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O PÚBLICO

por falcao, em 31.05.08

Leio o diário «Público» desde o primeiro dia. Já foi o melhor diário português, já há uns anos que não é. Notícias que reportam pouco e comentam muito são o pão nosso de cada dia. Mas o pior veio na edição de hoje, com a frase de abertura da chamada de capa a prpósitodo »Rock In Rio», na qual, se escreve que Amy Winehouse não desiludiu. O jornalista esteve lá? Ouviu? Viu - nem que fossoe na Sic notícias? O «Público» tem uma equipa de marketing eficaz, uma direcção comercial combativa, mas tem uma direcção editorial que se abstém de editar o jornal, entretida que está em opinar. No «Público» cada vez se lêem menos notícias.

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publicado às 17:42

COMBUSTÍVEIS I – As mudanças de posição de membros do Governo sobre a questão dos combustíveis sucederam-se ao longo da semana, à medida que os protestos dos consumidores, aqui e no resto da Europa, crescem de forma assinalável. Da inicial impossibilidade de alterações até ao pedido formal a Bruxelas para que implemente alterações, viu-se de tudo um pouco. Só falta começar pelo básico, que é acabar com a dupla tributação nos combustívies em Portugal: sabem que o IVA é aplicado não ao preço do combustível, mas à soma do preço de venda do combustível, com o Imposto sobre Produtos Petrolíferos, o que quer dizer que cerca de metade do IVA decorre da sua aplicação a uma outra receita fiscal? Quando se trata de roubar e abusar o Ministério das Finanças nunca hesita. O que é engraçado é ver quem são os defensores destas cobranças abusivas e da imutabilidade do ISPP… (já depois de publicado: a Galpa baixou um cêntimo por litro, no dia a seguir à Repsol ter aumentado para ficar próxima dos preços da GALP - ele há coincidências, não é?)


 


COMBUSTÍVEIS II – O Governo anda muito atarefado a explicar que o preço dos combustíveis em Portugal não está muito afastado da média europeia. Eu acho que a conta que interessa fazer é o afastamento existente em relação aos nossos vizinhos espanhóis. É o preço deles que nos importa em primeiro lugar  - ou estarei a ver as coisas ao contrário? E por falar em médias europeias, quando é que o Governo começa a falar dos casos em que nos afastamos de forma gritante dessas médias, e que são, cada vez mais, a maioria? 

 


 


PSD – A questão dos combustíveis e da crise que eles desencadeiam tem sido um precioso instrumento de análise dos candidatos do PSD. De um lado os que privilegiam a imutabilidade do sistema, do outro quem pensa que novas situações exigem novas soluções, como é o caso de Pedro Passos Coelho. Já que estou neste tema, e para fugir aos combustíveis, foi com algum prazer que vi que Passos Coelho é o único dos candidatos que dedicou um capítulo da sua proposta estratégica a questões culturais, colocando ainda por cima em destaque a necessidade de melhorar a Lei do Mecenato. Mais uma razão para achar que ele é o melhor candidato. 

 


 


ATRASO – Está a dar que falar a situação de atraso no pagamento dos projectos de investigação já aprovados, nomeadamente na área da investigação biológica aplicada à agronomia. Mas não é caso único – Mariano Gago começa a dar nas vistas pela incapacidade de o seu Ministério cumprir os compromissos assumidos. Há investigadores, de várias áreas, que já desesperam… 

 


 


NÃO VOU – Desde o início tenho um posição sobre o Rock In Rio – eu não vou. Acho que a Câmara de Lisboa deu mais apoios a estrangeiros para fazer um festival que a portugueses, e repugna-me a forma como utilizam a máscara da solidariedade para uma operação exclusivamente comercial. Este ano até mascararam um palco com painéis solares desligados para fazer de conta que se preocupam com o ambiente. Os obreiros desta operação de contornos e benefícios mais que duvidosos querem agora convencer o Presidente da Câmara de Lisboa a deixá-los construir, em permanência, uma cidade do rock. E pretendem muitos apoios, claro.  (Já depois de publicado: O Rock In Rio não é um festival de música, é um pot pourri em que a música é apenas um pretexto, como se viu na noite de estreia com a previsivelmente confrangedora actuação de Amy Winehouse)


LER – A capa da edição de Junho da revista «Vanity Fair» é dedicada a Robert Kennedy, assassinado em campanha eleitoral há 40 anos. Destaque para um conjunto inédito de fotografias da campanha, acompanhado de um relato do dia a dia dessa batalha política que levou à morte do candidato. Neste tempo de escolhas políticas é engraçado ver o que nessa altura era considerado renovação. Muitas lições a aprender. Ainda nesta edição um belo artigo sobre Karl Lagerfeld e fotos de Annie Leibowitz e de Bruce Weber. 

 


 


OUVIR – Gustavo Dudamel é um jovem maestro venezuelano apontado como um dos mais brilhantes da sua geração (nasceu em 1981, tem 27 anos), que se tornou notado pelas suas interpretações, gravadas, das 5ª e 7ª Sinfonia de Beethoven e da 5ª de Mahler. Agora, acompanhado pela Simon Bolívar Youth Orchestra of Venezuela, dedicou-se ao repertório popular da América Latina e o resultado é um disco cheio de ritmo, vida, arranjos orquestrais fantásticos e um ar de festa permanente. – não há-de ser por acaso que este disco se chama «Fiesta». Aqui estão temas de quatro compositores venezuelanos, dois mexicanos , um argentino e o clássico «Mambo» de Leonard Bernstein numa interpretação arrebatadora. O disco é uma surpresa, ouve-se vezes de seguida e merece ser descoberto. «Fiesta» de Gustavo Dudamel, CD Deutsche Grammophon. 

 


 


VER – Por estes dias é obrigatório ir seguindo o site da NASA (www.nasa.gov) para ver a evolução das imagens recolhidas pela sonda Phoenix e, também, para a ver em acção, filmada de cima, por um outro satélite que orbita sobre Marte. É uma emoção ver o solo de Marte, ver imagens de outros mundos. 

 


 


PETISCO – Tenho uma velha curiosidade por conservas pouco vulgares e ao longo dos anos já provei muitas codornizes de conserva. Mas confesso que nenhumas foram tão boas como as «Codornices escabechadas da Abuela Juliana», de impecável ponto e tempero. Cada lata tem duas de bom tamanho, o suficiente para fazer um delicioso petisco ao jantar, acompanhado por uma boa salada. Esta marca de conservas, espanhola, «Abuela Juliana», existe nas lojas Jumbo. 

 


 


BACK TO BASICS – «Na economia pós industrial o principal contributo são as ideias, o trabalho mental. O impulso humano para criar é a chave para a inovação económica» - Richard Florida. 

 

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publicado às 11:34

COINCIDÊNCIAS

por falcao, em 29.05.08

Estava aqui a pensar que não deixa de ser coincidência que uma das principais concorrentes da Galp tenha decidido colocar o seu preço de venda ao público quase igual ao da concorrência, no mesmo dia em que o Primeiro Ministro vai ao Parlamento debater o preço dos combustíveis. Por acaso esta empresa fez aumentos em dois dias seguidos para ficar a par da Galp. Não está a decorrer uma investigação sobre cartelização?


 

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publicado às 00:12

(Publicado na edição de quarta 28 de Maio do diário «Meia Hora»)

 


Um dos grandes problemas da sociedade portuguesa reside no progressivo bloqueio do sistema político-partidário. Este bloqueio tem muitas causas, a começar na forma como os partidos se constituíram em 1974 – muito fulanizados, construídos em torno de personalidades fortes, com programas políticos e ideológicos pouco cuidados e muito dependentes do enquadramento e das limitações da época.


Ao fim de 34 anos mudaram os protagonistas, mas na essência não mudou a forma e o funcionamento do sistema e, pior, agravou-se a indefinição política e ideológica, sobretudo naquilo a que se convencionou chamar de Bloco Central. Acresce que a adesão à Comunidade Europeia e a integração na Zona Euro vieram ainda mais contribuir para apagar as diferenças entre PS e PSD. Num resumo breve o PS virou um pouco à direita e o PSD um pouco à esquerda. Encontraram-se ao centro, à sombra de um Estado – português e europeu – demasiado presente.


O actual processo eleitoral interno do PSD é por isso um tema que não interessa apenas ao seus militantes, é importante para todos os que gostam de exercer a cidadania mediante escolhas políticas. De uma certa forma, todos nós somos políticos – ou temos o dever de o ser, porque temos o dever de participar nas decisões que nos afectam a todos.


Os militantes do PSD têm este fim de semana esta responsabilidade: a de não olhar apenas para as directas como uma disputa interna, mas sim como um processo de renovação da actividade política em Portugal, de afirmação de uma identidade própria ao seu partido, que o diferencie do PS de forma clara. A questão não é simples: o êxito futuro do PSD depende de uma escolha que provoque mudanças, que afirme a diferença e que seja capaz de atrair aliados e alargar o campo de influência partidário. 


Por isso, eu que não sou filiado em nenhum partido, baseado no que é a história de cada candidato e nas propostas que agora apresentam, acho que a escolha de Pedro Passos Coelho é a que melhor pode contribuir para que o PSD tenha um papel activo e dinâmico na renovação do sistema político e partidário e para que possa contribuir para tirar o país do impasse onde nos encontramos. Na realidade Pedro Passos Coelho é o único que traça um caminho diferente e essa é a sua grande vantagem. E esse caminho, outra vantagem, não passa pelo Bloco Central. 

 

 

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publicado às 11:05

PSD – Quando se quer debater, aparece-se. Esteja quem estiver. No Porto dois candidatos não quiseram aparecer num debate. Se não é agora que se vão trocar ideias, quando é? Ele há quem, nesta disputa, queira separar os candidatos entre os de primeira e os de segunda. É mau sinal, muito mau sinal. 

 


 


PERGUNTAS – Houve uma remodelação no Ministério da Cultura no dia 30 de Janeiro. Desde então, que novas medidas foram tomadas? Que novas políticas vão ser seguidas? Que foi – ou vai ser - corrigido da actuação que levou à saída da anterior Ministra? Qual o balanço dos primeiros cem dias do novo Ministro? A cultura não faz parte da agenda política do Governo? Se fosse noutros tempos não haviam de faltar críticas de inacção… Nem os tristes episódios da Feira do Livro tiraram o Ministro do seu silêncio – mesmo sabendo que noutros tempos outros titulares da pasta da Cultura não hesitaram em querer agitar a monotonia que a APEL gosta de impor. 

 


 


SINTOMA – Na semana passada mais do que um amigo meu me disse que cada vez que assiste à abertura dos noticiários da noite fica com vontade de não viver aqui. Isto está a ficar triste, o país esvai-se nos problemas do dia a dia. 

 


 


DIFERENÇA – No tempo em que Dalila Rodrigues estava no Museu Nacional de Arte Antiga a Noite dos Museus era um acontecimento onde as teias de aranha da veneranda instituição eram varridas, onde propostas contemporâneas tinham as honras da noite e onde sons actuais faziam a festa, chamando efectivamente novos públicos que nessas ocasiões descobriam o espaço, os jardins, as colecções. Era uma festa, aberta e diferente. Este ano voltou tudo ao ram ram antigo, com um solene jantar e um não menos solene concerto de música antiga. Sinais dos tempos. Tristes sinais. 

 


 


DESCOBRIR – Sugiro que entrem no site do Meo e escolham a opção «Assume o Comando». Ou então vão direitos a http://jatens.meo.pt e sigam as instruções. É absolutamente genial, é um site interactivo brilhante, com os Gato Fedorento versão espacial a entrarem directamente em contacto consigo. Parabéns PT, parabéns à equipa do Meo. Com sites destes futuro não é uma palavra vã. 

 


 


VER – Já vi muitos filmes de concertos rock mas nenhum chega aos calcanhares deste «Shine A Light» de Martin Scorsese, que regista um concerto dos Rolling Stones no final de 2006, no Beacon Theatre de Nova York. É um trabalho notável, em primeiro lugar de captação de imagem, depois de edição, não esquecendo a recolha de depoimentos antigos. Martin Scorsese rodeou-se de uma equipa brilhante que fez um filme extraordinário: um concerto, na prática, visto de dentro do palco, os músicos a olharem uns para os outros, as câmaras nos seus planos visuais. Colaborações especiais de Jack White (dos White Stripes), Buddy Guy , Christina Aguillera e de… Bill Clinton. Versões fantásticas de temas como «Faraway Eyes», «Brown Sugar», «Sympathy For The Devil» e de «As Tears Go By», uma canção originalmente composta pelos Stones para Marianne Faithful. À data da gravação deste filme Mick Jagger e Keith Richards tinham 63 anos, Charlie Watts 65 e Ron Wood era o benjamim, com 59. Não percam o filme, de preferência numa sala com bom som. Ou então guardem-se para quando sair uma cópia em Blue Ray. 

 


 


OUVIR – As «coplas» são pequenas canções, um género musical muito popular em Espanha, histórias de amor e ciúme, de orgulho e solidão, de morte e de dor, histórias que começam e acabam em três ou quatro minutos, hoje em dia muito populares também na América Latina e sobretudo no México. Rafael Alberti, Federico Garcia Lorca e António Machado são alguns dos grandes poetas que escreveram letras para «coplas» que ficaram célebres. Admirador confesso das coplas, a que chama «mini-óperas», Plácido Domingo reuniu uma selecção de 13 das suas preferidas no seu novo CD «Pasión Española», no qual é acompanhado por José Maria Gallardo del Rey à guitarra e pela Orquestra da Comunidad de Madrid. Muito bom para comer umas tapas num fim de tarde, a olhar para as cores primaveris e a fazer de conta que estamos num país menos cinzento. (CD Deutsche Grammophon, Universal Music). 

 


 


 


PETISCOS – Nesta altura do ano gosto das giestas, das papoilas, dos malmequeres, das alcachofras que começam a rebentar. António Barreto sublinharia os jacarandás, eu limito-me a dizer que estas cores todas são o sinal de que já aí estão dois dos bons petiscos da estação: as sardinhas e os caracóis. Nos tempos que correm estou para ver como neste final de Primavera dois dos mais típicos petiscos portugueses vão escapar à fúria da ASAE. Ainda teremos sardinhas assadas na grelha à beira da estrada por muito tempo? Caracóis tirados de grandes panelões para acompanhar uma imperial? Sócrates, que é quem manda na ASAE, deixar-nos-à ainda petiscar? 

 


 


BACK TO BASICS – A política não é uma má profissão: quando se tem êxito é-se recompensado, e quando se falha pode-se sempre escrever um livro – Ronald Reagan. 

 

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publicado às 13:05

CÍNICOS E CRUÉIS

por falcao, em 26.05.08

(Publicado no diário Meia Hora de 21 de Maio)


Palavra de honra que a culpa não é minha: depois do que aqui escrevi na semana passada, não contava voltar a falar de novo da ASAE e do seu  inexcedível Sr. Nunes. Mas a realidade é que as notícias de vilezas praticadas pela ASAE aparecem a toda a hora e, depois, já se vê, o assunto volta à baila.


No fim de semana surgiram notícias de que a ASAE apreendeu e mandou destruir alimentos que tinham sido oferecidos a Instituições de Solidariedade Social (entre eles lares de terceira idade), apenas baseada no não cumprimento de regras e sem qualquer análise. Soube-se que a ASAE sujeita essas instituições às regras que impõe por todo o lado, sem sequer querer saber se têm condições para fazer o investimento necessário, sem procurar soluções transitórias.


Esta acção da ASAE mostra um organismo dirigido para actuar de forma cruel e desumana, apenas interessada em cumprir objectivos – os tais mapas de objectivos que o Sr. Nunes diz não estarem em vigor.


Este caso de perseguição e ataque a organismos de apoio aos mais carenciados é a peça que faltava para mostrar o processo de deturpação de objectivos que o Sr. Nunes empreendeu na ASAE. Evidentemente é necessário que exista e actue uma entidade que fiscalize condições sanitárias de estabelecimentos e de alimentos, mas ainda é mais necessário que essa entidade tenha bom senso e não tenha uma actuação desproporcionada. A ASAE é forte para com os fracos e fraca para com os fortes. Delicia-se a perseguir quem tem poucos recursos para se defender. É ao mesmo tempo polícia, juiz e carrasco, numa intolerável actuação que ignora as mais elementares regras da sociedade em que vivemos, tendo por cartilha única regulamentos europeus lidos de forma burocrática.


Não sei se José Sócrates e Manuel Pinho já repararam numa coisa: enquanto derem cobertura à forma de actuação da ASAE e ao padrão que o Sr. Nunes lhe imprimiu, para os efeitos práticos são eles próprios que cometem os excessos, os desmandos desumanos e a crueldade que é dificultar o trabalho de organismos de apoio social. É como se fossem eles próprios a deitar fora os alimentos que as populações oferecem a estas instituições ou a mandá-las encerrar sem cuidar de quem lá é assistido. O silêncio que têm sobre esta matéria é de um cruel cinismo e de um intolerável desprezo para quem os elegeu. Espero que do próximo programa eleitoral de Sócrates constem as medidas da ASAE que ele protege. Assim, pelos menos, os eleitores saberão o que os espera. 

 

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publicado às 13:04

Mais vale agora

por falcao, em 20.05.08
Se Pedro Passos Coelho fôr o próximo lider do PSD estou disposto a filiar me no partido. e mais vale dizer isto agora do que arrepender me depois de não ter mostrado que acredito na possibilidade de mudança.

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publicado às 00:28

 


 


EXPATRIADOS - Paris está a ficar uma cidade deprimida: depois de Ferro Rodrigues, agora vai lá instalar-se Carrilho. Como imagino que Guterres de vez em quando lá passe à procura de refugiados, o trio deve tornar a cidade numa animação. Imagino que, ao longo deste ano, tenham muita oportunidade de chorar baba e ranho a recordar Maio de 68. Decididamente o PS conquistou Paris – só que foi o PS português e não o francês…com estes, Sarkozy não precisa de se preocupar. 

 


 


CANDIDATOS - A disputa pela liderança de um partido não devia ser apenas a comparação entre a galeria de notáveis que cada candidatura apresenta. Os desafios actuais ultrapassam os créditos dos feitos passados e a sociedade portuguesa e o mundo estão a mudar tão rapidamente que qualquer dia vai ser preciso inventar um GPS político para os líderes partidários se orientarem no meio da confusão. É exactamente nestes tempos - de súbitas transformações e de crise - que o debate político se torna mais necessário para encontrar novas soluções. E é isso que se vê muito pouco no actual processo eleitoral do PSD. Nessa matéria apenas Passos Coelho faz a diferença. 

 


 


 


 


CARICATURAS – Confesso que tenho um fraquinho por caricaturas e há muito que André Carrilho é um dos meus favoritos. Se gostam do género não percam a exposição de 37 desenhos seus publicados em jornais portugueses, espanhóis, franceses e norte-americanos. Carrilho é um dos mais internacionais artistas portugueses  e estas ampliações de grande dimensão dos seus trabalhos são surpreendentes. Até 28 de Maio na Galeria do «Diário de Notícias», Avenida da Liberdade – este é aliás o jornal para onde Carrilho desenha agora  em Portugal. 

 


 


FOTOGRAFIA – Há mais fotografia para além da exposição da «World Press Photo», este ano aliás não muito excitante. Para terem outra visão das coisas vale a pena frequentar a galeria P4Photography, na Rua dos Navegantes 16. Lá encontrarão por estes dias perturbantes fotografias de Inês Gonçalves, da série «Secret Names», originalmente de 2000, resultado de uma encomenda feita na altura por um Museu de Badajoz. Aguarda-se que Inês Gonçalves, felizmente regressada às exposições, apresente a de novo a sua série sobre Cabo Verde, exposta uma única vez por ocasião da Expo 98. 

 


 


BOAVISTA – Não, não vou falar da crise do futebol. Vou apenas chamar a atenção para o que se passa no número 84 da Rua da Boavista, em Lisboa, entre Santos e o Mercado da Ribeira. Nesse prédio coexistem três espaços de exposição, todos ligados a Victor Pinto da Fonseca. A actual série apresenta um conjunto de artistas e obras que merecem atenção. Na VPF – Cream Art Gallery, Frederico Ferreira propõe imponentes esculturas/colunas de som, animadas com a sonoridade dos Blasted Mechanism; no espaço Rock Gallery, dedicado a novos artistas, Nádia Duvall  (Prémio Pintura Banif- Revelação 2008)  mostra trabalhos baseados num processo de reacções químicas e configurações orgânicas, assente num minimalismo de fundos e cores; e, na «Plataforma Revolver» está uma perturbante e imperdível exposição sobre a interculturalidade, «Novas Geografias», de Mónica Miranda. Tudo até 14 de Junho. 

 


 


MONTANHAS – Cristina Ataíde apresenta «Manual de Instruções» na Zoom – Galeria Carlos Carvalho, Rua Joly Braga Santos Lote F, a Sete Rios, Lisboa.  É uma exposição inesperada onde a artista propõe obras transformáveis, segundo o manual de instruções que acompanha cada uma. Continuando a misturar materiais, Cristina Ataíde cruza o efémero dos pigmentos com a perenidade do bronze, tendo a transformação das montanhas e acidentes geográficos como pano de fundo de todo o jogo proposto. Destaque para a série dos bronzes isolados e para um desenho de grandes dimensões, espécie de mapa de todas as ideias deste «Manual de Instruções». 

 


 


RELEVOS – A pintura de Jorge Humberto (que durante uns anos assinou Joh) tem sido feita de relevos e da cuidadosa procura de um espaço tridimensional sobre as telas, mercê de um laborioso processo de trabalho. É neste rumo que ele prossegue, depurando cada vez mais a utilização da cor e, nesta nova exposição, avançando naturalmente no caminho da escultura, como que deixando as formas saírem finalmente das telas. «Clairevoyance» pode ser vista na Galeria Jorge Shirley (Largo Hintze Ribeiro 2E (Ao cimo da Rua de S. Bento, perto do Rato). 

 


 


ALMOÇO – Tenho um fraquinho por restaurantes que ficam em hotéis. Come-se bem, o serviço é bom, há espaço nas mesas, não há muito barulho. São, geralmente, bons locais para almoços tranquilos. No renovado Tiara Park Hotel, Rua Castilho, (ex Méridien), o restaurante L’Appart é uma boa surpresa. O chefe Eddie Melo inspira-se na tradição culinária portuguesa e trabalha com mão delicada pratos como medalhões de lombo ou choquinhos à algarvia, garantindo que se consegue conjugar sabor com leveza. Para quem quiser há um amplo buffet de frios e outro de sobremesas.  

 


CANTO – Ledisi Anibade Young, conhecida pelo seu primeiro nome, é uma cativante cantora de jazz, que vem da área dos rhythm’n’blues e que cruza influências do hip hop. É co-autora e co-produtora das canções que interpreta neste seu terceiro álbum, «Lost And Found». Tem um sentido rítmico invulgar e utiliza a voz para o pontuar num estilo que, por vezes,  faz lembrar Ella Fitzgerald e que já lhe valeu um Grammy em 2007. CD Verve/ Universal. 

 


 


BACK TO BASICS – A coisa mais importante em comunicação é conseguir ouvir aquilo que não está a ser dito (Peter Drucker) 

 

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publicado às 19:36

A MENTIRA COMO FORMA DE VIDA

por falcao, em 17.05.08

(Publicado no diário Meia Hora de 14 de Maio)

 


Desde há cerca de duas semanas a imprensa vem publicando informações sobre a existência de documentos, oriundos de uma Direcção da ASAE que está na dependência orgânica do seu Presidente, que indicam metas a at9ingir no domínio, exclusivamente, da actividade repressiva daquela organização.


Não voiu aqui perder tempo com o que é evidente: a mentalidade persecutória do Sr. Nunes, a forma como ele sempre quis aparecer, a imagem que promoveu de si próprio: uma pessoa sem escrúpulos, de pensam,ento reduzido, que preferia incentivar acções repressivas em vez das preventivas. O Sr. Nunes, no decurso do último ano, tornou-se o estereotipo da pessoa que mada e quer ser obedecido, que não quer que ordens sejam p3ensadas enm discutidas.


N a edição de sábado o semanário «Expresso» reproduzia um detaslhado documento da ASAE onde todas as metas eram quantificadas: em prisões, encerramentos, multas, todo o arsenal de medidas repressivas. Era uma folha de c+álculko da perseguição.


O Sr. Nunes desde há semanas que anda a desmentir a exist~encia destes dados – ao início dizia que eram fantasia, agora já rectificou a dizer que era um documento de trabalho (apesar de o ficheiro divulgado nãoi ter nenhuma indicação nesse sentido) e, mais cobarde ainda, insinua que o caso não seria da sua responsabilidade mas de um seu subordinado, quando se sabe que a responsabilidade da Direcção que elaborou o documento é dele próprio.


Apesar de esfarrapadas, as tentativas de manipulação dos facytos do Sr. Nunes ainda podia merecer alguma atenção, não fosse a evidência dos últimos meses, as acções que ele tanto propagandeou, em que tanto gosta de aparecer. É que este documento agora divulgado é tão só o complemento das acções que a ASAE tem desenvolvido: de armas na mão invade mercados, encerra fábricas de produtos artesanais e restaurantes, lança o medo, tem por único objectivo reprimir, perseguir castigar. O documento limita-se a colocar isto em papel. E como a acção que o Sr. Nunes tão bem propagandeou corresponde ponto por ponto ao documento, a única conclusão é que os desmentidos que o Sr. Nunes agora faz são uma evidente aldrabice.


O Sr. Nunes não é um cidadão qualquer – é um alto funcionário do Estado. E o Estado não pode ter em lugares de direcção pessoas que têm uma mentalidade repressiva, que usam a mentira quando são descobertos a errar, que persistem a querer esconder a verdade. O Sr. Nunes não tem vergonha – pede para si próprio a tolerância que nunca deu aos outros, que encerrou e perseguiu. O Sr. Nunes é a imagem do poder do Governo Sócrates no seu pior – é um sem vergonha autoritário, abusador e repetidamente enganador, que se recusa a admitir as suas responsabilidades. Ao Primeiro Ministro e ao Ministro Manuel Pinho apenas resta demitir o Sr. Nunes e colocar a ASAE num caminho honesto onde ela nuna esteve. 

 

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publicado às 19:34

PROVINCIANISMO, ABUSO, OBSERVAÇÕES

por falcao, em 10.05.08

 


(Publicado no «Jornal de Negócios» de 9 de Maio de 2008)


 


 


LISBOA – Mau, mas mesmo mau, é o fim do «África Festival», uma iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa que existiu durante três anos e que se destinava a fomentar o papel da capital como plataforma do multiculturalismo e como ponto privilegiado de divulgação da música africana na Europa, nomeadamente dos países de expressão portuguesa. O primeiro golpe no Festival foi dado pelo anterior vereador Amaral Lopes, a equipa de António Costa liquidou-o argumentando com a falta de disponibilidade orçamental. A questão dos orçamentos insuficientes da Câmara Municipal tem que ser vista à luz da gestão de prioridades: para Lisboa é mais importante uma iniciativa de repercussão internacional como o «África Festival» ou as xaropadas em que o vereador Manuel Salgado gasta verbas no encerramento forçado da Praça do Comércio ao Domingo, ao que consta preparando até iniciativas orçamentalmente pesadas para o segundo semestre do ano?. Não seria preferível manter o Festival e a sua equipa, o seu nome, a tradição e imagem já acumuladas, mesmo que com menor investimento, e provavelmente num local de custos mais reduzidos (como era originalmente), no auditório Keil do Amaral, em Monsanto? Ainda vamos ver outro dos munícipios à volta de Lisboa a pegar na ideia, como já aconteceu por exemplo com a «Moda Lisboa». Esta equipa autárquica da capital parece apostada em liquidar tudo o que tenha notoriedade internacional (declaração de interesse: fui o criador do conceito do «África Festival» e responsável pela sua criação e primeira edição, à época em que fui administrador da EGEAC). 

 


 


ABUSOS NA ALFÂNDEGA E CTT – No último mês encomendei à Amazon norte-americana dois livros escolares, especializados. Pois tive que pagar à alfândega portuguesa cerca de sete euros por cada um - à volta de quatro euros de IVA e três euros de impressos e taxas diversas, incluindo um impresso de quase dois euros (!!!???). Além disso por cada livro ainda paguei duas verbas aos CTT, cerca de três euros de uma taxa de apresentação à alfândega mais quinze cêntimos que aparecem no detalhe da alfândega sob a designação «CTT Portugal». Em ambos os casos a descrição da alfândega classificava os livros (um sobre marketing e outro sobre programação de computadores) como «álbuns de Banda Desenhada, Álbuns Anuais de Selos, etc». Mais: no decurso deste processo a alfândega ou os CTT retiveram em seu poder a factura original de envio da Amazon, nem sequer forneceram cópia, pelo que nem prova de pagamento, nem descrição exacta é dada ao comprador. Quer dizer, roubaram-me, nas duas ocasisões, um documento pessoal que entre outras coisas me servia para certificar a natureza efectiva dos livros. Ora digam lá: se isto não é desprezo total pelos cidadãos – da parte da Alfândega e dos CTT – o que será?  


 


 


 


DESILUSÃO – Fã de Bruno Nogueira na rádio, foi com expectativa que segui a estreia de «Contemporâneos» na RTP. Pois foi uma desilusão, humor substituído por graçolas, um conceito visual falho de ideias, na realidade um momento de televisão falhado. Às vezes as estreias são assim e depois as coisas melhoram. Resta aguardar. 

 


 


OUVIR – O novo disco do saxofonista John Carter, «Present Tense», o primeiro em três anos, é uma arrebatadora colecção de temas cheios de swing, no entanto com uma sonoridade muito contemporânea. O disco inclui três originais de Carter e uma selecção de sete temas de nomes como Djando Reinhardt, Jimmy Jones, Walter Gross, Dave Burns e o sempre arrebatador «Song For Delilah» de Victor Young a Ray Evans. Cárter tem sido considerados como um dos mais inventivos e virtuosos sax barítonos da actualidade e neste disco toca também flauta. Um dos seus temas originais «Bossa J.C.» é uma bela surpresa. CD Emarcy/ Universal. 

 


 


 


LER – Merece atenta leitura artigo de Augusto M. Seabra na sua habitual rubrica «O Estado da Arte» da revista online www.artecapital.net , este mês sobre a situação existente na Fundação Gulbenkian em relação às áreas artísticas, nomeadamente na música e no Centro de Arte Moderna. É uma análise do que se passa e, mais importante, uma perspectiva dos problemas futuros. 

 


 


PETISCAR – Melhor ainda que as lojas Gourmet, são as pequenas lojas de produtores que disponibilizam produtos de outras regiões. Na Quinta do Anjo (Palmela), recomendo uma visita à Casa Agrícola Horácio Simões, Rua São João de Deus, mesmo ao lado da junta de freguesia. Doces caseiros, bons queijos artesanais de Azeitão, queijos e enchidos do Alentejo, farripas de laranja cobertas a chocolate de Setúbal, variados doces regionais. E, claro o afamado Moscatel Roxo que Horácio Simões produz na sua adega e que tem ganho notoriedade internacional. 

 


 


IDEIA – Os treinadores de futebol deviam ser pagos face aos resultados obtidos: competições conquistadas, lugar obtido nas tabelas, pontos obtidos, comportamento em competições internacionais. Talvez assim as coisas fossem de outra maneira. 

 


 


 


BACK TO BASICS – O poder abusa, o poder absoluto abusa absolutamente – frase de Maio de 1968 . 

 

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publicado às 10:25

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