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ROTUNDAS – Durante as viagens de férias constatei a súbita proliferação de rotundas em vias de conclusão ou de obra recente. A rotundomania domina o país, o grande problema é que muitas das rotundas não têm indicações de direcção claras e quem não conhece os locais anda autenticamente às voltas, perdendo-se com frequência. Assim as rotundas servem para confundir e baralhar e não simplificam – a não ser para os partidos políticos: é que as rotundas parecem mesmo ser o local ideal para afixar os cartazes de propaganda eleitoral. Nos tempos que correm esta é a sua mais imediata utilidade. 

 


 


PORTUGAL – O despudor com que o Governo se desdobra em acções de propaganda não tem precedentes próximos em Portugal – todos os dias se vêem exemplos de anúncios de iniciativas ainda não concluídas, sugestões de obras futuras, tudo com um despudor inacreditável. A demagogia moderna é isto: mostrar o que ainda não existe como se estivesse feito, dizer que se vai fazer o que já se sabe ser impossível concretizar. Nesta matéria José Sócrates é de facto campeão.  

 


 


LISBOA – Regresso de férias – recomeçam os problemas no trânsito, continuam as obras de Metro do Saldanha, atrasadas quase dois anos, as avenidas novas permanecem bem sujas (parece não verem água há meses), a Fontes Pereira de Melo ainda continua com faixas reduzidas, o Campo Grande lá está triste e degradado. Ao contrário do que diz a propaganda, a casa não está arrumada, está mesmo muito desarrumada. 

 


 


DESCOBRIR – A programação Allgarve incluía este ano uma área dedicada à arte contemporânea, intitulada Art Algarve, que se espalhava por vários locais. O meu destaque vai para as exposições existentes em Loulé e, destas, sobretudo para as fotografias de Patrícia Almeida (uma das nomeadas para a próxima edição do BES Photo). Mas verdadeiramente o que achei mais interessante foi o facto de a Art Algarve ter conseguido colocar as exposições em locais como o Convento de Santo António ou na maravilhosa descoberta que é a Quinta da Fonte da Pipa, ambas em Loulé. Só para conhecer estes locais e ver como eles convivem com arte contemporânea, valeu a pena a deslocação. Destaque ainda para as exposições de Faro, quer no Museu Municipal, quer na Galeria Arco. Todas as exposições aqui referidas podem ser vistas até 27 de Setembro e estão garantidas duas tardes bem passadas. Informações complementares em www.allgarve.pt. Atenção – a sinalização dos locais por vezes é deficiente, os números de telefone indicados nalguns casos estão errados ou não dão sinal e os horários, sobretudo de abertura, são inconstantes.  


 


 


OUVIR – A formação é pouco usual: um quinteto liderado por um trompetista e que inclui ainda tuba, trombone, trompa e bateria. O grupo chama-se Brass Ecstasy e é liderado pelo trompetista Dave Douglas, um seguidor de Lester Bowie.. O resultado é invulgar, baseado no jazz mas a meio caminho entre a soul e a pop, e inclui versões de temas de Rufus Wainwright (“This Love Affair”), de Otis Redding (“Mr Pitiful”) ou de Hank Williams (“I’m So Lonesome I Could Cry”). As versões são extraordinárias, a começar pela de Wainwright, que inicia o disco, com uma sonoridade roubada às ruas de New Orleans. Noutra faixa, «Fats», Dave Douglas homenageia Fats Navarro num tema cheio de swing. Mas há originais, como «The View Of The Blue Mountains», que provam o talento de Dave Douglas naquele que é considerado um dos seus melhores trabalhos na já extensa discografia – este «Spirit Moves», agora editado entre nós pela Universal. 

 


 


LER – A edição de Setembro da Monocle» dedica 15 páginas a uma reportagem e ensaio fotográfico sobre os Jogos da Lusofonia, que decorreram em Lisboa entre 11 e 19 de Julho passado. O trabalho da revista mostra a importância que pode ter para Lisboa um papel de acolhimento de eventos que potenciem a cultura e o entretenimento populares dos vários países lusófonos, nas suas várias componentes – das quais faz parte o desporto. Independentemente do apoio que pode ser dado a opções criativas mais experimentalistas, como as que são actualmente defendidas no caso de África por este Governo, são eventos abrangentes e populares que nos permitem ganhar notoriedade e posicionamento europeu enquanto local de excelência para uma plataforma multicultural – como este exemplo da «Monocle» bem demonstra. Destaque para as fotos que John Balson fez dos Jogos e dos atletas. 

 


 


PETISCO – Nada como um bom azeite e um bom pão para iniciar uma refeição. Recentemente experimentei alguma da produção da Azal (Azeites do Alentejo) e fiquei conquistado sobretudo pelo Azal Terra e pelo Azal DOP. O primeiro foi feito através de modos de produção biológicos e o segundo é da região do norte alentejano – ambos foram já premiados e têm uma qualidade verdadeiramente invulgar. Sediada no Redondo, mas a trabalhar a partir de azeitonas recolhidas em diversas zonas do Alentejo, a Azal criou também uma Academia do Olival, que continuamente procura aconselhar o aperfeiçoamento dos olivais. 

 


 


PROVAR – O local tem vasta fama e boa reputação desde 1996. Situado perto de Albufeira e de Olhos de Água, numa pequena estrada interior, o «Retiro do Isca» é o exemplo de cozinha regional bem pensada, séria, sem truques fáceis e apego à tradição. No centro da operação está uma grande grelha a carvão, manuseada com mestria. O peixe é fresco e de qualidade como se esperaria no local, mas se a opção fôr para umas lulas grelhadas a surpresa vem do cuidado posto na sua apresentação e tempero, feito depois de saída da grelha. Na realidade estas foram, em frescura, textura e sabor, as melhores lulas grelhadas de que tenho memória desde há anos. Do outro lado da mesa estava um sério linguado, tudo aprimorado com legumes e saladas como deve ser. A rematar uma tarte de alfarroba deliciosa, acompanhada a pedido com uma especialidade local em matéria de digestivos. Preço razoável e honesto, serviço atento e simpático. A casa tem boa fama, reservar é mesmo necessário – Retiro do Isca, Vale Carro, Tel. 289502668.


 


BACK TO BASICS – Tudo o que peço aos políticos é que se contentem em mudar o mundo sem começar por mudar a verdade (Jean Paulhan) 

 

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publicado às 13:07

REGISTO DE INTERESSE – Sou cabeça da lista para a Assembleias Municipal de Lisboa proposta por Pedro Santana Lopes. Espero que a coligação «Lisboa Com Sentido» vença estas eleições, na Câmara, na Assembleia Municipal e nas Juntas de Freguesia. Dito isto, se o Director quiser, continuarei a falar do que aqui sempre tenho falado – a ERC não tem muito que se lamuriar – quer Baptista-Bastos, quer Leonel Moura são rapazes para me fazerem boa oposição e alto contraditório.  

 


 


CAMPANHA – António Costa é que devia ligar um pouco às recomendações pluralistas básicas da ética republicana – pegou em 1,6 milhões de euros do orçamento camarário e montou uma festa permanente no Parque Mayer, que é uma bela oportunidade de auto-propaganda. Por um daqueles acasos do destino o programa da propaganda festeira vai exactamente até 11 de Outubro, o dia das autárquicas. Mais conveniente era difícil. 

 


 


 


DARTH VADER – A invasão da política portuguesa pela saga da Guerra das Estrelas e pela figura de Darth Vader é o caso do Verão – uma acção bem humorada, com base numa das mais activas e antigas equipa de bloggers – do 31 da Armada - conseguiu fazer com que o vereador Manuel Salgado se metesse numa embrulhada sobre a segurança, ridicularizou o aparelho da Câmara, que se apressou a chamar a polícia para prender os inssurectos  quando estes foram devolver, limpa e arranjada, a bandeira da autarquia, que havia sido substituída no varandim dos Paços do Concelho pela bandeira monárquica azul e branca –  uma outra forma de assinalar o centenário da República, mais divertida, inofensiva e barata que os atropelos cometidos no Terreiro do Paço. Para cúmulo do ridículo a máscara de Darth Vader foi apreendida pelos investigadores como importante prova do processo – a gastar energias e recursos com casos de humor, como hão-de as polícias conseguir combater os casos de crime ? 

 


 


SILLY SEASON I– Este ano PS e PSD resolveram fazer blogues partidários com as próximas legislativas na mira. Os nomes são bem humorados – «Simplex» do lado do PS (www.simplex.blogs.sapo.pt)  ,«Jamais» do lado do PSD (www.jamais.blogs.sapo.pt). Ambos reúnem nomes sonantes de um e outro lado, com José Pacheco Pereira no «Jamais» a comentar a actualidade política como há algum tempo não fazia no seu »Abrupto». De certa forma estas são as versões modernas, mais livres e desabridas, do «Acção Socialista» e do «Povo Livre» - infelizmente bastante previsíveis portanto – um diz mal do outro e por aí adiante. Tudo estava assim quando João Galamba, do «Simplex» insultou em vérnaculo puro e duro João Gonçalves do «Jamais» - o que parace comprovar que do lado do PS o exemplo do argumento chifrudo de Manuel Pinho na Assembleia da República ganhou novos adeptos. Cada um fica com os actos que pratica e ao PS já ninguém tira a fama de perder as estribeiras com facilidade. 

 


 


 


SILLY SEASON II – Sócrates reduziu a actividade política a visitar, anunciar, inaugurar e intrigar. Governar deixou de existir. Até às eleições isto promete… 

 


 


EXEMPLAR  - O New York Times dedicou um extenso artigo na sua edição de terça-feira passada às investigações de uma equipa da Universidade do Minho, liderada por Nuno de Sousa, sobre o stress e as alterações de comportamento que ele induz. O artigo do diário norte-americano reproduzia excertos do artigo de Nuno de Sousa para a revista «Science». Se quiserem ler o New York Times vão aqui: http://bit.ly/3C3Kv5 . 

 


 


PETISCAR – Quando se vai à praia o objectivo, regra geral, é descontrair e descansar. Não há portanto razão para que uma ida a um bar ou restaurante de praia seja uma canseira; não há razão, mas muita vez isso acontece mesmo. Felizmente não é o que se passa em Alfarim no restaurante Onda Azul. O Onda Azul é injustamente subalternizado pelo mais conhecido Bar do Peixe, mas cá para mim até anda melhor, sobretudo no petisco. A salada de polvo é muito melhor no Onda Azul e umas cadelinhas e uns mexilhões que experimentei estavam absolutamente irrepreensíveis. Serviço rápido., simpático, um óptimo pão de uma localidade ali perto, Caixas, bem cozido, estaladiço, miolo denso, bom para ensopar no molho dos mexilhões. Ainda por cima preços comedidos e imperial bem fresca. 

 


 


OUVIR – Banda sonora oficial do verão (ainda válida até finais de Setembro) – a nova colectânea «!Salsa! » da Putumayo, uma editora especializada em World Music dançável, assumidamente pop e divertida. Aqui estão alguns clássicos interpretados por grupos como o do colombiano Diego Galé, do mexicano Poncho Sanchez, do cubano Chico Alvarez ou do americano Eddie Palmieri, entre outros. As capas da Putumayo são sempre fantásticas e coloridas, os alinhamentos são pensados para divertir quem ouve – esta é das minhas editoras preferidas, felizmente a FNAC tem geralmente uma boa selecção das suas edições. 

 


 


LER – De Peter Carey havia lido há pouco um genial relato de uma viagem ao Japão, «O Japão é Um Lugar Estranho». Quando este novo livro apareceu aí fui eu comprá-lo e dou por muito empregue o dinheiro que paguei por  «Roubo – Uma História de Amor». A escrita de Carey, já sabia, é arrebatadora; mas um romance é muito diferente de um relato de viagem, e aqui Carey dá largas à sua imaginação delirante, com um enredo onde as situações inesperadas se sucedem. «Roubo – Uma História de Amor» é um romance divertido, com a acção a decorrer a um ritmo empolgante, com situações francamente inesperadas que se sucedem . É irresistível e prende a atenção do princípio ao fim das suas 300 e poucas páginas. 

 


 


BACK TO BASICS – A verdadeira vida de uma pessoa é, frequentemente, a que ela não comanda (Oscar Wilde). 

 

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publicado às 17:40

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por falcao, em 17.08.09

Gosto de estar na lista «Lisboa Com Sentido». Porquê.? http://bit.ly/4bapyV

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publicado às 22:23

VOTO SANTANA LOPES

por falcao, em 17.08.09

(Publicado no «i» de 15 de Agosto)


Começo por dizer que simpatizo com António Costa, mas acho que é daqueles políticos à antiga - bela retórica, práticas fracas, falta de decisão, resultados instáveis.

Por outro lado confesso-me sem partido há muitos anos e esclareço que trabalhei em diversas ocasiões com Pedro Santana Lopes – tivemos bons e maus momentos, mas o balanço é positivo e reconheço-lhe ser apaixonado pelas causas em que se mete, ter rasgo e visão e querer resultados.

Mas passemos a Lisboa e comecemos, sem receios, pela questão dos dinheiros. Quando António Costa chegou à Câmara Municipal de Lisboa, tudo somado, o passivo desta era de 1200 milhões de euros e, agora, é de 1700 milhões de euros. Ele não é mais poupado que os outros, nem melhor gestor. E, apesar deste aumento, fez menos obra. Tem tomado medidas erráticas como aconteceu no Terreiro do Paço e na Ribeira das Naus e não se opõe nem a imposições do Governo, nem a caprichos caros da sua equipa - como mostra o folclore da caríssima e, no fundo, inútil plantação de girassóis em Campolide, só para satisfazer uma mania de Sá Fernandes, o mesmo que deixa os jardins degradarem-se. Por exemplo, não teria sido melhor usar esse dinheiro na manutenção dos cemitérios, vergonhosamente degradados?

Comparemos algumas coisas: o que tem maior impacto na qualidade de vida da cidade? - A recuperação de Monsanto, que Santana Lopes fez, a sua política de recuperação urbana, o túnel do Marquês, ou as duvidosas e caríssimas ciclovias de Costa?

Depois de ter visto a sua equipa inicial desagregar-se, a nova lista de candidatos de Costa é um arranjo de conveniência em que vários protagonistas pensam coisas bem diferentes sobre aspectos decisivos do governo de uma cidade – uma garantia de paralisia certa. António Costa parece um Presidente ausente, que aparenta assumir o cargo com sacrifício e pouco entusiasmo, talvez porque a sua ambição não esteja na cidade e sim no evoluir da situação do PS e no que se passará se Sócrates sair de cena.

Pedro Santana Lopes está focado em Lisboa, vai preocupar-se com as questões que têm a ver com a qualidade de vida na capital: garantir uma cidade mais limpa (Lisboa está sujíssima), maior atenção ao trânsito e estacionamento, mas, também, maior atenção às políticas sociais que quase desapareceram com António Costa (veja-se o aumento dos sem- abrigo), e à optimização da conjugação entre a política cultural local e nacional, de forma articulada com a promoção turística de Lisboa.

Governar Lisboa é ter as pessoas em conta, combater interesses estabelecidos, bater o pé ao poder central, tornar a vida fácil a quem cá vive, conseguir trazer mais moradores para a cidade e não penalizar quem aqui paga impostos. Comparando o exercício dos mandatos, Santana Lopes fará melhor trabalho.

 

 

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publicado às 22:21

 


 

TELEVISÃO – Numa só semana mudou o panorama da televisão em Portugal – José Eduardo Moniz saíu da TVI , o Cabo tem ultrapassado os 20% de share de forma regular,  e os três canais comerciais estão separados uns dos outros por poucas décimas nesta semana. Nos próximos tempos muitas mais coisas vão mudar e a saída de Moniz da TVI talvez contribua para acelerar a decadência inevitável dos canais gratuitos face à oferta e à procura. O que os números dizem é que o poder de atracção dos vários canais de Cabo já anda próximo do share médio dos canais comerciais (RTP1, SIC e TVI) e que, nas regiões onde o Cabo é predominante no país já há mais gente a ver canais alternativos que os canais abertos. A televisão digital terrestre e alguns pós de per-lim-pim-pim tecnológicos vão fazer o resto. Em cinco anos o mundo da televisão vai deixar de ser como o conhecemos e o valor das empresas de media que hoje conhecemos vai sofrer radicalmente com as transformações que estão em curso.

 

MEDIA – A propósito das directivas sobre a presença nos media das várias tendências políticas que disputam eleições, seria bom que os nossos reguladores avaliassem o que se passa nas democracias mais antigas e avançadas. Dito isto e para não lhes chamar burros, ignorantes e incompetentes, e não arriscar algum processo, resta-me dizer que se a ERC não fosse de facto perigosa em termos políticos, seria apenas ridícula. Tristemente ridícula.

 

ANIVERSÁRIO – O caso BPP leva quase um ano, os depositantes viram esta semana os seus dinheiros continuarem congelados até Dezembro e a entidade reguladora rejeitou todos os planos apresentados, quer por privados, quer pela administração que o próprio regulador nomeou e que, entretanto, farta da fantochada, se demitiu. Este é um caso para a História: como a política interfere na esfera privada e trama os pequenos investidores com a conivência do Ministério das Finanças e o seu pau mandado Banco de Portugal.

 

BANDEIRA - O facto de a Câmara Municipal de Lisboa querer processar os defensores da Monarquia, agindo em defesa da República, é um bom sinal da incongruência de quem manda nos Paços do Concelho. A acção dos bloguistas do «31 da Armada» é um exemplo da conjuugação da acção política radical tradicional com as potencialidades da blogosfera – coisa que António Costa não aguenta nem suporta. Dantes perseguia-se quem deitava panfletos ao ar; agora , persegue-se quem bloga o inconveniente É este o choque tecnológico,  republicano e fartamente corrupto – características associadas dos tempos que correm (mas podia não ser assim…)

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GIRASSÒIS – Esta semana ficámos a saber que o Zé (Sá Fernandes) Que Não Faz Falta,  gastou mais de 50.000 euros a preparar uma plantação de girassóis, aparentemente mal cuidada, que nem sabia para que serviam, no meio de Campolide. O episódio merece ser investigado e o bucólico Zé devia prestar contas pelos dislates que pratica.

 

1969 – O Verão de 1969, há 40 anos, foi dos mais marcantes na minha memória: os Beatles finalizavam o seu 12º e penúltimo álbum de originais, «Abbey Road»; na Iralanda do Norte os confrontos agravavam-se e o exército inglês enviou tropas em força; em Paris Henry Kissinger começava conversações secretas com responsáveis vietnamitas para tentar acordar o fim da guerra – e não conseguiu; perto de Nova Iorque realizava-se o festival de Woodstock; o homem tinha acabado de chegar à Lua na Apollo 11; a seita liderada por Charles Manson fez uma série de assassínios, entre os quais o de Sharon Tate; o furacão Camille matou 248 pessoas no Mississipi; o movimento gay norte-americano começa depois dos incidentes no bar Stonewall Inn em Nova Iorque; estreiam os filmes Midnight Cowboy e Easy Rider; Ghadaffi assumiu o poder na Líbia; Brian Jones, um dos fundadores dos Stones morreu; nas revistas, Norman Mailer era capa da «Life», Jerry Garcia na «Rolling Stone», John Wayne na «Time». Em Portugal preparavam-se as eleições do Outono de 1969, depois da agitada final da Taça entre o Benfica e a Académica – o país estava a mudar e isso sentia-se em todo o lado.

 

DISCO – Neste fim de semana faz 40 anos , entre 15 e 18 de Agosto, que a ideia dos grandes festivais rock e pop nasceu com Woodstock, uma quinta em Bethel, uma cidade próxima de Nova Iorque, propriedade de um Max Yasgur que ganhou fama nas gravações do evento. O Festival do Sudoeste não é muito mais longe de Lisboa, que Bethel de Nova Iorque. Nesse Agosto de 1969 juntaram-se, em três dias de chuva, lama, calor e pó, cerca de duas dezenas de bandas e artistas que eram uma boa amostra do que de melhor existia na música popular dessa época. Com meio milhão de espectadores pela frente, o festival foi um marco – na época e na música – foi aí que Jimi Hendrix verdadeiramente conquistou o espírito dos americanos com a sua versão iconoclasta de «Star Spangled Bannner», o hino dos Estados Unidos, numa versão em solo de guitarra eléctrica que é também uma prova da genialidade de Hendrix. Mas Woodstock foi sobretudo o símbolo vivo do amor livre e do poder emergente da música pop, que se havia de tornar avassalador na cultura popular das décadas seguintes. Para mim, que em Lisboa, no Bairro de S. Miguel, folheava páginas da «Life» e do «Paris Match» com as fotografias do acontecimento, o grande testemunho do festival sempre foi a edição original de três LP’s, obviamente de vinyl, muito mais interessante que os filmes ou colectâneas posteriormente editadas. Para assinalar os 40 anos de Woodstock foi feita uma edição digitalizada a partir das fitas magnéticas analógicas originais, num duplo CD que eu comprei na Amazon e que me tem acompanhado nestes dias de férias – sobretudo as actuações dos Canned Heat, Country Joe McDonald & The Fish, Crosby, Stills and Nash, os Who, Joe Cocker, Santana, Ten Years After, Jefferson Airplane, e claro, Sly & The Family Stone e The (Paul) Butterfield Blues Band.. Jimi Hendrix, que nem era para estar presente, fez uma aparição supresa no último dia e encerra esta compilação.

 

SABOR – Neste Verão de 2009 o mix ideal para cocktails frescos com Rum branco ou Vodka e muito gel é o novo Compal Vital de Romã e Chá Verde. Eu chamo-lhe o Arrabidense, em homenagem a estas minhas sossegadas férias na Arrábida.

 

BACK TO BASICS – Os deputados não suportam ouvir falar de política. Aguentam prolongados debates parlamentares porque não ouvem os seus colegas – Óscar Wilde

 

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publicado às 22:20

 


 

REVANCHISMO -. Os responsáveis políticos do PSD dizem que a opção de constituição das listas de deputados foi feita com base em critérios exclusivamente políticos. Têm toda a razão – o revanchismo é uma atitude política e foi a prevalecente neste caso. Até aqui o revanchismo, a prepotência e a arrogância tinham sido pecados políticos do PS de Sócrates; depois desta semana passam a ser também património do PSD de Aguiar Branco e Ferreira Leite. Particularmente revoltante foi o cinismo pesporrento de Aguiar Branco que, bem interrogado por uma jornalista sobre a exclusão proposta de Passos Coelho e Miguel Relvas das listas de candidatos a deputados, respondeu com os resultados de exploração das contas do PSD. Em matéria de desprezo pelos eleitores este é um caso exemplar – depois dessa resposta que merecia ser excluído das listas era Aguiar Branco, mas como parece ser ele a mandar em Ferreira Leite esse cenário ficará difícil. As listas de candidatos dos partidos, mais do que indicarem as escolhas políticas, indiciam os «progrom» internos. No arco do Bloco Central os dois partidos estão bem um para o outro nesta matéria.

 

PROGRAMAS – O meu conselho aos eleitores é votarem com base nas acções passadas e não nos programas futuros. Todos os programas de eleições são magníficos – dentro da perspectiva de que é politiquês a falar politiquês para politiqueses. Mas quando chega a hora da verdade os programas vão logo às urtigas. Basta pensar naquilo que Sócrates fez em matéria de emprego, saúde, educação e justiça. A demagogia contemporânea tem pouco a ver com dotes de oratória e muito a ver com promessas eleitorais que não são supostas serem cumpridas. Estes nossos membros da classe política acham-se uns aliens superiormente inteligentes que não têm que obedecer a regras nem aparentar vergonha.

 

TVI – Que se tem passado na TVI? Entre negociações com potenciais interessados e uma história muito mal contada de pressões de José Sócrates, o desfecho deu-se esta semana. Como Sócrates desejava, José Eduardo Moniz saiu da TVI. Convém lembrar que, quando José Eduardo Moniz entrou na TVI, foi para uma estação sem dinheiro, em dificuldades financeiras, num processo complexo: Carlos Monjardino tinha falhado com estrondo, Belmiro de Azevedo veio a seguir - e foi nessa altura que Moniz foi para a TVI – mas o patrão da SONAE rapidamente saiu da operação e Miguel Pais do Amaral acabou por ser o homem que reestruturou a estação, o seu passivo e moldou o novo modelo de negócio. Nessa altura eu era administrador da Valentim de Carvalho, com o pelouro do audiovisual, e recordo-me da forma como Moniz tinha ideias claras quando encomendava programas, de muito baixo orçamento, mas que ajudaram a TVI, pouco a pouco, a sair do limbo de audiências em que estava. O processo dos primeiros anos de Moniz na TVI é um case-study daquilo que a criatividade, uma análise rigorosa de objectivos e uma gestão espartana dos recursos podem produzir.

Cá para mim este caso ainda não está encerrado – José Eduardo Moniz era um valor seguro do ponto de vista accionista, como a bolsa portuguesa mostrou logo no dia em que a notícia da sua saída foi conhecida. Sabe-se que, em Espanha, a Prisa é aliada histórica dos socialistas e que se permite moldar editorialmente os meios que controla por forma a favorecer o PSOE; em Portugal, da fama não se livra. José Eduardo Moniz saiu antes de as eleições começarem e as suas palavras de despedida não têm duas leituras possíveis: «Faço votos para que … se preserve o espírito livre, inconformista e batalhador desta Empresa, imbuída de uma cultura de independência perante os Poderes que representa um dos seus activos mais importantes».

 

COMIDAS – O verão lisbonense traz algumas coisas estranhas – este ano foi montada uma espécie de praia artificial perto de Alcântara, junto ao Kubo. A tal praia serve para beber uns copos e comer umas coisas com os pés na areia, a fazer de conta que Lisboa é como a Costa da Caparica. A grande diferença é que na Costa da Caparica há sítios onde se come bem e no Urban Beach em Lisboa se come péssimo e, ainda por cima, a um preço abusivo. Experimentem a especialidade de pastelaria da casa – uma cataplana que leva natas, tal e qual um bolo e que, obviamente é um desastre total. Será que confundiram a função de cozinheiro com a de pasteleiro quando fizeram a selecção de pessoal para a casa? De qualquer forma o resultado é mau, o preço não justifica e ainda por cima há demaisada gente horrível e feia à volta. A «Urban Beach» é um local a esquecer.

 

OUVIR –.Portugal tem destas coisas: um compositor fora de série que faz canções extraordinárias e que tem a capacidade de juntar à sua volta talentos raros, como, aqui, Stuart Staples, dos Tindersticks, entre outros. O compositor e intérprete de que falo é Rodrigo Leão, ex-Sétima Legião, ex- Madredeus, um dos músicos portugueses contemporâneos com maior sucesso além-fronteiras, sem necessidade de subsídios, apoios ou benesses estatais. Rodrigo Leão venceu sozinho em mercados difíceis e leva mais longe as nossas sonoridades. Fora de politiquices, do Estado, fora das modas, fora de «lobbies», fora de ministérios e do poder, inteiramente por mérito próprio e privado, Rodrigo Leão é um caso raro de integridade musical e este disco é a prova disso – quanto mais não seja porque quando ele faz trabalhos de encomenda , como as canções da banda sonora de «Equador», elas são tão boas como se fossem feitas para nós e não para a televisão. O CD «Mãe» é um das grandes peças da carreira de Rodrigo Leão, um grito contra o conformismo e o marasmo e ao mesmo tempo, uma obra de comunicação musical baseada na nossa identidade nacional.

 

LER – Em tempo de férias, nada como um livro proibido pelos supermercados Auchan: «A Casa dos Budas Ditosos», de João Ubaldo Ribeiro. Se é certo que não o encontram entre detergentes e compotas, também é verdade que pode ser descoberto nas livrarias, que felizmente ainda não fazem censura, ao contrário daquela cadeia de mercearias agigantada. O original tem dez anos, as Edições Nelson de Matos em boa hora se lembraram de o reeditar. (Se gostam de livros tenham uma atitude de cidadania e não os comprem onde eles são censurados, como na Auchan).

 

BACK TO BASICS – O pior lugar dos infernos está reservado para aqueles que, em tempo de grande conflito moral, permanecem neutrais – Martin Luther King

 

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publicado às 19:20

POLÍTICA – À medida que a campanha eleitoral avança começa a perceber-se que, com elevada probabilidade, não vai existir nenhuma maioria natural nas legislativas. Portanto vai ser preciso fazer alianças, compromissos, negociações. Não deixa de ser curioso, neste contexto, verificar que António Capucho,  Conselheiro de Estado, disse há dias, preto no branco, que «o bloco central não tem nada de pecaminoso». E não deixa de ser também curioso ver que Morais Sarmento é o número 2 da lista de Lisboa do PSD. No cenário de serem chamados ao Governo outras figuras que não os líderes partidários em exercício, é uma nomeação interessante. 

 


 


LISBOA, CONTAS – A questão das contas de Lisboa tem um pano de fundo que convém reter – com as receitas fiscais da autarquia a caírem (por numerosas razões), falar de deficit é pura demagogia. Só por ser a capital do país, Lisboa tem custos estruturais – até aqueles que advêem da entrada de milhares de pessoas/dia na cidade, vindas da periferia – superiores ao de outras autarquias. É urgente uma revisão do Código Administrativo que coloque a gestão da capital numa perspectiva realista. A Câmara Municipal de Lisboa não pode ser penalizada e é-o há anos. É de soluções de futuro que interessa falar e não apenas de problemas do passado, que aliás tocam a todos. Para termos uma cidade diferente é necessário uma atitude diferente. Velhos do Restelo nunca trouxeram nada de bom. 

 


 


LISBOA, TRÂNSITO – As decisões sobre o trânsito de Lisboa não podem andar ao sabor dos caprichos nem podem ter variações estratégicas súbitas, sob pena de causarem um enorme desconforto à cidade. Vejamos: há cerca de dez anos, João Soares, face à Expo e aos planos para Alcântara, resolveu, e provavelmente bem, que a ligação Expo-centro-Alcântara, era uma prioridade se existia a intenção de tornar a parte oriental de Lisboa num novo pólo de urbanização. Uma década depois não é justo que António Costa penalize quem lá comprou casa, impondo severas limitações ao acesso ao centro e à zona ocidental de Lisboa. Recordo: João Soares, com o apoio de Mega Ferreira na Expo, construíu uma avenida ribeirinha larga, com viadutos, que fez dinamizar toda a zona de Santa Aoplónia, Beato e Expo. António Costa, agora, estrangula tudo na Ribeira das Naus, tornando um martírio a circulação nesse eixo antes considerado prioritário. Ainda por cima passou o trânsito dos autocarros para um dos topos, o norte, do Terreiro do Paço, comprometendo a única esplanada fixa que existe na praça e que de repente ficou num corredor de «Bus» – o Martinho da Arcada. No meio disto o responsável do trânsito da Câmara diz que não fazia ideia do número de autocarros que, por via das alterações, ali iria começar a circular. Isto não é sério, nem decente e muito menos agradável para quem vive em Lisboa. Ao contrário do que se apregoa o estrangulamento atinge quem vive na cidade e não quem vem de fora. 

 


 


COMIDAS – Alguns chefes de cozinha portugueses parece que perdem a mão quando acham que já ganharam o estatuto de estrelas. Não sei se é por atingirem o Princípio de Peter, se é por se atirarem para voos e diversificações que não controlam, a verdade é que de repente as coisas começam a não correr bem. Luís Suspiro, que tem alguns pergaminhos no activo, começou em forma no Campo Pequeno, no petisqueiro «Torricado», mas das últimas vezes que lá tenho ido senti que a coisa estava a piorar. Na semana passada experimentei outro restaurante dele, que abriu no mesmo local, e a coisa correu mal. O serviço é desatento e isso é logo aflitivo – quando é que estes chefes da moda se convencem que o bom serviço, atento, é fundamental? Depois a qualidade do que se comeu não correspondeu à expectativa – na lista estavam pastéis de massa tenra acompanhados por migas e a desilusão foi grande: as migas tinham uma consistência estranha, de papa; e os pastéis de massa tenra tinha uma dose de criatividade desnecessária no recheio – tempero a mais, paladar a menos, gosto final desagradável – nada a ver com as melhores receitas tradicionais. Em resumo: tão cedo não me apanham em nenhum dos restaurantes de Luís Suspiro no Campo Pequeno. Portucalidade, Praça de Touros do Campo Pequeno, Loja 66. 

 


 


OUVIR – Regina Spektor é uma cantora russa (nascida em Moscovo em 1980), há 20  anos radicada nos Estados Unidos. Estudou música clássica, piano principalmente, e no final da adolescência começou a interessar-se pela música contemporânea, com o hip hop, o jazz e a folk no centro das preferências. Descendente de uma família judia também se interessou pela música judaica. É deste caldeirão de interesses e de formações diversas que nasceu a sua faceta de compositora, no sentido de «songwriter» – e não é exagero dizer-se que ela é actualmente das melhores autoras de canções. O seu novo disco, «Far», o quinto editado, é o mais maduro do ponto de vista musical, o mais cuidado em produção (Mike Elizondo), mas absolutamente cheio de vitalidade na força e envolvimento de canções como «The Calculation», «Blue Lips», «One More Time With Feeling» ou o divertido «Dance Anthem Of The 80’s». Este é um daqueles registos em que se percebe logo a diferença na qualidade das canções, do seu conteúdo, mas também o grande talento e criatividade, quer musical, quer vocal, de Regina Spektor. E é candidato à lista dos melhores do ano. CD «Far», Regina Spektor, Sire Records. 

 


LER – Um dos melhores artigos sobre os bastidores da política que li nos últimos anos está na edição desta semana da revista «Time», que tem a foto de George Bush e de Dick Cheney na capa. Se não a encontrarem é fácil ver o artigo na edição on line (www.time.com). Trata-se de uma investigação, feita por dois grandes jornalistas da revista, sobre a tensão crescente nos últimos dias do final do mandato  entre o Presidente Goeorge Bush e o seu vice-Presidente, George Cheney. Por detrás da progressiva ruptura entre os dois homens estava a forma como Bush encarava a revisão do precesso de Scooter Libby, que tinha sido chefe de gabinete de Cheney até ser condenado por obstruir uma investigação sobre a revelação da identidade de um agente da CIA por parte de responsáveis da Casa Branca. É um artigo revelador dos jogos de poder, dos mecanimos de influência e do funcionamento do sistema político e judicial. Exemplar. 

 


 


BACK TO BASICS – O homem que olha para o seu passado não merece ter futuro a esperar, Oscar Wilde. 

 

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