcao, em 22.08.07
ANTÓNIO COSTA – O novo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa fazia bem em ler a edição de Julho/Agosto da revista «Monocle», que elaborou uma lista das 20 melhores cidades do mundo para se viver, explicando o porquê da escolha. Lisboa, infelizmente, não está na lista – mas Madrid está, assim como Barcelona. Esta edição inclui ainda artigos sobre estratégias urbanas e uma análise dos pontos críticos que determinam a qualidade de vida numa cidade. Existem cinco recomendações que saliento: trazer pequenas indústrias não poluentes e tecnológicas, ateliers e oficinas para o centro das cidades; garantir que as metrópoles tenham vida ao longo de todas as 24 horas do dia; nomear um director criativo com uma forte visão, que possa criar uma marca própria para cada cidade – e a «Monocle» sublinha que o director criativo responsável por desenvolver a marca da cidade NÃO pode ser o respectivo Presidente de Câmara; garantir espaço exterior – todos os novos edifícios devem oferecer espaço exterior aos seus habitantes, sob a forma de varandas, pátios e terraços no tecto; um esforço forte em criar pequenas aldeias dentro das metrópoles, por forma a dinamizar o sentido de comunidade, fazer desenvolver o pequeno comércio e incentivar as deslocações pedestres.


RECOMENDAÇÕES – A mesma edição da «Monocle» estabelece, em cada uma das 20 cidades recomendadas, uma análise dos principais parâmetros das respectivas avaliações com base em indicadores concretos – dos espaços verdes à segurança, passando pela vida nocturna e oferta cultural. Vale a pena notar que este ano, desde Maio, pela primeira vez na História da humanidade, a população que vive nas cidades passou a ser mais numerosa do que a que vive nos campos. Esta transformação, esta «urbanização» do mundo, coloca problemas e questões e a «Monocle» estuda o tema com seriedade. Um artigo a ler vem assinado por Charles Landry, o director da firma de consultores «Comedia», que se dedica à estratégia de desenvolvimento urbano e foi um dos precursores da ideia das cidades criativas. O seu livro mais recente chama-se «The Art Of City Making» e o tema do seu artigo é «Como construir uma metrópole». Se eu estivesse no governo de uma cidade googlava o seu nome e instruía-me um pouco. Por fim destaco ainda nesta edição o inventário das coisas que devem existir num bairro e os 25 items que podem fazer toda a diferença numa cidade, desde a ligação ao aeroporto até às estações de caminho de ferro, passando pelos wi-fi hot spots.


OUVIR – No início dos anos 80 um dos meus grupos preferidos era um trio que dava pelo nome de Young Marble Giants. Originários de Cardiff, os Young Marble Giants giravam em torno dos irmãos Philip e Stuart Moxham, que asseguravam baixo, guitarra ritmo e orgão electrónico. Alison Statton cantava de uma forma suave e sensível, perfeitamente adequada às composições lineares e envolventes de Stuart. Desde cedo o trio passou a ser acompanhado em teclados, caixas de ritmos e electrónica diversa por Peter Joyce. A carreira da banda começou em 1978 mas o seu disco histórico, «Colossal Youth» é de 1980 (primeira edição ainda em vinyl) e é um marco na música dessa década. Os Young Marble Giants, recordo, eram uma das bandas referência da Rough Trade, uma das históricas editoras independentes que moldaram o som desses tempos. Por iniciativa de uma outra editora independente, contemporânea, a Domino, este ano foi editada uma caixa de três CD’s que inclui o álbum «Colossal Youth», um CD que agrupa o EP «Testcard», o single «Final Day» e registos da gravação do álbum «Salad Days». O terceiro CD da caixa reproduz a actuação da banda no programa de rádio do histórico DJ da BBC John Peel, gravado em Agosto de 1980. A melhor maneira de adquirir a caixa é através da Amazon do Reino Unido.


COMER – Quando lhe apetecer comida italiana, ambiente calmo e uma boa esplanada experimente o Specchio, em Alcântara. A lista é extensa e variada, desde as pizzas aos risottos e massas frescas. O serviço é atento, eficaz, simpático e rápido, uma verdadeira raridade nos tempos que correm. Nas entradas destaco umas gambas salteadas em vinho branco de Puglia e o carpaccio do chefe, muito bem temperado. Na zona mais substancial a mesa decidiu-se por várias pizzas, massa fina e estaladiça, cobertura sem exageros de queijo, todas confeccionadas com cuidado. O Specchio fica no interior do complexo Alcântara Rio, Rua Fradesso da Silveira nº4, Loja 7, tel 213 621 677.



BACK TO BASICS – Todas as actividades podem ser criativas quando quem as faz se esforça por as fazer cada vez melhor – John Updike.

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publicado às 16:10

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por falcao, em 13.08.07
(Publicado na Revista «Atlântico» de Agosto - ~já diponível nas bancas e boas papelarias)


CONTAGEM DECRESCENTE
O Verão é a silly season da televisão. As boas séries estão em época de defeso, os gestores dos canais estão a poupar no investimento – para depois, a partir de Setembro, poderem ter orçamento para atacar em força o fim do ano, a época mais importante para a captação de publicidade e para garantir boas receitas – é que, regra geral, nos canais abertos, o preço objectivo da publicidade depende das audiências conseguidas - portanto toca a guardar os programas que consigam captar público para quando há tradicionalmente mais espaço publicitário vendido em ecrã, e que são os últimos quatro meses do ano.
Se lerem as revistas de televisão notarão que nesta altura do ano elas estão cheias de artigos sobre novas produções em preparação – exactamente para estreia a partir de Setembro. Enquanto para os espectadores o Verão é época de maçadas em matéria de programação (filmes repetidos, infindáveis transmissões directas por dá cá aquela palha, etc, etc), para o universo da indústria audiovisual está é uma época alta em que toda a gente trabalha.
O objectivo, já se sabe, resume-se a garantir produção que consiga reter os espectadores no prime-time, o horário entre as 20h00 e as 24h00 que é o mais disputado em termos de audiências. É obviamente aí que o valor da publicidade é mais alto, é nessas horas que se concentra o maior número de espectadores e é aí que se perdem ou ganham as batalhas das audiências e a rentabilidade das estações provadas. Se pensarmos que dessas quatro horas, uma (pelo menos) é dedicada à informação, cada programador terá que encontrar três horas diárias de programa que tenham argumentos fortes para captar e fidelizar espectadores. Acreditem que não é tarefa fácil e exige muita planificação e criatividade.
Na realidade a batalha começa a desencadear-se por volta das sete da tarde – no chamado «acesso a prime time», cujo único objectivo é conseguir captar um número bom de espectadores antes do sinal das oito – quando começam os telejornais. A estratégia de qualquer programador é entregar a antena com o share o mais elevado possível ao Director de Informação e, depois, esperar que ele cumpra a sua função – que é sobretudo a de trazer ainda mais espectadores à antena. Por isso é que os telejornais têm uma hora, estão cheios de «faits-divers» e se tabloidizaram nos últimos anos: o bloco noticioso das oito é uma peça importante da guerra das audiências, quer dizer, das receitas publicitárias. Se num canal privado isto é lógico e natural, na televisão pública não devia ser. Mas, como todos sabemos, as coisas não são diferentes na RTP. Só isto dava muito que pensar sobre a definição de serviço público…

ADORMECIDOS NO SOFÁ
O prime-time das televisões portuguesas anda tão monótono e repetitivo que a coisa mais difícil é conseguir passar uma noite acordado a olhar televisão qualquer dia, por este andar, o melhor é mudar o título desta página para «adormecidos no sofá»…
Ora não há-de ser por acaso que o consumo de canais de cabo continua a aumentar em prime time – o que entre outras coisas mostra como a ideia estabelecida de que não se justifica fazer um quarto canal aberto tem muito que se lhe diga. Há espectadores que querem o que os actuais três canais não dão – resumidos que estão a apresentarem programações miméticas e com uma assumida falta de vontade de serem alternativa uns aos outros.
Cada vez que me sento à noite para ver televisão, passo mais tempo a zappar do que a ver um programa – sobretudo nesta altura em que até dos canais de cabo desapareceram as boas séries e estamos reduzidos a repetições. A única coisa que resta são mesmo alguns canais de documentários ou então ir a correr buscar um filme e poder ficar a vê-lo sem intermináveis intervalos publicitários.

500 CANAIS
Um dos operadores norte-americanos de cabo, a Cablevision, anunciou que até final do corrente ano terá capacidade para distribuir em simultâneo mais de 500 canais de alta definição (HD), através da sua moderna e avançada rede de fibra óptica. Em simultâneo a Cablevision é o único operador a proporcionar aos seus clientes vídeo-on-demand em alta definição.
De entre os canais HD já disponíveis fazem parte canais de informação, desporto, documentários, cinema, animação, concertos ao vivo, moda e jogos de computador.
A transmissão de televisão de alta definição é uma das tendências actuais em que os analistas da indústria depositam mais esperanças, mas exige uma rede de distribuição tecnologicamente avançada – coisa para pôr muita cabecinha a pensar em relação ao que se passa na PT Multimédia, onde a rede da TV Cabo é maioritariamente arcaica e com os problemas que os utilizadores bem lhe conhecem.

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publicado às 16:09

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por falcao, em 13.08.07
TELEVISÃO – Esta semana fiz uma análise curiosa: no primeiro trimestre a RTP 1 teve 25,2% de share médio de audiência, a SIC ficou pouco à frente com 25,8% e a TVI continuou a liderar, embora por uma margem escassa, com 28,7%. Mas de Abril para cá a coisa mudou: neste novo período (contas feitas até 6 de Agosto) a RTP 1 caíu para 24,1%, a SIC apesar do investimento em programação caíu também para 25,4% e a TVI foi a única a subir, para 29,1%. Deve haver gente por aí com uma pequena crise de nervos: José Eduardo Moniz, no período mais importante em termos de receitas publicitárias da primeira metade do ano, conseguiu roubar espectadores aos outros dois canais comerciais.


JUDICIÁRIA – Há qualquer coisa que não bate certo na actuação da Polícia Judiciária – não é de agora, é de há muitos anos. A Judiciária preocupa-se mais com a sua imagem do que em descobrir a verdade, preocupa-se mais em aparentar apresentar «resultados» do que em fazer um trabalho sério de investigação. Esta semana, com alguma pompa , surgiram notícias sobre corrupção naquela força – só os ingénuos acharão que ela não existia. Para quem observa o que se passa no país, a Polícia Judiciária surge como um território de manobras, um local de disputas de poder e de influência, um local receptivo a pressões e manobras, até mesmo venais. Mas, verdadeiramente, não parece ser uma polícia de investigação séria.



FOTOGRAFIA – A exposição «Entrar na Obra, Estar no Mundo: a fotografia na Colecção da Fundação de Serralves», que vai estar patente até 14 de Outubro, mostra pela primeira vez um lado pouco divulgado da colecção de Serralves, em que a fotografia é utilizada como suporte do processo criativo. A mostra inclui artistas portugueses como Paulo Nozolino, Fernando Calhau, Augusto Alves da Silva, Jorge Molder e Helena Almeida e internacionais como John Baldessari, Sigmar Rilke, Jan Dibbets e Roni Horne, entre outros.


VER – A «Slate» foi a primeira revista exclusivamente on-line. Tem evoluído ao longo dos anos e há pouco tempo «abriu» um videomagazine chamado Slate V, que pode ser visto em www.slatev.com . Lá poderão encontrar uns anúncios a sabonetes (sim, anúncios a sabonetes), realizados por Ingmar Bergman - imperdível. Igualmente imperdíveis são os três trailers de apresentação do filme dos Simpsons que se podem visionar no YouTube, bastando procurar «Simpson Trailer». Já agora fiquem a saber uma coisa: o filme é mesmo divertidíssimo.


OUVIR - Os Taraf de Haidouks são um grupo de músicos ciganos, originários da Roménia, que tocam de uma forma arrebatada. Aqui há uns anos encantei-me pelo seu estilo quando tive oportunidade de os ouvir ao vivo em Portugal e de estar ligado a um documentário sobre a sua carreira, feito por Luciana Fina. O novo disco dos Taraf é um surpreendente exercício que conjuga o rigor e o virtuosismo da interpretação instrumental com a espontaneidade da música cigana. «Maskarada», o novo CD dos Taraf, inclui interpretações de temas como «Danza Ritual del Fuego» de Manuel de Falla, «Waltz From Masquerade» de Khachaturian, «Danças Romenas» de Bela Bartok, além de vários originais do grupo. Edição Crammed, disponível no Corte Inglês e na FNAC.


JAPA – Pessoa que muito estimo costuma dizer, a propósito de alguns restaurantes, que «quem não tem competência não se devia estabelecer». Pois este singelo e verdadeiro pensamento aplica-se que nem uma luva a quem dirige o restaurante Japa, na Praça de Touros do Campo Pequeno. É certo, dirão, que quem vai a uma praça de touros para comer sujeita-se às ocorrências. É verdade, mas enganado por alguns elogiadores profissionais senti-me tentado a experimentar este japonês. A comida é sem história, é do género japonês industrial, mas não é esse o grande problema do local. O grande problema é o péssimo serviço, a desorganização completa, a absoluta falta de formação e arrogância dos empregados, a falta de direcção na sala, o descuido pelos pedidos dos clientes. O mais espantoso é que a sala não é muito grande e tem uns seis ou sete empregados mais uma criatura mascarada de chefe de sala. Cada um corre para seu lado, parece um bando de zombies, a desorganização é absoluta. Alguém devia explicar às criaturas que resolvem abrir um restaurante – ainda por cima com pretensão de ser um local agradável e que quer estar na moda – que a comida é importante mas não é tudo. Num restaurante, o serviço é tão importante como a comida. Na verdade este Japa não é um restaurante, é um teste à paciência de quem lá vai. A evitar absolutamente.


BACK TO BASICS – Uma secretária é um sítio particularmente perigoso para daí se observar o mundo – John Le Carré.

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publicado às 11:09

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por falcao, em 07.08.07
AUDIOVISUAL - Após mais de uma década de expectativa, foi finalmente criado o Fundo de Investimento para o Cinema e o Audiovisual, numa parceria entre o Estado (Instituto do Cinema e Audiovisual), PT Multimédia e os operadores de televisão em sinal aberto. O objectivo é produzir filmes, séries e documentários, que tenham um objectivo claro de exibição e de mercado. Não vai ser um caminho fácil num país onde, no audiovisual, o artesanato é elogiado e a indústria é maltratada. Mas é um passo importante, tanto mais que a gestão efectiva do Fundo foi entregue a uma entidade financeira – ESAF – que talvez consiga impor alguma lógica de exploração de conteúdos no processo de produção. O que interessa reter é que o segredo de qualquer operação destas reside em escolher bem o que se vai produzir, com quem se vai trabalhar (do guionista aos actores passando pelo realizador), como se produz e, acima de tudo, acompanhar efectivamente a produção – ou seja, dinamizar a figura anglo-saxónica do produtor que gere de facto o projecto, tanto do ponto de vista do talento artístico, como da montagem e controlo orçamental, como ainda do lançamento e comercialização. Se os bons exemplos forem seguidos, aqui pode estar uma oportunidade para a produção independente no sector audiovisual. A ver vamos se o talento local aceita ser produzido ou se vai continuar a querer ter a última palavra.


INCONFORMISMO - A Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Dalila Rodrigues, foi afastada do cargo depois de, durante os últimos anos, ter apresentado uma invulgar série de exposições interessantes e diferentes do que era hábito, de ter cativado novos públicos, de ter promovido iniciativas especiais que, por exemplo, mostraram como naquele espaço também pode existir um confronto com a arte contemporânea. Acresce que fez intensa divulgação do museu, angariou receitas e patrocínios, fez marketing e relações públicas – tudo coisas muito invulgares e obviamente pecaminosas em museus do Estado. É sabido que Dalila Rodrigues tinha divergências com a tutela e que, num momento muito particular – o de debate público de uma Lei – exprimiu a sua opinião sobre o enquadramento que o Museu Nacional de Arte Antiga devia ter. Foi aliás comedida: limitou-se a defender que o MNAA devia ter um enquadramento semelhante ao do Museu do Prado, depois da sua reestruturação há poucos anos. E o que é isso? – Autonomia financeira (o que quer dizer que as receitas captadas revertem para o Museu e não para o Instituto dos Museus) e dependência directa da tutela, não intermediada por um Instituto que gere burocraticamente dezenas de instalações todas da mesma forma. Ou seja, reivindicava para o MNAA um estatuto que tivesse em conta o seu papel único no panorama dos equipamentos culturais portugueses, estatuto que permitiria ao museu desenvolver-se. Em vez de pensarem no assunto (já sei, pensar é um exercício difícil para a Ministra da Cultura….), a tutela e o Director do Instituto dos Museus, Manuel Bairrão Oleiro, uma figura acinzentada por sinal, resolveram afastar esta voz incómoda que cumpriu o programa que lhe traçaram, valorizou o museu, mas não deixou de dizer o que pensava – sem que isso, note-se, interferisse com o trabalho efectivo que desenvolvia no museu. Na realidade limitou-se a não baixar os braços e foi inconformista. Como se sabe, no Portugal socrático, o inconformismo é o pior dos crimes sobretudo para quem trabalha no Estado.


OUVIR – Antes de morrer, em Janeiro deste ano, o saxofonista Michael Brecker juntou, em Agosto de 2006, num estúdio de Nova York um grupo de músicos invulgar: Pat Metheny na guitarra, Herbie Hancock e Brad Mehldau no piano, John Patitucci no baixo e Jack DeJohnette na bateria. Os temas são todos originais de Brecker, que já estava gravemente doente aquando da gravação. O disco saiu em Maio e a «Downbeat» atribuiu-lhe quatro estrelas num máximo de cinco e sublinha que «na ultima fase antes de morrer o musico aplicou a sua técnica monumental a fazer música cada vez mais bela e profunda». A faixa que dá o título ao álbum, «Pilgrimage», foi precisamente a derradeira gravação de Brecker. CD distribuído em Portugal pela Universal Music.


LER – Na mesma semana em que António Costa tomou posse, é interessante ler a análise que o politólogo Pedro Magalhães faz das eleições intercalares em Lisboa, num artigo publicado na edição de Agosto da revista «Atlântico». No mesmo número destaque para a análise do Compromisso Portugal á governação dos últimos anos, uma bela reportagem sobre Jerusalém de Paulo Pinto de Mascarenhas e um delicioso artigo sobre viagens de João Pereira Coutinho.


BACK TO BASICS – Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és (a propósito da aliança de António Costa com José Sá Fernandes).

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publicado às 13:21


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