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ALERTA – Espera-se que em relação aos polémicos investimentos públicos previstos, e contestados pela maioria dos economistas de referência da área do PS, não sejam assinados à pressa contratos que comprometam o futuro, a seis meses de eleições. O problema é que o caso Freeport chegou onde chegou porque, no mínimo, os timings em que foi aprovado proporcionam que surjam suspeitas.  

 


 


ENTREVISTA – O discurso do Primeiro-Ministro transmitido pela RTP na passada terça-feira resumiu-se a um exercício de propaganda em matéria política e económica e à afirmação de ameaças relativamente ao caso Freeport. Pelo meio ficaram verdadeiras pérolas, como a de considerar como absolutamente normal tratar as opiniões de jornalistas como calúnias passíveis de perseguição criminal. É verdade que existe uma campanha negra em Portugal – mas é a que o Primeiro-Ministro move contra quem o critica, é a campanha negra do Governo contra a liberdade de expressão e de informação, que foi levada ao extremo quando José Sócrates, no exercício do cargo de Primeiro-Ministro se armou em crítico de televisão e analista de comunicação e atacou os noticiários de um canal de televisão pelo simples facto de reportar factos que lhe são pessoalmente incómodos. Nos tempos que correm temos um Primeiro-Ministro que persegue notícias e opiniões publicadas na imprensa e persegue os seus autores, ao mesmo tempo que se veste de vítima. Hugo Chávez, com quem Sócrates tem uma boa relação, também se incomodava com uma estação de televisão e, para resolver o problema, mandou encerrá-la. A cobardia política anda sempre de mãos dadas com a intolerância.


 

 


 


 


LISBOA – A Frente que quer a união à esquerda nas eleições autárquicas da capital procura apenas a junção de interesses espúrios, de circunstância e conveniência, suficientes para assegurar a vitória duvidosa de uma esquerda sem ideias e com uma prática de direita – os dois anos que António Costa leva como Presidente da Câmara são prova disso. Curioso é que esse período de dois anos seja exactamente o mesmo tempo que Santana Lopes levou no exercício efectivo do mesmo cargo, em Lisboa. Basta comparar o que foi feito, em igual tempo, por um e por outro. Costa claramente sai a perder. A sua herança é uma cidade suja, descuidada, agreste para quem a habita. 

 


 


PERGUNTA – O que é feito do processo da Casa Pia que de repente não se ouve falar do caso? Não é estranha a forma como a justiça funciona, ao arrastar casos durante anos até que venham a cair no esquecimento? 

 


 


DESCOBRIR – Se forem ao You Tube e procurarem na barra de canais o da educação poderão aí encontrar gravações vídeos de palestras e aulas de distintos professores de Universidades tão prestigiadas como Harvard, Yale, Carnegie Mellon ou Stanford. Outro bom sítio para procurar apresentações interessantes do ponto de vista profissional e científico é o www.ted.com , neste caso divididas em áreas que vão do entretenimento ao design, passando por tecnologia ou negócios. 

 


OUVIR – Ida Maria é uma norueguesa de 24 anos que canta com raiva e energia, que canta o que lhe vai no espírito sem atender a conveniências. Seguidora dos Pogues no que toca à quantidade de álcool que ingere antes de actuar, do punk no que toca às palavras e ao estilo, e da new wave no que toca a arranjos e produção – o resultado é aliciante e diferente de tudo o que tem surgido nos últimos anos. É fresco, incómodo como só a boa música o é, e perturbante como as belas canções sabem ser. Ouçam «Oh My God», «Louie» ou «I Like You So Much Better When You Are Naked», três das canções que fazerm de «Fortress Round My Heart» um dos albums a reter para o balance deste ano. Comprado na Amazon. 

 


VER – Uma recomendação no Porto: na Galeria Quase (Rua do Vilar 54), desenhos, fotografias e esculturas de Cristina Ataíde. Os desenhos combinam a grafite com o guache e criam ambientes que se prolongam nas esculturas, que combinam árvores, tecido e chumbo. Algumas fotografias completam a visão de Cristina Ataíde, que persistentemente tem operado nesta diversidade de meios, unidos por um fio condutor balizado pela observação, como se fosse a intervenção deliciosa de um voyeur anarquista sobre o que está à sua volta. 

 


 


FOLHEAR – A revista norte-americana «Rolling Stone» diminuíu de formato e perdeu aquele tamanho invulgar que a caracterizava. Passou a gora ao formato típico das revistas americanas – provavelmente porque o seu público tradicional foi envelhecendo e já não consegue abrir os braços o suficiente para o percorrer as páginas do tamanho antigo. Seja como for, tamanhos à parte, a Rolling Stone lá vai dando conta do recado embora com um tom mais cinzento e conformista do que há uns anos atrás. A publicação ainda é boa para ir vendo o que acontece, mas deixou de ser um guia de tendências. 

 


 


EXPERIMENTAR – Sabores orientais no New Wok; Rua Capelo 24, exactamente na esquina com a Rua Anchieta, frente ao Governo Civil. Não é a  melhor das vizinhanças mas a qualidade dos noodles e a diversidade de propostas, assim como a simpatia do serviço, a decoração do local e o atrevimento de algumas combinações inesperadas tornam o New Wok num sítio a conhecer se tiver vontade de experimentar um dos restaurantes de inspiração asiática mais conseguidos de Lisboa. Experimentem o gelado de sésamo na parte das sobremeses. Telefone 213477189. 

 


 


DESCONTRAIR – Este fim de semana o CCB propõe os seus Dias da Música, este ano dedicados a Bach, com algumas incursões na obra do compositor por músicos de outras áreas, como é o caso de Bernardo Sassetti. É uma programação rica e diversificada, prova provada da falta de razão dos velhos do Restelo que se puseram aos uivos quando a velha «Festa da Música», importada de Nantes e da habilidade comercial de René Martin, foi em boa hora abandonada por Mega Ferreira que preferiu investir numa programação própria. 

 


 


BACK TO BASICS - Bota-Abaixismo é o que o Governo tem andado a fazer ao país – ouvido na rua. 

 

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publicado às 13:01

UMA FRENTE SEM SENTIDO

por falcao, em 21.04.09

(Publicado no Diário Meia Hora de 21 de Abril)


Na semana passada surgiu o apelo para que em Lisboa se constitua uma frente única de forças políticas de esquerda com o objectivo de evitar o regresso da direita ao poder na cidade, nas próximas autárquicas e para que António Costa continue Presidente. Valerá a pena?


Comecemos por recordar alguns factos. Após um longo período em que Lisboa foi governada pelo PS em coligação com o PCP, primeiro por Jorge Sampaio e depois por João Soares, no final de 2001 o PSD venceu as eleições e Pedro Santana Lopes exerceu a Presidência da Câmara durante perto de dois anos e meio, até ser indicado Primeiro Ministro, no Verão de 2004. Por força da queda política de Carmona Rodrigues, que venceu as eleições de 2005, foram realizadas intercalares autárquicas em Lisboa em Julho de 2007, das quais saiu vencedor António Costa, que concluirá o seu mandato no final do ano, com praticamente o mesmo tempo de exercício de poder, enquanto Presidente da Câmara de Lisboa, que Pedro Santana Lopes. Portanto, ambos terão tido teoricamente as mesmas possibilidades – até porque, convém recordar, o estado das Finanças da Câmara deixado por Jorge Sampaio e João Soares não era melhor do que aquele encontrado por António Costa. O PS gosta de iludir este pormenor mas o facto é bem real.


Na verdade o balanço comparado dos mandatos de Pedro Santana Lopes e de António Costa não podia ser mais elucidativo: Lisboa agora está sem rumo, faz muitos estudos mas pouca obra, a cidade voltou a estar suja, esburacada, os problemas no urbanismo aumentam, as cedências ao Governo (como na Frente Ribeirinha e nos contentores) aumentam, a reforma do funcionamento do Município parou, a recuperação da Baixa-Chiado desapareceu das conversas, o trânsito está mais caótico e não foi lançada uma única obra infra-estruturante importante.


Para além disso convém recordar que a política de apoio social enquanto Santana Lopes foi Presidente da Câmara foi objectivamente mais à esquerda que a de António Costa e que em matéria de ambiente, cultura e recuperação urbana se fez mais do que se tem feito agora.


Por isso esta Frente é surpreendente: uma Frente que quer juntar pessoas que não conseguem fazer um plano comum, que não conseguem implementar políticas de esquerda quando chegam ao poder, e que deixam a cidade apodrecer, serve para quê?  

 

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publicado às 16:27

 


CONCURSO – Decorre actualmente uma competição para escolha do mais horrível cartaz de propaganda política nesta fase do ano eleitoral em curso. A primeira ronda deste concurso encerra no dia das Europeias. PS e PSD estão por enquanto empatados em falta de ideias, originalidade e mau gosto gráfico.

 

ESCOLHA – A escolha de Paulo Rangel para cabeça de lista ao Parlamento Europeu só pode querer dizer que o PSD resolveu subalternizar a Assembleia da República – na verdade Rangel foi o melhor líder parlamentar do PSD desde há algum tempo e seria natural que ele constituísse um trunfo precioso nas próximas legislativas – até porque, recordemos o assunto, a líder social-democrata não é actualmente deputada e as poucas despesas de oposição feitas pelo PSD têm surgido pela mão de Paulo Rangel, que já é candidato à alcunha de «O Desterrado».

 

CRISE - De um Banco Central espera-se seriedade . Não se espera que seja nem atacante cego nem defensor cerrado do Governo. Espera-se realismo nas projecções, não se espera que mude de direcção como um catavento. Em apenas seis meses a avaliação do Banco de Portugal à situação da economia portuguesa passou de excelente para perigosa. Em que altura exagerou? Constâncio perde a credibilidade à medida que a crise se instala. Era útil e certamente esclarecedor repescar as suas afirmações desde há um ano atrás.

 

LER – A mais recente edição da revista «Egoísta» assume a forma de um gigantesco desdobrável – as páginas não se folheiam apenas, estão produzidas por forma a serem um enorme fole desdobrável, quase a pedir para ser esticado numa parede para aí o podermos ver sempre. Feito sob o tema do «Sonho», este número da «Egoísta» é mais um bom desafio a todas as convenções gráficas. Destaque para o portfolio de Anne Leibowitz, para as fotos de Ana Calhau e para os textos de Pedro Mexia e José Fialho Gouveia, que se destacam entre a rotina pouco imaginativa das demais colaborações. Magnífica na forma, a «Egoísta» precisa de encontrar um ponto de equilíbrio no conteúdo, que, infelizmente, muitas vezes não acompanha o delírio e o sonho do seu grafismo.

 

VER – Abre hoje no Sintra Museu de Arte Moderna uma oportuna exposição dedicada à cerâmica de Rafel Bordalo Pinheiro – cuja fábrica esteve para fechar, e foi comprada pela Visabeira, que pretende recuperá-la – curiosamente uma operação que o Governo apresentou como sendo da sua autoria. Nestes tempos em que tudo serve para fazer propaganda, fica aqui o desejo que esta exposição sirva para publicitar o talento de Bordalo e que contribua para que a obra da fábrica com o seu nome seja mais conhecida e desejada. A exposição tem o título «Da Caricatura À Cerâmica» e pode ser vista até 14 de Junho.

 

HINO - Chegar ao fim de 30 anos de carreira numa banda de rock é obra séria. Chegar ao fim desses 30 anos e fazer uma canção como «Sem Eira Nem Beira» é ainda mais sério. A canção – agora já muita gente a ouviu – é um manifesto de revolta contra a hipocrisia dos políticos. É inevitável que na actual situação se venha a tornar num hino. Mesmo sem intenção deliberada por parte dos Xutos & Pontapés, esta canção do novo álbum da banda é a maior acção de oposição que Sócrates tem pela frente. A canção é boa, a letra é boa, vai ser um êxito, fala dos tempos que correm – tal e qual o que um tema rock é suposto fazer: mexe com as pessoas - «Senhor Engenheiro/Dê-me um pouco de atenção/…/Não tenho eira nem beira/ Mas ainda consigo ver/Quem anda na roubalheira/…». Para conhecer basta fazer busca pelo nome da canção no YouTube.

 

OUVIR – A mais recente compilação da série «Red Hot» chama-se «Dark Was The Night», um título baseado num «blues» tradicional de Blind Willie Johnson, aqui interpretado de forma inesperada pelos Kronos Quartet. A compilação tem dois CD’s, o primeiro baseado em versões de tradicionais norte-americanos – outra surpresa é a versão de Antony para «I Was Young When I Left Home», de Bob Dylan.. O segundo disco agrupa exemplos de alguns dos melhores músicos que farão a história do começo deste século XXI – Arcade Fire, Spoon, Sharon Jones ou Beirut. Outros participantes em mais esta colectânea são Feist, The National e My Brightest Diamond, entre outros. As receitas destinam-se à prevenção da SIDA, como em todas as iniciativas «Red Hot». Edição 4AD, graficamente arrebatadora, como sempre – disponível na Amazon.

 

EQUÍVOCO – O prémio Bes Photo é uma boa ideia em si. A colecção de fotografia do Banco Espírito Santo é uma certeira aposta num meio de expressão que durante muitos anos foi subalternizado. Dito isto, vem a dúvida: a forma como decorre o processo de selecção e, depois, de atribuição de prémio Bes Photo é que já suscita interrogações e, por vezes, perplexidades. O predomínio de uma utilização oportunista da fotografia enquanto muleta para outras expressões plásticas, em detrimento do que lhe é próprio e específico, é o risco que repetidamente se tem corrido - e os resultados deste ano apenas contribuem para agudizar o equívoco. Nunca é boa política que num júri esteja um dos premiados anteriores, nem parece acertado que os nomes que mais seguem a fotografia em Portugal estejam tão ausentes de todo o processo, que privilegia os críticos de artes plásticas generalistas em detrimento de uma abordagem mais especializada. Assim, parece um regresso ao tempo dos jogos florais.

 

PETISCAR – A Mad Pizza iniciou Actividades no Amoreiras Plaza e ganhou reputação graças às suas pizzas de finíssima e estaladiça massa integral – sim, integral e saborosa. A boa novidade é que já podem ser encomendas numa área de proximidade das Amoreiras (de 2ªa a sábado entre as 12 e as 22h, sábados e domingos apenas entre as 12 e as 15h30) pelo telefone 210503561. Os preços estão entre os 5.50 euros e os 11.50 euros), dependendo dos tamanos e do que se coloca na massa). O ideal é mesmo ir uma vez experimentar ao Amoreiras Plaza e ver todas as alternativas existentes.

 

BACK TO BASICS – O objectivo do Rock é fazer as pessoas agirem e reagirem – Marilyn Manson

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publicado às 13:54

UM CAMBÃO VISUAL

por falcao, em 15.04.09

(publicado no diário «Meia Hora» de 14 de Abril)

 


As eleições para o Parlamento Europeu estão a revelar-se palco de um campeonato bem mais divertido que a Liga de Futebol: o campeonato do Cartaz Eleitoral Mais Feio. Para já, neste primeiro «round» pré-eleitoral, o PSD, o PS e o MEP estão notoriamente bem colocados para obterem a vitória. Olhando para os cartazes sou levado a pensar que deve ter havido algum conluio entre os mais altos dirigentes de cada partido para promoverem uma espécie de cambão visual – acertaram entre eles apostar na falta de imaginação, de gosto, na má escolha de cores. PS, PSD e MEP estão de facto conjugados e apostados em conseguir dar nas vistas pela má imagem.


Eu por mim até posso achar querido que tenham desistido de fazer cartazes apelativos – assim o pessoal fica mesmo horrorizado com a ideia de ir votar nas eleições Europeias e resolve-se de vez o problema da abstenção: há-de continuar a aumentar. O pior, já se sabe, é a poluição visual que estes cartazes provocam – deve ter sido para nos poupar a tão más vistas que o vereador Sá Fernandes os proibiu no Marquês do Pombal – é que não me passa pela cabeça que ele tivesse outras intenções, sendo uma pessoa tão dedicada a fazer jogo limpo, a não misturar justiça com política, a evitar manobras e malandrices. A sorte dele é que o combate aos cartazes feios ainda não tinha começado quando foi candidato…


Eu percebo a angústia dos departamentos de propaganda dos partidos: com tanta eleição este ano logo, se havia de começar pela menos interessante de todas – assim, em vez de gastarem energias e baterias para mandar uns quantos para Bruxelas e Estrasburgo, fazem a coisa pelo simples e adoptam o estilo «Quanto Pior, Melhor».


A minha curiosidade agora recai no cartaz do PP – saber como podem eles entrar neste campeonato com a equipa de candidatos que têm – todos muito mais apelativos visualmente que qualquer dos apresentados por outros partidos, todos mais elegantes e com melhores cores. Por outro lado, sei, de fonte segura, que no PSD a equipa de imagem está a fazer figas para que o candidato escolhido para o Parlamento Europeu não seja Marques Mendes – é que existe o receio de que seja adoptado o slogan « Ò tempo volta p’ra trás»… 

 

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publicado às 17:11

 


REGIME – O comportamento recente de José Sócrates, enquanto cidadão que é Primeiro Ministro, indicia que a natureza do regime  está em mudança. Ao patrocinar processos judiciais contra jornalistas e colunistas, processos que têm por alvo opiniões e não factos, Sócrates abriu o precedente de pretender condicionar o exercício da liberdade de crítica e de opinião. Compreendo que José Sócrates não fique satisfeito com o que lê sobre si – mas mais valia pedir contenção e juízo aos seus amigos, nomeadamente do grupo de Macau do PS, com Alberto Costa à cabeça, que se envolveram em cenas muito pouco edificantes em matéria política e de cidadania.

 

NAVEGAR – Imperdível o novo blogue de Bernardo Pires de Lima e Pedro Marques Lopes – www.uniaodefacto.blogs.sapo.pt . Por exemplo: «Vital Moreira entrou na campanha em grande. Não por ter ao seu lado o Dr. Soares, antigo pró-americano e companhia habitual de Frank Carlucci em inúmeras fotografias, mas por ter colocado a posição de Sócrates e Luís Amado em causa. Ficámos baralhados. Ao nível de Estado, o apoio vai para Durão Barroso. Ao nível eleitoralista, a apoio não vai para Barroso. Vital já conseguiu um apoio entusiasta de Ana Gomes, o suficiente para que Sócrates e Amado venham a terreiro pôr um fim à brincadeira. Vital é um brincalhão. Sócrates não anda para gracinhas. Isto ainda vai dar direito a processo.»

 

DÚVIDA METÓDICA - Há um PS que apoia Barroso; há outro que não apoia. O eleitor, ao votar PS para o Parlamento Europeu está a apoiar quem? Uma coisa ou o seu contrário? (Deputado António Filipe, no Twitter)

 

LER – A renovada Guimarães Editores reorganizou as suas colecções e está a fazer um meritório trabalho de edição e reedição de obras pouco conhecidas. Recentemente voltou a colocar no mercado as «Histórias Extraordinárias» de Arthur Conan Doyle, o autor que ficou célebre pelas aventuras de Sherlock Holmes. Estes pequenos contos que compõem as «Histórias Extraordinárias» são um pouco perturbantes, belíssimas observações da sociedade da época. Na mesma editora estão também disponíveis os «Contos de Mistério» do mesmo autor. Já agora, se passarem na livraria da Guimarães (Rua da Misericórdia 68 no Chiado e na Livraria Universitária, na Biblioteca Nacional) espreitem também a colecção dedicada a Edgar Allen Põe («Contos Fantásticos» e «Contos Policiais»).

 

OUVIR – John Scofield é um guitarrista de jazz com uma longa carreira ao lado de nomes como Chick Corea, Herbie Hancock ou Charlie Mingus. Tem uma extensa discografia e não há praticamente nenhum grande músico de jazz com quem não tenha gravado ou tocado. Neste seu novo disco, «Piety Street», Scofield afasta-se do seu terreno tradicional e leva a guitarra a passear pelos blues, e, em particular, pelo território dos gospel. A aproximação que faz é, digamos, herética – mas aliciante. Scofield e os músicos que o acompanham optaram por introduzir arranjos funky, alterando por completo o ritmo e balanço tradicional dos gospel. O resultado, primeiro, estranha-se e, depois, entranha-se: redescubram clássicos como «Motherless Child», «His Eye Is On The Sparrow» «I’ll Fly Away» ou «Something’s Got A Hold On Me» nas interpretações de Scofield ou deixem-se arrastar pelo ritmo de uma das suas próprias composições – como o arrebatador «It’s A Big Army». CD Emarcy, Universal.

 

DESCUBRA AS DIFERENÇAS – Querem ver como as coisas são diferentes em Portugal e em Espanha? O Jaguar XF Diesel V6 de 3 litros, versão Luxury, vem anunciado na «Vanity Fair» espanhola pelo preço de 52.990 euros. O mesmo carro em Portugal custa 75.413 euros, 42% mais caro – a diferença do preço está nos impostos. Curioso, não é?

 

VER – Quando tiverem vontade de descobrir uma boa exposição para visitar, espreitem o site www.artecapital.net. De lá retiro três sugestões, de áreas bem diferentes: no Museu da Electricidade, os finalistas do «Prémio EDP novos artistas» (António Bolota, Bruno Cidra, Gabriel Abrantes, Gonçalo Sena, Hernâni Gil, Margarida Paiva, Mauro Cerqueira, Nuno Sousa e Sónia Almeida) – o vencedor será conhecido dia 20. Se gostam de fotografia têm oportunidade de descobrir a excelente colecção de fotografia portuguesa dos anos 50, que pertence ao Museu do Chiado, e que está reunida na exposição «Batalha de Sombras», no Museu do Neo-Realismo em Vila Franca de Xira (Rua Alves Redol 45). E finalmente, um grupo de jovens artistas apresenta na Galeria Arte Contempo (Rua dos Navegantes 46 A) a colectiva «Republica ou o Teatro do Povo».

 

PETISCAR – Não se pode olhar para o «Torricado» e encará-lo como um restaurante tradicional – o mais certo é encará-lo como uma petisqueira simpática. Localizado na Praça de Touros do Campo Pequeno, no lado virado para a Avenida da República, é servido por uma boa esplanada, mas tem um espaço interior com os seus problemas, apertos e correntes de ar. Claro que o prato forte é o que lhe dá o nome, o torricado ribatejano, está presente no seu esplendor:  pão torrado em brasas, com alho e azeite, e acompanhado com uma boa posta de bacalhau assado. Mas se quiser coisa mais leve não deixe de experimentar os pastéis de massa tenra, as empadas de caldeirada de porco preto (deliciosas) e os pastéis de bacalhau à Gomes de Sá. A responsabilidade deste espaço é do Chef Luís Suspiro, e se para rematar os petiscos escolher um doce tem muito por onde picar. Telefone 217975356.

 

 

BACK TO BASICS – A liberdade de opinião só pode existir quando o Governo está completamente seguro de si próprio – Bertrand Russell

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publicado às 13:30

O OBSERVATÓRIO ESCONDIDO

por falcao, em 07.04.09

(publicado no diário Meia Hora de 7 de Abril)


 


Na semana passada li muitas notícias sobre as «100 Horas de Astronomia Remota», uma iniciativa que permitia, a qualquer pessoa com acesso à internet, ligar-se a um dos observatórios astronómicos que, em todo o Mundo, ofereciam a possibilidade de, via computador, ver as imagens que esses observatórios captavam do Universo. Esta bela ideia faz parte dos eventos programados para o Ano Internacional da Astronomia e inclui uma outra iniciativa que tem o aliciante nome de «Volta Ao Mundo em 80 telescópios».


É engraçado ver que cada vez mais pessoas se interessam pela astronomia e constatar que as vendas de telescópios para uso doméstico andam em bom ritmo. É um bom sinal, é sinal de curiosidade pelo Universo, de curiosidade por perceber onde estamos e quais os limites que podemos ver, é, sobretudo, um sinal de interesse pela Ciência – ainda por cima vivido como um passatempo.


Neste contexto de interesse e paixão pela Astronomia seria natural que em Portugal se estimulasse a curiosidade pelos equipamentos que temos – nomeadamente pelo belíssimo Observatório Astronómico de Lisboa, construído por iniciativa de D.Pedro V nos terrenos da Tapada da Ajuda entre 1981 e 1987. No século XIX e em boa parte do século XX o observatório ganhou reputação internacional e hoje em dia, desde 1995, está intergrado na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.


Para além dos equipamentos de observação, no edifício existe uma rica biblioteca, a melhor do país em temas de Astronomia e Astrofísica. Além disso o Observatório é quem mantém e fornece a hora legal de Portugal, desenvolve investigação científica, preserva e disponibiliza o acervo histórico, quer documental quer instrumental, e quer estimular e apoiar o ensino e a divulgação da Astronomia. Aliciante, portanto. E como se pode visitar?  - perguntarão. Eu gostava de lá poder ir, mas eis a realidade: visitas apenas aos dias úteis, com entrada não depois das 15h00; só são permitidas visitas em grupos, não com mais de 15 pessoas e apenas com marcação prévia junto do observatório; para entrar há que comprar a respectiva admissão – que apenas pode ser adquirida nas instalações da Faculdade de Ciências no Campo Grande, junto à Cidade Universitária, portanto na outra ponta da cidade. Se isto não é matar à nascença a vontade de conhecer a Astronomia, digam-me lá o que será… 

 

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publicado às 19:14

 


SEXTA – Aqui há uns anos as sextas-feiras eram marcadas pelo «Independente» e as suas notícias. Agora são marcadas pelas investigações do «Jornal Nacional» da TVI, que tem vindo a colocar-se entre os dez programas de televisão mais vistos de cada semana, à frente da informação de outros canais. Deste sucesso de audiências e das investigações que revela resultou já a diabolização do Jornal e da sua apresentadora, quer pela ERC quer pelo núcleo duro do Governo e do PS.

 

TEMPOS - Em Portugal vive-se um clima semelhante ao dos últimos dias de Pompeia: lascívia do poder, promiscuidade entre política e negócios, despudorado assalto ao Estado, impunidade galopante, descrédito das instituições. A maneira como fôr resolvido o caso do Dr.Lopes da Mota, que dirige o Eurojust, será o fiel da balança. Dois procuradores dizem-se pressionados por ele; o Dr. Lopes da Mota tem desmentido ter efectuado pressões; é palavra contra palavra, uma situação onde o mais forte tem sempre vantagem; no lugar onde o Dr. Lopes da Mota está, no entanto, é certo que tinha formas de facilitar ou dificultar a troca de informações entre investigadores portugueses e britânicos sobre o caso Freeport; parece já ser consensual que, no mínimo, não as facilitou. Uma coisa é segura neste momento: a sua saída do lugar que ocupa seria um gesto, um sinal, de que se querem remover entraves à investigação. Este caso começa a tomar proporções que vão para além dos factos, já de si graves. Embora o assunto seja delicado, era bom ouvir o Presidente da República sobre este suspeito clima que se vive em Portugal neste momento.

 

COMEMORAÇÕES – Há uns meses o Ministério da Defesa recusou que uma força militar estivesse na evocação do regicídio; sabe-se agora que o Governo se dispõe a gastar dez milhões de Euros na celebração do centenário da República – ou seja, na celebração de 16 anos de balbúrdia, que levaram a 48 de ditadura e, finalmente, a estes 36 de tentativas democráticas. Não há provas – antes pelo contrário – de que o regime republicano seja mais justo, menos corrupto e mais democrático. Estes dez milhões pagos pelos contribuintes são um insulto nos tempos que correm. Mais: são um prepotente abuso.

 

VER – As mais recentes exposições de Inez Teixeira têm sido surpreendentes – uma observação das formas base da natureza, muito orgânicas. A sua forma de mostrar o mundo que a rodeia tem evoluído e, na nova mostra inaugurada na semana passada na VPF Cream Art, «De Dentro Para Fora», Inez Teixeira percorre caminhos inesperados, desta vez recorrendo a minuciosos desenhos em pequeno formato, imaginando casas envolvidas por bosques, num registo mais intimista e introspectivo. Ao mesmo tempo, nas novas pinturas que coexistem com os desenhos, adivinha-se o nascer de um novo ciclo que escapa a formas definidas.

Ainda no edifício Transboavista, onde a VPF Cream Art está instalada, pode ser vista, no espaço Plataforma Revólver, uma colectiva intitulada «A Escolha da Crítica», com curadoria de Lígia Afonso,. Destaque para a instalação de Paulo Mendes, para os desenhos a grafite de Pedro Barateiro, para os desenhos para animação de Susana Gaudêncio e para o trabalhos de João Fonte Santa. Edifício Transboavista, Rua da Boavista 84 ao Cais do Sodré, segunda a sábado das 14h00 às 19h30.

 

LER I – Na «Vanity Fair» (edição norte-americana) de Março, destaque para uma investigação detalhada sobre a forma como funcionava o esquema montado por Bernard Madoff – escrita de forma clara e simples para quem não é economista. A investigação, um exemplo de grande jornalismo, relata a forma como Madoff agia, os meios em que se movia e como neles entrou, num retrato cru do comportamento da sociedade americana nestas duas décadas mais recentes.

 

LER II – Um dos livros mais deliciosos que li nos últimos tempos é «Rhyming Life And Death», de Amos Oz, uma descrição arrebatadora de oito horas de uma noite na vida de um escritor, passadas entre a sedução e o desejo, entre a angústia e a memória, entre a realidade e o sonho. Para além de tudo o mais, esta é também uma reflexão de um homem de meia idade sobre o seu lugar no mundo.

 

OUVIR – Cristina Branco encontrou em «Kronos» um lugar próprio de que andava já à procura há tempo. Embora eu não goste da comparação, este é o fado-canção dos novos tempos - reconheça-se que melhor que o seu antecessor de há trinta e tal anos. Para este disco Cristina Branco socorreu-se de poetas como Hélia Correia, Álvaro de Campos ou Vasco da Graça Moura e de compositores e músicos como Sérgio Godinho, José Mário Branco, Carlos Bica ou Mário Laginha, entre outros. Quer nos arranjos, quer nos músicos escolhidos, quer, sobretudo, nas excelentes interpretações de Cristina Branco, este disco está destinado a constituir um marco na nova música popular portuguesa.

 

PETISCAR – O chef Michael Guerrieri tornou-.se conhecido em Lisboa graças ao restaurante Mezzaluna, mais tarde ao Bruschetta e depois aos City Sandwich. Há poucas semanas abriu um novo espaço, o Spazio Dual City Caffé, na Avenida da República 41, no mesmo local onde existe um stand da Alfa Romeo e da Lancia e onde estão instalados alguns ateliers de artistas plásticos. No piso inferior, além dos carros, estão expostas algumas obras desses artistas e, no piso superior, está o City Caffé – decoração clara, confortável, propostas simples, com muito boa matéria prima. Da lista constam cannelloni invulgares como os que levam morcela cozida a vapor ou bacalhau desfiado, um leque de boas saladas , paninis e tramezzinis numa escolha abundante de ingredientes, sempre acompanhados de saladas da época. Os preços são muito razoáveis e a proposta é ideal para escapar das tostas mistas, pastéis diversos, pregos, milanezas e outros artefactos, as mais das vezes confeccionados sem cuidado. Há vinho a copo, português e italiano, o ambiente geral é muito agradável.

 

BACK TO BASICS – O primeiro sinal de corrupção numa sociedade que aparentemente está bem é a percepção de que os poder acha que os fins podem justificar os meios – Georges Bernanos

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publicado às 15:37

SFF: DEZ MILHÕES PARA QUÊ?

por falcao, em 01.04.09

(Publicado no diário Meia Hora de 31 de Março)


Por muito que me esforce não consigo ver particulares vantagens no regime republicano. Não há provas de que seja mais justo, menos corrupto, mais democrático, tão pouco mais participativo. Do ponto de vista prático, a República, em Portugal, resume-se a isto:


16 anos de balbúrdia, 48 de ditadura e 36 de tentativas democráticas com os resultados que estão hoje à vista: uma maioria absoluta arrogante e autista.


Por isso mesmo fico com os cabelos em pé quando leio que, estando o País como está, se vão gastar dez milhões de euros a celebrar os 100 anos da República. Celebrar o quê? Que fase da República? O que há exactamente para celebrar em 2010 – os 36 anos do 25 de Abril de 1974? A ineficácia do Parlamento? O abuso das maiorias absolutas? A crise das maiorias relativas? A instabilidade das coligações? Os 16 anos de golpes e contra-golpes e de total ineficácia da I República?


Já imaginaram como seria simpático se estes dez milhões de euros fossem oferecidos pelos republicanos aos museus portugueses? Se fossem investido de forma reprodutiva nalgum sector? São dez milhões de euros dos contribuintes que vão ser deitados à rua em folclore de propaganda e ilusionismo histórico. E, para cúmulo, o responsável pelas comemorações, queixa-se que dez milhões de euros são um montante «austero».


O retrato do que se passa no país devia levar a que existisse o bom senso de haver contenção nestas celebrações de um regime que vive de sucessões de pequenos escândalos, de primeiros-ministros que ou se demitem ou emigram, de golpes palacianos para afastar governos nas alturas mais convenientes (como fez Jorge Sampaio) ou de fechar os olhos à inexistência de Justiça em Portugal.


O regime, hoje, vive na permanente hipocrisia, numa sucessão de escândalos ligados ao financiamento dos partidos, que depois se traduzem em obras públicas de favor ou em autorizações feitas à pressa. A situação é tal que nem aqueles que mais financiam os partidos querem ver regulamentado o financiamento partidário, de forma transparente e aberta: como poderiam depois cobrar favores se fosse público com quanto haviam contribuído para a campanha vencedora?


O regime está podre e ameaça levar o País atrás. Na celebração deste triste feito gastam-se dez milhões de euros dos contribuintes. Para quê? 

 

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