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MANOBRA DE DIVERSÃO

por falcao, em 31.01.12

A manobra das fontes cavaquistas apareceu como? Quem ficou a ganhar com as notícias? - essa é a melhor forma de procurar a sua autoria. Deixou de se falar da insensibilidade social de Cavaco, não foi?- Aqui fica o meu artigo no Metro de hoje.


 


Os meus estimados leitores terão talvez reparado que em dois dias seguidos, no Sábado e depois no Domingo, dois jornais faziam manchete de notícias que anunciavam divergências entre Cavaco Silva e o Governo, a propósito de políticas sociais. No Sábado o “Expresso” titulava «Cavaco Contra Estado Mínimo de Passos Coelho». E no Domingo o “Público” escrevia «Cavaquistas querem que Vitor Gaspar saia».


 


O “Expresso” dizia que existe uma divisão profunda entre São Bento e Belém, em temas como cortes na despesa sobretudo em áreas como a Função Pública e a Saúde. O “Público” anunciava que cavaquistas consideram o Ministro das Finanças, Vitor Gaspar, como um ultraliberal que estaria a destruir o modelo económico e social construído desde 1974.


 


Se lerem com atenção as notícias publicadas pelos dois jornais repararão que elas reproduzem rumores e não têm uma única citação nova, identificada, que corrobore os respectivos títulos.


 


Durante a semana passada Cavaco Silva foi criticado pela forma como falou dos seus rendimentos e despesas pessoais, transmitindo a imagem de um homem insensível às dificuldades de muitas pessoas no actual clima de austeridade. O seu comportamento levantou um coro de protestos.


Os seus conselheiros acharam que era preciso “tirar as castanhas do lume”.


 


Ora, que fazer quando alguém se colocou na berlinda? A resposta é velha como o mundo – atira-se outro para o mesmo lugar, para se deixar de falar de nós e criar um ruído maior do que aquele que nos atinge.


 


Esta manobra de diversão, com rumores e sem fontes, reverteu o argumento da insensibilidade social para cima do Governo, colocando Cavaco como o paladino das boas causas. Mas só acredita nisto quem quer, é claro. 


 


 


(Publicado no diário Metro de 31 de Janeiro)

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publicado às 11:55

SURDEZ – Uma característica do nosso sistema partidário é a surdez selectiva. Passo a explicar – quando o PS está no poder os seus deputados fazem ouvidos de mercador a tudo quanto são dislates governativos ou de empresas públicas nas mais diversas áreas. Uma vez no Governo o PS tem tendência a deixar que todas as asneiras sejam tapadas pelo grande sol que nos ilumina. Claro que quando o PS passa à oposição todos os movimentos governamentais são suspeitos e as trivialidades anteriores passam a perigosos actos de censura actuais. Claro que o inverso também se aplica ao PSD. Infelizmente os dois maiores partidos não gostam de reconhecer erros nem de reflectir sobre eles e esse é um dos grandes problemas do nosso sistema político. Vivemos na permanente luta entre o mal e o bem, que vão variando conforme os resultados eleitorais – o mal de ontem é o bem de hoje e por aí adiante. O sistema é esquizofrénico e o resultado está dramaticamente à vista. Mesmo em áreas como a Cultura, que devia ser exemplar, o estrago é total - basta ler as extraordinárias intervenções actuais da senhora deputada Inês de Medeiros para me preocupar sobre o que ela andou a conter, provavelmente à custa de calmantes, durante os anos em que o PS desgovernou a pasta da Cultura, num metódico trabalho de criação do caos. Cá para mim alguém deve ter explicado à ex-ministra Isabel Pires de Lima que o caos podia potenciar a criatividade – e vai daí ela atirou-se afincadamente à “caotização” da Cultura, bem seguida aliás pelos seus sucessores na era socrática. O que eu acho curioso é que nessa época a deputada Medeiros tenha andado tão caladinha e agora esteja tão linguareira.


 


ESPECIALIDADE - A revista do “Expresso” publicou na semana passada um trabalho sobre a vida de José Sócrates em Paris. O que retive na memória foi saber que, enquanto aluno numa universidade parisiense, beneficiava de um estatuto especial que lhe permite algumas práticas pouco usuais em matéria de escolha das disciplinas, frequência das aulas e realização de exames. Depois, voz amiga recordou-me: nada de novo com esse regime especial em Paris – por cá, enquanto na Universidade também viveu de regimes especiais desses. Em resumo, trata-se de um aluno especial, com hábitos especiais.


 


CONTAS – Depois das afirmações de Cavaco Silva da semana passada percebe-se bem melhor o estado a que o país chegou. O Presidente da República disse que estaria a ter despesas pessoais superiores aos seus rendimentos e, claro, manifestou-se preocupado. É claro que é extraordinário que um reputado economista decida ele próprio gastar acima do rendimento – mas a afirmação deixa-nos perceber o que tem sido o comportamento dos políticos que nos têm governado: gastar acima das posses, fechar os olhos a este simples facto – o dinheiro não chega para as despesas. Insensibilidades políticas à parte o polémico desabafo do Presidente serviu para ilustrar o que é um comportamento recorrente, uma coisa tão interiorizada que ele próprio achou normal dizê-lo.


 


SEMANADA – Crise força 3300 alunos a desistirem do ensino superior; a reforma da administração local está á espera de decisões do PS; o mercado de trabalho mundial não apresentará sinas de melhoria até 2016; o consumo de combustível caiu 7% no terceiro trimestre; o número de desempregados que não recebe subsídio de desemprego é de 288 mil; O DIAP de Coimbra teve de abrir um inquérito sobre o furto de 77 cêntimos de feijão-verde, num supermercado Lidl. Uma procuradora-adjunta arquivou o caso por se tratar de bagatela, mas o supermercado reclamou, exige julgamento e, agora, o caso ocupa uma procuradora da República; Desligamento do sinal analógico de televisão do emissor da Fóia deixou cerca de 400 pessoas, na sua maioria idosos, sem acesso aos quatro canais de televisão.


 


ARCO DA VELHA –O departamento do Ministério Público, que tem a cargo a criminalidade económico-financeira e ainda os casos mais graves e complexos, trabalhou em 2010 em mais de 700 investigações mas só 20 resultaram na acusação dos arguidos, isto é 2,7%. O DCIAP queixa-se de falta de meios para investigar.


 


VER – Um blog relativamente recente, Acordo Fotográfico, dedica-se a coleccionar imagens de pessoas que gostam de ler livro, no pleno exercício do seu prazer, acompanhado às vezes de uma breve descrição do que estão a ler e porquê. Todoas as fotografias são feitas em locais públicos – na rua, em hardins, em meios de transporte e mostram como um livro é um dos melhores entretenimnentos portáteis. Pode espreitar aqui: acordofotografico.blogspot.com .


 


LER – A edição de Fevereiro da revista “Monocle” é dedicada ao poder da atitude na negociação: sorrir, ser honesto, ser verdadeiro, ser amigável e ser gentil são as recomendações da «Monocle» que elege a palavra “charm- encanto” como a chave para os novos tempos. Outros temas em destaque são a cidade chinesa de Harbin, no norte da China, que está a ter um enorme desenvolvimento, a riqueza petrolífera do Gana e a transformação que a cidade brasileira de Santos está a viver.  A presença portuguesa cabe a Rui Rio que numa curta entrevista explica a importância da reabilitação da baixa do Porto. E uma das escolhas do mês para a “Monocle” é o restaurante «Book», do grupo Lágrimas, concebido pelo arquitecto Pedro Trindade. A grande entrevista vai para a mayor de Houston, que na cidade do estado do petróleo, o Texas, apostou nas energias renováveis e nas minorias. Annise Parker, uma lésbica assumida há mais de duas décadas, tem uma agenda de mudança e tolerância inesperada para uma cidade como Houston e a sua actuação está a ser estudada por todos os que seguem a forma como as cidades podem ser governadas. Para seguir o tema de capa, do “charm-encanto”, a Monocle escolhe os dez locais mais encantadores – de um comboio a um edifício de escritórios, passando por ruas, cidades, hotéis, restaurantes e cafés. A cidade escolhida foi Hamburgo, o Hotel foi o Fasano, em São Paulo, e o restaurante a Osteria della Viletta, numa pequena cidade perto de Milão. Finalmente o suplemento do mês é um excelente guia de viagem ao Japão, que se recomenda a todos os que planeiem uma viagem a oriente. Diz quem conhece o Japão que este é dos melhores guias práticos que se podem encontrar. Só por curiosidade, esta é a edição 50 da «Monocle», cada vez mais indispensável.


 


OUVIR – Esta semana é impossível não pensar em pegar num disco de Etta James e deixarmo-nos contagiar pela força da sua voz. “Peaches”, como ela era conhecida, dedicou a sua carreira a cantar blues e jazz, e depois gospel,  desde o seu primeiro álbum, de 1961, «At Last», ainda considerado um dos seus grandes discos – e que no ano passado teve uma belíssima edição com remasterização digital. A década de 60 foi a da sua afirmação, com outros discos notáveis como «The Queen Of Soul», «Call My Name» ou um registo gravado ao vivo, incontornável, «Etta James Rocks The House». Destaque ainda para «Mistery Lady: The Songs Of Billie Holiday» e para o seu derradeiro disco, de Novembro do ano passado, «The Dreamer». Todos os registos estão disponíveis na Amazon e muitos no iTunes. Se quiserem uma boa compilação das suas grandes interpretações, escolham «The Essential Etta James», uma bela compilação de 2010 que tem sido a minha companhia nestes dias.


 


PROVAR – Sabem o que são alcagoitas? Não se assustem – alcagoita é o termo popular e bem português para amendoim, mas também uma marca bem posta à genuína manteiga de amendoim produzida em Portugal, no caso no Algarve, por António Rosa, a partir de amendoins de cultura biológica. A iguaria faz um belo lanche, pode ser barrada num bolo do caco ilhéu e é um bom desafio como condimento de alguns molhos. A manteiga de amendoim Alcagoita pode ser comprada em Lisboa na já incontornável Mercearia Criativa, Avenida Guerra Junqueiro 4ª – sim, a mesma que tem aquela tarte de amêndoa….


 


BACK TO BASICS – De uma escorregadela na rua recupera-se com facilidade; mas uma escorregadela na língua dificilmente é esquecida – Benjamin Franklin 

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publicado às 12:00

Coincidências e Estranhezas

por falcao, em 25.01.12

COINCIDÊNCIAS - Eu não quero lançar suspeitas vãs, mas acho uma extraordinária coincidência que logo a seguir a um convívio, em jeito de almoço, ocorrido em Lisboa, entre José Sócrates e alguns dos seus fiéis, um grupo de deputados do PS, considerados muito próximos do ex-Primeiro Ministro, tenha avançado com um pedido de fiscalização sucessiva do Orçamento, por iniciativa individual e à revelia do grupo parlamentar socialista. Mais curioso ainda é que, até ao momento em que escrevo, a Direcção desse grupo parlamentar continue silenciosa sobre o tema, que aliás em termos práticos ilustra a vontade de sectores do PS romperem com o acordo que subscreveram com a troika – retomando assim o que era o desejo profundo imposto por Sócrates na sua obstinação de não reconhecer a realidade. Esta iniciativa de alguns deputados, que se esconde debaixo de uma candura do direito constitucional, é, no fundo, apenas uma manobra de baixa política. De uma assentada cria-se um bloco interno, organizado, a demarcar-se de todas as medidas de austeridade, sem, evidentemente, propor nenhuma alternativa. Ali estão os suspeitos do costume – Vitalino Canas, Alberto Costa, Fernando Serrasqueiro, o sempre fiel José Lello e o iluminadíssimo Sérgio Sousa Pinto, entre outros. Tudo isto acontece ao mesmo tempo que Teixeira dos Santos, de regresso à Universidade, admite, contrariando o pensamento de Sócrates, que a ajuda externa devia ter sido pedida logo em 2010 e reconhece que não existe alternativa ao que está a ser feito. Ouvimos isto e ficamos a ver os pândegos do costume, que levaram o país ao estado onde está, a dizerem alto e bom som que querem que as coisas piorem ainda mais e que nada se faça para resolver os problemas que existem – esse é o sentido único da iniciativa dos apaniguados socráticos. De Seguro e Zorrinho não se sabe o que pensam nem o que dizem. Estão encolhidos a um canto a ver se passam na chuva sem se molharem.


 


ESTRANHO - A RTP nomeou um Director-Geral, Luis Marinho. Conheço o nomeado há muitos anos, trabalhei com ele em várias ocasiões e tenho muito boa impressão dele, além de uma relação cordial. Por isso mesmo nada do que a seguir escrevo significa qualquer dúvida em relação à pessoa. Acontece, no entanto, que esta nomeação está ferida de um pequeno problema – o cargo de director-geral da RTP não está previsto no quadro legal da empresa (desde a Lei da Televisão – na parte que incide sobre a televisão pública - até aos contratos de concessão) e isso não é por acaso. Na última revisão da Lei o assunto foi debatido e a opção dos legisladores foi no sentido de não criar esse cargo, para evitar um conflito de interesses entre as áreas da informação e da programação e para manter a autonomia dos respectivos directores, como a Lei estabelece. Acontece que o novo Conselho de Administração da RTP, que continua a fazer mudanças estruturais mesmo sem saber o que se vai passar a médio prazo, optou por criar uma situação em que irá ter um Director Geral, que obviamente reporta ao Conselho de Administração e recebe as suas orientações, e que terá por missão dirigir o trabalho das diversas direcções de conteúdos da RTP. E é aqui que está o problema – os directores das áreas de conteúdos, seja na informação ou na programação, são supostos terem independência em matéria editorial em relação à Administração e não receberem instruções nessas áreas – é isso que está na Lei. Eu duvido que o Director Geral vá apenas controlar orçamentos, meios de produção e emissão. E não consigo perceber como a ERC concorda com uma nomeação neste enquadramento e nestas condições. Como bem disse Eduardo Cintra Torres numa recente audição parlamentar, a ERC «funciona em roda livre e tem sido muito negativa, no modelo actual, para o serviço público de televisão».


 


GASTRONOMIA – Em honra ao ministro Santos Pereira esta semana não falo de petiscos. Fico-me pelos seus pastéis de nata e pelo frango no churrasco – que de um dia para o outro se tornaram na chave para o desenvolvimento da economia portuguesa. É pena que o Santos Pereira ainda não tivesse saído da casca quando no ano passado houve a votação das maravilhas da gastronomia portuguesa – outros resultados teriam certamente surgido. Mas adiante: o cómico caso dos pastéis de nata a servirem de sobremesa ao frango só revela que este ministro é mais rápido a lançar uma piada do que a anunciar medidas concretas. Se num qualquer cidadão isto se aceita, num Ministro da Economia já não. Dizem-me que o homem aterrou num Ministério onde, em vez de uma equipa, lhe puseram ao colo um saco de gatos. Tudo isto pode ser verdade, mas não explica a tentação de Santos Pereira pela metáfora. Esta semana – dizem-me que apesar dele – foi fechado o acordo de concertação social. É melhor notícia que o sururu pasteleiro.


 


SEMANADA – Num julgamento de uma caso de violação a juíza-desembargadora Eduarda Lobo, saíu-se com esta pérola na sentença:  "agarrar a cabeça (ou os cabelos) de uma mulher, obrigando-a a fazer sexo oral, e empurrá-la contra um sofá para realizar a cópula não constituíram actos susceptíveis de serem enquadrados como violentos"; o Provedor de Justiça questionou a EMEL sobre a legalidade de algumas taxas que aplica; Pastelaria Nobreza de Braga já exporta dois milhões de pasteis de nata ultra congelados por ano.


 


ARCO DA VELHA – Seguro dos bombeiros não cobre queimaduras.


 


PALAVREADO – «Nunca ocorre ao Dr. Soares: os políticos de agora são uma desgraça porque têm de lidar com as desgraças que os grandes europeístas do passado nos legaram» - João Pereira Coutinho, no “Correio da manhã”


 


VER – Laurie Anderson diz que caminhamos para um mundo em que a visita aos museus e o consumo de várias formas de arte vai depender apenas do próprio indivíduo e da forma como ele consegue utilizar a tecnologia ao seu alcance. Os bons sites de museus já possibilitam uma experiência que vai para além da informação de agenda. Proponho que visitem o site www.guggenheim.org e que explorem o seu potencial – nomeadamente clicando na parte referente à exposição de Maurizio Castellan que ocupa a rotunda do célebre edifício do museu. Poderão ver um vídeo que mostra o making off de uma fantástica exposição que interpreta de forma muito pessoal as últimas décadas.


 


LER - A edição de Janeiro da revista britânica "Wallpaper" tem como tema destacado os alunos recém formados nas principais universidades mundiais e que já estão a deixar a sua marca de criatividade em áreas como o design, a arquitectura, a moda, o grafismo, a fotografia e turismo, por exemplo. São dezenas de pessoas que já concretizaram uma ideia, algumas que já a aplicaram em produção industrial, outras que decidiram mudar de vida e fazer aquilo que gostam - desde um art director que resolveu fazer uma padaria muito especial até um agente de músicos que largou os palcos e se concentrou num pequeno hotel. Outros pontos em destaque na revista são um belíssimo dossier sobre algumas das melhores e mais confortáveis cadeiras que se podem encontrar no mercado, uma reportagem sobre os bastidores criativos de Nova York, um especial sobre a moda austríaca e um guia dos novos talentos em duas cidades espanholas - Valencia e Barcelona.


 


OUVIR – Anders Holst é um sueco, cantor de jazz, que vive em Nova York desde há algum tempo, ocupação difícil para um estrangeiro na cidade do «Blue Note» neste tempo em que toda a gente acha que o jazz vocal e o soft jazz são meio caminho andado para o reconhecimento. Há uma explicação para isto : o grupo etário que gosta do género ainda compra mais discos do que faz downloads. A situação levou a que o outrora quase deserto território do jazz vocal se tenha transformado num local apinhado, as mais das vezes com muito pouco talento pelo meio. Acontece que não é o caso de Holst, que há dois anos não lançava um disco novo. Este CD que editou já no final de 2011, «Soho Suite», tem sido apontado como o seu melhor trabalho de sempre. Todas as composições são da sua autoria ou co-autoria, à excepção de uma, os arranjos conseguem evitar as complicações que grande parte dos discos de jazz vocal tem nos últimos tempos e o resultado é um bom trabalho, bem tocado (na maioria por músicos suecos), muito bem cantado. (CD UOM/Amazon)


 


BACK TO BASICS – A insanidade, em indivíduos, é relativamente rara; mas é a regra em grupos, partidos, nações e épocas – Friedrich Nietzche 


 


(Publicado no Jornal de Negócios de dia 20 de Janeiro)

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publicado às 15:22

AS DIFICULDADES DO SR. SILVA

por falcao, em 25.01.12

Eu imagino que a vida de Presidente da República deva ser dura. Ainda mais dura quando às funções oficiais se junta o treino de equilibrismo.


 


Também sei que é tão mal paga que o actual ocupante do Palácio de Belém optou por não receber como Presidente da República porque a sua reforma era melhorzinha que a remuneração presidencial.


 


Mas como há uns dias atrás o Presidente da República se veio queixar da sua reforma e disse que não devia dar para as suas despesas fixas, imagino que o ordenado de Presidente da República seja mesmo uma coisa modesta – tanto mais que o único número de que Cavaco Silva falou foi 1300 euros.


 


Eu às vezes interrogo-me sobre a percepção que alguns políticos têm do ridículo de afirmações que fazem. Se tivessem os pés na terra poderiam evitar dizer tantas asneiras e meterem-se em alhadas sucessivas.


 


Saberá o Presidente da República qual o salário médio dos portugueses? Terá ideia de quanto desconta para a previdência social um jovem acabado de licenciar e a fazer um estágio a recibos verdes pelos mínimos? E terá coragem de dizer a este jovem para continuar a descontar em nome de uma reforma que em boa verdade não sabe se alguma vez vai receber?


 


As afirmações do Presidente Cavaco Silva são uma séria machadada na já desgastada imagem dos políticos portugueses. Por estas e por outras é que apenas 56% dos portugueses acredita que a democracia é o melhor sistema político. Nós, por cá, não temos elites políticas. Temos apenas ocupantes temporários de instituições, demasiado ocupados a gerirem os seus poderes e a recompensarem os seus apoios. As dificuldades de que o Sr. Silva se queixa são o retrato dos dirigentes que temos.


 


(Publicado no diário Metro de 24 de Janeiro)

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publicado às 15:17

EMEL ALVO DO PROVEDOR DE JUSTIÇA

por falcao, em 17.01.12

O Provedor de Justiça, Alfredo José de Sousa, dirigiu uma recomendação à Câmara Municipal de Lisboa, pondo em causa as taxas praticadas pela EMEL para a atribuição de um segundo e terceiro dístico por habitação. Actualmente a EMEL cobra o valor anual de 12 euros pelo primeiro dístico de uma habitação, 30 pelo segundo e 120 pelo terceiro e é esta disparidade de valores que é posta em causa. Segundo o Provedor de Justiça, que agiu após queixas de munícipes, dos regulamentos municipais de estacionamento não consta «justificação alguma para o valor desta taxa ou sequer para o seu agravamento», o que está em contravenção com o Regime Geral das Taxas das Autarquias Locais.


 


«A Câmara de Lisboa pode ver-se confrontada com um pedido de declaração de nulidade dos Regulamentos Municipais de Estacionamento nas Coroas Tarifadas, e dos Regulamentos Municipais das Zonas de Acesso Automóvel condicionado» - afirma o Provedor.


Na sua recomendação Alfredo José de Sousa afirma ainda ter reservas pelo facto de as taxas não terem em conta a extensão dos agregados familiares.


 


Esta posição do Provedor de Justiça chama mais uma vez a atenção para o enquadramento em que a EMEL se move – pelos vistos mais uma vez abusivo.


 


Ao longo dos anos o comportamento da EMEL tem sido um somatório de prepotências, algumas ilegalidades e enorme desprezo pelos munícipes – que são tratados como criminosos logo à partida. Nem sequer o argumento de que a EMEL disciplinaria o estacionamento é efectivo – a EMEL não ajuda a resolver o maior problema que é a dupla fila de estacionamento mas é muito rápida a actuar quando há um pequeno atraso ou falta um bilhete de parquímetro. Eu, por mim, desejo o dia em que a EMEL seja extinta.


 


(Publicado na edição de hoje do diário Metro)

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publicado às 16:50

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por falcao, em 13.01.12

INSEGURANÇA – Esta insegurança de que aqui falo hoje não tem a ver com a onda de assaltos, ou carjacking, ou roubos de caixas multibancos. Tem a ver com a onda de insegurança provocada por uma política de comunicação que, em vez de gerir expectativas e procurar criar um sentimento positivo, cria angústias e atira as pessoas ainda mais para baixo do que já estão. O início da semana foi marcado por afirmações de que estariam para chegar mais medias de austeridade, que o Orçamento de Estado, cuja execução começou há menos de meio mês, já tem potenciais desvios que não teriam sido calculados e que, assim sendo, havia que procurar mais receitas para tapar esses desvios. Para a praça passou a ideia de que Vitor Gaspar afinal não era perfeito e que também se enganava a fazer as contas. Com o seu ar de sempre o próprio veio dizer que as causas indicadas não provocarão medidas adicionais de austeridade, mas disse-o de uma maneira que deixou um portão escancarado para que surjam outras quaisquer medidas de austeridade. A palavra austeridade está no ponto em que provoca medo. Todos os dias desta semana surgiram notícias de redução de postos de trabalho em empresas privadas de razoável dimensão; outras preparam-se para fazer cortes salariais. E no Estado, quando se começa a cortar a sério? O maior problema de comunicação deste Governo é que as suas únicas estratégias conhecidas baseiam-se em austeridade e mais impostos. Para além da dívida, não se vê uma estratégia, um objectivo, um plano e a forma de o executar. Se existe, não é comunicado.


 


ISCO – Qualquer pescador sabe que sem isco a pesca é curta e o peixe que se apanha não é do melhor. O quadro fiscal português, em matéria de captação de investimento externo, é um anzol enferrujado e sem isco. Nas últimas semanas percebeu-se, até em empresas portuguesas, como o quadro fiscal é tão confuso e mutante, que quem pode vai daqui para fora. Mas os problemas não se esgotam no quadro fiscal – os atrasos na justiça e a burocracia também demovem os mais audazes. Volta e meia, para alguns projectos pontuais considerados estratégicos, lá aparecem uns incentivos especiais. Isto não chega – não se vai conseguir captar investimento reprodutivo, criar emprego e desenvolver a economia com um anzol neste estado catastrófico. Cada vez que um investidor estrangeiro olha com atenção para Portugal devem-lhe vir à mente estas palavras de uma canção dos Rádio Macau : “Eu não sei, se hei-de fugir / Ou morder o anzol / Não há nada de novo aqui/ Debaixo do sol”. 


 

PROBLEMAS – Quem aterrasse em Portugal na última semana acharia que o maior problema de Portugal está na Maçonaria. Como todos sabemos, mesmo havendo comportamentos estranhos em algumas figuras ligadas à Maçonaria, não é esse o nosso maior problema. Claro que o secretismo que continua a ser cultivado à volta da organização não ajuda a melhorar as coisas. Já muita gente escreveu sobre a origem da Maçonaria – mas actualmente o problema reside na sua falta de capacidade de adaptação a uma sociedade aberta e transparente, onde o escrutínio de pessoas e actos se tornou corriqueiro. Um comunicado publicado nestes dias nos jornais pela Maçonaria é um exemplo acabado do desajustamento em relação ao tempo – a generalidade das pessoas simpatiza com os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Mas de há três séculos para cá estes ideais tornaram-se pensamento corrente nas sociedades contemporâneas – já não é uma elite que os promove, é antes a sociedade que, em nome desses princípios, gostaria que não houvesse favorecimentos de qualquer espécie. Os sectores mais retrógrados e conservadores da Maçonaria dizem que estão a ser vítima de uma perseguição igual à do tempo de Salazar. Ninguém consegue levar isto a sério. Nada disto surgiria se algumas pessoas não tivessem tido comportamentos públicos difíceis de aceitar, independentemente de credos, simpatias ou devoções. Se a própria Maçonaria tivesse tido mais cuidado com aqueles que utilizam o seu nome, se tivesse sabido adequar-se aos tempos, se se mostrasse mais desinteressada dos poderes passageiros, talvez estivesse a ser elogiada em vez de acusada. Os problemas só se tornam públicos numa organização quando ela não é capaz de os resolver internamente. Por razões familiares e de educação habituei-me a ver os maçons como um exemplo de honestidade e integridade. Mas a imagem que nos últimos tempos tem passado não é bem essa – e o problema reside aí, não no regresso ao passado.


 


SEMANADA – Crédito à habitação caiu para menos de metade em 2011; venda de música caiu 38% no 1º semestre de 2011; Daniel Ortega tomou posse como Presidente da Nicarágua com o venezuelano Hugo Chavez e o iraniano Mahmoud Ahmadinejad a apoiá-lo; A PSP admitiu não ter carro para patrulhar centro histórico do Porto; Soares quer país a bater o pé à troika; ritmo de destruição de emprego vai duplicar em 2012.


 


ARCO DA VELHA – Os funcionários do Banco de Portugal vão manter em 2012 os subsídios que outros trabalhadores do Estado vão perder.


 


PALAVREADO – «Vamos todos pagar implantes mamários» – título no Jornal de Notícias de dia 10.


 


VER – Ora aqui está uma semana cheia de ideias visuais. Começo por elogiar a mais recente edição da revista Egoísta, sob o tema “Viagem” onde a fotografia ocupa um lugar preponderante (declaração de interesse: publicam um portfolio de instagrams minhas). Graficamente este número da “Egoísta” esta um achado – ainda bem que por cá se fazem revistas assim. A seguir, ainda na fotografia, elogio a ideia da renovada grelha da TVI24 em fazer um programa semanal, de 15 minutos, que tem a fotografia como tema. A responsabilidade é de Luiz Carvalho, o programa chama-se «Fotografia Total» e vai para o ar ao Domingo, às 11h45. E finalmente deixo aqui já o aviso que na próxima semana, a partir de dia 19, vai estar patente na Sociedade Portuguesa de Autores uma exposição dedicada á obra de João Ribeiro, um dos mais importantes fotojornalistas portugueses da última metade do século XX.


 


OUVIR – Nunca é fácil escrever sobre um disco póstumo – é um objecto que fica a meio caminho entre o testamento e o abutre, incómodo em ambas as situações. Hesitei um bom bocado antes de escrever sobre «Hidden Treasures», de Amy Winehouse, mas a única conclusão possível, depois de ter ouvido o CD várias vezes, é que ele é uma prova do grande talento que Amy Winehouse tinha, da sua enorme capacidade de interpretar canções – suas, mas também clássicos que ela aqui recria, como «Our Day Will Come», «Will You Still Love Me Tomorrow», «Valerie», «The Girl From Ipanema», ou «Body And Soul» (este um dueto com Tony Bennett) e «A Song For You». Mas para além destas versões há vários temas da própria Amy Winehouse, e tenho que referir aqui «Like Smoke», uma prova do seu enorme talento também de compositora. É engraçado notar que um disco póstumo assim, que mistura novas versões de temas originais da autora, com temas inéditos e versões de temas de outros autores acaba por ser a prova do talento multifacetado de Amy Winehouse. E, nessa medida, por ser uma homenagem que ela bem merece.


 


PROVAR – Se quiserem um petisco para uma das tardes de fim de semana procurem a conserva de escabeche de frango com essência de figo, preparada no Porto e vendida em Lisboa na Mercearia Criativa (Av Guerra Junqueiro 4A) experimentem-na com um bom pão, como o de Castro Verde que também lá se vende. E no fim rematem com a Tarte (de amêndoa).


 


BACK TO BASICS – Uma viagem de mil milhas começa com o primeiro passo – Lao Tse.


 


(Publicado no Jornal de Negócios de dia 13 de Janeiro)

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publicado às 17:57

Uma Cidade Abandonada

por falcao, em 13.01.12

Não é embirração minha, mas acho que Lisboa está cada vez pior, cada vez mais mal governada, cada vez mais abandonada. Daquilo que leio nos jornais, na Câmara Municipal vai uma confusão, com os vereadores da maioria cada vez mais afastados. Na realidade a actual maioria só existe pela necessidade de manter o poder e sem nenhum espírito de dever ou de serviço para com os munícipes.


 


Hoje já é claro que não há um projecto comum, que a agenda de Helena Roseta é uma, a de José Sá Fernandes é outra, a de Nunes da Silva é outra ainda, a de Manuel Salgado é variável e a de António Costa é um mistério. Olha-se para o executivo e não se vê actividade palpável, daquela que se sente nas ruas, no conforto dos cidadãos. Torna-se cada vez mais evidente que António Costa está sentado na Câmara com o olhar apontado ao Largo do Rato. O problema é que somos nós a pagar este exílio partidário.


 


Uma situação destas tem consequências terríveis em Lisboa, que está cada vez mais desconfortável, frequentemente suja, inóspita para os seus habitantes. António Costa está desde 2007 na Câmara Municipal de Lisboa, há quatro anos, portanto – o tempo de um mandato inteiro. Nas eleições prometeu mundos e fundos mas nem sequer o equilíbrio das contas, que garantia ir conseguir em dois anos, conseguiu nestes quatro que já leva.


 


À sombra de António Costa, a cidade definha, deixou-se instrumentalizar pelo Governo anterior em projectos absurdos, e deixou de ter objectivos. Lisboa não apostou na reabilitação urbana, nem no combate à desertificação ou no desenvolvimento económico. É uma cidade parada, estagnada, que continua a perder habitantes e qualidade de vida.


 


(Publicado no diário Metro de 10 de Janeiro)

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publicado às 17:54

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por falcao, em 06.01.12

TDT  – Todo o processo da Televisão Digital Terrestre é um grande mistério. As premissas técnicas são conhecidas há anos, as possibilidades idem, a data de implementação também. Demorou-se tanto tempo no processo, registaram-se tantos avanços e recuos, anulações de concursos, alterações de condições, que finalmente se tornou no nado-morto a que estamos a assistir. Arons de Carvalho, agora na ERC, estranha tudo o que se passou e lembra que o desenho do serviço público de televisão poderia ser outro, se a TDT tivesse evoluído de outra maneira. Mas ele próprio foi membro do Governo de Guterres, onde se registaram alguns dos problemas que levaram onde estamos, depois bem continuados pelos governos seguintes, sem excepção. O que vai existir em Portugal é uma TDT mitigada, com menos potencial técnico, a que só aderirá quem não tiver condições para ter linha de telefone fixo ou serviço de televisão por subscrição. O que se passa é uma anedota – e a Anacom, responsável de facto pelo processo, devia ser investigada para se saber como aqui se chegou. Quer-me parecer que estamos perante mais um daqueles casos, tão usuais em Portugal, em que toda a gente se queixa e protesta mas nunca se apuram responsabilidades.


 


TELEVISÃO -  Os dez programas de televisão mais vistos em 2011 foram todos de futebol, com predomínio para os jogos da selecção nacional. A TVI liderou em novelas e reality shows, mas a informação foi da RTP. A SIC conseguiu voltar ao segundo lugar e o conjunto dos canais do cabo estabeleceu-se como uma alternativa seguida por um quarto dos espectadores com acesso ao serviço de televisão por subscrição, praticamente já 70 por cento do total do universo.


 


INESPERADO - O caso Pingo Doce/Soares dos Santos mostra três coisas: em primeiro lugar, quem tem discursos moralistas, como o patriarca do grupo, deve ter cuidado com as acções que toma, ainda por cima quando fez há pouco tempo uma campanha publicitária a gabar-se do seu nacionalismo para tentar captar a simpatia de quem prefere comprar português; em segundo lugar, quem faz Fundações que beneficiam de vantagens fiscais na sua actividade podia ser coerente, em relação aos benefícios que recebe numa actividade, no resto dos seus comportamentos e actividades; e, finalmente, quem toma decisões como a que levou o capital do grupo para a Holanda, devia pensar na sua comunicação antes, para depois não vir com discursos atabalhoados – este é um exemplo perfeito de tudo o que não se deve fazer à imagem de uma marca. Quanto ao resto – cada um gere como entende, convém é manter alguma coerência entre as palavras e os actos.


 


AUDIOVISUAL – Como se adivinhava desde a catastrófica gestão de Gabriela Canavilhas na Cultura, o Instituto do Cinema e do Audiovisual não tem condições para abrir novos concursos de financiamento à produção. Na origem desta situação está a forma como foi construído o FICA (Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual), por iniciativa da então Ministra Isabel Pires de Lima; paralisado quase desde o início, o FICA viu a sua situação agravar-se durante o consulado Canavilhas, que acabou por sair do Ministério sem tomar nenhuma medida sobre o assunto. Na prática o FICA está de existência suspensa e esta é uma boa altura para repensar todo o edifício dos apoios à produção de obras audiovisuais, adequando-o à realidade dos tempos, mas também, se possível, traçando uma estratégia que estabeleça prioridades e objectivos e não se baseie apenas, como infelizmente tem acontecido, em critérios sempre subjectivos de avaliação de interesse artístico. Esta falência do FICA pode ser a oportunidade de ouro para iniciar uma mudança séria e profunda em toda esta área.


 


TELEFONE – Se há um mês me dissessem que iria passar uma semana sem telefone teria ficado um bocado nervoso. Desde que existem telemóveis nunca me tinha acontecido ficar mais do 24 horas sem o aparelho funcionar. Mas desta vez, numa viagem, o cartão SIM desmagnetizou-se, talvez num dos sistemas de segurança dos aeroportos, e lá fiquei se poder telefonar – felizmente que há wi-fi e que graças ao iPhone conseguia contactar e ser contactado por email. E, tirando não ter recebido a tempo os SMS a desejar Bom Ano, tudo o resto funcionou perfeitamente só por email. Nestes dias sem telefone li, no New York Times, um interessante artigo que espelha este consumo de transmissão de dados e de redes wi-fi – os grandes operadores de cabo norte-americanos, que são também os grandes fornecedores de ligações de internet aos seus clientes, estão a contratar técnicos cada vez mais qualificados - é que dantes bastava esticar o cabo e ligar o aparelho à televisão e agora, quando se faz uma instalação numa casa, é preciso ligar a televisão, mas também criar uma rede wi-fi que alimente os diversos computadores, os  tablets, as consolas de jogos e os smartphones – às vezes mais de uma dezena de aparelhos diferentes. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades – o que é giro é que o falar é cada vez mais substituído pelo escrever. Tem a sua graça…


 


SEMANADA – Os clubes de futebol profissionais devem 33 milhões de euros ao fisco; uma instituição religiosa que foi burlada pelo BPN vai ser ressarcida com dinheiro dos contribuintes; o Parlamento começou o ano debaixo de uma polémica sobre os serviços secretos e a maçonaria; 376 cursos universitários fecharam por falta de alunos; na última semana de Dezembro, antes da entrada em vigor do novo Orçamento de Estado, aumentou o número de empresas portuguesas que se exilaram na Holanda.


 


ARCO DA VELHA – Na noite de fim de ano, em Albufeira, dois militares da GNR, de folga, alcoolizados, provocaram um atropelamento e em seguida tentaram pôr-se em fuga e simular que nenhum era o condutor.


 


PALAVREADO - «Dos outros Ministros, não me lembro» - Vasco Graça Moura, no seu balanço do ano, depois de deixar elogio a Vitor Gaspar, Paulo Macedo e a Nuno Crato.




LER – A edição norte-americana da revista «Wired» de Janeiro dá a sua capa ao papel das redes sociais nas movimentações políticas e nos protestos, um pouco por todo o mundo. Bill Wasik, o autor do artigo, começa por fazer notar um paradoxo: «a tecnologia pessoal do século XXI – os nossos laptops, tablets, smartphones, browsers e aplicações – fazem tudo o que é possível para nos manter afastado de multidões», desde fazer compras a conhecer novas pessoas ou estabelecer relações. A questão é como se passa deste patamar para a organização de acções colectivas. Vale a pena ler. Outro artigo imperdível desta edição é «Slumdog Economics», uma entrevista com Robert Neuwirth, autor do livro «Stealth Of Nations: The Global Rise of the Informal Economy». A esta economia informal chama o autor o «Sistema D», e afirma que ele existe um pouco por todo o lado, e que, na sua opinião, desenvolve o empreendedorismo, cria emprego e alivia os custos dos Estados mesmo que pouco contribua em impostos. O «Sistema D» movimentará cerca de 10 triliões de dólares por ano e, se fosse um país, seria a segunda maior economia, logo depois dos Estados Unidos. Fascinante e a dar que pensar, mesmo que Vitor Gaspar e os burocratas europeus fiquem com os cabelos em pé só de pensar nisto.


 


OUVIR – Começo o ano com um regresso ao jazz, neste caso a um grupo de músicos brasileiros radicados nos Estados Unidos, que trabalham com o norte-americano Erik Charlston – os JazzBrasil. O disco é uma homenagem ao grande Hermeto Pascoal, de quem interpretam seis temas históricos – os outros dois incluídos no álbum são «Frevo Rasgado» de Egberto Gismonti e «Paraíba», de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, este o único tema cantado. Realce para os arranjos e para a qualidade da interpretação musical e para a forma como o vibrafonista Erik Charlston dirigiu as operações e obteve um resultado invulgar. CD Sunnyside, na iTunes.


 


PROVAR – Tenho um gosto especial por pequenas cervejarias de bairro, simples, despretenciosas, que não se metam em cavalarias demasiado altas e que tenham um serviço simpático e um preço sensato. Está-se mesmo a ver que  esta descrição está feita de propósito para não incluir esse anacronismo que é a Cervejaria da Esquina, em Campo de Ourique. Em contrapartida, assenta às mil maravilhas numa pequena cervejaria de Campolide que tem o natural nome de «Paladares do Mar». Fica na Rua marquês da Fronteira nº173, e tem o telefone 210 505 038. Bifes muito recomendáveis, cerveja impecável, marisco fresco e variado. E uma decoração confortável e simpática.


 


BACK TO BASICS – A adversidade desperta em nós capacidades que, em circunstâncias favoráveis, teriam ficado adormecidas  (Horácio)


 


(Publicado no JHornal de Negócios de 6 de Janeiro)


 

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