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MEMÓRIA - Há uns anos, em 1995, António Guterres venceu as eleições legislativas baseado num programa de promessas de mais apoios sociais – como o rendimento mínimo – e de tornar gratuito o que tinha um custo para os utilizadores – como alguns troços  de estrada, vias rápidas, e, anos mais tarde, a promessa de eterna gratuidade das SCUT. Criou-se a ilusão de que os direitos aumentavam e existiriam sempre, enquanto diminuiriam os deveres de cada um – uma dolorosa mentira, como hoje já se sabe. Tudo isto custava muito dinheiro ao Estado e o défice, que já existia, começou a funcionar numa espiral sempre crescente. É certo que uma das facturas pesadas que estamos a pagar teve a ver com o grande aumento da massa salarial da administração pública decidido por Cavaco Silva nos anos 90 – em 2005, num artigo publicado no «Expresso», Miguel Cadilhe acusava Cavaco de ser pai do "monstro" do défice precisamente devido a esses aumentos. O que é certo é que sucessivos Governos fizeram crescer o peso do Estado muito para além do razoável. As promessas eleitorais, sabemos agora, foram sempre pagas à custa do aumento da carga fiscal. Quem votou na ampliação do Estado Social e da utilização gratuita de recursos é também culpado da situação em que estamos e de estarmos a pagar mais impostos directos e indirectos.


A coisa não fica por aqui: temos uma Administração Pública pesada, pouco eficiente, um sistema educativo que está perto do caos, um sistema judicial que não funciona nem garante justiça em prazos razoáveis, e um sistema de saúde com problemas crescentes. Perdemos indústrias, perdemos quase totalmente a agricultura, perdemos muita da pesca – se, por cada dez rotundas feitas no país nos últimos 20 anos, existisse uma nova traineira com possibilidades de pescar na nossa zona económica exclusiva, não teríamos ficado de costas voltadas para o mar, sobretudo não teríamos ficado com uma frota pesqueira cada vez mais pequena e menos competitiva. Temos tido muito maus Governos. Temos esbanjado sem que se vejam bons resultados. Gastámos muito para além do que devíamos, recusámos todas as evidências e no último ciclo eleitoral, no ano passado, repetiram-se as promessas que já se sabiam não poderiam ser cumpridas. Não deixa de ser irónico que o PS esteja agora a retirar o que deu irresponsavelmente há 15 anos. E o pior é o que ainda está para vir.


 


APOIOS - A carreira política de Ricardo Rodrigues é curiosa. Foi secretário regional no Governo dos Açores presidido pelo socialista Carlos César, demitiu-se na sequência da publicação de uma reportagem do Expresso e SIC sobre abuso sexual de menores. Na altura, em declarações ao «Público», Carlos César afirmou sobre Ricardo Rodrigues, de quem se confessou amigo:  "Estou convencido da sua inocência. É isso que ele me diz. Conheço-o bem, sei que é uma pessoa de bem.». A expressão é coincidente com a de Francisco Assis, no caso do roubo efectuado por Ricardo Rodrigues dos gravadores a jornalistas da revista «Sábado» que o entrevistavam. Só que aí há uma filmagem do furto e não há maneira de o visado reclamar inocência. Mas, aparentemente, sendo considerado «uma pessoa de bem» pode fazer o que lhe apetece em cargos públicos. No Parlamento tem tido um comportamento arrogante e foi um dos que contribuiu para a inutilidade prática do trabalho da Comissão de Inquérito ao caso PT/TVI. Gaba-se de ter boa ligação com José Sócrates, de ser ainda influente nos Açores e de ter muitos apoios no PS. Esta semana o Parlamento fez o inevitável e levantou-lhe a imunidade – mas o deputado optou por responder por escrito - podia mostrar coragem e ir de viva voz, mas prefere usar as prerrogativas parlamentares até ao limite do possível.


 


LER – Paul Harden foi durante anos director criativo da agência de publicidade Saatchi & Saatchi, na época áurea da empresa, autor de numerosas campanhas, como as que deram novo alento à British Airways e a do lançamento do jornal The Independent, entre outras. Paul Arden, que morreu em 2008, escreveu vários livros e um deles tornou-se num clássico - «It’s Not How Good You Are, It’s How Good You Want To Be». O livro criou fama de ser uma espécie de manual infalível para obter sucesso, baseado no processo criativo utilizado na publicidade. A Phaidon fez uma nova edição, graficamente muito cuidada, disponível nas livrarias Bulhosa.


 


VER – «And Then Again»  é uma exposição colectiva de artistas portugueses e ingleses que abriu esta semana e que é feita com o apoio do Royal College of Arts e o Centro Português de Serigrafia – a gravura como suporte da criação artística é o tema central da exposição, que tem curadoria de Ana Fonseca e Liz Collini e está no Pavilhão Preto do Museu da Cidade até 5 de Setembro. Há várias iniciativas paralelas e complementares, informações em www.andthenagain.net .


 


DESCOBRIR –A edição nº 100, de Julho, da revista britânica MOJO, tem a particularidade de ser editada por Tom Waits – que escolheu também as faixas do CD que a publicação oferece. É uma selecção de blues e de country absolutamente fantástica e só por isso vale a pena comprar esta edição da MOJO. De Hank Williams a Ray Charles, passando por Howlin’ Wolf, ali está tudo o que Tom Waits considera serem as suas influências – e uma delas é Harry Belafonte, presente no disco e numa magnífica e reveladora entrevista nesta edição.


 


OUVIR – Robert Wyatt, o vocalista dos Soft Machine, tem uma longa carreira a solo marcada por grandes canções, a maior parte da sua autoria, mas também com algumas versões como duas que estão neste disco – de «I’m A Believer» dos Monkees e de «Shipbuilding», que Elvis Costello escreveu para ele. Wyatt vive numa cadeira de rodas desde um acidente no início da década de 70 mas isso não o tem impedido de trabalhar em música. Este disco é uma compilação de alguns dos seus temas famosos, ironicamente chamada «His Greatest Misses», e foi inicialmente pensada por um fã japonês em 2004. A reedição permite redescobrir todo o encanto e energia das interpretações de Wyatt e da sua composição, como em «Sea Song» ou «Solar Flares». CD «His Greatest Misses», Robert Wyatt, edição Rykodisc, na Amazon.


 


PROVAR – É uma pena mas são raros os restaurantes de Hotel em Lisboa que conseguem ter uma vida própria sobretudo ao jantar – mesmo quando têm excelente localização. O novo Altis Avenida, nos Restauradores, tem no seu último andar um restaurante, com um belo terraço e uma belíssima vista, o Brassereie Gourmet Rossio, mas infelizmente se lá for jantar arrisca-se a estar sozinho, ou quase. Deixemos de lado o facto de o nome ser um pouco pomposo demais - há que reconhecer que a cozinha está bem entregue, melhor que o serviço de sala. Nas duas ocasiões em que lá fui gostei de tudo o que foi servido – amouse bouche de migas de bacalhau com broa, umas vieiras com puré de ervilhas como  entrada, um salmão com flor de sal e tomilho acompanhado de risotto do mar, e um bacalhau fresco com legumes ao vapor. No final os sorbet são imprevistos – maçã com poejo, melancia com gengibre e baunilha com cardamono. Confesso que das duas vezes não gostei tanto do serviço – um pouco pretensioso, a falar mais do que aquilo que é preciso, com algumas falhas graves – o insistir numa coisa que o cliente já disse não querer, o esquecer do frappé no vinho branco e ser preciso chamar a atenção para resolver a questão, e sobretudo, à noite, o inqualificável gesto de começar a colocar as mesas do pequeno almoço do dia seguinte enquanto há ainda clientes a jantar.. Resumo: se quiserem experimentar prefiram o almoço. Brasserie Gourmet Rossio, Hotel Altis Avenida, Telefone 210440000


 


 


ARCO DA VELHA – A EMEL quadriplicou os resultados líquidos em 2009. À custa de quê e de quem, Dr. António Costa? E o estacionamento em dupla fila, acabou?


 


BACK TO BASICS – Todos nós estamos na lama, mas alguns sabem ver as estrelas – Oscar Wilde

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publicado às 19:05

E O PARLAMENTO?

por falcao, em 22.06.10

(publicado no diário Metro de dia 22 de Junho)


 


Algumas pessoas acham que a Comissão de Inquérito Parlamentar ao caso PT/TVI não serviu para nada. Eu defendo exactamente o contrário: serviu, e muito. Serviu para provar o mau estado do sistema político e partidário português; serviu para provar o mau funcionamento do Parlamento; serviu para provar que uma comissão de inquérito pode ser manipulada; serviu para provar que deputados e partidos não olham a meios para atingir determinados fins. Em suma, serviu para mostrar que com deputados assim e um sistema destes o parlamento é uma farsa. E é justo dizer que também serviu para mostrar que as coisas não teriam de ser assim tão más se existissem mais cabeças livres, frontais e corajosas como a de Pacheco Pereira, o único deputado que se insurgiu de forma coerente contra os critérios estipulados por Mota Amaral com o evidente objectivo de abafar o caso, em conluio com o PS e perante a neutralidade do PSD.


Alguns arautos da democracia representativa ficam muito incomodados com a afirmação de que o Parlamento se está a tornar numa inutilidade – mas fariam melhor em olhar para os seus actos e perceber que os partidos, o método de funcionamento que impõem aos seus representantes, e os próprios deputados, são os principais causadores do descrédito parlamentar. Os números da abstenção eleitoral em Portugal falam por si – as pessoas já não acreditam na eficácia do sistema e colocam-se de lado e incidentes destes só agravam a situação.


Este Parlamento é inútil – é apenas cenário para acordos e negociatas partidárias, já deixou há muito de ser um fiscalizador das acções do Governo e um defensor dos eleitores – que é o que se espera da instituição parlamentar.


Este caso, por configurar um abuso de poder do executivo, era uma boa oportunidade para que o Parlamento exercesse uma actividade moralizadora e fiscalizadora. Que mostrasse independência face ao poder político e que averiguasse sem ceder a pressões. Infelizmente o que aconteceu foi o contrário disso mesmo. Muitos destes políticos que estão sentados em S. Bento e nos directórios partidários estão a dar cabo da função parlamentar e, pelo, caminho irão destruir a democracia.

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publicado às 11:24

(Publicado no Record de dia 22 de Juno)


Confesso que sou um fã de policiais – mesmo aqueles que têm um bocadito de futebol  pelo meio, como os do Francisco José Viegas. Gosto de mistérios, de tentar adivinhar os culpados, de perceber a lógica das investigações. Pensando bem no assunto o futebol é um mundo de mistério – o próprio jogo é um mistério muitas vezes: porque é que uma equipa joga semanas a fio tão mal e, depois, de repente, dá uma cabazada ao adversário? Mistério!


Este Mundial, no caso português, está fértil em mistérios. Primeiro foi o Nani, que veio recambiado para Lisboa, com prazo de recuperação anunciado de uma semana, sem nunca se saber exactamente o que teve. A semana já lá vai e pouco se sabe mais do assunto – é certo que a vitória contra a Coreia faz esquecer muita coisa, mas lá que eu gostava de ver este mistério resolvido, gostava.


Outro mistério é o da lesão saltitante em parte incerta que atingiu Deco poucos dias depois de ter feito declarações que punham em causa Carlos Queiroz. O que eu sei é que primeiro a lesão era na anca direita, depois na anca esquerda e no fim parece que é na coxa. Não é preciso ser perito em anatomia para distinguir uma anca de uma coxa – e não estou a falar de bailarinas.


Feitas as contas a prestação da selecção até ao momento cifra-se em um empate, uma vitória e dois mistérios. Eu se fosse a Gilberto Madail encomendava aos Black Eyed Peas uma canção chamada «I’ve Got A Mistery»

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publicado às 11:19

(Publicado dia 18 no Jornal de Negócios)


 


SERVIÇO PÚBLICO  –  O deputado do PSD Agostinho Branquinho veio esta semana reintroduzir o debate sobre o serviço público de televisão através de um artigo, no «Diário Económico», onde defendeu implicitamente a sua extinção. Citando alguns números, alguns dados e muito pouco benchmarking, fez algumas extrapolações, todas a partir do actual modelo existente.


Há um vício de forma em toda a argumentação de Agostinho Branquinho – ele parte do pressuposto de que a RTP faz Serviço Público e esse é o erro base. Na realidade, diz o deputado, «o cidadão português não ganha nada com a televisão pública que não possa obter num qualquer operador privado». Mas isso acontece exactamente porque a RTP cada vez se afasta mais do conceito actual, contemporâneo, de serviço público de televisão, nomeadamente dos modelos dos países onde a televisão privada é forte, como os casos da PBS norte-americana e de uma série de estações públicas europeias de países como a Holanda, a Dinamarca, a Alemanha, a Noruega e a Suécia. Convido a uma reflexão sobre estes modelos e a uma análise cuidada das suas realidades.


Para esclarecer as coisas, sou da opinião de que deve existir serviço público, com um único canal nacional, com um forte enfoque em noticiário nacional, regional e internacional, de acesso livre e universal em todo o território português, por difusão hertziana. Este canal único nacional não deve ter publicidade nem patrocínios comerciais e deve privilegiar a informação, o pluralismo, o debate, a programação infantil de qualidade, a produção de documentários de diversa índole e a produção de ficção nacional nas tipologias não concorrenciais com os canais privados. Pode e deve ter um tratamento adequado do entretenimento, desporto incluído – sobretudo não pode ser um canal maçador, sorumbático e cinzento. Existem diversos canais públicos com estas boas características, que inclusivamente exportam formatos, como a «Rua Sésamo». Esse canal deve ter o mínimo de meios necessários e basear a sua produção nos produtores independentes, seguindo as recomendações internacionais sobre esta matéria. Não há razão que impeça que o serviço informativo seja contratado no exterior – há países onde isso acontece em canais de serviço público. E, finalmente, a nível internacional, o operador de serviço público deve acabar com o RTP África e manter apenas um canal que seja a imagem internacional do país – um embaixador audiovisual de Portugal.


Isto é o que me interessa – ou seja, os conteúdos de um serviço público de televisão e as suas obrigações é que o tornam ou não útil e necessário. O resto é uma questão de organização. Mas o primeiro passo é decidir o que deve ou não ser assegurado. Se é concessionado ou não é outra história e não é o mais importante.


Existe acessoriamente uma razão para a existência de um operador de serviço público: a dinamização da produção independente nas áreas menos apetecidas pelos operadores privados, como os documentários, o registo de espectáculos na área do entretenimento ou uma programação infantil acessível, cuidada e baseada no português falado e não em legendagens. Estas áreas são fulcrais para o desenvolvimento e para a nossa sobrevivência no universo dos conteúdos audiovisuais.


Questão final, cuja responsabilidade é dos políticos: garantir que um operador de serviço público possa ser independente do poder político, com um caderno de encargos rigoroso (cujo levantamento aliás existe), fiscalizado de forma técnica e regulado de forma independente. Se os políticos não conseguirem replicar este modelo, que existe em vários países, então o melhor é demitirem-se de serem políticos.


 


POLÍTICA - Para existir liberdade de voto tem que existir liberdade de escolha. Para existir liberdade de escolha têm que existir vários candidatos. Utilizar o argumento de que não devem surgir mais candidaturas, por exemplo à Presidência da República, para que não se prejudique a reeleição de Cavaco ou as possibilidades de Alegre, é o princípio do fim da democracia – ou seja aquilo em que os partidos e muitos políticos esforçadamente andam a tentar fazer. Mão amiga fez-me chegar à memória este dado: nas eleições presidenciais francesas de 2007 existiam na primeira volta 12 candidatos, e em 2002 eram 15. Liberdade de escolha é isto – ter várias propostas, ouvir vários discursos, ter por onde escolher. De qualquer modo, à segunda volta passam sempre apenas dois candidatos e é entre eles que se decide. O que me aborrece muito é a ideia de que basta existir uma primeira volta e com quanto menos candidatos melhor. O que me anima é poder ter uma campanha onde, por exemplo, se discuta o que deve ou não mudar no nosso sistema político-partidário para que o país possa funcionar melhor e sair da crise. Utópico? Serão o voto e a escolha uma utopia?


 


MUNDIAL - Estava a ouvir Carlos Queiroz no final do jogo com a Costa do Marfim e, de repente, olhando para o seu sorriso naquelas circunstâncias, achei que ele e Sócrates são gémeos no discurso: Mau resultado? – Nada disso. Problemas? - Nenhuns, ânimo que conseguiremos. Críticas? - Devem ser influências de manobras do estrangeiro. Dificuldades? - De todo. Mudanças? - Nenhumas. Erros? – Disparate. Este é o discurso da cegueira – já se viu onde levou nas finanças nacionais, vamos a ver o resultado no Mundial. No futebol ganha quem marca golos. Ainda não percebi bem como se chama o jogo que a selecção anda a fazer.


 


LER – Nick Hornby tem uma carreira literária a contar histórias feitas no universo do rock e do pop. Este «Juliet, Naked», recentemente publicado e já traduzido aliás para português, é talvez o seu melhor livro. A história é deliciosa e conta como um mediano músico norte-americano, Tucker Crowe, se tornou num, fenómeno de culto a partir do seu desaparecimento da cena musical a meio de uma digressão, sem que nenhuma novidade a seu respeito surja durante 20 anos. Deste ponto de partida começa uma descrição das relações entre as pessoas que têm gostos comuns – no caso a música do desaparecido Tucker. A publicação de uma gravação inédita, mas de qualidade discutível, provoca uma série de reacções entre os seus fiéis e sobretudo mostra como os nossos ídolos só ganham a dimensão que projectamos a partir das fantasias que elaboramos sobre eles. Incidentalmente, uma das teorias entre os fanáticos do músico dizia que Tucker viveria isolado numa garagem em Portugal – mas episódios à parte o livro vale pela construção de personagens, pela exploração dos mecanismos de formação do gosto, e pela forma como as obsessões nos afastam da realidade. Este é o livro de Hornby de que mais gostei. «Juliet, Naked», edição de bolso Penguin, na Amazon, cerca de 10 euros. Se puderem leiam o original, em inglês, vale a pena.


 


OUVIR –  A capa do disco é uma paródia aos westerns e o conteúdo é surpreendente – tanto que se transformou num clássico pouco tempo depois da sua edição original, em 1957. «Way Out West», de Sonny Rollins, resiste de forma impecável aos 53 anos de vida que já tem. Destaque para o clássico «I’m An Old Cowhand» , para a versão de «Solitude», um original de Duke Ellington, para um «Wagon Wheels» perfeitamente cinematográfico e para o tema título, do próprio Sonny Rollins, «Way Out West». Esta nova edição da excelente série Original Jazz Classics da Universal tem remasterização digital e inclui ainda versões até aqui inéditas de três dos temas do álbum original.


 


PROVAR – A Bica do Sapato fez 11 anos esta semana e renovou a esplanada, que agora conta com um bar – muito bom para fins de tarde -  tem mais sombra e está mais protegida do vento. Além disso  introduziu novidades na lista de verão, como um novo menu de almoço onde se destacam um delicioso carpaccio de carapauzinhos marinados, um hamburguer de frango do campo e farófias como sobremesa. O menu almoço custa 21 euros e inclui vinho a copo. No resto da lista também há boas novidades, algumas a valer uma experiência. Reservas pelo telefone  218 810 320.


 


BACK TO BASICS – A prudência inscrita no livro da covardia tem o nome de senso comum – Oscar Wilde


 

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publicado às 11:46

ESTOU FARTO!

por falcao, em 15.06.10

(Publicado no diário Metro de dia 15)




Esta semana enchi as medidas. Estou farto de uma actividade política que é baseada na mentira, no engano, na dissimulação, estou farto de um Parlamento que é  uma câmara de horrores.


Estou farto de equilibrismos políticos em nome do mal menor. Estou até aos cabelos com comissões de inquérito parlamentares que são uma fantochada, uma pedrada mais na credibilidade dos deputados e do Parlamento. Estou farto destes consensos em nome da salvação nacional, que começam em Belém, passam pelo Rato e pala Lapa e terminam em S. Bento, com toda a gente muito interessada em garantir protecções recíprocas. Estou farto de um Parlamento que protege Ricardo Rodrigues um deputado filmado no acto de roubar.


Estou farto de figuras como Mota Amaral, um dos poucos líderes regionais derrotado sem apelo nem agravo em eleições, um dos exemplos em como se pode fazer uma carreira cheia de ineficiências mas muitos equilibrismo. Estou saturado de manobras de bastidores e de corredores que subvertem a ordem lógica das coisas.


Estou farto destes partidos, do funcionamento do sistema, do desprezo pelos eleitores, do cinismo como linha política e da falta de princípios como ideologia. Estou farto de ver os líderes eleitos darem o dito por não dito, estou farto de promessas eleitorais não cumpridas. Estou farto do aumento de impostos, dos abusos do fisco, do laxismo geral do sistema, da ineficácia da justiça e do despesismo do Governo.


Estou farto de diagnósticos que dizem que a situação é insustentável mas que depois não tomam medidas, nem acções. Estou farto dos partidos que dizem que o Primeiro Ministro é incompetente mas que depois não apresentam moções de censura e no Parlamento fazem o que podem para garantir que a coisa continue a piorar até que a podridão lhes dê  jeito.


Estou farto de votar no mal menor, de candidaturas que não avançam para não beliscar as do costume, estou farto de ter a minha liberdade de voto limitada pela ausência de candidatos, estou farto do politicamente correcto, estou farto de Bruxelas e estou farto do sistema partidário que temos – uma coisa arcaica cujo maior feito é conseguir um contínuo aumento da abstenção.


 

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publicado às 08:59

SOBRE O FADO E A UNESCO

por falcao, em 14.06.10

(publicado no Jornal de Negócios de 11 de Junho)


 


FADO – Na semana passada a Assembleia Municipal de Lisboa aprovou, por unanimidade, a candidatura do Fado a património imaterial da Humanidade, que será depois formalizada junto da Unesco. Foi feito um grande foguetório à volta deste assunto e não percebo bem porquê – que a candidatura tenha sido aprovada era de esperar, que ela tenha algum efeito prático é outra coisa, mas isso só o tempo o dirá, e cheio de boa vontade vou esperar que sim. Vale a pena dizer, no entanto, que um outro género musical com uma identidade própria parecida com a do Fado, o Tango argentino, tentou também a classificação junto da Unesco e foi repelido. Espero, sinceramente, que o destino do Fado seja diferente. Mas este sentimento de unidade nacional – que é sempre uma coisa que me irrita um bocadinho – não nos deve impedir de fazer o balanço de um episódio particularmente desagradável desta candidatura. Falo do filme «Fados», realizado por Carlos Saura, e que, a certa altura, um bizarro vereador do pelouro da Cultura que passou por Lisboa, de nome José Amaral Lopes, resolveu apoiar com um milhão de euros. Outras entidades públicas, pressionadas, diga-se, participaram também cegamente no financiamento, que apresentou um orçamento total de cerca de quatro milhões de euros. Toda a argumentação para o apoio da Câmara e do Estado ao projecto teve como base a grande importância que ele teria para a acima citada candidatura do Fado no âmbito da Unesco – que só agora vai acontecer, já ninguém se lembra do filme, que foi um flop total. Na altura escrevi, aqui mesmo neste jornal, que o financiamento do filme era um disparate e que os argumentos utilizados eram um engano terrível e caríssimo. Volto ao assunto para que as coisas não caiam no esquecimento. «Fados», diziam os seus apoiantes, teria uma grande carreira nacional e internacional e seria premiado pelo mundo inteiro, numa extraordinária operação de marketing da candidatura. Resultado? - 34.151 espectadores em Portugal, o que deu 141.181 euros de receita de bilheteira (números do Instituto do Cinema), uma pífia carreira internacional em meia dúzia de mercados não influentes, arrasos diversos da crítica, e só em Espanha (terra do realizador Carlos Saura), conseguiu um prémio, menor, relativo à banda sonora. O «enriquecimento da projecção internacional do Fado» como dizia o PSD Amaral Lopes, «em boa hora apoiado», como disse o PS António Costa, ficou-se por uma operação sem resultados. «Quem não conhece a história do fado sairá certamente decepcionado deste filme» - escreveu um crítico brasileiro, depois de, por cá, muitas pessoas terem chamado a atenção para as inexactidões que este pseudo-documentário exibia. Mas no fim, fica uma pergunta a que eu acho que alguém, na autarquia, devia responder: não teria sido mais rentável produzir, com o mesmo milhão, uma boa série documental para televisão? Ou, esse milhão não teria sido melhor empregue a criar a Film Commission Lisboa, que faz falta, tarda, e, essa sim, podia ajudar à nossa imagem internacional, fado incluído? Com a falta de financiamentos que existe na área da cultura e criatividade faz impressão ver como esta candidatura do Fado serviu para atirar à rua um milhão de euros da Autarquia em nome do apoio saloio a Carlos Saura. Para terminar: por acaso ele realizou um idêntico mau filme sobre o «Tango» (foi aliás daí que a ideia foi copiada) e o resultado na Unesco para a música de Buenos Aires já se conhece.


 


VER – Já que os poderes dominantes acabaram há uns anos com a Lisboa Photo, para vermos o trabalho de comissariado do português Sérgio Mah na área da fotografia, restam-nos duas alternativas: ou ir a Madrid, cidade que rapidamente o acolheu na PhotoEspaña, ou aproveitar o facto de o Museu Berardo, no CCB, volta e meia nos proporcionar algumas destas exposições que ele trabalhou para o evento madrileno. Na semana passada foi inaugurada «German Faces», do norte-americano Colin Schorr, um dos mais interessantes nomes da fotografia contemporânea, que se tem especializado no retrato, muitas vezes encenado em situações de evocação histórica. Tal como nas suas séries «Novos Soldados» ou «Florestas e Campos», Schorr regressa com este trabalho às evocações históricas das marcas da guerra no nosso imaginário comum. Neste caso as imagens são todas de habitantes de uma pequena cidade do sul da Alemanha, Schwabisch Gmund, retratos fortes, marcantes, quase intemporais, a assinalar apenas uma espécie de recordação da ameaça permanente do passado. As imagens de Schorr ficam no Museu Berardo até 15 de Agosto e são uma das mais interessantes exposições de fotografia apresentada este ano em Portugal.


 


LER – Os diários de viagem são um género muito peculiar e quando os seus autores são personagens fascinantes a coisa torna-se ainda mais interessante. «Diário da Bicicleta», de David Byrne, o fundador e mentor dos Talking Heads, entra nesta categoria. O que se passa é que desde o início dos anos 80 David Byrne decidiu que a bicicleta seria o seu principal meio de transporte quando está numa cidade – de maneira que, quer em Nova Iorque, onde vive, quer nas cidades por onda vai fazendo actuações, transporta sempre consigo um velocípede. Vai daí começou a escrever um livro sobre a forma como, pedalando, via metrópoles como Londres, Buenos Aires, Berlim, Istambul, Sydney e uma série de cidades norte-americanas, para além de NY, num delicioso passeio pelas suas memórias de infância e de vida. Pelo meio destes passeios fala não só do que vê, mas também do que sente, seja com a música local (de que faz muito engraçadas notas) até à arquitectura. Tudo isto é completado por fotografias escolhidas por Byrne e por muitos desenhos feitos por ele próprio em observações bem irónicas e certeiras. São 400 páginas que correm num ápice, numa bela edição da Quetzal.


 


OUVIR – O pianista Brad Mehldau gosta de arriscar - e a verdade é que misturar jazz com drum and bass pode parecer uma ideia perigosa. Acontece que o resultado é muito bom.  As primeiras experiências nesta direcção tinham sido feitas com o álbum «Largo» (de 2002), onde se ensaiou a primeira exploração neste sentido – podia ter corrido mal, mas não; e agora, em «Highway Rider» o resultado é ainda melhor, com a curiosidade de, às sonoridades mais contemporâneas, se juntar uma orquestra completa ao longo deste duplo CD, que é talvez o trabalho mais conseguido da carreira de Mehldau – conseguido e polémico já que as críticas oscilam entre o elogio e o arraso. Eu coloco-me do lado do elogio. Em «Highway Rider» está o trio habitual (Mehldau no piano, Jeff Ballard na bateria e Larry Grenadier no baixo), a que se juntaram o génio de Matt Chamberlain na percussão e o talento do saxofonista Joshua Redman (que aqui volta a demonstrar a sua técnica e sensibilidade). É certo que as culpas do que correu bem devem ser assacadas em partes iguais ao bom senso de Mehldau e do produtor que o tem acompanhado nestas explorações, Don Brion.  Ouçam o dueto entre Mehldau e Redman em «Old West», a forma como Redman intervém em «The Falcon Will Fly Again» ou o envolvente «Into The City» e deixem-se levar por este magnífico disco.


 


PROVAR – Um dia destes, por mero acaso, tive a sorte de descobrir um verde branco absolutamente fantástico, feito na região de Baião, e chamado «Cazas Novas» - fresco, vivo, verdadeiramente ideal para o fim de tarde em dias quentes, ou para acompanhar saladas, peixe e marisco. Por favor deixem-se de preconceitos e não comecem a torcer o nariz -  entre os vinhos verdes estão alguns dos nossos melhores e mais raros brancos. Este «Cazas Novas» é produzido na Quinta de Guimarães, em Santa Maria do Zêzere. Não é fácil de encontrar mas se vos passar por perto agarrem-no, que vale a pena.


 


BACK TO BASICS – Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem – Padre António Vieira


 

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publicado às 13:54

A INÚTIL EMEL

por falcao, em 14.06.10

(publicado no Metro de 8 de Junho)


 


 


 António Costa, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, prometeu nas eleições que iria acabar com o caos nas Avenidas Novas, prometeu eliminar os carros estacionados em segunda e terceira fila – mas a realidade é que a circulação naquela zona está cada vez pior. O mais estranho de tudo é que a EMEL, que ali perto da sua sede é hiper-activa, se entretém mais a multar e bloquear carros bem estacionados, mas eventualmente fora do limite de tempo, do que a exercer uma atitude efectiva de fiscalização e prevenção do estacionamento em dupla (e às vezes terceira) fila. Pior – nalguns casos são até viaturas da EMEL que estão a empatar o trânsito em segunda fila ou mesmo em cima de passadeiras de peões. Há uns tempos enviei à empresa, e ao mail público do Presidente da Câmara, uma fotografia tirada à porta do meu escritório a uma carrinha da EMEL que ostensivamente bloqueava toda a passadeira ali existente. A resposta que os serviços me deram foi que a carrinha estava em serviço. Ora quantas vezes é que a EMEL bloqueia e multa carros de pessoas que estão em serviço? Como pode a empresa usar uma justificação destas para parar numa passagem de peões num cruzamento movimentado e depois fazer uma fantochada de uma campanha a dizer que protege a segurança dos peões. A EMEL é um serviço de multas – não é um serviço de regulação de estacionamento e este é o grande problema. Quem vive e trabalha em Lisboa sabe que os exemplos de prevaricação da EMEL sobre os contribuintes lisboetas são enormes. A EMEL é um abuso de poder, uma instituição de legalidade duvidosa na sua actuação, que segue a máxima dos cobradores de impostos – roubar onde é fácil, fechar os olhos ao que é difícil.


Caro Presidente da Cãmra, Dr. António Costa, deixe-me usar uma velha expressão popular no mês das Festas da Cidade: o Senhor não é homem não é nada se não mudar esta situação. Feche a empresa, castigue quem manda nela, faça qualquer coisa mas resolva o problema. A EMEL assim só contribui para diminuir a qualidade de vida dos lisboetas e fazer-lhes aumentar a tensão arterial.


 


 

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publicado às 13:51

O ENGANO EUROPEU

por falcao, em 01.06.10

(Publicado no diário Metro de 1 de Junho)


 


Durante anos gerações de políticos tentaram vender-nos a ideia de que a Europa seria a solução para todos os nossos males e o remédio para todas as nossas dificuldades. Como agora dramaticamente se verifica a Europa está no centro da origem da crise e o entendimento político foi mandado às urtigas em nome das necessidades económicas.


O grande papel da União Europeia nos últimos anos foi o de incentivar a destruição dos sistemas de produção nos países mais pequenos e periféricos, comprando-os com subsídios e estimulando a sua transformação em mercados consumidores de produtos importados, nomeadamente para as exportações alemãs e francesas. No caso português os investimentos da União Europeia foram no sentido de destruir culturas agrícolas, de limitar a actividade pesqueira, de construir infra-estruturas que facilitassem a logística do consumo. O resultado está à vista – temos a maior zona económica exclusiva da Europa em termos de orla marítima mas deixámos que as limitações que nos foram sendo impostas destruíssem a nossa frota pesqueira. A ideia Europeia crescei nestes paradoxos.


No caso português, verificamos hoje que aumentámos em muito a nossa dependência do exterior, passámos a importar o impensável – até alhos, por exemplo. As exportações foram caindo, as indústrias foram encerrando, os campos largados ao abandono. A nossa maior exportação tem sido mandar para cargos internacionais ex-primeiros ministros. É pouco.


A Europa politicamente correcta fomentou a ideia de que tudo seria sempre fácil, que os subsídios viriam sempre – criou a ilusão de que este admirável mundo novo iria durar sempre – o despesismo público, o crédito infindável, o gasto descontrolado. De certa forma a ideia do socialismo – a criação de riqueza para todos e a sua distribuição – confundiu-se com o ideal europeu. Parecia que havia dinheiro a rodos, para sempre. Mas afinal acabou por se descobrir a verdade mais antiga da História: só se deve gastar aquilo que se tem, só gera receitas o que se produz.

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publicado às 12:10

CONFUSÃO – Numa só semana várias entidades de três ministérios desdisseram-se e contradisseram-se umas às outras. No Ministério da Economia a confusão foi causada pelo esgotamento do crédito às PME’s, que provocou posições e informações desencontradas; nas Finanças a introdução das taxas agravadas de impostos provocou uma autêntica sucessão de comunicados e despachos que criaram a maior das confusões; nas Obras Públicas as declarações sobre aumentos de preços de transportes, suspensões de planos e manutenção de planos tornaram-se a regra. Economia, Finanças  e Obras Públicas não são ministérios menores – a confusão que lá reina é sinal do caos instalado no Governo.


 


FITAS - Já se percebeu que neste Governo há dois novos Ministros que são exemplos perfeitos de erros de casting: António Mendonça nas Obras Públicas e Helena André no Trabalho e Solidariedade Social. Isto, claro, para não falar de um outro erro de casting antigo que se tem vindo a acentuar – o próprio Sócrates cujo comportamento ao longo da crise foi revelador da sua instabilidade psicológica e dos seus piores defeitos – a teimosia e a dificuldade em perceber a realidade que o cerca.


 


NEXT - A corrida pela sucessão de Sócrates no PS já começou. A dúvida está em saber se vai ser uma prova de 3000 metros obstáculos ou uma meia maratona – seja como for os treinos já começaram. A agravar a instabilidade do partido do Governo está também o caso das presidenciais, com uma assinalável falta de entusiasmo no apoio à candidatura de Manuel Alegre, um osso difícil de engolir – em qualquer caso é daqueles assuntos que vai gerar crise interna pela certa.  Vamos ver o que se passa no regresso de Sócrates da Venezuela e dos conselhos que deve ter recebido do seu amigo Hugo Chávez.


 


EURO - Uma das melhores contribuições para a compreensão daquilo que se passa foi dada pela entrevista do economista João Ferreira do Amaral ao «Jornal de Negócios» na qual explicou porque é que q nossa economia tem sido destruída pelo Euro. João Ferreira do Amaral, recorde-se, ex-conselheiro para assuntos económicos do Presidente da República Jorge Sampaio, foi das poucas vozes que em tempo devido se manifestou a chamar a atenção precisamente para os perigos para a economia portuguesa que poderiam advir da adesão á moeda única. No meio do entusiasmo europeísta não foi ouvido – e muito do que dizia acabou por se confirmar.


 


 LER – O Brasil está a fazer uma gigantesca operação de comunicação que utiliza os mais diversos recursos, não descurando nem um pouco a qualidade dos meios escolhidos e a forma como se pretende mostrar a imagem de um país criativo, moderno, divertido e evoluído. Depois de ter tido um especial numa edição recente da prestigiada revista «Monocle», eis que o Brasil patrocina a edição de Junho da «Wallpaper», uma das publicações de referência em matéria de lifestyle. Para o efeito a redacção da «Wallpaper» deslocou-se por umas semanas para São Paulo e o resultado é um número em que o Brasil expõe o que tem de melhor nos negócios, na arte, no design, na arquitectura, na moda, na comida e, claro, nas praias e na paisagem. O título de capa diz tudo: «Born In Brazil – A Warm Welcome from the most exciting country on earth». A isto chama-se uma operação especial de comunicação bem conseguida.


 


OUVIR – Joe Pass foi um dos grandes guitarristas da história do Jazz e fez fama tocando ao lado de nomes como Ella Fitzgerald, Count Basie, Duke Ellington e Dizzy Gillespie, entre outros. Mas foi com o seu segundo álbum a solo, «Virtuoso», editado originalmente em 1974, que ele ganhou verdadeiramente estatuto e reconhecimento. É uma gravação extraordinária, com versões para guitarra eléctrica do próprio Joe Pass para onze temas clássicos do jazz , desde «Night And Day» de Cole Porter até «The Song Is You» de Jerome Kern, passando por outros como «Stella By Starlight», «How High The Moon» e «Round Midnight». O disco inclui ainda uma composição de Pass, «Blues For Alican». Joe Pass foi um dos reinventores da forma de tocar guitarra eléctrica no jazz, ao mesmo tempo explorando a melodia e o ritmo, usando com imaginação as possibilidades da guitarra eléctrica e com uma técnica extraordinária – daí «Virtuoso» ser mesmo um título ideal para o disco. Através da etiqueta Concord, a Universal Music promoveu a reedição do álbum, num CD remasterizado a 24 bits na magnífica série Original Jazz Classics. Em poucas ocasiões terão oportunidade de sentir a emoção única que uma guitarra é capaz de proporcionar como neste disco.


 


PROVAR – Quando li que o Chefe Vitor Sobral tinha a supervisão da cafetaria da nova livraria Babel, perto da Praça de Espanha, fiquei com curiosidade. A livraria fica no nº 148 da Avenida António Augusto de Aguiar, mesmo em frente ao Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian cujos jardins são a vista principal da zona da cafetaria. A carta felizmente é baseada em refeições leves – saladas, sanduíches, e alguns petiscos variados. Experimentei uma bela sanduíche aberta de maçã, queijo da ilha gratinado, presunto, rúcula e hortelã e dei-me por muito satisfeito. Poderia ter escolhido uma salada de bacalhau fumado, mas fica para a próxima. E, nos petiscos, houve uma empada que também me chamou a atenção. Há sumos, vinho a copo e cerveja. É na realidade uma cafetaria, com a vantagem de ter mobiliário simpático e confortável, bom serviço e uma ementa bem construída e despretensiosa. Ainda por cima a preços decentes.


 


DESCOBRIR – Uma boa maneira de nos mantermos a par do que vai surgindo de novo no mundo da música é seguir o site MyWay em www.myway.clix.pt . Aqui pode escolher entre os géneros que preferir ou pode simplesmente deixar-se levar pelas várias pré-selecções existentes – desde as novidades até às várias estações webradio dedicadas a géneros musicais específicos e até artistas. Além disso há uma área de notícias e outras dedicadas aos próximos concertos que se realizam em Portugal. É de navegação fácil e tem um catálogo de música muito alargado.


 


CITAÇÃO - «Ricardo Rodrigues foi um ladrão. Roubou objectos que não lhe pertenciam. O resto é conversa» - Miguel Esteves Cardoso, no «Público»


 


BACK TO BASICS –   «Enforcamos os criminosos vulgares e nomeamos os maiores para cargos públicos» - Ésopo

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publicado às 12:09


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