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SOBRE A RTP E A SUA CONCESSÃO

por falcao, em 31.08.12

RTP - O debate da última semana sobre o futuro do serviço público de rádio e televisão não começou bem e provocou reacçōes empolgadas, na maior parte dos casos presas a modelos antigos, já pouco ajustados ao presente - e ainda menos ao futuro. Nesta matéria o Governo tem sido ele próprio vítima, também, de colocar ideias feitas à frente de uma análise da realidade.
Façamos um pouco de história rápida: o modelo de serviço público europeu que os velhos do Restelo usam como argumento é algo saído de meados do século passado, numa época em que nem se pensava em operadores privados de TV numa Europa saída da guerra. Nesse tempo não havia satélites, nem distribuição por cabo, muito menos internet, tablets ou smartphones. Hoje já nada é assim, mas há quem queira manter tudo inalterado.

INOVAR NO SERVIÇO PUBLICO - Este Governo tem na mão a possibilidade de, em vez de ir atrás do rebanho, contribuir para um novo posicionamento do serviço público, com os olhos postos no futuro e não no passado, de uma forma até pioneira no panorama tradicional europeu. Mas para isto convinha que existisse uma ideia precisa do que deve ser o serviço público, baseado em conteúdos concretos e não em princípios gerais, muito intessantes, mas pouco úteis na concretização de ideias.
Cada vez mais acho que o serviço público só se justifica se oferecer aquilo que os canais privados são menos susceptíveis de proporcionar - ou seja se fôr, em termos de conteúdos, complementar em vez de alternativo, sectorial em vez de generalista. Por outro lado também me parece muito pouco lógico que continue a concorrer com os privados na captação de publicidade. Conseguirá um operador de serviço público viver com os cerca de 150 milhões da contribuição audiovisual sem esforço suplementar de financiamento do Estado? - os estudos feitos entretanto pelo próprio Governo indicam que sim, ainda mais se existir uma racionalização de meios técnicos e humanos, se existir uma reestruturação da oferta de canais em sinal aberto e no cabo, e se a própria rádio fôr encarada também num novo prisma. O serviço público é importante? Eu também acho que sim, mas não precisa de tantos canais como agora - na televisão pode bem viver com um único canal em sinal aberto, com um único internacional, sem a RTP Memória e com um canal, que substitua a RTP Informação, com características de proximidade, de informação local e de uma interacção maior com a dinâmica da sociedade e com públicos sectoriais que têm necessidades específicas. Ou seja, a oferta deve ser repensada em torno dos públicos-alvo e não dos suportes e formatos rígidos que existiam até aqui. O mesmo se pode dizer da rádio.

CONCESSÃO? - Mais do que uma concessão eu acharia interessante que o serviço público aliviasse o peso da máquina de produção interna e encomendasse mais conteúdos à produção independente, externa e privada. Dessa forma uma boa parte do valor da contribuição audiovisual seria reinvestido no sector privado, na dinamização da produção audiovisual em língua portuguesa, fundamental para mantermos uma identidade cultural no mundo digital e no consumo móvel de conteúdos. E é nesse cenário, e não no passado da família sentada frente a um televisor na sala, que é preciso pensar, porque só assim se justifica hoje em dia a manutenção do serviço público. Ou seja, um operador mais vocacionado para organizar as suas emissões e escolher os seus conteúdos do que em produzi-los: um broadcaster em vez de um producer, em suma. Um serviço público assim, já agora, devia reforçar a sua articulação com uma política sustentada de desenvolvimento do audiovisual e podia ser parte fundamental de uma política integrada de fomento das indústrias criativas, tão relevantes do ponto de vista económico. Assim o investimento da sociedade seria reprodutivo e não consumido essencialmente em estruturas sobre-dimensionadas.

SEMANADA – Em três anos só 11 alunos do ensino militar tentaram seguir carreira nas Forças Armadas;estado gasta 11 milhões por ano com encargos de funcionários públicos que estão a trabalhar no privado e acumulam remunerações; tratamentos termais desceram 10% devido ao fim das comparticipações;este ano já emigraram 1344 enfermeiros; todos os partidos parlamentares querem que o Canal Parlamento seja uma excepção e tenha um tratamento diferente dos outros canais de televisão; lucros dos casinos de Lisboa, Espinho e Póvoa do Varzim cai 92% no primeiro semestre; Vendas de carros usados caíram entre 30 a 40%; o sector da construção perde 90 postos de trabalho por hora; no último ano a dívida pública que foge ao crivo de Bruxelas aumentou 7,4 mil milhões, sobretudo devido aos empréstimos do Estado às empresas públicas; Metropolitano de Lisboa registou menos 5,9 milhões de passageiros no segundo trimestre de 2012 - ou passaram todos a andar de bicicleta nas ciclovias de Sá Fernandes, ou então é mesmo verdade que Lisboa perde habitantes.

ARCO DA VELHA – Rafael Correa, o Presidente do Equador que diz defender Julien Assange em nome da liberdade de expressão, é o mesmo que no seu país persegue jornalistas que escrevem críticas ao seu Governo.

OUVIR – uma das minhas melhores compras dos últimos tempos em matéria discográfica foi o triplo álbum "Screaming And Crying - 75 masterpieces by 35 blues guitar heroes". Aqui estão temas clássicos de nomes como BB King, Johnny Otis, Muddy Waters, T-Bone Walker, Guitar Slim, Chuck Berry, Elmore James, Albert King ou John Lee Hooker, entre outros - uma precisoidade para quem gosta de blues. Neil Slaven fez a selecção e as belíssimas notas que enquadram a evolução dos blues desde 1930 até meados dos anos 60. Triplo CD Fantastic Voyage/Future Noise Music, Amazon.

FOLHEAR – A edição de Setembro da "Monocle" é dedicada aos que se dedicam à arte da guerra. A revista mostra especialistas no fabrico de camuflagens e tem uma curiosa reportagem sobre a escola de cozinheiros do exército suiço - ond há um cozinheiro para cada 50 soldados, todos com uma ideia muito precisa sobre qual a melhor comida que se pode confeccionar para manter a tropa em bom estado.Outros temas são um clube londrino, o Frontline, exclusivo para correspondentes de guerra, um levantamento de revistas e estações de rádio militares, os uniformes dos guardas suiços que protegem o Vaticano, uma entrevista com o secretário geral da NATO e uma descrição daquilo a que se poderia chamar o soldado moderno, sempre sob o prisma de que a maior parte dos militares e dos exércitos está a fazer um grande trabalho.Ainda nesta edição, no "global travel guide" há um destaque para a pousada projectada por Gonçalo Byrne na Cidadela de Cascais e um guia do empreendedorismo que inclui o exemplo da cadeia "A Padaria Portuguesa", citando o seu CEO Nuno Carvalho.

PROVAR – Um dia destes era boa ideia que a cadeia originária do Casanostra, do Bairro Alto, trouxesse para Lisboa o conceito da hamburgueria Casavostra que abriu em Almancil, no local onde antes estava a sua pizzaria, também Casavostra, que agora se mudou para umas novas e amplas instalações, a curta distância aliás. O sítio é simpático e provei um hamburguer baptizado de "alentejano", onde pedaços de morcela são misturados na carne picada do bovino - a coisa resulta, e ainda por cima as batatas fritas são honestíssimas. Além de vários hamburgueres há saladas, pratos vegetarianos e um tártaro de salmão bem apaladado.Aberto todos os dias até às 24. Av. 5 de Outubro 364, Almancil, telefone             289391104      .

GOSTO – A edição de Setembro da Vogue norte-americana tem 916 páginas e pesa quase dois quilos - sinal da vitalidade da publicidade por aquelas bandas.

NÃO GOSTO – Das obras que vão alterar o trânsito no Marquês do Pombal e na Avenida da Liberdade.

BACK TO BASICS – Negócios e política são coisas diferentes. Se fossem a mesma coisa não havia necessidade de existirem duas palavras diferentes - Jody Baumgartner.

(Publicado no Jornal de Negócios de 31 de Agosto)

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publicado às 17:27

O CANAL DOS DEPUTADOS

por falcao, em 24.08.12

O TAL CANAL – Os deputados portugueses estão convencidos da sua importância para além daquilo que o bom senso recomenda. Pior: julgam que a populaça se interessa pela sua actividade e arrogam-se a pretensão de poderem educar as massas pelo seu exemplo. Vai daí decidiram estar acima das regras e decretaram que devem ter acesso privilegiado a um canal nesse aborto lusitano em que se transformou a TDT – situação a que se chegou, aliás, muito por culpa da inoperância, ignorância e desfasamento do Parlamento em relação à realidade das coisas no universo audiovisual. Querem que o povo que não tem acesso à televisão por cabo os possa seguir, em directo e diferido, nas diatribes em que passam os dias (hoje em dia aqueles que não têm acesso aos canais de cabo deverão ser menos de 30% do total de telespectadores). A populaça já é suficientemente castigada pelos políticos em funções para ter que gramar com tal frete – mas o pior é a mentalidade que isto revela: totalitária, de uns a decidirem por todos acima das leis, sem se submeterem a concurso ou escrutínio, a usarem um espaço de comunicação a que outros não têm acesso. Se fosse dado um canal na TDT, por atribuição directa, sem concurso nem avaliação, a um qualquer grupo de media dos que até têm meios e experiência para tal empreendimento, não haviam de faltar ilustres deputados a clamar pelo crime de lesa-majestade. Mas quando são eles os protagonistas do abuso, ei-los seguros de quererem ser estrelas da TV, convencidos que o povo irá deixar de ver “Dancin’ Days” para seguir os arrufos de bancadas rivais ou a verborreia de muitos debates parlamentares, mais as piadas de caserna abundantes nas respectivas Comissões especializadas. O Parlamento dá frequentemente triste imagem de si próprio, mas este é um case study de cabotinismo político.


 


O TAL PARTIDO – Francisco Louçã lá decidiu quebrar o tabu que andou a alimentar sobre a sua continuação na liderança do Bloco. Não se contentou em dizer que considerava chegado o momento de sair – o que é um direito que lhe assiste, sobretudo numa altura em que o Bloco está notoriamente em má fase e em que não consegue ter capacidade de resposta face à crise instalada – não aponta alternativas, deixou de ser oposição e nem protesto tem conseguido ser. Mas Louçã não se limitou a sair, quis delinear a sua sucessão, na forma e no conteúdo. Indicou nomes e escolheu um homem e uma mulher, justificando o dueto pela forma natural como a sociedade se organiza – uma posição um pouco homofóbica para um partido que gosta tanto de causas fracturantes. Mas incongruências à parte, o que mais assusta é a evocação dos métodos sucessórios de regimes como da Coreia do Norte, em que o grande líder decide por si só como se irá perpetuar o seu pensamento uma vez que saia de cena.


 


SEMANADA – O número de casais com ambos os cônjuges desempregados quase duplicou em Julho face a igual mês de 2011 e já atinge os 8807 casais, o valor mais alto desde que esta informação é divulgada; o número de portugueses com salários inferiores a 310 euros por mês aumentou 9,4% face a 2011; o endividamento das empresas atingiu em Junho um novo máximo histórico de 182,5% do PIB; 100 a 120 empresas de construção estão em risco de lay off; prevê-se o encerramento de mais de um milhar de empresas de construção até final do ano; 84 mil homens e 54 mil mulheres entraram no desemprego desde o início de 2011; em 2050 haverá em Portugal um trabalhador por cada reformado; quase cinco mil advogados têm em atraso as quotas devidas à sua ordem profissional; os festivais de música perderam 90 mil espectadores neste verão; os preços da gasolina e do gasóleo em Portugal, antes de impostos, são dos mais altos em toda a Europa; a diocese do Porto lançou uma aplicação iPad gratuita, com os horários das missas.


 


ARCO DA VELHA – Abundam os protestos contra a extradição de Julien Assange para ser julgado na Suécia sob a acusação de tentativa de assédio e violação a duas mulheres em Estocolmo – mas rareiam os protestos e manifestações contra a forma como decorreu o julgamento e a sentença decretada no caso do grupo punk russo Pussy Riot, que havia parodiado Putin.


 


VER – Se gostam de fotografia não deixem de visitar o site da histórica agência Magnum(www.magnumphotos.com). Por estes dias vejam a homenagem que a agência colocou on line a uma das suas fundadoras, a fotógrafa Martine Franck, que morreu na semana passada com 74 anos. Aí podem ver uma selecção das suas imagens. A revista online norte-americana Slate também se associou à homenagem com um excelente artigo que evoca a carreira da fotógrafa e mostra igualmente outras fotografias suas.




OUVIR – Nas editoras discográficas há uma categoria de discos de alto risco que geralmente resultam em enormes pepineiras e que são os projectos especiais, tratados pelos departamentos de A&R (artistas e repertório), e que andam à volta de um tema ou de um artista. O objectivo é ampliar a facturação sob a capa da homenagem ou evocação de determinado artistas ou de determinada causa. “A Tribute to Caetano Veloso” tinha tudo à partida para ser uma coisa enfadonha, uma amálgama de boas intenções sem nada mais para celebrar o 70º aniversário do cantor. Felizmente não é isso que se passa e nomes como Chrissie Hynde, os Mutantes,, Beck, Devendra Banhart, Momo, Miguel Poveda, Seu Jorge ou Ana Moura, entre outros, dão boa conta do recado, difícil que era fazerem qualquer coisa de diferente e com qualidade na reinterpretação de 16 temas marcantes da carreira de Caetano Veloso. Conseguiram, e isso não é coisa pouca.  (CD Universal)




FOLHEAR – A edição da revista Time de 27 de Agosto tem um dos melhores trabalhos que já li sobre as mudanças que a proliferação do wireless trouxe ao dia a dia das pessoas. A revista mostra as dez principais formas como a tecnologia wireless, aplicada aos smartphones, tem na nossa vida -  da política (e, neste caso, das eleições americanas) às formas der pagamento (acautelem-se os cartões de crédito), passando pelo entretenimento, o ensino ou a saúde. É um trabalho absolutamente excepcional, que vale a pena aguardar. Os estrategas das campanhas políticas digitais cá do burgo farão bem em ler as páginas sobre o que está a suceder nas eleições americanas. E de uma forma geral todos ganham em ver que todas as fotografias que ilustram estas três dezenas de páginas da revista foram feitas com smartphones – inluindo a capa que resulta de um mosaico de imagens construído a partir de 30 mil fotografias enviadas por leitores à revista via Instagram.


 


PROVAR – Agora que no fim de Agosto as enchentes já são mais pequenas, aventure-se a ter uma refeição estival que não seja de peixe grelhado e, se estiver em Lisboa, dirija-se ao Meco, direito ao restaurante Celmar e peça o arroz de lingueirão. Aguente estoicamente os 20 minutos que a iguaria demora a preparar e depois sorria quando ele chegar. Arroz no ponto, bem temperado de coentros, sem ser espapaçado, com suficientes lingueirões em boa forma (não são daqueles que têm a textura de bocados de borracha de câmara de ar). Se gostar de verde peça uma garrafa de Muralhas para acompanhar – vinho que nunca engana e sempre satisfaz. A casa tem o bom senso de usar frappés de gelo abundante e água e não as mangas raquíticas que em dias de caloraça de nada servem. Rua Central do Meco, telefone             212 683 704      . Fecha às segundas.


 


GOSTO –   Dois jovens portugueses, Andrea Luis e Telmo Moutinho, formados na Escola de Hotelaria e Turismo de Óbidos, obtêm sucesso como pasteleiros em Paris.


 


NÃO GOSTO – 50% dos jovens portugueses apenas conseguem encontrar trabalho temporário.


 


BACK TO BASICS – Um jovem promissor faz bem em ir para a política: assim pode continuar a fazer promessas durante o resto da sua vida – Robert Byrne.


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 24 de Agosto)

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publicado às 17:29

SOBRE A CONTESTAÇÃO E A ACÇÃO

por falcao, em 17.08.12

CONTESTAÇÃO – A crise não entrou de férias, mas o pais está tão parado que nem os protestos funcionam. Querem ver? – a mais recente manifestação a exigir a demissão de Miguel Relvas reuniu escassas quatro dezenas de pessoas frente à Assembleia da República; no Algarve o protesto contra as portagens na Via do Infante, à porta da casa de férias de Passos Coelho, juntou sete activistas; e o buzinão ao pé do recinto onde decorria a Festa do Pontal, do PSD, tinha cerca de 50 viaturas. Se olharmos para as coisas por outro prisma também se sente a moleza estival – anunciada com pompa e circunstância pelos sindicatos, a greve dos sectores de transportes do passado dia 15 foi um fracasso – o Metro de Lisboa acabou por circular em pleno, na Carris a adesão à greve andou nos 30%, nos STCP mal se fez sentir e apenas na CP ela foi maioritariamente seguida. Se é verdade que o funcionamento dos partidos políticos deixa muito a desejar, está a ficar claro que mesmo aqueles que faziam das acções de rua, de protesto, a sua forma de intervenção politica preferida, estão manifestamente em dificuldades.


 


ACÇÃO – Inicialmente a Festa do Pontal era uma acção de mobilização das hostes laranja – uma romaria algarvia à qual os dirigentes partidários, de férias por aquelas paragens, compareciam em peso e onde se misturavam com os militantes. Agora é apenas uma acção de comunicação, calendarizada e forçada, uma coisa feita para os telejornais e que cria mais expectativa do que produz resultados. Este ano não foi excepção e o essencial do discurso de Pedro Passos Coelho, resume-se a uma ideia que tem repetido: “isto não vai voltar a ser como dantes”. Pois ainda bem que não vai – e embora alguns simpatizantes socialistas gostassem que o tempo voltasse para trás, o fracasso das acções de protesto também mostra que muita gente já percebeu que as coisas mudaram. Dito isto, valeria a pena a governação dizer o que isto vai ser daqui para a frente, independentemente das promessas de retoma e das garantias de prosperidade. Trocando por miúdos – que propõem para o futuro? Que vão fazer para dinamizar a economia? Que vão fazer para reformar o sistema fiscal? E, acima de tudo, que vão fazer para reformar o Estado? - o mesmo Estado que, quer-me parecer, ainda não sentiu verdadeiramente que “isto não vai voltar a ser como dantes”.


 


BICICLETAS - Alguns dos meus leitores irritam-se um bocado –e fazem-me chegar ecos disso - quando eu falo de bicicletas, normalmente criticando as ciclovias de Sá Fernandes em Lisboa. Nada me move contra as bicicletas, mas aborreço-me com aqueles que querem impingir a sua fé a todo o custo. Tenho pouco jeito para ouvir missionários e custa-me ver dinheiro público esbanjado em obras que são muito pouco utilizadas. Mas, acima de tudo, irrita-me a forma como cada vez mais ciclistas se comportam – andam lado a lado, a conversar, ocupando meia faixa de rodagem, não respeitam os sinais vermelhos, aproveitam as passadeiras para contornar o trânsito fazendo zigue –zague entre peões, enfim circulam à revelia de tudo o que o código da estrada indica. Acharão eles que as regras de circulação não se lhes aplicam?


 


SEMANADA – Segundo o “Correio da Manhã”, por alturas do início da Festa do Pontal, o Presidente da República arrumava a toalha e limpava os pés de areia à saída da praia das Belharucas; em contrapartida, mesmo de férias, Cavaco Silva enviou um recado via Facebook ao Banco Central Europeu; o número das pessoas sem emprego em Portugal está perto dos 1,3 milhões; o número dos inactivos que já não procuram trabalho está acima dos 90 mil; o número de pessoas que vivem de biscates e pequenos trabalhos atinge 260 mil; os licenciados sem trabalho já ultrapassam os cem mil; o emprego assalariado caiu 5% desde a assinatura do memorando com a troika; os salários em atraso cresceram 16% no primeiro semestre; a União Europeia tinha 25 milhões de desempregados no final de Junho, um aumento de 9,4% face ao mesmo mês do ano passado.


 


ARCO DA VELHA – No mês de Agosto, em Portugal, são comercializadas cerca de 77 mil embalagens de preservativos, mais 15 mil que a média dos restantes meses do ano e, também no mês de Agosto, são vendidas  23 mil embalagens de pílulas do dia seguinte, mais quatro mil que a média anual.


 


VER – Olhar para a situação social do presente e utilizá-lo como inspiração para a criação artística foi o método a que Susana Gaudêncio recorreu para criar a sua instalação no Museu Nacional de Arte Contemporânea, no Chiado. O título é todo um programa: “Época de estranheza frente ao mundo”. Um vídeo de animação, uma mesa de pinho e zinco e um manifesto impresso em acrílico compõem a exposição, assim descrita por Maria João Gamito no texto de apresentação:Em frente ao ecrã (de frente para o mundo) uma mesa, idêntica às que nessas salas recebem os negociadores, tem o tampo coberto por uma chapa metálica polida, onde são visíveis os vestígios inscritos de aleatórios registos de uma reunião que nunca aconteceu. Do outro lado da mesa, em frente ao mundo, um manifesto, sem tempo, sem lugar e sem verbos, materializado na impressão (prova) à escala real do tampo da mesa, substitui, por sua vez, a imagem da paisagem que nessas mesmas salas é sempre idêntica”. Este trabalho estará exposto até dia 20 de Setembro. Ainda no Museu do Chiado aproveite para ver uma exposição sobre a Art Déco em Portugal.


 


OUVIR – Nestes dias quentes, ao fim da tarde, enquanto o sol se põe, gosto de ouvir guitarra clássica e há um disco que tem andado regular na minha playlist de férias – “Latino”, do guitarrista montenegrino Milos Karadaglic. Ele tem feito carreira com uma aproximação ligeira e popular à guitarra clássica, muito na linha do que tem sido a mais recente política editorial da Deutsche Grammophon, a etiqueta para onde grava. No ano passado descobri-o no CD “Mediterrâneo”, e agora  em “Latino”, ouço as suas interpretações de temas de Astor Piazzola (Libertango), de Villa-Lobos (Mazurka-Chôro), de Gardel (Por Una Cabeza), de Farrés (Quizás,Quizás,Quizás) ou de Matos Rodriguez (La Cumparsita), entre outros. Milos é um virtuoso, mas não se deixa fechar no tecnicismo e evidencia uma capacidade de interpretação que, verdadeiramente, é o que o torna tão interessante.


 


FOLHEAR –Já saíu a edição especial de verão da “Monocle”, a “Mediterrâneo”, em formato de jornal. Apesar de Portugal estar geograficamente fora do Mediterrâneo, lá aparecem umas notas – por exemplo um elogio ao trabalho dos arquitectos Aires Mateus ou um destaque para a cadeia de supermercados biológicos Brio. Outros pontos de interesse são reportagens sobre o renascer da actividade económica na Líbia e sobre o ressurgimento de Marselha, algumas sugestões de restaurantes e suas receitas (do Líbano a Itália), e um belíssimo texto sobre regras básicas de etiqueta a seguir na praia, escrito pelo editor da Monocle, Andrew Tuck – das tatuagens à conversa com o vizinho do lado no areal, ele fala de tudo com um notável humor. E claro que existe também um guia das melhores noites do mediterrâneo.


 


PROVAR – Um dos meus petiscos preferidos de fim de tarde é queijo da ilha, esse maravilhoso petisco feito na ilha de S. Jorge, nos Açores, desde o século XVI. Gosto do seu sabor e da sua consistência. Vai bem com um gin tónico a ver o pôr do sol, cortado em pedaços pequenos. Nem precisa de pão. Sabe bem por si só.


 


GOSTO –   “Bons Sons”, um festival inteiramente dedicado à música portuguesa na aldeia de Cem Soldos, perto de Tomar, a decorrer este fim de semana.


 


NÃO GOSTO – Da lentidão do Estado a pagar as suas dívidas a empresas privadas


 


BACK TO BASICS – Geralmente as soluções que os governos encontram para os problemas são tão más como os próprios problemas – Milton Friedman


 

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publicado às 18:26

LISBOA - O programa de António Costa para Lisboa é transformar uma cidade vivida numa montra perfeita para visitantes, mas incómoda e impossível para quem a habita. Durante o mandato de Costa as condições de vida dos residentes em Lisboa têm-se agravado – na limpeza da cidade, no conforto de circulação, na degradação do piso dos passeios e das ruas. Têm sido feitas muitas obras de fachada mas poucas obras de recuperação, tem sido gasto mais dinheiro em agitação e propaganda (veja-se o caso do Intendente) que num trabalho sério de devolver habitantes à cidade e dar vida a zonas fora do eixo típico-turístico. Devia ser interessante fazer um estudo que avaliasse o custo por utente  das ciclovias construídas pela inspiração do vereador Sá Fernandes. Agora, para além da calamidade de circulação no Terreiro do Paço, começaram as obras da absurda transformação do Marquês do Pombal, que prometem infernizar a vida aos lisboetas. A EMEL, essa instituição que não tem deveres nem obrigações para com os contribuintes de Lisboa e que só gosta de exercer o que entende serem os seus direitos, gaba-se de ter tido lucros à custa do arbítrio e da perseguição, de tarifas inflacionadas, e tenta fazer crer que a prepotência é equivalente de boa gestão. Ao fim destes anos já é evidente que, a António Costa e à sua equipa, não interessa o bem estar de quem vive na cidade e muito menos conseguir mais residentes - interessa apenas o cenário, a fachada, o glamour de festas por tudo e por nada, sempre com uma mascarilha pretensamente popular. Se repararem no que tem sido a actividade festeira ao longo destes dois últimos meses, na maior parte a cargo da EGEAC, poderão constatar uma torrente de desperdício, de programação sem lógica nem sentido, para além do fomentar clientelas de favor, numa preparação de apoios artísticos que se vão estimulando para as próximas autárquicas. Aqueles que, nas anteriores eleições, por omissão e vingança, abriram o caminho a que Costa continuasse a estragar Lisboa terão agora o cenário de uma ampla coligação, onde o PCP é desejado, para continuar as malfeitorias na cidade. Quem semeia ventos, colhe tempestades e Lisboa vai demorar muito a recuperar.


 


OLÍMPICOS – Olhamos para a equipa olímpica portuguesa e a única reacção possível é dizer que parece milagre terem-se conseguido as posições alcançadas. Descobrem-se agora histórias de atletas que tiveram de sair do país para treinar, de outros que só puderam verdadeiramente começar a preparar-se para as olimpíadas a escassos meses do início da prova. Se ainda temos atletas que nos representem, isso deve-se a eles, ao seu esforço individual, à sua força de vontade e muito pouco a apoio oficial, organização e planificação. Os resultados, em modalidades inesperadas, mostram isso mesmo. São um bom sinal da capacidade dos que conseguiram posições de honra e um atestado de amadorismo, no pior sentido, a quem tinha o dever de planear, apoiar, organizar. A selecção nacional de futebol, bem vistas as coisas, no recente Europeu, teve piores resultados que muitos dos nossos atletas olímpicos, apesar de ser constituída por jogadores que treinam todos os dias nas melhores condições, sendo todos eles muito bem pagos. Vai uma diferença para quem trabalha todo o dia e treina quando calha sem grandes condições nem apoios.


 


SEMANADA – Uma em cada seis famílias tem dívidas de crédito de habitação em atraso aos bancos; há mais de 200 famílias por dia a entrar em incumprimento; no primeiro semestre mil empresas deixaram de poder cumprir os seus compromissos com a banca; mais de 500 empresas abrem falência em cada mês; numero de alunos que procuram universidades estrangeiras subiu 140%; o consumo de remédios para o colesterol duplicou nos últimos oito anos; nas facturas de energia o valor da energia propriamente dita é quase tanto como o das alcavalas, subsídios e taxas diversas; nos Estados Unidos estima-se que a quebra de produtividade provocada pelas pessoas que seguiram as transmissões dos Jogos Olímpicos atinja os 650 milhões de dólares; a “Newsweek” publicou a lista dos 101 melhores restaurantes do  mundo – há dez espanhóis e nenhum português.


 


ARCO DA VELHA – Em 220 dias as empresas de transportes já fizeram greve em 189 dias – e dia 15 de Agosto estão em greve seis empresas do sector.


 


VER – Esta semana o destaque é para o site www.nasa.gov, onde podem seguir as peripécias da sonda Curiosity – assim como a sua história e as fotografias que vai enviando.


 


OUVIR – Depois de alguns anos a experimentar formações e colaborações diversas e até de alguns discos a solo, Brad Mehldau regressou este ano ao trio – essa forma simples e eficaz que fez a sua fama. Para além de Brad Mehldau ao piano, aqui estão Larry Grenadier no baixo e Jeff Ballard na bateria. Os três conhecem-se bem de muitos concertos em que tocaram juntos e este regresso a estúdio produziu um bom disco. Ao contrário de registos anteriores, este “Ode” é baseado unicamente em originais do próprio Mehldau, escritos para esta formação em concreto. “Ode” revela uma energia arrebatadora, sempre trabalhando sobre linhas melódicas imaginativas e por isso mesmo é um daqueles discos de jazz incontornáveis. CD Nonesuch, via Amazon.


 


FOLHEAR – Vale a pena comprar a edição de iPad do número especial da revista “Time”, evocativo do 50º aniversário da morte de Marilyn Monroe, que reproduz a edição de 14 de Maio de 1956 daquela revista – precisamente aquela em que Marilyn fez a capa e em que se profetizava uma carreira brilhante. No extenso (e ainda hoje interessante) artigo no interior, a revista utilizou o trabalho de 33 repórteres em 26 cidades, e mais de 100 entrevistas, para descrever a ascensão da actriz e fazer um retrato invulgar e sensível das suas aspirações, no ano em que ela protagonizou o filme “Bus Stop”. É engraçado ver como a revista aparecia nessa altura, é fantástico folhear no iPad as páginas da publicidade desse tempo. E, sobretudo, é curioso ver ali retratada uma Marilyn um pouco diferente, para melhor, do mito que a sua morte criou.


 


PROVAR – Não há muitos restaurantes que se possam gabar de ter uma vista desafogada sobre o Tejo e o mar e de, simultaneamente, terem uma cozinha original e de muita qualidade. Esta semana descobri um sítio assim – no Hotel Solar das Palmeiras, em plena Marginal, antes de Paço de Arcos - onde dantes estava o Cocagne, está agora o Claro!. O nome vem do Chef Vítor Claro. Ao almoço há um menu que vai variando e que oferece uma refeição completa por 24 euros. Ao jantar há duas hipóteses de menus degustação e uma carta com boas sugestões. Na bela noite em que lá fui descobrir a arte de Vítor Claro experimentou-se como entrada um belíssimo presunto de porco preto, muito bem cortado,  acompanhado por finíssimas fatias de melão. A seguir, um lado da mesa ficou com o lombo de veado à general Wellington, que mereceu elogios, e eu fiquei-me por garoupa escalfada, acompanhada por lingueirão, berbigão e mexilhões, numa infusão perfeita, acompanhada de batatinhas mesmo pequeninas e sabiamente salteadas. A carta de vinhos é apropriada e a curiosidade mandou experimentar – com bom resultado - o “Dominó”, branco, um vinho do próprio chefe, oriundo de uma pequena vinha na Serra de São Mamede, a 900 metros de altura. O sítio ajuda, mas a arte de Vítor Claro acrescenta valor. Telefone             214414231      


 


GOSTO –   Da aventura, da ousadia e da tecnologia de quem preparou e levou a sonda Curiosity a Marte.


 


NÃO GOSTO – Das tricas, estados de alma e birras de algumas Fundações e seus dirigentes, depois do relatório que pôs a nu muitos podres do sistema.


 


BACK TO BASICS – A razão pela qual temos dois ouvidos e uma só boca é porque devemos ouvir mais e falar menos – Zeno, filósofo grego


 


 


 


 

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publicado às 15:30

QUER QUER COMPRAR UMA TV?

por falcao, em 03.08.12

TELEVISÃO – Nas últimas semanas têm-se sucedido os anúncios de novos canais de televisão – Correio da Manhã, Bola, dois novos da TVI – (um de ficção e outro de entretenimento).  Os indicadores mais recentes apontam para que em Portugal mais de 70% dos lares já utilizam televisão por assinatura – aquilo a que vulgarmente se chama TV Cabo. Este aumento brutal do número de utilizadores do cabo, é, em grande parte, devido à forma desastrada como o processo de transição para a TDT foi gerido. Mas, seja qual for a causa das coisas, agora a maior parte dos telespectadores vê televisão por cabo e no futuro a probabilidade é de a situação não se alterar e até de se aprofundar um pouco mais.  De forma quase sistemática o conjunto de canais do cabo é já o segmento que regista valores mais altos de audiência, maior que qualquer dos canais generalistas. Por outro lado parece ser cada vez mais provável que para a próxima época os jogos da Liga portuguesa não sejam transmitidos em nenhum canal aberto e apenas na Sport TV, que detém os direitos das respectivas transmissões. Esta situação não é nada de espantar, o mesmo acontece em vários países europeus, que há muito deixaram de ter futebol em canais gratuitos. Sucede que esta paisagem – proliferação de canais no cabo, aumento do universo de espectadores do cabo - é uma má notícia para a  privatização da RTP, cujos contornos se continuam a desconhecer. De tal modo estão as coisas que nos últimos tempos há quem se questione sobre se surgirão candidatos a essa privatização – será sempre uma operação mais cara do que o lançamento de novo canal – e embora os resultados sejam diferentes, também é certo que o risco é menor, até porque a publicidade no cabo aumenta e nos canais de sinal aberto diminui. Como a questão passou para a esfera política mais do que económica, quer dizer que começou a ficar irracional. A ver vamos se nenhum dos operadores de cabo vai ter, in extremis, de engolir o veneno em que a privatização da RTP se arrisca transformar.


 


SEMANADA – Os emigrantes que vêem a Portugal de férias, por automóvel, queixam-se de não receberem informação suficiente sobre as portagens electrónicas nas SCUT; os turistas estrangeiros deixaram em Portugal, de Janeiro a Abril, 475 milhões de euros, mais 15% que no ano passado; um ladrão roubou material de guerra da GNR à porta do quartel do Comando da corporação no Porto; no primeiro semestre deste ano já se verificaram nas prisões portuguesas tantos suicídios como no total do ano passado; em Portugal, de Janeiro a Março, morreram 33 101 pessoas e nasceram apenas 20 794; por dia ficam falidos 25 particulares; compras da China a Portugal cresceram 64% este ano; António Costa declarou considerar ter “algumas qualidades” para ser secretário geral do PS; António Costa admitiu querer alargar ao PCP a coligação nas próximas autárquicas de Lisboa; a CMVM detectou uma pessoa – não identificada - que exerce cargos na administração de 73 empresas cotadas em bolsa; taxa oficial de desemprego duplicou em quatro anos; a cobrança de impostos está a arrecadar menos receita do que em 2008, quando o IVA estava a 21%.


ARCO DA VELHA – O Ministério das Finanças é aquele onde a dívida a fornecedores mais aumentou no primeiro semestre deste ano – em casa de ferreiro espeto de pau.


 


VER – A fotografia em película tinha um processo criativo bem diferente da fotografia digital. Cada rolo de película de 35 mm acomodava 36 imagens. Uma vez revelado, o rolo era a base de provas de contacto – folhas que reproduziam em tiras os negativos no seu tamanho original. E era daí que os fotógrafos escolhiam as imagens que consideravam ideais e que , posteriormente, ampliavam. É a partir deste método que o belga Jef Geys olhou para Lisboa. A exposição que está na Culturgest, no Campo Pequeno, até 2 de Setembro, mostra duas provas de contacto resultantes de outros tantos rolos de película utilizados para fotografar Lisboa, a preto e branco, em 1998. É simultaneamente um olhar sobre um método de trabalho que deixou de existir e uma interrogação sobre a forma como a fotografia pode evoluir. É um curioso registo de uma forma de olhar e de fotografar.


 


OUVIR – O novo disco de Neneh Cherry não é para ouvidos delicados e incapazes de aventuras. Trata-se de um disco de jazz como já é raro encontrar hoje em dia. Neneh, que é filha de Don Cherry, um trompetista marcante com quem Ornette Coleman gostava de tocar na década de 60. Neneh começou carreira na pop e tem andando arredada de gravações a solo desde 1996 – à excepção de umas vocalizações esporádicas - por exemplo com Gorillaz. Agora ressurge num disco atrevido, com um trio de músicos suecos e noruegueses que fazem da improvisação sem barreiras o seu estilo de eleição. Para Neneh Cherry este álbum é um momento de redenção, onde todo o seu talento surge de forma clara. The Thing, o nome da banda, é uma homenagem a um tema homónimo de Don Cherry. O ”The Cherry Thing”, assim se chama o disco, inclui quase só versões – apenas o tema de abertura, “Cashback” foi escrito por Neneh Cherry.  Aqui podem encontrar “Golden Heart”,de Don Cherry, “What Reason Could I Give”, de Ornette Coleman,  mas também surpresas como “Dirt” dos Stooges ou uma interpretação absolutamente inesperada e arrebatadora de “Dream Baby Dream” dos Suicide ( de Alan Vega) – que engraçado que hinos punk sejam agora, passadas algumas décadas, homenageados pelo jazz improvisado. As coisas, afinal, não andam longe umas das outras. CD Small Town Supersound, na Amazon.


 


FOLHEAR – A “Egoísta” de Junho é redonda e dedicada à noite. É redonda porque tem o formato de um círculo perfeito, à excepção de uma pequena pega na lombada, que serve para prender as páginas. Mário Assis Ferreira, o director da revista, recorda que “ a noite é um hiato contínuo em metade das nossas vidas” – por alguma razão se diz que ela é boa conselheira. Esta noite, da “Egoísta”, traz-nos fotografias de fantasia de Andreas Reinhold, fotografias testemunho de Augusto Brázio, fotografias memória de António Barreto, um magnífico texto de Fernando Sobral sobre a vida que não tem horas e um conto inesperado de Marta Jecu. Mais uma boa edição cheia de imaginação. Que seria de nós sem estas surpresas sazonais que a “Egoísta” nos proporciona?


 


PROVAR – Esta semana experimentei o QB, localizado na Quinta da Beloura, perto da entrada da zona de escritórios, numa das antigas casas originais da Quinta, remoçada há uns anos para a actual função. Fiquei a apreciar a robustez de um petisco de entrada que é uma morcela no forno com cebola e maçã caramelizadas, bem seguido por uns estimáveis pasteis de massa tenra com arroz de coentros. O serviço é eficaz, o local arejado e confortável, a lista de vinhos tem boas surpresas e a refeição correu da melhor forma. Na lista existem outras propostas como pastéis de bacalhau com o tradicional arroz de cenoura, bifes e iscas a portuguesa. Bom sítio para, por estes dias de verão, fugir à ventania do Guincho rumo a uma almoçarada depois de uma partida de golfe. Telefone             219 240 166      . 


 


GOSTO –   Do apoio da PT às boas ideias de novos projectos, que pode ser visto no site vamosla.pt – precisam-se de mais empresas com a dinâmica de inovação e de intervenção social da PT, neste acaso através da TMN.


 


NÃO GOSTO – Da maneira como a Câmara dificulta a vida dos lisboetas cortando o trânsito no Terreiro do Paço.


 


BACK TO BASICS –  “Quem quiser ter uma carreira com êxito na política tem que ter consciência de que há um assunto que nunca deve mencionar – a política” – Gore Vidal.


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 3 de Agosto)

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