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SOBRE DEBATES; OPINIÕES E TELEVISÕES

por falcao, em 30.01.15

COMENTÁRIOS - Que papel deve ter a televisão na participação cívica e na actividade política? Em Portugal a questão costuma resumir-se a alguma discussão sobre a forma dos debates pré-eleitorais e sobre a rotina das entrevistas a líderes políticos. Ao longo de um ano, especialmente de um ano não eleitoral, há poucos debates. O problema não é exclusivamente televisivo - apesar dos 40 anos da Assembleia da República há poucos debates, bastante retórica e maioritariamente chicana e propaganda partidária. Não há o hábito de discussão de ideias, mas sim de afirmação de posições - o que leva a que acordos sejam uma palavra rara. Normalmente nesta terra de brandos costumas não nasce a luz da discussão mas é frequente nascer a confusão da troca de galhardetes. Tirando isso, e regressando à televisão, ficam os comentários e os comentadores. Ora a esmagadora maioria dos comentadores são paus de bandeira com o estandarte hasteado, cada um a marcar o respectivo território O curioso é que a análise política e o comentário não partidário são bens escassíssimos nos media portugueses, em particular na televisão - e sobretudo, por mais paradoxal que isto possa parecer, nos canais de cabo dedicados à informação. O debate político em Portugal é tratado ao nível de concursos de talentos e de imitadores em que os concorrentes são ex ou actuais notáveis das vidainhas partidárias. É curto, mesmo que às vezes seja divertido. E, claro, ajuda a fazer carreiras - the show must go on.



SEMANADA - No domingo passado, o Syriza, da esquerda radical, ganhou as eleições gregas; na segunda feira o seu líder, Alex Tsipras, anunciou uma coligação com um partido de direita nacionalista; depois de optar por uma tomada de posse sem referências religiosas, ao contrário do que é hábito na Grécia, reuniu-se com o chefe da Igreja Ortodoxa grega; Tsipras, que tem criticado as sanções europeias à Rússia, recebeu uma calorosa saudação de Vladimir Putin pela vitória eleitoral, propondo aumentar a cooperação entre os dois países; o primeiro encontro de Tsipras com um diplomata estrangeiro, depois de vencer as eleições, foi com o embaixador Russo Andrey Maslov; o primeiro acto público oficial de Tsipras depois de ser empossado primeiro-ministro foi depositar flores num memorial a vitímas da ocupação nazi alemã na Grécia; Angela Merkel dirigiu uma mensagem de felicitação a Tsipras  dizendo desejar fortalecer a cooperação entre os dois países; em França Marine Le Pen congratulou-se com o resultado das eleições gregas, classificando-o como o início do julgamento da euro-austeridade; o primeiro ministro espanhol, Mariano Rajoy, participou na campanha do derrotado ex-primeiro ministro Samaras e um porta-voz do seu Partido Popular disse que não se podiam fazer comparações entre a Espanha e a Grécia; o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi disse que é bom ter um aliado como Tsipras em Bruxelas; Mário Soares manifestou “uma grande alegria” com a vitória “do amigo” Alex Tsipras, com quem esteve no ano passado, nas eleições europeias, num comício do Bloco de Esquerda realizado no norte do país; ao segundo dia como Primeiro Ministro Tsipras anunciou ir "reestruturar dívida", subir já o salário mínimo, travar privatizações e contratar funcionários públicos despedidos no tempo da troika; a bolsa grega caíu a pique e  os juros da dívida helénica dispararam; o primeiro Conselho de Ministros de Alex Tsipras foi transmitido em directo pela televisão.

 

ARCO DA VELHA - O negócio dos submarinos rendeu em comissões 27 milhões de euros que foram distribuídos por accionistas da ESCOM e do GES.

 

FOLHEAR - A edição de Fevereiro da revista “Monocle” é dedicada à hospitalidade, nas suas diversas formas, desde maneiras hospitaleiras de receber, seja em casa, num hotel ou num restaurante, até à forma como algumas embaixadas acolhem convidados. É uma edição muito curiosa, pontuada entre o bom gosto e as boas maneiras. Na secção de cultura há um destaque para o panorama das galerias e da arte em Nova Orleãs, mas também uma história deliciosa de mil árvores, plantadas no ano passado na floresta norueguesa, árvores que darão origem ao papel que será usado em 2114 para imprimir uma antologia de 100 autores que já está a ser preparada. Na area de Media um artigo pequeno, mas curioso, sobre o que está a acontecer na produção televisiva em França, em parte impulsionada pela chegada ao mercado local do Netflix. Regressando à hospitalidade, Lisboa merece duas referências, uma com o Hotel Valverde na Avenida da Liberdadee outra com o Café Lisboa e as suas receitas, criadas por José Avilez. Finalmente nesta edição aparece o anúncio da “Monocle Quality Of Life Conference”, que se realizará em Lisboa nos dias 17 e 18 de Abril, à volta da questão do desenvolvimento das cidades, da sua arquitectura, de como colocar o artesanato e o design no centro do desenvolvimento de actividades económicas. Para terminar, na nota final de Tyler Brulé fica a saber-se que a edição especial “The Forecast”, editada em Dezembro, terá igualmente uma edição no Verão, mais centrada na cultura e nos media.

 

VER - Até 17 de Fevereiro ainda pode ser vista, nos Paços do Concelho, em Lisboa,  a exposição de imagens de fotojornalismo da agência noticiosa espanhola EFE. A mostra pretende dar a conhecer a actividade fotográfica da agência desde que ela se iniciou, há 75 anos. A EFE tem mais de 13 milhões de imagens no arquivo, e destas, cerca de 2,5 milhões podem ser visitadas em  www.lafototeca.com. Diariamente a agência produz cerca de mil imagens em todo o mundo, mas predominantemente nas zonas de influência de Espanha, nomeadamente a América do Sul. Olhando para este trabalho de preservação da memória do fotojornalismo fico a pensar como seria oportuno fazer idêntico trabalho na portuguesa agência LUSA e nas suas antecessoras, Notícias de Portugal, ANOP, ANI e Lusitânia, a precursora, fundada em 1944, há 70 anos portanto. Um bom complemento desta expoosição da EFE, embora de natureza diversa, pode ser visto no Arquivo Fotográfico (Rua da Palma 246), onde até 14 de Março pode ser visitada a exposição de postais ilustrados “Palavra Arquivada” (na imagem) , comissariada por Carla Cabanas, a partir de um conjunto de postais do início do século XX provenientes da sua coleção particular e da coleção de Eduardo Portugal.

 

OUVIR - David Virelles é um pianista cubano que se tornou num dos novos cartões de visita da prestigiada editora alemã de jazz ECM, infelizmente cada vez mais difícil de encontrar em Portugal. Neste seu disco de estreia para a ECM, “Mbókò”, Virelles é acompanhado por uma formação inusitada - dois baixistas, dois percussionistas (um deles também vocalista) e ele próprio no piano. Interpretam o que classificam de música sacra e ritual afro-cubana, com incursões de fusão frequentes em sonoridades contemporâneas. Os dois duplo-baixos, e as improvisções que desenham, são uma peça fundamental na construção da sonoridade, assim como as percussões, às quais é deixado um papel essencialmente de pontuação melódica. É difícil catalogar o disco, com raízes evidentes na world music, mas com pontes constantes ao jazz num trabalho de evidente exploração e inovação. O disco inclui dez temas do próprio Virelles e merece ser referido o papel de Thomas Morgan e Robert Hurst, ambos no duplo baixo, do baterista Marcus Gilmore e de Róman Diaz, um percussionista que toca biankoméko, um conjunto de percussões de quatro tambores, sinos e maracas. O meu exemplar de “Mbókò” veio da Amazon do Reino Unido.



PROVAR - Uma edição recente da revista norte-americana “Time” dedicava a sua capa inteirinha a elogiar os benefícios da manteiga e a contrariar a ideia de que ela poderia ser perigosa para o regime alimantar. Confesso que não resisto à boa manteiga, mas ela não é fácil de encontrar. Nos últimos anos tenho usado a “Nova Açores” mas há dias descobri uma nova marca do arquipélago, a “Manteiga Rainha do Pico” . Comprei-a na Garrafeira Néctar das Avenidas (Av Luis Bivar 40B, junto à esquina com a Duque de Ávila). Uma embalagem de 500 gramas custa 5,20 euros e garanto que uma torrada com esta manteiga faz toda a diferença. As minhas manhãs são outras desde que a descobri - ainda por cima com a consciência menos pesada graças à Time.  Este espaço, Garrafeira Néctar das Avenidas, que recomendo vivamente, tem uma bela escolha de vinhos, incluindo alguns de pequena produção com boa relação qualidade/preço e distingue-se por uma cuidada selecção de vinhos do Porto. A casa é propriedade de um açorriano, recebe semanalmente produtos do arquipélago, desde a manteiga e compotas como a de capucho a biscoitos de canela, passando por massa sovada e bolo lêvedo das Furnas. Este deve ser dos poucos sítios do Continente onde se pode comprar o maravilhoso vinho generoso Czar, originário da ilha do Pico, e que deve o seu nome ao facto de em tempos idos a produção ser quase integralmente comprada pela corte imperial russa.

 

DIXIT - “Fala ao telemóvel com tranquilidade? - Falo. Como se estivesse a falar para um gravador” - Paula Teixeira da Cruz, Ministra da Justiça, em entrevista ao “Expresso”.

 

GOSTO - O número de falências baixou pela primeira vez desde 2010

 

NÃO GOSTO - Mais de um terço dos professores chumbaram na prova de avaliação e os erros básicos de português foram abundantes - apenas 34,7% dos avaliados não fizeram erros ortográficos.

 

BACK TO BASICS - O preço que os homens bons pagam pela sua indiferença face à coisa pública é virem a ser governados por homens sem valor - Platão

 

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publicado às 14:25

 

DÚVIDAS - Nas eleições legislativas que vão realizar-se por volta do início de Outubro poderão votar, pela primeira vez, eleitores que nasceram em 1997. Será que vão exercer o seu direito de voto? Será que se sentem motivados pela acção dos partidos e pelo funcionamento do sistema político? Será que acham que o voto tem alguma influência para mudar o estado de coisas? As perguntas não são retóricas - corre-se o risco de a abstenção aumentar ainda mais, o que quer dizer que um dia destes alguém pode perguntar se esta democracia ainda é representativa. As eleições deste ano iniciam um novo ciclo eleitoral que, depois das legislativas, terá continuidade com as presidenciais e as autárquicas. São três momentos de significado diverso mas que poderão servir para aferir se o comportamento do eleitorado português continua a enquadrar-se na tipificação que existiu durante as últimas quatro décadas, ou se alguma coisa mudou: teremos ainda as mesmas maiorias socio-políticas, ou não? Os novos eleitores terminaram o ensino primário já neste século e tratam a internet por tu. Vêem menos televisão. Lêem menos jornais. Ganham informação e estabelecem opinião de outra maneira - sabem qual é? O sistema está preparado para isto? Que fez para mobilizar a participação cívica de quem agora está a entrar na idade adulta? Vamos deixar o futuro político do país em quem nele vai viver nas próximas décadas, ou em quem nele tem vivido nas anteriores?ΩΩΩ

 

SEMANADA - Em 2014 a venda de automóveis na União Europeia cresceu 5,7% mas em Portugal o crescimento foi de 34,8%; as exportações da Auto Europa subiram 12% no ano passado graças à China; entre 2011 e 2014 os salários caíram 11% no sector privado e quase o dobro no Estado; o valor da marca Cristiano Ronaldo subiu 11 milhões de euros em 2014 e mais que duplicou desde 2011, atingindo actualmente um valor potencial de 54 milhões de euros;

2014 foi o melhor ano da história do turismo em Portugal, com os hotéis a facturarem mais de 2 mil milhões de euros graças a 15 milhões de hóspedes, o que significa um maior número de dormidas que na vizinha Espanha; mais de 30% dos jovens portugueses não acabam o ensino secundário; Portugal registou em 2014 o mais baixo índice de mortalidade infantil de sempre; 33% dos partos realizados em Portugal são cesarianas; nos hospitais privados a taxa de cesarianas é de 67% contra os 28% registados no Serviço Nacional de Saúde; António Costa disse que o país precisa de regionalização; Rui Rio disse que a regionalização era o abanão de que o país necessita; o fisco cobrou em 2014 cerca de 900 milhões de euros em impostos acima das previsões; uma empresa de Viana do Castelo está a ser alvo de vários processos de penhora no montante de cerca de 35 mil euros referentes a portagens não pagas de uma viatura que vendeu em 2010; um terço das 24 freguesias de Lisboa não cumpre o Código dos Contratos Públicos.

 

ARCO DA VELHA - Na segunda-feira Mário Soares disse que Cavaco Silva era salazarista, na quarta-feira afirmou que Sócrates era um preso político.

 

FOLHEAR - A revista “Wallpaper” de Fevereiro é a edição especial relativa aos prémios de Design que a revista atribui anualmente e que vão da joalharia à iluminação, passando pela roupa, a arquitectura ou utensílios domésticos, como um serviço de café por exemplo. Há exemplos de peças deliciosas, como uma mesa de sala de reuniões desenhada por Jasper Morrison, uma casa pré-fabricada em aço galvanisado da Vipp’s ou uns simples uns óculos da Lindberg. O melhor rebranding foi para a Lowe, a melhor apresentação de uma refeição foi para “La Bonne Table” de Tóquio, a melhor cozinha foi para a Boffi, o melhor sofá para a Cassina e o melhor armário de roupa para a Ceccotti Collezioni. Na moda o título de melhor criação para mulher foi para a colecção de Outono-Inverno 14 da Dior, desenhada por Raf Simons, e a melhor criação de roupa de homem foi para a colecção Outono-Inverno 14 da Saint Laurent, desenhada por Heidi Slimane.Tóquio foi considerada a melhor cidade e o título do melhor novo restaurante foi para Carlo e Camilla, em Milão. O sempre disputado prémio de melhor novo hotel foi para o American Trade Hotel na Cidade do Panamá. O melhor projecto de arquitectura para uma residência particular foi para a Vault House, em Oxnard, na California, projectada por Johnston Marklee. A presença portuguesa está numa página de publicidade dos papéis higiénicos coloridos da Renova.

 

VER - Hoje quero chamar a atenção para duas exposições que abrem proximamente. A primeira vai ser uma curtíssima oportunidade de rever o trabalho que a fotógrafa portuguesa Pauliana Valente Pimentel fez na Grécia, inicialmente exposto em Lisboa em 2013. Sob o título “Jovens de Atenas”, a que pertence a imagem que ilustra esta nota, a fotógrafa documenta o sentimento vivido em Atenas em 2012, no auge da crise económica e política do país. A propósito das eleições gregas que decorrem neste fim de semana, a Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12-16) faz a reposição desta exposição, durante três dias, deste Domingo até dia 28. E no Domingo, entre as 18 e as 21, a autora estará disponível para um debate com convidados sobre esta sua obra. A outra exposição inaugura para a semana na galeria Belo-Galsterer (Rua Castilho 71). Trata-se da colectiva “Paperworks II - Para Além do Desenho”, que inclui obras de Alexandre Conefrey, Antje Weber, Ernesto de Sousa, Juliane Solmsdorf e Pedro Calapez. A partir do próximo dia 29.  

 

OUVIR - Fred Hersch é um dos grandes pianistas de jazz norte-americanos e podia dizer-se que ele é um mestre que não vai em modas. Normalmente o seu trabalho é baseado num trio que, como aqui acontece, além dele próprio inclui o baixista John Hébert e o baterista EricMcPherson. “Floating” é a sua gravação mais recente e tem sete temas originais do próprio Hersch, dois standards (“You & The Night & The Music” e “If Ever I Would Leave You”) e ainda um tema de Thelonius Monk, “Let’s Cool One”. Hersch gosta de baladas e não tem nenhum problema em utilizá-las como matéria prima para o seu trabalho, como se percebe enquanto se vai ouvindo este disco. O tema de abertura, “You & The Night & The Music” é um exemplo do seu virtuosismo, com a mão esquerda a rasgar para além da melodia traçada pela mão direita. Destaque também para o tema-título “Floating” que é uma deliciosa balada, e para um tema dedicado a Esperanza Spalding, “Arcata” onde John Hébert demonstra no seu baixo como a simplicidade pode ser a base da criatividade. O disco termina com o clássico “If  Ever I Would Leave You” e com o tema de Monk, “Let’s Cool One”, ambos demonstrações perfeitas do que pode ser o entendimento entre três músicos que vivem e sentem a mesma música. CD Palmetto, na Amazon.

 

PROVAR - Em matéria de doces, quando é para pecar, que se peque a sério. Um dos pretextos ideias que conheço para este género de pecados é a produção da Fábrica de Rebuçados de Ovo de Portalegre. Estes rebuçados de ovos são característicos desta região e baseiam-se numa receita conventual. Hoje em dia continuam a ser  feitos à mão e embrulhados em papel de seda. Vendem-se em latas com 12 unidades e são deliciosos a acompanhar um bom café arábica da Pérola de Chaimite, na Duque de Ávila, onde por acaso também são vendidos estes tentadores rebuçados. A lata onde vêm é só por si um belo objecto que apetece guardar - mas o seu sabor e consistência são iguais aos rebuçados de ovos de que me lembro na infância, quando o meu pai os comprava em Nisa, na única senhora que os produzia e que tinha uma receita que não partilhava com ninguém. Hoje em dia são um dos produtos da empresa “Sabores de Santa Clara”, sediada em Portalegre, e que produz também bolachas artesanais, licores a partir de plantas naturais, um xarope de groselha e nozes e amêndoas tostadas no forno e levemente adoçadas posteriormente. Os produtos da casa são uma tentação. Consultem os sites www.rebucado.com e ou www.saboressantaclara.com. Estes produtos também estão à venda no Mercado da Ribeira.

 

DIXIT - “Quanto mais o líder do PS fizer papel de morto, mais hipóteses tem de ganhar as eleições” - Mira Amaral

 

GOSTO - O músico e fotógrafo português Rodrigo Amado foi incluído entre os cinco melhores saxofonista tenor por um grupo de 46 críticos de jazz de todo o mundo.

 

NÃO GOSTO - Da confusão instalada nos serviços de urgência dos hospitais.

 

BACK TO BASICS - Quando os políticos se queixam de que a televisão transforma o mundo num circo, esquecem-se que o circo já lá estava e que a TV apenas evidenciou que nem todos os artistas estão suficientemente ensaiados - Edward R. Murrow

 

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publicado às 14:02

ASAE - Esta semana soube de uma história extraordinária. Numa das zonas próximas de Lisboa que ainda têm uns restos de agricultura uma mulher empreendedora decidiu criar o seu  posto de trabalho num negócio próprio, baseada no seu talento culinário. Com recurso a produtos naturais da região criou uma marca, com várias variedades, montou uma cozinha regulamentar e meteu mãos à obra. Pagou impostos e taxas, fez comunicação e publicidade, foi a feiras e certames e ganhou prémios de qualidade. Nas lojas da região os seus produtos ganharam fama e começaram a ser procurados. Geraram receitas para o Estado, animaram, à sua pequena proporção, a economia local. Não recebeu subsídios, arriscou, trabalhou, divulgou, vendeu. Um dia destes entrou-lhe pela casa o Estado, vestido de ASAE e o que encontraram para tolher as pernas à iniciativa foi uma menção num rótulo. O rótulo dos produtos tinha escrito “Best before” e, depois, a data da validade. Pois os nossos queridos agentes da ASAE mandaram suspender imediatamente todas as vendas, recolher todos os produtos e substituir “Best Before” por “Consumir antes de”. O resultado disto é que desde há quase um mês que não se prepara novo produto nem se fazem vendas e se está apenas a substituir etiquetas, causando evidentes prejuízos. Os senhores da ASAE talvez pudessem ter dito alguma coisa do género “isto não é regulamentar, tem de corrigir, tem x meses (o que fosse razoável) para mudar”. Mas não - tem de mudar já. Não sei se já ocorreu às almas da ASAE, que são pagas pelos contribuintes,  que cada vez que tomam uma medida que pode lesar actividades económicas estão a desrespeitar quem lhes paga. Uma coisa é velar pela Lei, outra é ser cego e não olhar a meios. Assim a ASAE não ajuda nem o país nem os contribuintes. Muito menos a economia. O Estado no seu melhor.

 

SEMANADA - A investigação do caso Sócrates encontrou um milhão de euros, em dinheiro vivo, num cofre do Barclays, pertencente ao amigo Carlos Santos Silva; António Costa estabeleceu que carros anteriores a 2000 estão proibidos de circular no centro de Lisboa; no caso BES uma coisa é certa: havia uma extraordinária obediência, todos se limitavam a cumprir ordens e ninguém sabia de nada; a Parque Escolar tem dívidas a fornecedores no valor de 1,14 mil milhões de euros; há uma escola básica, no Parque das Nações, que está por concluir há quatro anos; em menos de quatro meses houve mais de 700 denúncias de maus tratos a animais; Marco António Costa, porta voz do PSD, elogiou Santana Lopes por admitir avançar por sua própria iniciativa para as eleições presidenciais; Marques Mendes diz que Rui Rio está inclinado a avançar com uma candidatura presidencial; Vitor Bento voltou a ser nomeado por Cavaco Silva para o Conselho de Estado; um juiz de Braga anulou uma multa de 62,10 euros relativa a uma portagem que era originalmente de 5,75 euros; no final de 2013 o fisco tinha mais de 5,9 mil milhões de euros que não podia cobrar aos devedores; a dívida total de médio e longo prazo que Portugal tem de amortizar durante a próxima legislatura deve chegar a 62 mil milhões de euros, ou seja mais de 35% do PIB só para os credores em quatro  anos; em 2013, 75% dos técnicos de ambulância tinham sintomas depressivos; Alberto João Jardim deixou a presidência do Governo Regional da Madeira ao fim de 37 anos de poder; a GNR já detectou nos últimos meses 33 toneladas de azeitona roubada no Alentejo.

 

ARCO DA VELHA - Há três distritos, Bragança, Setúbal e Évora, com 40% de desistências e chumbos escolares no 12º ano.

 

LER - Devo começar por fazer uma declaração de interesse - sou diretor-geral da Nova Expressão, a Agência de Meios que esta semana tornou público um estudo de hábitos digitais dos portugueses, “Um Dia Das Nossas Vidas Na Internet”. Promovido pela agência e executado pela Marktest, o relatório integral foi disponibilizado no site da Nova Expressão e na sua página do Facebook. O estudo revela e quantifica as grandes mudanças ocorridas nos últimos anos. Muito resumidamente: o chamado horário nobre da televisão, entre as 20 e as 24, coincide com o período do dia em que há maior número de acessos na internet - maioritariamente em computadores portáteis e em dispositivos móveis como tablets e smartphones; 58% dos inquiridos de uma amostra representativa dos cibernautas portugueses com mais de 15 anos admite que ao ver televisão em casa, num televisor, costuma navegar em simultâneo na Internet; a hora das refeições coincide com o período em que são mais utilizados dispositivos móveis; os portugueses já passam mais tempo a navegar na internet que a ver televisão, verifica-se um aumento da idade média dos utilizadores e regista-se um crescimento significativo do comércio electrónico; finalmente os conteúdos mais procurados são redes sociais (com o Facebook à frente), o visionamento de videos (claramente liderado pelo YouTube), ou a partilha de fotografias no Instagram. Finalmente o estudo conclui que a utilização da internet em Portugal é já um hábito comportamental consolidado e absoluto, que a transferência dos suportes de media convencionais para o acesso na internet é elevado e crescente e sublinha que a capacidade multi-task dos internautas portugueses é grande. Definitivamente o nosso mundo comunicacional já mudou, talvez mais do que aquilo que muita gente pensava.

 

VER - A RTP 2 está a emitir desde o início da semana passada uma exemplar série produzida pelo operador público de televisão Dinamarquês, “Borgen”, que revela os bastidores da política , a formação de um governo de coligação e as negociações permanentes que existem para conseguir manter o poder. A série tem sido um sucesso em todo o mundo e cerca de três dezenas de países já a exibiram, antes de a RTP2 a ter começado a programar - mas nem um desses países a tratou da forma que a RTP está a tratar - episódios seguidos de segunda a sexta, desrespeitando o formato original de exibição de um episódio por semana, que caracteriza a narrativa e a produção original. Tratar uma série destas, premiada internacionalmente, como se fosse uma telenovela é uma amostra do muito que há para mudar no comportamento do serviço público em Portugal. “Borgen”, cujos direitos de adaptação foram negociados pela BBC e pela HBO norte-americana, é o exemplo do que pode e deve ser a produção audiovisual num serviço público. A Dinamarca tem 5,5 milhões de habitantes, o seu idioma tem uma reduzido alcance mundial, mas produções como esta fizeram com que nos últimos anos o audiovisual dos países nórdicos desse um enorme salto qualitativo. O formato original tem três séries, de dez episódios cada uma: a RTP 2 está a consumir cinco episódios por semana, fez uma fraca promoção da série e em termos de audiência cerca de um terço dos espectadores dos programas de informação que antecedem a exibição de “Borgen” desaparece do ecrã quando a série começa. Na Dinamarca o operador público fez conjugar a exibição em televisão de um programa na rádio pública, que acompanhou o lançamento e a exibição, desenvolvendo um spin off  com uma narrativa paralela. Não resisto a contar que a Copenhagen Business School fez um inquérito junto de espectadores regulares de “Borgen”, inquirindo-os sobre o seu posicionamento político -  a maioria respondeu que a série não lhes tinha feito modificar as opções partidárias pessoais, e uma também clara maioria dos inquiridos declarou que tinha começado a seguir a actualidade política dinamarquesa com maior atenção desde que a série começou. Por mim um dos momentos favoritos, logo num dos primeiros episódios, é quando a recém empossada primeiro-ministra nomeia para assessor de comunicação um eminente académico, especialista em retórica, que se espalha ao comprido na primeira crise política que enfrenta e que diz tamanhas barbaridades numa entrevista à televisão que é de imediato dispensado.  Geografias diferentes, histórias paralelas.

 

PROVAR - Nos últimos anos o vinho Moscatel de Setubal, nas suas várias variantes, tem obtido um reconhecimento merecido. A sua utilização na doçaria da região é tradição antiga - desde uma mousse com ele temperada (que com sorte se apanha no restaurante Retiro do Gama, em Cabanas, Quinta do Anjo), até ao belíssimo Pastel de Moscatel, fabricado pela confeitaria S. Julião, de Palmela e que pode ser encontrado nalgumas lojas e restaurantes da região - uma delas a casa agrícola Horácio Simões, que produz um premiado Moscatel Roxo e que fica situada precisamente na Quinta do Anjo. Prove o doce em conjunto com este vinho e terá uma grata surpresa. O pastel tem a configuração de uma queijada, é elaborado com amendoa, ovos, açucar e moscatel e recebeu já vários prémios em certames. O responsável pela confeitaria S. Julião é Nuno Gil, de 42 anos, que se dedica ao estudo dos doces tradicionais da região e é presidente da direcção da Confraria Gastronómica de Palmela. Além dos Pastéis de Moscatel faz outros doces regionais, como o histórico Dom Filipe e fogaças. A Confeitaria S. Julião pode ser contactada pelo telefone 919 927 457 ou na página do Facebook.

 

DIXIT - “Os políticos não gostam, de modo nenhum, de análises de custo/benefício independentes e competentes” - Miguel Cadilhe.

 

GOSTO - A Livraria Lello, do Porto, foi classificada em primeiro lugar na lista das livrarias mais “cool” do mundo pela revista Time.

 

NÃO GOSTO - Das posições da deputada europeia Ana Gomes, do PS, que defende os  argumentos usados pelos terroristas islâmicos no caso do jornal Charlie Hebdo .


BACK TO BASICS - Todas as decisões devem ser avaliadas em função dos resultados obtidos e não das intenções que as inspiraram - Cícero

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publicado às 12:58

NEBULOSA - Quanto mais se avança no caso BES mais dúvidas surgem sobre os dias que levaram à intervenção do Banco de Portugal e mais se pensa se essa mesma intervenção não terá sido feita de uma forma pouco pensada, se as consequências de tudo terão sido bem medidas. Não é só o caso da Goldmnan Sachs, é também a situação dos pequenos accionistas e de depositantes que foram levados a determinados produtos. As novelas jurídicas que se desenham em torno da venda de activos e de património e o resto que, palpita-me, ainda há surgir vão fazer correr muita tinta. E já nem falo da polémica mudança de nome e de imagem em nome da anulação de uma marca e de uma história -  cabe perguntar se a destruição da marca não significou ela própria uma destruição de valor para uma venda futura; tenho as minhas dúvidas que tenha sido a melhor decisão. Este ano que está a findar foi fértil no desmantelar de ilusões e na destruição de valor - na Banca, mas também na PT e em outras grandes empresas nacionais que sendo vítimas do Estado, de corporações ou de vendas mal apressadas e mal pensadas acabaram por colocar a economia portuguesa mais fragilizada. O tempo, como sempre, será o melhor juiz do que este ano se passou.

 

SEMANADA - O Ministério da Saúde perdeu mais de seis mil trabalhadores desde 2009; um quinto do total dos médicos do Serviço Nacional de Saúde tinha no final do ano passado entre 55 e 59 anos; o Hospital Amadora Sintra ficou sem capacidade para receber mais doentes na época do Natal; em 2013 o sector do comércio perdeu 21 mil trabalhadores e quatro mil empresas face a 2012, mas conseguiu que o volume de negócios se mantivesse igual; 689 empresas foram declaradas insolventes em Novembro, 10% abaixo do número registado no mesmo mês de 2013; Portugal tem que importar bacalhau, peru e cabrito no período do Natal para fazer face à procura; Portugal ocupa a 7ª posição na lista dos países em que o preço dos combustíveis tem maior carga fiscal , 63% - à frente da França, Irlanda e Espanha; a secretária do estado do Tesouro, em pessoa, reuniu-se com quatro bancos para saber se estariam disponíveis para financiar a TAP; Luis Todo Bom, um dos obreiros da construção da Portugal Telecom, escreveu um artigo de opinião no Expresso onde afirma que “os brasileiros já destruíram a Cimpor, agora será a PT e, no futuro, a TAP”; as receitas do Turismo cresceram 12,3% de Janeiro a Outubro, num total de 9 mil milhões de euros; o número de pensões de velhice atribuídas em 2014 foi 17% superior ao das concedidas em 2013; foi publicada uma portaria que estabelece que em 2016 a idade da reforma sobe para 66 anos e dois meses; 88% das acções pendentes em Tribunal são de cobrança de dívidas; o presidente do Sporting diz que “é absurdo e injusto” dizer que o clube está em crise e afirma que a origem dos problemas está na comunicação social.

 

ARCO DA VELHA - A Câmara de Grândola vai esterilizar dezenas de gatos vadios na península de Tróia, para manter o número de animais controlado e reduzir as pragas de pulgas e carraças no verão.

 

FOLHEAR - Este Natal tive uma magnífica prenda - o “The Photography Book”  - publicado inicialmente pela Phaidon em 1997, e que teve este ano uma segunda edição revista e aumentada - que foi a que recebi. O livro apresenta fotografias marcantes de mais de meio milhar de fotógrafos, de todo o mundo e de diversas épocas e estilos, publicadas por ordem alfabética, com a indicação de detalhes cronológicos do autor e da imagem seleccionada, e ainda com a indicação de outros fotógrafos com trabalhos semelhantes ou que praticam o. mesmo género de fotografia. Já agora, a única presença portuguesa é de uma imagem de Helena Almeida. Os editores da obra são Tim Cooke e Caroline Kinneberg, que nas 576 páginas do livro incluíram também um glossário de termos e técnicas fotográficas e um outro glossário de movimentos artísticos, grupos e géneros ligados à fotografia. Finalmente existe ainda um indíce de galerias e museus que tenham um foco particular em fotografia. A selecção de imagens leva-nos a uma viagem através de momentos familiares e outros invulgares ao longo do tempo, mostrando o trabalho de fotógrafos famosos, mas também de desconhecidos e de outros que são ou foram especialmente inovadores. “The Photography Book” é um livro de consulta permanente para quem se interessa pela fotografia e pode ser adquirido na loja on line da Phaidon ou na Amazon.

 

VER - Um dia destes, a espreitar o site do MoMA, descobri a área de publicações digitais e, em especial, fiquei com curiosidade em ver “Picasso: The Making of Cubism 1912-1914”. O Museum Of Modern Art de Nova Iorque orgulha-se de estar a par dos tempos e a sua área de publicações digitais é uma referência. Neste caso o trabalho sobre as origens do Cubismo pode ser adquirido, por download, nas versões de ebook, PDF interactivo ou uma App para iPad - que foi a que adquiri e que é absolutamente exemplar. Custa 24 dólares e permite fazer uma viagem pelo processo criativo que levou Picasso a uma das fases mais empolgantes da sua obra. Mas o MoMA tem também aplicações gratuitas, como a MoMA Books, que permite ver amostras de uma boa parte das edições feitas pelo Museu, algumas delas já esgotadas na versão impressa, folheá-las e decidir se quer ou não comprar o acesso à edição integral. Estava eu nestas cusquices digitais quando me ocorreu como tem sido feito tão pouco desta natureza nos nossos museus. Não é por falta de material - ele existe, desde os Painéis de São Vicente, até catálogos já difícieis de encontrar como “O Triunfo do Barroco”, do tempo da Europália. Esta questão volta a colocar o problema da manutenção da presença cultural portuguesa no mundo digital - não basta defender a língua, é fundamental assegurar que ela exista no unverso audiovisual, multimedia e digital que é hoje a base da descoberta e do conhecimento em todo o mundo. O meu desejo para 2015 é que possamos ver, nos novos meios e suportes digitais, o que de melhor existe nos nossos museus e na nossa cultura.

 

OUVIR - O que é que Bryan Ferry e Neil Young têm em comum? Musicalmente pouco, a não ser os respectivos talentos - mas são da mesma idade , 69 anos, e ambos fizeram discos curiosos este ano. De “Storytone”, de Neil Young, falámos há poucas semanas, do novo de Bryan Ferry, “Avonmore”, falo hoje, já que anda no carro há uns dias largos, dando muito boa conta do recado. É impressionante como a voz de Ferry continua marcante - embora se faça sentir o passar dos anos. No entanto o seu estilo continua, entre o sofisticado e o cool, sem recursos a manobras electrónicas sobre as cordas vocais - ou seja, ele continua mesmo a cantar. “Avonmore” é uma surpresa - retoma um lado quase rock, nas guitarras - que se faz sentir logo na faixa de entrada, “Loop De Li” que apresenta nada menos que seis guitarristas, entre os quais Nile Rodgers, Johnny Marr e Neil Hubbard (que colaborou em Avalon, dos Roxy Music). É aliás curioso que Avonmore retome, a começar pelo título, alguma da atmosfera de Avalon, que é modernizada em “Johnny & Mary”, um original de Robert Palmer, onde Ferry, a encerrar o disco, faz parelha com o DJ e produtor norueguês Todd Terje. No álbum há oito temas originais e duas versões ( a outra é "Send in the Clowns" de Stephen Sondheim) e o co-produtor do disco é Rhett Davies, que colabora com Ferry dessde os últimos anos dos Roxy Music. Ferry leva cinco décadas de carreira musical, mantém-se fiel à pop elegante com arranjos sofisticados e além dos nomes já referidos chamou para o seu lado músicos como Mark Knopfler e Ronnie Spector, entre outros. (CD na Amazon).

 

PROVAR - O restaurante Bem Haja nasceu e ganhou fama em Nelas. O local era um antigo lagar de vinhos e a proposta era dedicação total à cozinha portuguesa, tendo em conta a inspiração regional da zona da Serra da Estrela, assim como, na garrafeira, as possibilidades dos vinhos do Dão. Passados uns anos do começo desta história, há cerca de dois meses, o Bem Haja abriu em Lisboa, comandado por Isabel Raposo, que criou o conceito original e que hoje se divide entre os seus dois restaurantes com o. mesmo nome. Em Lisboa fica na Rua de Campolide, a meio de quem desce, no nº 165. As propostas da lista têm a cozinha portuguesa como matriz e alguns dos pratos da casa original, como o cabrito assado no forno ou o entrecosto com arroz de carqueja têm aqui lugar garantido. Devo no entanto confessar que a minha preferência vai para uns filetes de polvo absolutamente deliciosos, muito bem preparados, acompanhados por umas migas que estavam mesmo boas. Na ideia, para experiência futura, ficou uma posta de vitela com arroz de cogumelos que, na mesa ao lado, me despertou a atenção. As entradas e as sobremesas funcionam em regime de buffet e ambas têm mérito. A garrafeira tem boas propostas a preços decentes, e sugiro que peçam recomendações da região do Dão. À noite vale a pena fazer reserva. Telefone 213870039.

 

DIXIT - “O sistema judicial vive em autogestão. Tem que se rever o actual modo, em que as decisões estão apenas nas mãos dos senhores juízes e senhores magistrados” - António Barreto

 

GOSTO - De organizações como a Refood, que, com base no trabalho de voluntários, recupera e distribui a quem deles necessita alimentos prontos e não consumidos em restaurantes e pastelarias.

 

NÃO GOSTO - Da contradição cada vez maior que existe entre formação e trabalho - estamos a formar pessoas que não encontram colocação em Portugal nas suas áreas e cujo único destino é a emigração.

 

BACK TO BASICS - Por melhor que a estratégia pareça ser, é sensato olhar de vez em quando para os resultados que ela está a produzir - Winston Churchill

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