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PAÍS - O que se vai sabendo das contas das Câmaras Municipais, assusta. Durante anos toda a gente se habituou a viver acima das posses – não foi só o Governo, foi um frenesim generalizado. Um dos mais exemplos vem do universo das empresas municipais. Era engraçado saber qual o número de trabalhadores do conjunto das empresas municipais em Janeiro de 2005 e qual o número actual. Durante anos as empresas municipais têm sido utilizadas para fazer aquilo que as autarquias não podem legalmente fazer em material de contratações de pessoas ou serviços. Muitas delas foram criadas com planos de negócio mirabolantes que garantiam que poderiam ser auto-suficientes e criar riqueza. Hoje sabe-se que nada disso aconteceu. Lisboa tem vários casos destes e conheço particularmente bem um deles, a EGEAC – que agora viu reforçada a sua esfera de actuação, passando a englobar também os museus municipais. Na prática a empresa vai gerir e absorver mais umas dezenas de trabalhadores e orçamentos já de si deficitários, o que possibilitará à CML registar menos trabalhadores e talvez menos encargos salariais. Trabalha-se para as aparências, com números de ilusionismo sem sentido. Seria particularmente curioso conhecer bem a evolução do número de trabalhadores da EGEAC na última década, assim como a evolução da despesa e a evolução das receitas. Sempre tive curiosidade em saber, por exemplo, quantos bilhetes são efectivamente vendidos nos teatros municipais, quantos são oferecidos e qual a audiência media ao longo do ano. Vão ver, quando começarem a fazer contas, as surpresas que irão ter. E talvez a realidade dos números até faça pôr em causa a utilidade social efectiva de alguns equipamentos, pelo menos da maneira como hoje estão.


 


 


COMUNICAÇÃO – No mundo contemporâneo o desprezo pela comunicação significa desprezo pelas pessoas. Os titulares de cargos públicos deviam ter sempre isto em mente: fazer menos afirmações e mais demonstrações e evitarem fazer declarações públicas à imprensa sem direito a perguntas. As conferências de imprensa transformaram-se numa farsa porque os seus promotores estão mais interessados em fazer passar frases curtas do que em explicar as suas acções ou o pensamento (até porque pode nem existir….). Mesmo o Presidente da República, num assunto tão complexo como a criação de um limite constitucional ao endividamento, preferiu deixar a sua opinião num curto post estival de cinco linhas no Facebook do que promover um debate elucidativo sobre o tema. O esforço que está a ser exigido a todos parece-me exigir mais explicações e menos slogans, mais comunicação e menos propaganda.


 


 


ERC – No site da ERC, Entidade Reguladora da Comunicação, está um parecer recente, “5/PUB- TV /2011”, da direcção deste organismo, que incide sobre a metodologia de um plano de meios publicitário, ou seja, sobre os critérios que levam a escolher determinado veículo para atingir determinados objectivos. Na cabeça de qualquer planeador está sempre o princípio de conseguir o maior retorno ao investimento publicitário, ou seja a eficácia da comunicação publicitária. É um trabalho técnico, com matrizes claras, e baseado em dados estatísticos e de research que o mercado aceita e utiliza. Não me consta que a ERC tenha capacidade técnicas básicas – nem falo em mínimas – neste domínio. Li, com espanto, o arrazoado de incorrecções e deturpações que estão nesse parecer, que é cheio de citações jurídicas e vazio de noções técnicas. Ainda com mais espanto vi que os reguladores assinaram um texto que contém mentiras factuais sobre empresas referidas, fazendo inclusive algumas insinuações inexplicáveis. A ERC tem um historial de abuso, de ingerência em assuntos que não domina e, cada vez mais, é um caso claro não só de inutilidade, como também um dos maiores exemplos do abuso que o Estado patrocina. A ERC foi criada numa negociata política que deu mau resultado, como está à vista há muito tempo. Era boa altura de o Governo mostrar que tem alguma vontade de mudança nesta área – ainda por cima porque o mandato dos actuais reguladores chegou ao fim e esta é a boa altura para ponto final ao disparate.


 


ARCO DA VELHA – Esta semana não me ocorre nada tão merecedor de estar neste parágrafo como a forma como foram pintados e descaracterizados os bancos do passeio público da Avenida da Liberdade. Uma piroseira mascarada de cosmopolitismo de trazer por casa.


 


SEMANADA – O Ministério da Justiça paga 40 milhões de euros em rendas por ano, todos os outros ministérios juntos pagam 57 milhões; As empresas públicas de imobiliário, que serviram de pano de fundo a estas engenharias financeiras de vender património para depois se alugar, perderam 15 milhões em 2010; estão a fechar cem lojas por dia em Portugal; uma casa de apostas internacional online abriu a possibilidade de se apostar se o troço português do TGV se irá fazer ou não; nos centros de saude da região de Lisboa há mais medicos do que enfermeiros; a receita fiscal começou a cair fruto da retracção do consumo; os empréstimos do Estado a empresas públicas já subiram 718 por cento este ano; o Sporting leva o mesmo numero de empates que de jogos.


 


VER – Até 4 de Setembro no Palácio Quintela, ao Chiado, de terça a domingo e entre as 10 e as 20h00, a Experimentadesign mostra “Cartografias do Processo”, uma exposição do ciclo “Welcome”, que se apresenta como um olhar da sobre a dinâmica cultural nacional e internacional, em diferentes áreas. Neste caso recebe do Porto uma exposição de design gráfico que reúne cartazes de 55 designers internacionais da AGI - Alliance Graphique International, traçando um mapa do seu processo criativo. A entrada é gratuita.


 


LER – Ao ler a edição de Verão, em formato de jornal da Monocle, e dedicada ao Mediterrâneo, veio-me à cabeça uma ideia que aqui deixo inteiramente de borla aos editores de imprensa: porque não fazer, como suplemento de um jornal, uma espécie de Monocle nacional, que nos fale das nossas regiões, das coisas exemplares em material de arquitectura, de criatividade, mas também em termos de património, de artesanato, de agricultura ou de preservação do ambiente. Em vez de visitar países do mundo, como a Monocle, visitar-se-iam cidades e regiões de Portugal, a falar dos nossos, com foco nas coisas locais e nas pessoas. Quer-me parecer que temos muita matéria prima para quem se aventure num novo almanaque português – porque, bem no fundo, a Monocle é inspirada nos velhos e deliciosos almanaques. Para rematar com esta edição da Monocle: a grande discussão é sobre se as melhores praias devem ser de areia ou de pedras. Eu, por mim, prefiro ver o mar e sem pôr os pés em areia.


 


OUVIR – Até ao momento um dos discos portugueses do ano chama-se “Chromatic” e é dos You Can’t Win Charlie Bown – uma banda que tinha gravado um EP para a série de discos da Optimus e que agora aparece com o seu primeiro album. Há aqui um misto de pop e de folk, com algumas raízes portuguesas mas com um som muito internacional. A produção, exemplar, é de Mário Feliciano e a composição das belas canções é de Afonso Cabral e Salvador Menezes, dois membros da banda. Destaque para “Over the Sun, Under the Water”, “A While can be a long time”, com a participação vocal de Márcia ou ainda “In the end we start again”. Um dos méritos do disco reside no trabalho vocal e na forma como se torna um ponto agregador de toda a música. Diferente e bem conseguido. CD Pataca Discos (www.pataca.pt).


 


PROVAR – Encontrar um restaurante de praia com bom serviço, boa cozinha e alguma critividade no Algarve não é uma coisa fácil. Mas se forem ao “Chá Com Água Salgada”, na Mantarrota, irão ter uma boa surpresa. Destaque para  as vieiras salteadas com endívias braseadas, para o arroz de lingueirão e para o polvo em tempura com o seu risotto. Bos escolha de vinhos, preços razoáveis, sala confortável. Reservas pelo telefone 281  952 856.


 


BACK TO BASICS – Nada provoca mais danos num Estado do que homens astutos a quererem passar por sábios – Francis Bacon


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 26 de Agosto


 

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publicado às 11:19















PRIORIDADES – Vitor Gaspar, o nosso estimado Ministro das Finanças, é um exemplo perfeito do burocrata europeu. Simpático (em parte graças à sua expressão de boneco animado), mas burocrata. Politicamente, o facto de o Primeiro Ministro ter escolhido um burocrata europeu para Ministro das Finanças é revelador do seu enquadramento – condicionou a política financeira às exigências da Europa e não deu abertura a nenhuma fuga ao dogma. Ora, nos tempos que correm, isto é perigoso.


Na segunda-feira o Público tinha uma entrevista com Gustavo Cudell, um empresário há anos a actuar no mercado europeu a partir de Portugal, onde ele referia, quer-me a mim parecer com razão, que a negociação portuguesa para a saída do Euro devia ser uma prioridade política. O raciocínio era simples: mais vale preparamos uma saída com tempo e em condições, do que andarmos depois à pressa a pedir migalhas.


O pior que pode acontecer a Portugal é ter no Governo quem seja tão teimoso e obstinado que não consida perceber a realidade. Já tivemos disso nos ultimos anos e eu dispenso a continuação do género politicamente autista. O que eu vejo é um Governo que defende o Euro como uma bóia de salvação, quando cada vez mais gente aparece a dizer que em vez de bóia o Euro é um pedregulho que se afunda e nos arrasta atrás dele.


Às vezes sou levado a pensar que o poder, se calhar, inibe o raciocínio. Portugal tem uma história longa nesta matéria – desde o tempo em que os velhos do Restelo remavam para o passado e tapavam os olhos ao futuro.


Dizer que o futuro do Euro é duvidoso é uma frase optimista já hoje. Se persistirmos em manter um enquadramento europeu a todo o custo e não formos capazes de analisar friamente a realidade e de agir em função disto, todos os scrifícios actuais serao perdidos. A responsabilidade de não comprometer o futuro é do Governo. Alguém devia olhar para a frente e não para trás – como Nouriel Roubini bem alertou esta semana no Wall Street Journal.


 


PONTAL – Sinto alguma dificuldade em perceber a persistência no ritual da Festa do Pontal. Sinceramente acho que existe aqui um paradoxo entre um Primeiro Ministro que deixa uma nota no Facebook, a dizer que vai de ferias e que os tempos são de sacrifício, e um dirigente partidário que usa a forma mais estafada de comunicação – um jantar-festa-comício para umas centenas de pessoas numa noite quente de Agosto. Ainda por cima Passos Coelho falou mais como Primeiro Ministro do que como dirigente partidário numa festa que era do PSD.


O Governo começa a ter um sério problema de comunicação – que esta semana foi apontado por vários observadores. Vive ainda num estado de graça invulgarmente longo, mas se persistir em fazer uma comunicação amadora e muito improvisada, esta situação irá alterar-se rapidamente. E, não havia necessidade.


 


GRUPO – Antes mesmo de a Lusa ter divulgado a constituição do Grupo de Trabalho sobre o serviço público na area da comunicação, o respectivo presidente, João Duque, anunciou a um jornal diário que não tem de haver um canal do Estado e que o serviço público pode ser contratado aos privados. O senhor, que confessa defender uma visão essencialmente económica do problema, defende igualmente que “há outros consumidores que têm anseios sobre o tipo de produtos que querem ver oferecidos”. Faço votos que o Grupo de Trabalho ora criado tenha meios para fazer estudos de opinião elucidativos sobre os desejos dos consumidores. E confesso que tenho alguma curiosidade em ver se o resultado final irá no sentido da vontade do Presidente, João Duque – até para saber quais os países onde o modelo que ele defende funciona. Continuo a defender que, em matéria de comunicação, o Serviço Público deve ter preocupações ligadas à lingua, a criadores e actividades culturais e de entretenimento portuguesas, mas também deve servir de alavanca de divulgação do empreendedorismo e da invenção. Há uma vertente cultural e uma vertente de comunicação económica no serviço público – seja na rádio, na televisão ou na agência noticiosa. Espero sinceramente, embora tenha as minhas dúvidas, que a tese de João Duque não vingue. E espero que alguém lhe explique a realidade do mercado na área da comunicação e da publicidade, que é uma coisa que, pelo que tem afirmado nos ultimos dias, ele me parece desconhecer por completo. Finalmente, não deixa de ser estranho que a Cultura, que tutela o audiovisual, esteja ausente do Grupo de Trabalho.


 


ARCO DA VELHA – Gabriela Canavilhas vai desfilar como mordoma minhota na Romaria da Senhora d’Agonia, em Viana do Castelo.


 


SEMANADA – Horas antes do início da Festa do Pontal o Presidente da Câmara de Faro, Macário Correia, defendeu que a austeridade deve ser para todos e não atingir apenas alguns; 24 horas depois Warren Buffet, criticando Obama, disse o mesmo, nos Estados Unidos; George Soros anunciou o fim do Euro a curto prazo; Nouriel Roubini alertou para o perigo de o sistema se destruir a si próprio; França e Alemanha continuam a evitar medidas claras que facilitem uma solução para a crise do euro; o General Loureiro dos Santos disse que Angela Merkel está a conseguir aquilo que Hitler não conseguiu.


 


VER – Nos últimos dias foi divulgado um video de Raul Solnado, restaurado pela Cinemateca. Feito na primeira metade dos anos 60, o divertido filme, de 15 minutos, destinado a divulgar como se deve conseguir uma imperial bem tirada, é o exemplo perfeito do trabalho que organismos como o Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (Anim) e a Cinemateca fazem para preservar a memória colectiva de todos e o trabalho dos artistas portugueses. Parece que existe, por encomenda do Ministério das Finanças, um inquérito em curso para avaliar da satisfação dos utilizadores da Cinemateca sobre os serviçso que a instituição oferece. Espero que o inquérito seja pelas boas razões – para melhorar o que se faz e não para encontrar pretextos para cortar. Se forem ao YouTube e procurarem “Raul Solnado cerveja”, o video em causa aparece logo. Vale a pena ser visto – até porque mostra o grande Solnado na sua melhor forma.


 


LER – A edição especial de Verão da revista norte-americana “The Atlantic” (já disponível em Portugal), é inteiramente dedicada à publicação de pequenos contos. Sob o título “Fiction 2011”, a revista publica pequenas histórias de uma dezena de autores, todas acompanhadas por excelentes ilustrações. A escrita é boa, as histórias são deliciosas e ainda há um brinde: um pequeno ensaio de Anthony Johnston que explica porque é que a narrativa ficcional e a integridade emocional conseguem sempre transcender a verdade dos factos e a realidade. Custa 9,10 euros, contra 6,99 dolares na origem. O dobro, praticamente.


 


OUVIR – Jerome Kern foi um dos grandes compositores norte-americanos e Oscar Peterson um dos grandes pianistas – e organistas - do jazz. Em 1959 o seu trio – que incluía à época Ray Brown no baixo e Ed Thigpen na bateria, meteram mãos a gravar uma colectânea dos grandes temas de Kern, como “A Fine Romance”, “The Song Is You”, “Smoke Gets In Your Eyes” ou “Ol’ Man River”, entre outras. Peterson dedicava-se nessa época a revisitar os grandes compositores populares norte-americanos e este tributo a Jerone Kern é um dos registos desse tempo e um dos melhores trabalhos de Peterson e do seu trio. CD Verve, Universal, na FNAC.


 


PROVAR - Choco frito é uma escolha politicamente incorrecta mas deliciosamente saborosa. A península de Setúbal é a região por excelência deste petisco e das muitas casas que preparam o cefalópode com distinção, merece referência o Retiro do Gama, entre Palmela e Azeitão, em Cabanas, na Quinta do Anjo. Situado à beira da estrada, na Rua Visconde do Tojal 333, o restaurante oferece peixe sempre fresco numa grelha bem trabalhada e, em apuro de cozinha, uma massada do mar e um arroz de lingueirão que têm fama. Nas sobremeses, se não tiver esgotada, experimente a mousse de Moscatel, uma novidade. Reservas pelo telefone 965710693.


 


BACK TO BASICS - Hoje que tanto se fala em crise, quem não vê que, por toda a Europa, uma crise financeira está minando as nacionalidades? – Eça de Queiroz


 


(publicado no Jornal de Negócios de 19 de Agosto)


 
















 

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publicado às 17:12

THRILLER – Nem Dan Brown se lembraria de uma história que consegue juntar uma guerra pessoal entre os donos de dois grupos de media, os serviços secretos e a maçonaria ,  numa teia de interesses, favores e ligações pouco claras com áreas do programa do Governo, como a privatização da RTP, em pano de fundo. Acresce que pelo meio existe uma campanha lançada no twitter, com autores desconhecidos (mas que deixaram rasto), e que atacava uma das partes – Balsemão e a Impresa -  e defendia a outra – a Ongoing e Silva Carvalho, como relatou esta semana Luis Paixão Martins na edição online da Briefing. Nunca a silly season tinha tido uma produção deste calibre.


 


DINHEIRINHO  – Vale a pena lembrar qual foi a actuação do regulador, o Banco de Portugal, quando se percebeu, há uns anos atrás, que o BPN estava com problemas: assobiou para o ar e deixou o poder político fazer o que lhe convinha, como antes tinha fechado os olhos a todas as irregularidades que levaram o Banco à situação em que ficou. Os responsáveis directos continuam por julgar, mas as suas acções já custaram milhões aos contribuintes portugueses. E quem andou a fechar os olhos ao que faziam, como sempre acontece em Portugal, foi premiado com sinecuras no estrangeiro. O custo final do BPN, pago por todos os portugueses, serviria para o Estado pagar o que deve – uma dívida que está a asfixiar a economia e que é um dos mais sérios problemas, sobre o qual, infelizmente, não se vê serem tomadas medidas. Neste assunto há infelizmente dois pesos e duas medidas: ao BPN o Estado pagou logo e aparentemente vai pagar mais agora; mas os atrasos das transferências do Estado para empresas, organismos e instituições continuam, e estão a ter repercussões terríveis.


 


SEMANADA- As falências de empresas portuguesas cresceram 71% no 2º trimestre, ultrapassando a barreira das 2000 nesse período; O BPN foi vendido por um valor que significa aproximadamente 250.000 euros por cada balcão; o Ministro da Economia foi ao Parlamento apontar objectivos mas esqueceu-se de dizer como tencionava atingi-los; não há crise no futebol: Porto, Benfica  e Sporting já gastaram mais de 80 milhões de euros em novos jogadores; os 500 primeiros exemplares do Zé Povinho a fazer um manguito à Moody’s, vendidos a 33 euros cada, esgotaram em uma semana, caso para dizer que as Faianças Bordallo Pinheiro merecem uma subida de notação.


 


CRISE – A novidade da semana é que Obama já não empolga. Bem se esforçou por mobilizar e agitar os seus concidadãos por causa da questão do tecto da dívida norte-americana, mas já não conseguiu e teve que se contentar com a velha política para resolver o problema. Nisto os Estados Unidos e a Europa estão no mesmo barco: liderança fraca, ausência de rumo, falta de criatividade, conformismo resignado.


 


PERGUNTINHA – Agora que já se percebeu que o Tratado de Lisboa foi rasgado aos bocadinhos recordem-me lá em quanto ficou a brincadeira e recordem-me a quem é que o Governo de Sócrates adjudicou as principais fatias da despesa.


 


ARCO DA VELHA – A próxima série do programa «Peso Pesado» já tem 15.000 inscritos.


 


AGENDA – O Festival dos Oceanos conseguiu convencer uma série de instituições lisboetas a, até 11 de Agosto, fazerem noitada. E assim uma trintena de locais como o MUDE, o Museu Colecção Berardo, o Museu do Oriente, O Museu das Marionetas, o Museu nacional de Arte Antiga, o Museu dos Coches e os Jerónimos, o Museu do Azulejo, o Museu do Fado e até o Museu Maçónico, estarão abertos aos visitantes até às 24h00. Todas as informações em www.festivaldosoceanos.com .


 


VER – Até 25 de Setembro o Museu Nacional de Arte Antiga apresenta a exposição «Confrontos: Bosch e o seu Círculo», que coloca o Tríptico das Tentações de Santo Antão, da colecção do MNAA, em confronto com o Tríptico do Juízo Final e o Tríptico das Provações de Job, ambos da colecção do museu de Bruges. A exposição debruça-se sobre as variantes e os traços comuns de processo criativo destes trípticos, com recurso também a exames laboratoriais. É a primeira vez que se juntam, em Portugal, três grandes pinturas de Bosch e do seu círculo, pretexto para uma viagem pelo universo fantástico destas obras do século XVI.


 


LER – Muito boa a edição da revista «Egoísta» de Junho. O tema é o traço que, como bem diz Mário Assis Ferreira, o seu Director, «pode ser um embrião da arte, a hesitação de um gesto um desvendar da alma». Gostei muito dos traços de João Loureiro, de Luis Alves, de Marco Mendes e Rute Reimão e muitíssimo dos de Ricardo Cabral. A revista tem também traços de nomes como Júlio Pomar, Malangatana, Joana Vasconcelos e Henrique Cayatte e surpresas traçadas por José Eduardo Agualusa – além de uma história desenhada por Rodrigo Prazeres Saias. É uma revista quase sem palavras e que usa bem as poucas que imprimiu, como esta frase de Millôr Fernandes, que está logo na primeira página: «Viver é desenhar sem borracha».


 


OUVIR – Henry Mancini foi um dos grandes compositores de bandas sonoras para filmes e séries de televisão, alguém que verdadeiramente lhes deu outro significado. Com Johnny Mercer fez canções como «Days Of Wine And Roses», «Charade» ou «Moon River» ou temas instrumentais como «The Pink Panther», «Peter Gunn», «Dreamsville» ou «Soldier In The Rain». Em 1964 Quincy Jones, então ainda um jovem músico, com 31 anos, juntou a sua banda e pegou nestes e noutros temas, fez novos arranjos e transformou por completo algumas das composições de Mancini. Fê-lo de uma forma brilhante, com o seu enorme  talento criativo concentrado em reinventar o que já era conhecido. O resultado é empolgante, deste a forma como introduziu um inesperado swing em «Moon River», até à maneira como aumenta o ritmo de «Charade» ou à forma divertida e contagiante como passa por «Pink Panther». A Verve/Universal pegou no disco original «Quincy Jones explores the music of Henry Mancini» e voltou a colocá-lo no mercado.


 


PROVAR – A Cantina LX é um bom porto onde rumar nestas noites estivais em Lisboa. Despretencioso e com comida honesta, com um serviço simpático, instalações amplas e confortáveis, é o local ideal para um jantar de amigos – de meia dúzia até duas dezenas sempre se arranja espaço, sem apertões. Na mesa hão-de estar boas azeitonas temperadas, pão fresco mas que pelo sabor parece dos tempos antigos, um prato de vários enchidos assados e uns queijinhos saborosos. A lista tem muitas possibilidades, as propostas do dia são sempre de ter em conta, mas se apanhar asa de raia não hesite. Nos pratos mais ou menos fixos as bochechas de porco preto e as almofadinhas de bacalhau com arroz de amêijoas são escolhas seguras. O vinho da casa apresenta-se bem, mas há uma lista de opções a preços módicos. Dificilmente a conta passará dos 20 euros. A Cantina LX fica em Alcântara, logo à entrada da LX Factory, do lado esquerdo e está aberta de terça a sábado. Aceita reservas no telefone 213 628 238.


 


BACK TO BASICS – A única maneira segura de prever o futuro é inventá-lo (Alan Kay)


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 5 de Agosto)


 


 


 

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publicado às 11:28


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