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ESTADO DA NAÇÃO

por falcao, em 28.02.12

Hoje vou dedicar esta crónica a títulos de primeira página de jornais. Acho que ajuda a dar um retrato do país. Mostra como os jornais são importantes para relatar o que se passa – para perceber as manobras de contra informação e para ir mostrando os podres vários que grassam neste rectângulo à beira-mar plantado. Habituem-se a passar numa banca de jornais e a ler as capas dos jornais. Vão ver que têm uma ideia diferente daquela que sai dos telejornais.


 


O Expresso deste sábado fazia-se porta-voz de uma informação muito conveniente para Belém: «Polícia travou visita de cavaco (à António Arroio) por temer agressão». Este teria sido o tal impedimento de última hora. Com esta bela manchete a decisão de evitar a manifestação deixou de ser do Presidente e passou para a Polícia. Dá jeito, não é?


 


O «Correio da Manhã» de ontem afirmava que a «GNR empresta milhões a militares falidos» e dizia que o serviços sociais da corporação prevêem conceder 12 milhões de empréstimos este ano, cerca de um milhão por mês. Dá que pensar. No mesmo jornal transcreve-se uma conversa telefónica do ex-Primeiro Ministro com o Reitor da Universidade onde fez um curso, dizendo que «Sócrates nem sabe que fez um trabalho final». Ainda no mesmo jornal há outro título que salta à vista: «Triplicam acusações pelo crime de corrupção».


 


O «Diário Económico» chamava a atenção para o facto de, agora os «Contribuintes que pagam IVA (serem) obrigados a ter email nos CTT». Quer dizer, o Estado resolve onde podemos ter morada electrónica e onde não podemos – obrigando-nos a ter mais uma caixa para visitar onde, aposto, as más notícias serão dominantes.


 


No «Diário de Notícias» o «Procurador Geral da República admite que não consegue cumprir a lei de combate ao crime». No sábado, o título do mesmo jornal era «Só um em cada 40 jovens ganha mais de 900 euros».


 


Querem melhor retrato de um país do que aquele que é deixado por estes títulos?


 


(Publicado no diário Metro de 28 de Fevereiro)

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publicado às 15:17

CULTURA - «Em tempos de crise, qual o papel da arte e da cultura? – este é o debate proposto pelo ministro Dinamarquês da Cultura, uma iniciativa no âmbito da Presidência da Comunidade Europeia, que a Dinamarca agora exerce. Uffe Elbaek, o Ministro dinamarquês, convidou um grupo de 12 personalidades, provenientes de diversas áreas académicas e profissionais, mas com uma ligação clara a diversas áreas da criatividade, seja na actividade artística ou na cultura. O desafio que foi colocado a este grupo vai ser escrever um manifesto, a divulgar em Junho, sobre como o sector cultural e criativo pode ser fulcral na criação de energia em época de crise. O grupo é constituído por um arquitecto espanhol, um coreógrafo sueco, um especialista em design industrial britânico, um artista dinamarquês, um gestor cultural belga, um representante das Nações Unidas, um historiador libanês que já dirigiu actividades da fundação Ford, um director do Museu Britânico, um fotógrafo nepalês, um ex-governante e jornalista esloveno da  área cultural, e um produtor audiovisual independente dinamarquês. Nenhum dos nomes é de alguém terrivelmente conhecido. Mas todos são activos nas suas actividades profissionais, têm responsabilidade em instituições e empresas, O ecletismo da escolha e o facto de ter cidadãos de países não europeus (como o Líbano ou o Nepal) é bom um sinal de abertura a outras culturas. Esta ideia é uma boa ideia.


 


LEI - Está em discussão no Parlamento uma proposta de Lei, cujo primeiro subscritor é a deputada socialista Gabriela Canavilhas, que prevê que qualquer consumidor tenha de pagar um valor adicional sempre que adquirir um equipamento que contenha dispositivos de  memória digital que permitam armazenar conteúdos. Mesmo aqueles que utilizam os equipamentos para guardar conteúdos próprios, ou para adquirir conteúdos com um preço que inclui já o direito de autor, terão de pagar a referida taxa. Quanto maior a capacidade de memória do dispositivo, maior será a taxa – uma taxa aplicada ao gigabite de memória. Começo por esclarecer que sou a favor da defesa dos direitos de autor, da defesa dos direitos de propriedade intelectual e industrial. Mas acho que a proposta de lei da autoria da deputada socialista Gabriela Canavilhas é manifestamente fruto de falta de informação e desajustamento no tempo. Muito do que hoje em dia compro – livros, revistas, discos, é adquirido em suporte digital, para aparelhos como o iphone, o iPad ou o Kindle, que permitem armazenar e utilizar essas compras em qualquer altura em qualquer lugar. O que Canavilhas pretende é taxar ao gigabite os mecanismos de armazenamento digital – ora isto só pode ser fruto de uma enorme ignorância e de manifesta má fé. Ao estarem tão distantes da realidade e dos autores e criadores que só existem em universo digital, e que são cada vez mais, as entidades que apoiam este projecto estão de facto a prestar um mau serviço à defesa dos direitos de autor. Um dia destes, quando as memórias dos aparelhos forem ultrapassadas pela «nuvem», que vão taxar? O acesso à internet? A utilização dos aparelhos? Voltamos ao tempo do imposto sobre os isqueiros? Nada diz faz sentindo, e é confrangedor como esta ex-Ministra da Cultura socialista está desfasada da realidade:  recordo apenas que as mais recentes obras de David Hockney foram trabalhadas em iPads e que o artista português Jorge Colombo usa o iPhone para desenhar. Canavilhas quer taxar instrumentos de trabalho de artistas?


 


CARNAVAL - Talvez por ser Carnaval, António José Seguro resolveu dar um ar da sua graça. Com a clarividência que lhe conhecemos considerou que «os portugueses já estão habituados a que o primeiro-ministro chegue tarde a decisões óbvias». A frase é cómica – porque se aplica que nem uma luva à actividade de José Sócrates nos últimos anos em que governou. O problema é que Seguro se queria referir a Passos Coelho, depois de uma patética reunião entre o PS e a troika onde foi evidente o difícil equilibrismo dos socialistas entre os compromissos assumidos e a oposição que gostariam de conseguir fazer. Mas também é muito engraçado que a frase de Seguro tenha sido proferida na mesma semana em que Mário Soares resolveu colocar em acta que teve um papel, decisivo segundo afirma, na decisão de pedir ajuda externa, tantas vezes adiada por Sócrates. Não consigo deixar de achar isto tudo muito curioso: vai-se a ver e afinal foi Soares quem abriu as portas à troika e enfiou a realidade na cabeça de Sócrates. Será que Seguro ainda vai dizer que Soares chegou tarde à fala com Sócrates?


 


SEMANADA –Quadros da Refer arguidos no Face Oculta ganham 3000 euros por mês e não trabalham; no Algarve há cem hectares que não se sabe a que concelho pertencem; edifício que se destinava à PSP de Cascais e cuja construção foi entregue a um amigo de Sócrates nunca foi acabado e provavelmente será demolido depois de já ter consumido dois milhões de euros do erário público; o Teatro de S. Luiz tem despesas superiores a 2,2 milhões de euros e receitas de 176 mil euros; o Teatro Maria Matos tem despesas de 1,8 milhões de euros e receitas de 153 mil euros.


 


ARCO DA VELHA – O Parlamento fez um elaborado estudo onde conseguiu concluir que pôr os deputados a beber água da torneira seria mais caro que beberem água engarrafada. Aos poucos lá se vai percebendo como chegámos ao ponto em que estamos.


 


DESCOBRIR  – Na zona de Lisboa há um jornal local que se destaca pela proximidade aos seus leitores. Trata-se do «Notícias do Parque», destinado à zona da Parque das Nações, e que já vai no seu décimo aniversário, com uma tiragem de dez mil exemplares em papel e um número crescente de visitas em www.noticiasdoparque.com . Um estudo recente afirma que 80% da população do Parque das Nações contacta regularmente com o título – que agora lançou uma campanha de incentivo ao comércio local. Um estudo recente destaca a importância do noticiário local na afirmação e fidelização da imprensa junto dos leitores.


 


OUVIR – Quando era adolescente o tenor Roberto Alagna costumava cantar boleros, rancheros e tangos em clubes parisienses. Mario Lanza era o seu ídolo e Alagna gostava daquelas canções que apelavam á dança e ao corpo. Com o andar dos anos, este filho de pais sicilianos, nascido em Paris, transformou-se num tenor aclamado e muitas vezes polémico. «Pasion», o CD agora editado, reúne o repertório popular que Alagna interpretava nas noites da sua juventude, com clássicos como «Piensa em Mi», «Quizás, Quizás, Quizás», «La Cumparsita», «Besame Mucho» ou «Paloma Negra», entre outros. No clássico «Historia De Un Amor», Alagna canta em dueto com a cantora americana de ascendência mexicana Lila Downs. Os arranjos destas canções populares, de Yvan Cassar,  respeitam os originais e o próprio Alagna interpreta estes temas sem tiques operáticos, mantendo-se fiel  ao espírito original destas canções. CD Deutsche Grammophon, na FNAC.


 


LER – Neste momento em que continua a discutir-se o futuro da RTP e em que se encontra em debate a nova lei do Cinema, Artur Castro Neves, um dos homens que mais estuda e acompanha o sector, publicou, na Afrontamento. um livro exemplar: «Políticas Públicas e Regulação no sector audiovisual e multimédia». Trata-se de um levantamento exaustivo de situações existentes, mas sobretudo de um enunciado de propostas concretas, estratégicas, para que a língua portuguesa exista no audiovisual e no novo mundo digital. O livro, que há-de provocar polémica, não se fica pela análise da situação – como é próprio do seu autor, sugere acções e políticas. Bem fariam os decisores se lessem este trabalho com atenção. É bem mais útil e enriquecedor que um recente relatório de má memória.


 


PROVAR – A Praça de S. Paulo, em Lisboa, bem próximo da nova movida lisboeta do Cais de Sodré, tem desde há um ano um simpático restaurante dedicado à nobre arte do petiscar – a Taberna Tosca. Aqui vai-se picar e a escolha é farta – desde anchovas a um presunto de porto preto transcendente, passando por umas honestíssimas pataniscas de bacalhau ou uns bem temperados cogumelos salteados. Boa escolha de vinhos a copo, incluindo espumantes nacionais. Serviço simpático, decoração confortável, um belo sítio para ir petiscar com os amigos ao fim da tarde ou à noite. Ao almoço há umas propostas de refeições rápidas que têm feito sucesso. Praça de S.Paulo 21, telefone 218 034 563.


 


BACK TO BASICS - «Se a arte é suposta alimentar as raízes da nossa cultura, então a sociedade deve proporcionar aos artistas a liberdade para criarem de acordo com a sua visão» - John F. Kennedy




 


 (Publicado no Jornal de Negócios de 24 de Fevereiro)

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publicado às 15:15

HISTÓRIA - Está por fazer a história da Europa desde a reunificação da Alemanha. Está por fazer a história do que aconteceu desde a criação do euro. Está por fazer a história de todos os acordos de circunstância, dos sucessivos tratados que foram adiando os grandes problemas. Está por fazer o enquadramento do que nos trouxe a todos aqui. Está por fazer a história das razões dos enormes aumentos das dívidas públicas. Está por fazer a história dos crescentes défices externos. Em Portugal está por fazer a história das informações erradas, das análises  marteladas, das contas aldrabadas. Nunca conseguiremos transformar o futuro sem perceber o passado. O equilíbrio malabarista da política cavou ao longo de décadas a nossa ruína. Se tudo isto não for estudado e corrigido os sacrifícios actuais serão em vão. A Europa Unida arrisca-se a ser apenas um episódio passageiro de uma desunião histórica marcada por guerras.


 


DESFASAMENTO – O primeiro grande acto público do novo secretário-geral da CGTP foi a manifestação do passado sábado. Como não podia deixar de ser, já que esta era a sua primeira manifestação no novo cargo dirigente, considerou que tinha sido a maior de todas nas últimas décadas – tinha que entrar a ganhar, e derrotar o seu antecessor. Exagerar faz parte dos métodos de afirmação dos novos dirigentes, na velha escola do PCP, de que Santos é membro do Comité Central. Reivindicou 300.000 participantes numa praça onde nem 100.000 cabem. Arménio Santos, o homem que fez o milagre da multiplicação dos manifestantes, esqueceu-se que as tácticas dantes usadas pelo PCP, de exagerar o número de participantes em acções que apoia, hoje têm contraprova fácil. Uma fotografia aérea da Praça do Comércio tirada na altura do discurso do dirigente sindical, mostra uma praça metade deserta, onde com sorte talvez estivessem 50.000 pessoas. Arménio Santos estreou-se com uma grande mentira. Percebe-se porque é que o PCP substituiu Carvalho da Silva por ele. Rodrigo Moita de Deus fez a observação definitiva sobre os efeitos da polémica numérica da CGTP : «Desde os tempos do Marquês de Pombal que o Terreiro do Paço não era medido com tantos esquadros e compassos.»


 


SEMANADA – No Porto já há lista de espera de munícipes para a atribuição de hortas na cidade;  um estudo recente revela um país activo sob os lençóis mas preguiçoso na altura de resolver a disfunção eréctil; em Almada um homem de 72 anos recebeu do Hospital uma conta por uma consulta de interrupção de gravidez; nos últimos dez anos a nossa economia cresceu a um ritmo médio de 0,31%; Portugal ainda tem 60% dos fundos do QREN por aplicar; pensionistas com 600 euros vão começar a pagar IRS; função pública e políticos poderão receber prendas até 150 euros; a quanto está o quilo do robalo?


 


ARCO DA VELHA – O motorista de Mário Mendes, ex-secretário do Sistema de Segurança, que teve um acidente na Avenida da Liberdade quando tentava compensar o atraso deste na chegada a uma cerimónia oficial, foi condenado a 21 meses de pena suspensa .


 


PALAVREADO - «O Sporting contrata Sá Pinto para treinador. O Porto recupera Paulinho Santos para adjunto.Espero que o Benfica já esteja em conversações com o Mike Tyson.» - Alexandre Borges, no blogue 31 da Armada


 


LER – “The Zen Of Steve Jobs” é uma novela gráfica ou, mais prosaicamente, um livro aos quadradinhos. Trata-se de uma edição de 60 páginas, baseada em textos de Caleb Melby e em desenhos de Jess3. O livro tenta reconstituir a vida de Steve Jobs naquele período, em meados dos anos 80, quando saíu da Apple e antes de fundar a Next, na altura em que se aproximou do monge budista Kobun Chino Otogawa. A história é ficcionada, claro, mas é baseada em relatos de Jobs e de Kobun sobre esses tempos, assim como de outros discípulos do monge que foram contemporâneos desse período. O ponto curioso é a relação que estabelece, e que parece corresponder à realidade, sobre a forma como alguns princípios budistas foram decisivos para a forma como Steve Jobs transformou a Apple quando regressou à companhia, nomeadamente nos conceitos e no design. Se a história contada por Melby funciona, isso deve-se em muito à forma como os desenhos de Jess3 a enquadram, com influência evidente da manga japonesa. É uma meia hora de leitura muito bem passada. A única forma de lhe chegarem é através da Amazon.


 


OUVIR – Um dos problemas de continuar a ter a mania de ouvir as novidades da música popular com os meus  57 anos é que a memória está cheia de referências de discos e intérpretes antigos. É impossível, num disco novo, evitar comparações. Lana Del Rey é um daqueles produtos pop fabricados de que a indústria discográfica tanto gosta, e que às vezes funcionam na perfeição. A rapariga é vistosa, faz uma bela capa, parece simples e natural, usa uma camisa abotoada até ao pescoço e o seu cabelo, de reflexos ruivos, é suave e sedutoramente ondulado como as meninas bonitas do início dos anos 60. Podia ser a “girl next door”, insinuante q.b. . Acresce que tem uma voz marcante – mas de boas vozes está o inferno cheio. Lana Del Rey tem presença, voz, canções e tem muita, mas mesmo muita produção. O seu disco de estreia, «Born To Die» é um caso de sucesso instantâneo. Quando se ouve com atenção há momentos em que surgem na memória nomes como Kate Bush (nalgumas entoações) ou os Verve (nalguns arranjos). O disco parece um catálogo de boas referências. É bem comportado melodicamente, é sonoramente confortável . Ao fim de três ou quatro audições está gasto e revela-se algo enjoativo. Às vezes os discos com produção e truques a mais são assim. Costuma dizer-se que depois de um grande disco de estreia o maior problema é fazer o segundo álbum. Neste caso, e porque reconheço que algum talento Lana Del Rey tem, espero que o segundo disco seja melhor e mais sincero que o primeiro.


 


VER – É muito curioso observar como várias gerações de olhares reflectem de forma diversa mas às vezes convergente a imagem de Portugal. É isso que se consegue quando se visita a exposição sobre o trabalho fotográfico de Orlando Ribeiro, que decorre no átrio da Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa, na Alameda da Cidade Universitária, ao Campo Grande. Esta exposição faz parte das comemorações do centenário do nascimento do professor Orlando Ribeiro, um pioneiro no estudo do território português, que fez largo recurso à fotografia no seu trabalho, produzindo algumas imagens de referência de Portugal em meados do século passado, sobretudo na década de 40. Algumas dessas imagens mais significativas estão aqui, numa curiosa montagem que proporciona o diálogo e confronto das fotografias originais de Orlando Ribeiro com outras de Gerard Castello Lopes, Luis Campos, Inês Gonçalves, Nuno Calvet, Albano da Silva Pereira, Fernando Lemos, Ana Janeiro e Eduardo Gageiro, entre outros.


 


PROVAR – Nos locais mais triviais têm-se por vezes boas surpresas. «O Pizeiro» é um restaurante italiano, situado no Pátio Bagatela. De grandes dimensões, este restaurante está pensado para acolher grupos, o que acontece com frequência. A ementa é a tradiiconal, a pizza é afamada – mas não foi a pizza que provei numa visita recente. A escolha recaiu numa cotoletta de vitela à milanesa, de facto um fino panado, muito bem temperado e confeccionado, acompanhado, a pedido expresso por um esparguete com alho, azeite e piri piri, feito na hora e ao ponto. Uma combinação simples e tradicional que resultou em pleno. A rematar foi provado um queijo gorgonzola que estava absolutamente excepcional. O vinho da casa é honesto e acompanhou bem, tudo a um preço muito razoável.


 


BACK TO BASICS – O burocrata perfeito é alguém que consegue nunca tomar decisões e escapar a todas as responsabilidades – Brooks Atkinson


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 17 de Fevereiro)

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publicado às 11:10

A correcta medição das audiências de televisão tem o objectivo de permitir aos programadores dos canais avaliar se estão a conseguir alcançar os seus objectivos, em termo dos públicos – quer numa avaliação numérica, quer numa avaliação qualitativa; estes resultados de audiência têm por sua vez uma repercussão directa na venda da publicidade – já que os anunciantes, em termos gerais, pagam conforme os resultados de audiência conseguidos.


 


A medição de audiências não é um bruxedo nem uma actividade misteriosa. É uma metodologia científica, baseada em amostras da população que vê regularmente TV, por forma a que a amostra corresponda em distribuição geográfica, idade, sexo e actividade ao que é a população portuguesa.


 


Um bom estudo é baseado num painel tecnicamente intocável e reconhecido por todas as partes - senão arriscamo-nos a ter uma situação em que as vitórias no campeonato de audiências são obtidas na secretaria e não, na realidade, no confronto com os públicos. E ninguém devia desejar subverter a realidade.


 


(Publicado no Correio TV)

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publicado às 11:01

O TAMANHO É IMPORTANTE?

por falcao, em 14.02.12

A Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço, tem, faixas de circulação incluídas, 175 metros por 200 metros, ou seja, uma área total de 35.000 m2. Isto inclui a zona central da estátua e todo o espaço disponível. Se considerarmos que a área média ocupada por uma pessoa em pé é de 0,40m2, na referida área total caberão cerca de 87.500 pessoas.


 


Não estou a contar com a área destinada a palcos, sistemas de apoio ou zonas de circulação. Vamos admitir que tendo em conta a zona da estátua e a zona de um palco e instalações de apoio, a praça completamente “à cunha”, levará cerca de 80.000 pessoas.


 


O novo secretário-geral da CGTP, no final da manifestação do passado sábado, anunciou, orgulhoso, que tinha juntado a maior manifestação das últimas décadas, levando ao Terreiro do paço 300.000 pessoas, mais do triplo do que seria possível acolher naquele espaço.


 


Não consigo descortinar como isto é possível – tanto mais que a Praça, estando cheia, não estava propriamente à cunha. Portanto não é preciso ser um génio da matemática para se perceber que Arménio Carlos mentiu objectivamente – já que também não me pareceu que os manifestantes estivessem às camadas sobrepostas, uns em cima dos outros.


 


É uma evidência que esteve muita gente, é uma evidência que existe um grande descontentamento pela austeridade. Mas é também uma evidência que esta mentira numérica revela muito sobre o carácter do novo líder da CGTP. Para ele, como se viu, o tamanho conta – e vale tudo para conseguir ostentar o tamanho que lhe parece conveniente.


 


Infelizmente, já se sabe, quem mente sobre o tamanho, mais tarde ou mais cedo acaba a ser gozado. Já agora: fazer estratégias baseadas em números que são falsos nunca deu bom resultado.


 


(Publicado no diário Metro de 14 de Fevereiro)




 

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publicado às 16:27

SUGESTÕES & CONSTATAÇAÔES

por falcao, em 10.02.12

ARCO DA VELHA - Agentes da PSP de Lisboa estão a ser investigados suspeitos de terem criado empresas para lavarem dinheiro associado ao tráfico de droga.


 


SEMANADA - Famílias que deixaram de pagar crédito da casa dispararam 450% em 2011; 117 autarcas em fim de mandato não excluem candidatar-se a outra câmara para continuarem na actividade de presidente da câmara; passaram 20 anos sobre o Tratado de Maastricht, que criou o euro; a Europa está a ver-se grega para manter o euro; o Primeiro Ministro anunciou que não haveria tolerância de ponto no Carnaval e foi rapidamente contrariado por Rui Rio, António Costa e Alberto João Jardim, entre outros; Pedro Passos Coelho defendeu que «devemos persistir, ser exigentes, não sermos piegas e ter pena dos alunos, coitadinhos, que sofrem tanto para aprender».


 


VER – Duas sugestões absolutamente gratuitas para estes tempos de crise: no espaço BES Arte & Finança, no Marquês do Pombal, a exposição “Políptico”, que faz uma evocação fotográfica dos painéis de São Vicente. Destaque para os retratos de Pierre Gonnord, para as paisagens deformadas de Cristina Lucas, para a visão de José Maçãs de Carvalho e para a série “A Conspiração das Pintoras Portuguesas”, de Carmel Garcia; a segunda exposição; a segunda exposição está na nova galeria Bloco 103, na Rua Rodrigo da Fonseca 103 B, frente ao Hotel Ritz e que apresenta trabalhos de Rosa Reis (sobre o edifício da Fundação Champalimaud) e de Susana Paiva que procura instantes decisivos a partir de paisagens urbanas, com uma notável utilização da luz e da cor.


LER – Deixei de ver a edição em papel da “Wired” e passei a comprar e a ler a edição para iPad. Ouso dizer que com as remodelação efectuada em Janeiro, a “Wired” deu um salto em frente e posicionou-se como uma referência absoluta nas novas formas de edição electrónica. Já não faz sentido, no caso da “Wired”, ler a edição em papel – os conteúdos criados para a edição em iPad são tão bons que já seria impensável ignorá-los. E tudo isto mais barato, menos de metade do preço que custa a edição em papel em Portugal.

OUVIR – E então que tal é «Old Ideas», o novo álbum de Leonard Cohen? – Pois não é tão bom como o pintam, mas merece ser ouvido e guardado, o que é mais do que se pode dizer da maior parte da produção discográfica contemporânea. Como Miguel Esteves Cardoso bem observou há uma canção genial, “Different Sides”, por sinal a última do CD, e meia dúzia de boas canções – sendo que como o disco tem dez temas há três que não são de todo interessantes: “Show Me The Place”, “Banjo” e “Come Healing”. A produção tenta engenhosamente tornear a idade da voz de Cohen com recurso, às vezes em excesso, a coros femininos. Mas vale a pena reter a maioria das canções, os poemas e a inteligência deste disco. Cohen tem 77 anos e manter esta dose de diversidade criativa é obra.


 


PROVAR – No início da existência do restaurante «Pedro e o Lobo» fiquei com muito má impressão do atendimento e da forma como os clientes era persuadidos a sentirem-se indesejáveis. Durante anos não voltei a pôr lá os pés até que voz amiga me disse que as coisas tinham mudado. Pois então é verdade – o serviço é agora simpático e na refeição tudo corre bem (a página do restaurante no Facebook até salienta que clientes sem reserva são bem-vindos). Com propostas diferentes ao almoço e ao jantar nos dias da semana, a equipa da cozinha cumpre com distinção. Os mais afoitos podem seguir um menu degustação, mas as propostas da carta à noite são bem conseguidas – desde uma pescada glacê a um rabo de boi. Como o dia dos namorados está à porta vale a pena dizer que a sala é adequada para encontros românticos. Garrafeira simpática, vinhos a copo bem escolhidos. Rua do Salitre 169, telefone 211 933 719.


 


BACK TO BASICS - «Os dias prósperos não vêm por acaso. Nascem de muita fadiga e muitos intervalos de desalento» - Camilo Castelo Branco


 


(Publicado no Jornal de Negócios do dia 10 de Fevereiro)

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publicado às 14:18

OS PROBLEMAS DA NOVA LEI DO CINEMA

por falcao, em 10.02.12

Está em discussão pública um novo projecto de Lei do Cinema e Audiovisual. O texto retoma algumas das linhas da legislação feita quando José Amaral Lopes era Secretário de Estado da Cultura e que depois foi bastante alterado por Mário Vieira de Carvalho, quando foi secretário de estado sendo ministra Isabel Pires de Lima, no início do consulado Sócrates.


 


No essencial as ideias base que norteiam o actual projecto remontam a 2003, praticamente há uma década. Por isso mesmo quando se lê esta proposta fica-se com a sensação de se estar perante um projecto muito datado no tempo, bastante desactualizado em relação às alterações entretanto ocorridas no sector no audiovisual – isto no que diz respeito à produção -  porque na recolha de taxas e financiamentos a coisa é bastante contemporânea, seguindo o princípio do liberalismo do regime e que é de ir buscar dinheiro a todo o lado.


 


Como tem sido hábito nos últimos anos a televisão é a principal (e quase única) financiadora das receitas que o ICA (Instituto do Cinema e do Audiovisual) depois irá distribuir. As receitas são colectadas à televisão sob a forma de uma taxa sobre a publicidade emitida e de novas taxas sobre os canais e operadores de cabo. Existirá também uma taxa sobre as salas de cinema, mas que será residual. E como se propõe o Estado redistribuir este dinheiro assim angariado? Dando 80% do montante atribuído a financiamentos ao Cinema e 20% à produção para televisão e multimédia.


 


É exactamente esta repartição que não faz sentido. Porquê? Porque qualquer levantamento do sector mostrará que hoje em dia, em todo o mundo, a área estratégica para o desenvolvimento de uma indústria de produção audiovisual é a televisão e não o cinema. É na televisão que se investe mais em produção, é na televisão que se emprega mais gente, que se inova e experimenta, que mais se formam  novos actores e técnicos, que se garante o crescimento de um pólo importante das indústrias criativas. É a produzir para a televisão que se podem desenvolver áreas como o guionismo, a pós-produção, a cenografia ou figurinos, e produzir obras em sectores como documentários e ficção, com garantia de que os trabalhos sejam de facto exibidos e sujeitos ao teste da apreciação dos públicos. Na realidade é o cinema que hoje em dia pode beneficiar do desenvolvimento de um núcleo forte de produção para televisão e não o contrário, como aliás algumas recentes longas-metragens portuguesas comprovam.


 


Um recente debate promovido pela revista “New Yorker” , e disponível on line, demonstra que a televisão está a ocupar o lugar que já foi do cinema em matéria de inovação e estabelecimento de novos padrões na narrativa. Tenho a opinião que o investimento deve compensar prioritariamente o desenvolvimento da origem do dinheiro e não penalizá-la. Assim sendo, deveria, no mínimo, fazer-se uma repartição equitativa das receitas recolhidas, ou seja, atribuir financiamentos iguais à produção audiovisual e à produção de cinema. A minha tentação seria até dizer que áreas como telefilmes, séries, documentários, programas infantis e registo audiovisual de obras cénicas deveria ter direito à maior parte dos financiamentos recolhido nas televisões, sob quaisquer formas, e que fossem reintroduzidos no circuito através de produtores independentes. Os defensores da concessão de privilégios de financiamento ao cinema estão a querer a manutenção de uma situação que se arrasta há décadas e que produziu filmes de autor (de poucos autores, aliás) mas que nunca conseguiu desenvolver uma indústria nem afirmar uma efectiva presença internacional em termos de exibição fora de festivais.


 


Querer olhar para o Cinema, hoje em dia, como há quatro décadas atrás, é fechar os olhos à profunda alteração da paisagem audiovisual em todo o mundo, é querer negar as evidências e, pior, é querer evitar o desenvolvimento de uma coisa que é crucial para a manutenção da língua falada, que é uma produção audiovisual dinâmica e abundante que possa ser exibida e distribuída em multi-plataformas. A manutenção da nossa língua, do português, passa mais pela existência dessa produção audiovisual do que por qualquer acordo ortográfico. Por isso este projecto de Lei do Cinema é conservador, no sentido imobilista e de bloqueio da paisagem audiovisual portuguesa.


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 10 de Fevereiro)

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publicado às 14:15

CORRIDA AUTÁRQUICA

por falcao, em 07.02.12

Para o ano as autarquias irão a votos, lá para o fim do ano. Mas mesmo a esta distância é engraçado ver como já existem movimentações diversas.


 


Parte destas movimentações nasce da necessidade de substituir presidentes de Câmara que estão no fim do seu terceiro mandato e outras partem das oposições que querem desafiar nos votos quem detém o poder.


 


No caso dos autarcas que não poderão renovar mandato está a criar-se um curioso fenómeno, de substituições antecipadas, para de certa forma designar o sucessor e permitir que ele tenha um tempo de treino e aquecimento antes das eleições, para que os eleitores já possam conhecer o seu estilo e forma de actuar.


 


Mas noutros casos desenha-se um vazio de poder, com muita gente a assobiar para o lado a pensar que para o fim do ano o actual presidente já não estará lá. É a prática bem portuguesa de não fazer ondas até se perceber de que lado vai soprar o vento. Em termos práticos muitas autarquias vão viver uma situação de semi-paralisia durante meses.


 


Nas principais cidades as disputas eleitorais vão ser duras: Lisboa e Porto vão estar no centro das atenções – mas na realidade mais de metade dos presidentes de câmara (161 dos 308) vai ter que ser substituída por atingirem o número máximo dos mandatos.


Numa eleição de proximidade, em que a figura do candidato é muito importante, como acontece nas autarquias, esta situação vai inevitavelmente produzir mudanças no mapa político.


 


Muita gente já não votava num partido, mas numa pessoa. Se a pessoa sai, em que sentido se mantém o voto? – no sucessor designado pelo partido, ou noutro candidato que mereça mais confiança pessoal?


 

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publicado às 12:04

Fazer para só alguns verem

por falcao, em 03.02.12

COMUNICAR CULTURA - A presidência da União Europeia cabe agora à Dinamarca. É muito interessante seguir o esforço de divulgação da cultura e da criatividade dinamarqueses, com um programa de 150 eventos, centrados em torno do cinema e do património mas com uma forte componente de ligação industrial em torno do design. É muito interessante ver como a Dinamarca aproveita uma circunstância política, a presidência da União Europeia, para fazer uma demonstração de pujança criativa. Mais interessante ainda é a forma como a promoção de toda esta actividade está a ser feita. De facto, o sentido do programa criado é chamar a atenção do exterior sobre a cultura Dinamarquesa e não um mero acto interno de celebração. Eu acho que é assim que as coisas devem ser: comunicar, trazer mais gente. Quem acompanha os preparativos de Londres para os Olímpicos, vê a preocupação em fornecer motivos de interesse para além dos Jogos a quem queira visitar a cidade este ano. Vem tudo isto a propósito da forma como em Portugal uma série de acontecimentos são executados. Tomemos o caso de Guimarães Capital da Cultura. Tem uma programação interessante, mas tem uma divulgação completamente virada para dentro – em vez de aproveitar a circunstância de ser a Capital Europeia da Cultura e procurar divulgar internacionalmente a imagem de uma cidade, de uma região e de um país, fecha-se no conforto de satisfazer os públicos locais. É importante, certamente, mas não é tudo. Esta falta de aposta na divulgação internacional é um já antigo pecado das instituições portuguesas ligadas à Cultura. Numa época de informação instantânea e global, é confrangedor como se dá tão pouca importância a este aspecto fundamental. Sem uma política de comunicação e divulgação eficaz muito do esforço financeiro realizado não tem sentido, não é reprodutivo nem para a cidade, nem para a região, nem para o país. Fazia sentido que, apesar das contingências que todos conhecemos, se guardasse uma parte dos orçamentos para a divulgação - senão estamos sempre a trabalhar em círculo fechado para os mesmos públicos, e esto é um dos grandes desperdícios do investimento do Estado nesta área, seja em iniciativas pontuais seja em instituições oficiais.


 


APAGÃO – Até ao fim do mês de Fevereiro grande parte da população portuguesa ficará sem o tradicional sinal hertziano de televisão – é o apagão que traz a Televisão Digital Terrestre, que em Portugal é um saco de promessas inteiramente vazio. No final deste processo vai ser interessante analisar o aumento de clientes nos fornecedores de televisão por assinatura, nomeadamente o MEO e a ZON. Em muitas regiões estão a registar-se novas adesões a estes operadores a um ritmo invulgar – o que se explica por ofertas promocionais de baixo custo e que, essas sim, proporcionam uma diversidade e variedade que a TDT devia oferecer e não oferece. Recordo que hoje em dia, na oferta básica do Cabo, existem, para além das televisões generalistas (RTP1, RTP2, SIC e TVI) mais oito canais nacionais de acesso geral e gratuito  (SIC Notícias, SIC Mulher, SIC Radical, RTP N, RTP África, RTP Memória, TVI 24 e Económico TV), para além de uma série de outros canais programados para Portugal, desde o Panda ao Hollywood, passando pela MTV, os canais Fox, o AXN, o National Geographic, o História o Biography, etc. E já nem falo de canais com preço extra, como os da Sport TV. Acontece que estimativas modestas apontam para um aumento considerável do número de espectadores que, no final deste processo (vamos dizer no final do primeiro semestre, quando as coisas estabilizarem), deverão estar entre os 65 a 75% do total do universo de telespectadores. Ora isto quer dizer que centenas de milhar de pessoas passam rapidamente de uma escolha entre quatro canais para uma escolha para pelo menos meia centena de programas diferentes, apenas por decidirem aderir à TV por subscrição em vez de usarem a TDT. O efeito prático disto é que inevitavelmente as audiências dos quatro canais generalistas vão cair mais depressa do que se pensava – e o país vai andar a duas velocidades dramaticamente diferentes. Eu aposto que quando o processo estiver estabilizado e o novo sistema de medição de audiências estiver a funcionar (se conseguir funcionar, mas isso é outra história…) teremos, no universo dos utilizadores de TV por subscrição, o canal líder nos 20% de audiência e a RTP por volta dos 15%. É um mundo novo, que há-de ter consequências…


 


SEMANADA – Com uma assustadora frequência  um político profissional arranja maneira de nos fazer desconfiar mais ainda da política – desta vez foi José Lello, o deputado e ex-governante que admitiu candidamente ignorar que devia declarar todas as suas posses (nomeadamente um deposito de mais de meio milhão de euros) e não apenas algumas; é muito significativo que a justiça tenha sido o sector em que o Governo pediu à troika um adiamento do prazo para a implementação das medidas da reforma; é o mesmo sector em que uma lamentável cerimónia de abertura do ano judicial foi o retrato perfeito de um sistema que não funciona e está mais entretido com guerrinhas internas do que em garantir um serviço público eficaz; a Câmara Municipal de Lisboa quer construir um estacionamento de três andares junto do Largo do Corpo Santo, ao Cais do Sodré, com um custo previsto de 4,5 milhões de euros.


 


ARCO DA VELHA – O Presidente do Supremo Tribunal de Justiça avisou que os cortes orçamentais podem conduzir a um novo PREC. Não se sabe se antes desta afirmação combinou alguma coisa com Otelo Saraiva de Carvalho.


 


PALAVRAS - «Planificar, separar o essencial do acessório e racionar. Três coisas que não podemos evitar fazer no Serviço Nacional de Saúde para o conseguirmos manter» - Manuel Sobrinho Simões, numa entrevista ao “Público”.



LER – Na edição de Fevereiro da Vanity Fair a capa é uma fotografia, feita por Annie Leibowitz, de um trio de arromba: George Clooney, Matt Damon e Daniel Craig. Lá dentro, retratos de cada um, ao lado das respectivas respostas ao questionário de Proust. Outros pontos altos desta edição: um excelente artigo sobre os últimos tempos da vida do pintor Lucian Freud nos últimos tempos, uma investigação sobre a vida de Rebekah Brooks, a ex directora do “News Of The World” e braço direito de Rupert Murdoch e uma curiosa análise do perfil político do candidato Mitt Romney e da sua relação com o Partido Republicano.


 


VER- Em «J.Edgar», o filme que retrata a vida do homem que durante dezenas de anos comandou o FBI, Clint Eastwood, que produziu e realizou o filme, vai ainda mais longe na sua observação da história recente dos Estados Unidos. O tema é o jogo de mentiras entre os políticos e a sociedade, a troca de favores entre poderes e aquela enraizada atitude de não olhar a meios para atingir determinados fins. É um olhar frio, cortante, que sem chavões diz mais do que vários documentários propagandísticos que estiveram em moda nos últimos anos. Leonardo di Caprio tem um desempenho extraordinário no papel de J. Edgar Hoover – longe vai o tempo do “Titanic”. O filme é um exemplo do que é o cinema no seu melhor e mais simples: um argumento solidamente escrito, interpretações e direcção de actores irrepreensíveis,  uma história bem contada.


 


PROVAR – Só para dizer que já há lampreia. E da boa.


 


OUVIR- O pianista Hank Jones tinha 91 anos quando, em 2010, efectuou a sua última gravação, com o contrabaixista Charlie Haden. «Come Sunday», o CD que resultou desta sessão de gravação, é uma colecção de espirituais, todos eles clássicos. Já em 1995 este duo se tinha juntado para fazer «Steal Away», também marcado pelos hinos gospel. É curioso notar que o passado de Haden inclui colaborações com nomes como Ornette Coleman, muitas em terrenos experimentais – mas nestas gravações com Hank Jones existe um sentimento de emoção e reverência que marca a interpretação destas faixas de uma forma tão simples e elegante que permite redescobri-las, nomeadamente em temas como “Give Me That Old Time Religion” , “Going Home” , “God Rest Ye Merry Gentlemen” e “It Came Upon a Midnight Clear” mostram todo o talento destes músicos. (CD Emarcy/Universal).


 


 


BACK TO BASICS – É melhor falhar na originalidade do que ter êxito na imitação – Herman Melville.


 

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