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NOVELA - Alguém no Governo grego estudou guionismo e fez com que a sua política se assemelhe a uma novela, com os gregos a fazerem de heróis perseguidos e vários países a vestirem a pele do vilão. É sabido que o conceito de drama vem do teatro grego clássico, e talvez por isso, antes de assumirem medidas, os novos governantes definiram personagens, com guarda-roupa e tiques de comportamento. Sabiam que o palco se encheria de figurantes e ficaram à espera. É certo que quem não quer ser lobo não lhe veste a pele, e nessa medida tudo indica que a nossa Ministra Maria Luís se enganou nos camarins a escolher o guarda roupa, escolhendo um papel menor para Portugal. Ainda ninguém sabe o desfecho da novela - imagino que, seguindo as melhores práticas, decorram estudos de opinião entre os espectadores para escolher o final feliz. Pelo caminho percebeu-se que o especialista da teoria dos jogos, vestido de galã, não acertou no euromilhões e ficou-se por um modesto quarto  prémio. O facto causou frisson nas hostes de apostadores gregos e o compositor da banda sonora desta novela, Mikis Theodorakis, figura de proa do Syriza, revoltou-se contra o maestro e o galã. Nada disto é novidade - é apenas mais um partido que ganha eleições e a seguir manda o programa eleitoral às urtigas. por cá temos muita experiência disso e  há-de haver um personagem nesta novela que virá dizer: “- Meus amigos, a política é isto mesmo: fazer promessas para ganhar votos e esquecê-las a seguir”. Para já  o Governo do Syriza é um carro que ficou com a caixa de velocidades engatada na marcha atrás. A presidente do FMI, tão elegante quanto manhosa, depois de se deixar fotografar sorridente, de fato de cabedal, ao lado do galã da companhia, deixou já antever esta semana que está a ensaiar a passagem de sedutora a dominatrix. A coisa promete.

 

SEMANADA -  A Procuradora Geral da República reconheceu que a corrupção utiliza o aparelho de Estado; o presidente da EMEL, Júlio de Almeida, que tinha o seu maior apoio no vereador Manuel Salgado, foi demitido; Júlio de Almeida tem actividade privada no sector imobiliário e Manuel Salgado é o vereador com o pelouro do urbanismo; no mandato anterior Júlio de Almeida entrou em conflito com o vereador que tutelava a empresa, Nunes da Silva, e com os outros membros do conselho de administração da EMEL; neste mandato entrou em conflito com o vice-presidente da autarquia, Fernando Medina, que pretendia receber da EMEL 13 milhões de euros devidos pelas rendas de concessão que a empresa devia à Câmara de Lisboa e que Júlio de Almeida se recusava a pagar; no mandato de Júlio de Almeida as normas sobre a relação entre os residentes em Lisboa e a EMEL foram alteradas, a desfavor dos munícipes; António Costa, secretário-geral do Partido Socialista, reconheceu que o país terá superado a crise e está hoje numa situação "muito diferente" do que em 2011; em comentário o PS afirmou que o seu Secretário-Geral falou com “sentido de Estado”; 150 mil alunos chumbam por ano em Portugal; alguns dos processos judiciais mais importantes do país, entre os quais os do BPN e de José Sócrates, estão armazenados num corredor de acesso no  estacionamento subterrâneo do DCIAP; casinos e bingos perderam mais de um terço das receitas em seis anos; o endividamento das famílias portuguesas desceu e significa um rácio do PIB de 85,7%; o das empresas também desceu para um equivalente a um rácio do PIB de 142%; o do Estado aumentou ligeiramente para 128,7% do PIB; o saldo líquido do sector do Turismo em 2014 foi de 7.076 milhões de euros, com as receitas globais a ultrapassarem os dez mil milhões de euros, o que significa 14,6% das exportações globais; as remessas de Angola em Dezembro de 2014 caíram para metade do valor que tinha sido registado em Dezembro de 2013; em Janeiro os portugueses subscreveram 1.941 milhões de euros em certificados de aforro e em 2014 o valor da dívida pública subscrita por particulares subiu de 12.479 milhões de euros para 19.131 milhões de euros; o IGCP já foi ao mercado buscar 8,25 mil milhões de euros em dívida de médio e longo prazo e o montante angariado nos dois primeiros meses de 2015 é o triplo da média da dívida emitida em Janeiro e Fevereiro entre 2005 e 2011, antes da chegada da ‘troika' ; já existem 11 pré-candidatos às eleições para a Presidência da República.

 

ARCO DA VELHA - Fim de semana no Chiado, um vendedor ambulante com uma banca cheia de imitações da Burberry e com um singelo cartaz: “Cachecóis Varoufakis”.

 

FOLHEAR - A revista mensal “Wallpaper”, o primeiro grande projecto editorial de Tyler Brulé, hoje editor da “Monocle”, está a recuperar de uns anos sombrios e ganhou de novo personalidade própria. A capa da edição de Março é uma imagem manuseada pelo português Noé Sendas, que assina o portfolio de moda dessa edição, 16 páginas de belíssimas imagens fotografadas por Jan Lehner e trabalhadas por Sendas. A série tem o título “The Lady Vanishes” e vai estar até 31 de Março em exposição em Londres na Michael Hoppen Gallery. Noé Sendas, que agora vive em Madrid, depois de uma temporada em Berlim, estudou no Atelier Livre da Escola António Arroio e no Ar.CO, em Lisboa (1992), prosseguindo depois no Royal College of Arts, em Londres (1993), e no Art Institute of Chicago (1997). Sendas foi convidado a fazer o tema de capa da edição especial Style Special (W*192) pela directora criativa da Wallpaper, Sarah Douglas. A série de imagens foi fotografada por Jan Lehner em colaboração com a editora de moda Isabelle Kountoure e “apresenta o corpo como entidade que é simultaneamente teórica e material” , pretendendo que, “na imobilidade das imagens, seja a roupa e não o corpo feminino que se vê objectualizado”. Um outro momento imperdível da revista é um panorama dos talentos contemporâneos de Los Angeles, intitulado “LA stories” e onde John Baldessari e Ed Ruscha passam em revista alguns dos nomes que estão a fazer a diferença, desde escritores a músicos, passando por pintores, artesãos, escultores ou fotógrafos. São dez páginas que vão das memórias de Baldessari e Ruscha na sua LA ao futuro que se desenha todos os dias.

 

OUVIR - Benjamin Grosvenor tem 22 anos e é um caso sério no panorama dos pianistas contemporâneos.  “Dances” é o seu terceiro disco e nele Grosvenor interpreta  Bach, Chopin, Scriabine, Granados, Albéniz, e finaliza com um boogie woogie de Morton Gould. Mostra o seu virtuosismo mas ultrapassa-o demonstrando que  a interpretação é um misto de técnica com inteligência. Na verdade o repertório do disco é uma proposta de um programa de danças que passa através dos séculos. O “Guardian” dizia que ele é um “raro talento, um prodígio que está a amadurecer para se tornar numa verdadeira estrela”. A crítica nota que a sua interpretação de Bach é algo agitada, mas reconhece que a interpretação da “Polonaise” de Chopin é avassaladora, assim como a forma como interpreta as “Valses Poéticos” de Granados. Destaca ainda a sua abordagem às mazurkas de Scriabine e ao tango de Albéniz. (CD Decca, distribuído por Universal Music, no Corte Inglés).

 

VER - Esta semana destaco três exposições de fotografia em Lisboa. Começo pela mais relevante, integrada no programa Próximo Futuro, da Gulbenkian, uma iniciativa de António Pinto Ribeiro. No diálogo que procura estabelecer entre várias culturas, o Próximo Futuro propõe desta vez  quatro fotógrafos que captaram o caminho do Brasil rumo ao modernismo. Três deles eram emigrantes europeus: Thomaz Farkas era húngaro, Marcel Gautherot veio de França, e Hans Günter Flieg nasceu na Alemanha. Além deles a exposição mostra obras de José Medeiros, um dos mais marcantes fotojornalistas brasileiros, que se dedicou a mostrar o Rio de Janeiro, as suas praias, a vida da cidade - é dele a fotografia que reproduzimos. Thomas Farkas criou um olhar próprio sobre as formas da arquitectura e foi um dos fotógrafos que ajudou a mostrar Brasília ao Mundo. O outro testemunho do nascimento de Brasília,, também presente nesta exposição, foi Marcel Gaujtherot, que abordou frequentemente os rituais e as festas populares; e por último Hans Gunter Flieg que documentou fotograficamente o processo de industrialização do Brasil. A exposição chama-se “Modernidades: Fotografia Brasileira (1940-1964) e vai estar patente até 19 de Abril na Galeria de Exposições Temporárias do edifício principal da Fundação Gulbenkian. Entretanto na Fundação EDP, Museu da Electricidade, estão a partir desta semana e até 26 de Abril duas outras exposições de fotografia: “Through The Pale Dawn” mostra imagens da Coreia do Norte vista por Carlos Lobo, última parte da trilogia “Far Far East”, que antes percorreu a China e o Japão; a segunda é “Allumar”, de José Manuel Ballester,  que resulta de uma estada prolongada nas Astúrias, mostrando paisagens industriais e a natureza da região. numa linha de procurar problematizar o banal.

 

PROVAR -  A Avenida da Liberdade está cheia de novos hotéis, todos incluindo propostas de restauração que se pretendem cuidadas e com vida própria. Uma delas é o Sítio, no Hotel Valverde, um pouco abaixo do Teatro Tivoli. Fica no piso inferior do Hotel, ao lado de um belo terraço, com piscina, A localização e a envolvente são inesperadas e o ambiente é muito simpático. É um hotel pequeno, com um restaurante confortável e com um serviço adequado sem ser espalhafatoso. O couvert inclui tapenade de azeitona e de tomate e uma variedade de pães de que se destaca o  pão de tomate seco.  Na ocasião o amouse-bouche foi ovos mexidos com farinheira. O prato escolhido, que excedeu as expectativas, foi risotto na cataplana - uma solução inesperada mas que resultou bem., acompanhado por um branco do Douro, Pedra Escrita, servido a copo. No final um pudim de vinho do Porto foi uma boa surpresa. Na cozinha está Carla Sousa, que trabalhou com Henrique Sá Pessoa. Fica no 164 da Avenida da Liberdade e tem o telefone

210 910 300

 

DIXIT - “Nas sociedades contemporâneas olha-se para a cultura como um elemento de fim de linha. Só quando estão resolvidos os outros problemas da sociedade é que se fala de cultura. A cultura precisa de mais atenção” - Jorge Barreto Xavier, Secretário de Estado da Cultura

 

GOSTO - Muito bom o “Macbeth” que o S. Carlos leva à cena com Angel Ódena no papel de Macbeth e Elisabete Matos numa interpretação explêndida de Lady Macbeth. Se arranjar bilhetes ainda pode ver esta sexta 27 às 20h00 e no Domingo 1 de Março às 16h00.

 

NÃO GOSTO - Da ausência de Portugal da Expo Universal de Milão, cujo tema é a indústria agro-alimentar, invocando os custos da participação - em 2014  Portugal exportou 5,5 mil milhões de euros de produtos agrícolas e a Feira será também uma importante mostra das capacidade de atracção turística de cada país, da qual pelos vistos estaremos ausentes.

 

BACK TO BASICS - Independentemente dos jogos que queiram fazer envolvendo-nos, temos de evitar fazer jogos connosco próprios - Ralph Waldo Emerson

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publicado às 14:20

Nos resultados da audimetria de Televisão há um indicador que gosto sempre de ver, que é o melhor minuto de cada canal – o resultado mais alto em termos de audiência obtido num único minuto ao longo da semana. Bem sei que as coisas não podem ser lidas como agora vou dizer, mas gosto de olhar o “melhor minuto” como o potencial máximo de audiência que cada canal poderia ter. Nesta semana o melhor minuto da RTP1 foi alcançado pelo “Preço Certo”, o que é relativamente frequente, com 30,9% de share; na RTP2 a série espanhola El Principe conseguiu 4,8%, fazendo lembrar os resultados de tempos distantes; na SIC, e como também é hábito, o melhor resultado foi para a novela Mar Salgado, com 47% de share no minuto em que foi mais vista; e na TVI esta semana o minuto com maior audiência ocorreu na transmissão do jogo Basileia – F.C. do Porto, com 37,8% de share. No mundo ideal isto era assim – mas claro que cada canal tem altos e baixos e o resultado médio é sempre mais baixo. Ao longo da semana a RTP1 teve em média cerca de 318 mil espectadores, a RTP2 esteve perto dos 38 mil, a SIC dos 377 mil e a TVI dos 486 mil. Para se ter uma ideia, no cabo, o AXN teve uma média de 36 mil, o Hollywood atingiu os 49 mil, a SIC Notícias ficou pelos 31 mil, a FOX pelos 26mil, a TVI24 pelos 23 mil, a RTP Informação pelos 16 mil e a Globo pelos 20 mil. Tudo valores médios claros. A estatística é uma coisa terrível.

 

(Publicado na revista Correio TV de dia 27 de Fevereiro)

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publicado às 10:49

SOBRE O BOM SENSO E A FALTA DELE

por falcao, em 20.02.15

BOM SENSO - O grande problema da burocracia e dos burocratas é que substituem a inteligência pela obediência, a análise de situações pelas regras, e ignoram o que é o mais elementar bom senso, algo que devia estar sempre na preocupação das pessoas - porque é a base mínima para nos conseguirmos entender uns com os outros. Peguemos no caso dos sacos de plástico. Eu sou obviamente a favor de medidas que protejam o ambiente e combatam a poluição - mas elas devem ser feitas com bom senso e devem ser preparadas por forma a captar simpatia em vez de repúdio. O caso dos sacos de plástico do Ministro Moreira da Silva tem um equivalente em matéria de falta de bom senso no caso da circulação de automóveis anteriores a 2000 na cidade de Lisboa e arrisco dizer que o grande ponto comum entre Moreira da Silva e António Costa é falta de bom senso. Peguemos agora no caso das multas sobre pagamentos ao Estado que se atrasam, como o caso das portagens de meia dúzia de euros que facilmente chegam às largas centenas (e que os tribunais têm estado a considerar inválidas). Só a mais completa falta de bom senso justifica que a cobrança coerciva chegue a estes absurdos - mas isto é comum no fisco português que criou mecanismos de automatismo que executam penhoras ou mantêm avisos de dívida mesmo depois de as multas serem pagas ou as dívidas liquidadas. A falta de bom senso por parte dos organismos do Estado e seus responsáveis anda geralmente de braço dado com abuso de autoridade e a falta de respeito pelos cidadãos. Estou quase a acreditar que a primeira coisa que ensinam a quem tem poder é como abusar dele. O Estado português está cheio disso e o mais engraçado é que não vejo nenhuns políticos preocupados com o mau uso do poder que lhes cai nas mãos.

 

SEMANADA - Investimento alemão em Portugal cresceu 37,8% em 2014; o investimento estrangeiro dos 28 países da União Europeia em Portugal caíu 140,3% nos primeiros 11 meses de 2014 face ao mesmo período do ano anterior; em contrapartida o investimento dos países extra UE aumentou 589,8% no mesmo período; em Janeiro foram registados quase 12 mil novos veículos automóveis; a JSD admite avançar com uma proposta de legalização da prostituição; em 2014 o número de funcionários públicos baixou mas aumentou o dos gabinetes governamentais; o emprego no Estado caíu cerca de 10% nos últimos três anos; Portugal continua a ter o quinto maior défice da União Europeia; o crédito automóvel cresceu 33% em 2014; em 2013 havia 264.000 explorações agrícolas em Portugal, menos 40.800 do que em 2009, mas a área cultivada não teve variação significativa; as receitas dos hotéis portugueses cresceram 12,8% em 2014; no município de S. João da Madeira o Mandarim é disciplina curricular no 1º ciclo e facultativa no 5º ano, um projecto que envolve 669 alunos; na semana de estreia o filme “As 50 Sombras de Grey” foi visto por 160.830 espectadores; o Governo da Guiné Equatorial quer encontrar uma forma de se associar ao Benfica e tem estado em conversações com dirigentes do clube sobre essa possibilidade; António Costa está desde Outubro a comandar os destinos dos socialistas mas, apesar de as sondagens lhe darem o primeiro lugar, o PS está em queda desde há quatro meses; desde o final de 2013 registam-se pelo menos uma vez por ano demissões em bloco de responsáveis médicos do hospital Amadora-Sintra, invocando perda de condições de qualidade na assistência aos doentes; na última semana o tema dominante das notícias na informação televisiva foi o Carnaval e os seus festejos.

 

ARCO DA VELHA - 350 agentes da Unidade Especial de Polícia estão desde há um mês a tomar banho de água fria após os treinos diários, na sequência de uma avaria na caldeira das instalações que usam, na Ajuda.

 

FOLHEAR - Chama-se “Machinas Fallantes” e é uma deliciosa história sobre a música gravada em Portugal no início do século XX. O livro, da autoria de Leonor Losa, uma investigadora de etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa, recupera a história das primeiras tecnologias de gravação e reprodução de som do final do século XIX, conta a popularização dos gramofones no início do século XX e a maior vulgarização da música gravada nos anos 30. Pelo caminho ficam histórias de artistas, de autores, do teatro de revista, de repertórios populares e eruditos, das primeiras editoras discográficas portuguesas, como a Valentim de Carvalho. O livro recupera muitas imagens - ilustrações e fotografias - pouco conhecidas e algumas mesmo raras, e está escrito de forma rigorosa, mas como a história dessa aventura que é a música gravada e o desenvolvimento da música popular portuguesa. Amplamente documentado, é sobretudo cheio de informações pouco conhecidas relativas aos primeiros 50 anos do século passado - como aliás o título indica. A edição inclui um CD com duas dezenas de gravações históricas, quer de canções de revista, quer de gravações raras como o “Fado de Coimbra” pelo próprio autor Reinaldo Varella e algumas canções populares. A edição é da Tinta da China.

 

VER - O espaço Novo Banco, ex BESArte, no Marquês de Pombal nº3, voltou a ter uma exposição pela primeira vez desde o ciclone que varreu a instituição. É uma amostra da colecção de fotografia criada ao longo dos anos pelo BES, e que agora pertence ao Novo Banco. A exposição, que é de entrada gratuita e está aberta de segunda a sexta entre as 09h00 e as 19h00, inclui obras de Nan Goldin, Marina Abramovic, Martin Parr, Cindy Sherman, Irving Penn, mas também Julião Sarmento, Helena Almeida, João Penalva e Vasco Araújo, entre outros, e permite estabelecer uma ideia aproximada da instabilidade da colecção.

Outras sugestões: “Desenhos”, de Helena Almeida, na Galeria Filomena Soares, Rua da Manutenção 80, a Xabregas; a colectiva “Pintura Modernista na Colecção Millennium BCP, Galeria Millennium, Rua Augusta 96; “Como Se Pronuncia Design Em Português”, no MUDE, Rua Augusta 24; e para terminar  com fotografia, uma exposição de Tito Mouraz, que esteve nos Encontros de Imagem, de Braga, a “Casa das Sete Senhoras”, na imagem, que está na Galeria Módulo, Calçada dos Mestres 34.

 

OUVIR - O pianista Kenny Barron (71 anos) e o baixista Dave Holland (68 anos) começaram a tocar em duo em 2012 e têm realizado numerosos espectáculos que incluem quer versões de standards do jazz, quer temas originais dos dois músicos - e cada um deles tem carreira própria recheada de referências Barron mais tradicional, Holland mais exuberante. Em 2014 entraram em estúdio para gravar uma selecção do repertório que tocaram nesses espectáculos e daí saíu o CD “The Art Of Conversation”. Inclui dez temas (três de Barron, quatro de Holland, um de Charlie Parker, outro de Thelonius Monk e outro do trio Duke Ellington, John LaTouche e Billy Strayhorn). O nome do álbum reflecte bem a capacidade de diálogo e de entendimento musical entre os dois músicos, o à vontade com que interpretam os standards, com respeito pelos originais mas também com o sentido de inovação que ambos sabem imprimir às suas interpretações. Quer Barron quer Holland são virtuosos, atentos ao detalhe, e ambos, sente-se, respeitam-se mutuamente. É um bom exemplo de junção de talentos e de criatividade. CD Impulse.

 

PROVAR - A nova pizzaria “Fornodoro”, onde antes era o Mezzaluna, é mais um restaurante do nepalês que tem multiplicado o seu talento em alguns restaurantes da cidade. Chama-se Tanka Sapkota e desta vez estudou a fundo a arte da pizza, encomendou um forno de Itália, uma máquina para bater a massa que a torna leve e fôfa, e escolheu uma selecção de ingredientes em que muitos são raridades nas pizzarias de Lisboa - como as túbaras, um tubérculo  português que ainda será aparentado com as trufas. O forno, que pesa nove toneladas, foi construído no local por uma empresa de Nápoles, que trouxe a pedra vulcânica e todos os outros materiais, e foi forrado a folha de  ouro - daí o nome dado ao restaurante. O precioso forno é alimentado a lenha de carvalho e cada pizza fica lá dentro 70 segundos. O que ali se serve é a pizza napolitana, de massa leve mas não fininha, sem exageros de tomate e queijo e com combinações interessantes de outros ingredientes. O resultado é uma pizza mais leve que o habitual. Uma boa surpresa é uma carta de cervejas artesanais, muitas italianas, mas também de outras zonas do mundo e de Portugal. O serviço é muito bom e a boa disposição é reinante. À saída, e perante um pedido de isqueiro para uma fumadora, o chef trouxe à porta,numa pá de pizza, pequenas brasas do forno que serviram para acender o cigarro pós-prandial. Não podia ter terminado de melhor forma esta estreia. Fornodoro, Rua Artilharia 1- 16 B, telefone 213 879 944.

 

DIXIT - “Espero que brevemente o país retome a liberdade de poder festejar o Carnaval” - afirmou António Costa, defendendo o regresso da tolerância de ponto se vencer as eleições.

 

GOSTO - O ritmo de crescimento do turismo português em 2014 foi mais de  três vezes superior ao de Espanha.

 

NÃO GOSTO - Enquanto faltam médicos em Portugal o número de portugueses que foi estudar medicina para o estrangeiro aumentou 90% nos últimos anos e desses nem metade regressou ao país.


BACK TO BASICS - Não há nada pior que a estupidez agressiva - Goethe

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publicado às 14:06

FALAR EM CÍRCULO FECHADO

por falcao, em 20.02.15

O programa mais visto da RTP1 é “Got Talent”. Passa nos domingos à noite e, enquanto está no ar consegue melhores resultados de audiência do que “Secret Story” na TVI e deixa a grande distância “Sabes Quem sabe Dançar?”, da SIC. É um programa com um objectivo de audiência familiar e que consegue um espectro muito alargado, num compromisso raro de qualidade de produção e de conteúdo. Sabe-se lá porquê a RTP 2 tem ao mesmo tempo uma das suas melhores séries, “O Paraíso”, que assim se vê esvaziada de audiência. “O Paraíso” é uma série da BBC, baseada na obra “Au Bonheur Des Dames” de Émile Zola. Quem quiser ver o “Got Talent” não vai poder ver “o Paraíso”, que ainda por cima é uma série insuficientemente promovida. Nesta matéria as estações de televisão gostam de ficar com a consciência tranquila quando fazem auto-promoções, ou seja, divulgação dos seus próprios programas nas suas antenas, ou seja, não vão buscar espectadores que estão noutros lados. Em muitos países é frequente ver anúncios de séries e de programas de informação nos placards laterais dos autocarros, no metropolitano ou em sites de jornais. No caso da RTP nem sequer há grandes sinergias a este nível com as estações de rádio. O tema do marketing de programas é crucial nos canais de televisão hoje em dia, esmagados pela oferta do cabo e pela possibilidade de visionamento diferido. Não há-de ser por acaso que esta semana a RTP2, na região de Lisboa, não aparece na lista dos 15 canais mais vistos.

(Publicado na revista Correio da Manhã TV de 20 de Fevereiro)

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publicado às 11:35

RETROCESSO - Vivo quase metade da semana numa pequena aldeia a 40

quilómetros de Lisboa, ainda com uma forte componente agrícola, que coexiste

com grandes unidades industriais essencialmente exportadoras, com um espírito

de comunidade arreigado, com sociedades recreativas que fazem festas e um

comércio local onde toda a gente se conhece. Até ao ano passado a Câmara

Municipal de Palmela tinha travado o crescimento demasiado de grandes

superfícies dentro das malhas urbanas. No Verão de 2014 autorizou um

supermercado de média dimensão dentro dessa povoação - apesar de num raio de

dez quilómetros existirem mais seis supermercados e grandes superfícies. Essa

povoação tinha um comércio local dinâmico e variado, com uma forte oferta de

produtos frescos, de produtos locais, alguns deles com denominação de origem.

Nessas lojas encontrava-se o melhor que ali se produzia - fosse queijo fresco do

dia, pão cozido a forno de lenha, doces regionais, peixe vindo de madrugada da

lota de Setúbal ou fruta e hortícolas da região. Nestes pouco mais de seis meses já

encerraram meia dúzia de lojas, derrotadas pelo supermercado - onde nem tudo é

mais barato, poucas coisas são tão frescas e onde os produtos naturais não

abundam. Este supermercado é de um dos maiores grupos nacionais, uma empresa

que propagandeia responsabilidade social e apoio aos produtores. Na realidade, a

nível local, não é nada disso que se vê - destruição de valor, quebra da vida em

comunidade, destruição da frágil economia familiar que estava baseada em

pequenos comércios. A maneira como as cadeias de supermercados afectam a

economia local, sem benefícios evidentes quando as contas são bem feitas, é um

dos maiores problemas do país nos últimos anos e as Câmaras Municipais têm

muitas responsabilidades nas autorizações que concedem. Custa-me ouvir a

senhora da loja onde me habituei a ir dizer que não sabe se conseguirá mater a

porta aberta muito mais tempo. Isto não é progresso. É retrocesso.

 

SEMANADA - António Costa continua a não querer dizer se Guterres já o

informou da sua indisponibilidade para Presidente da Republica; Alfredo Barroso,

fundador do PS, classifica António Vitorino, apontado como um dos possíveis

candidatos socialistas a Belém, como “um facilitador de negócios”; Rui Rio, que

alguns apontam como eventual candidato, anunciou desejar um Presidente da

República mais interventivo; uma sondagem do Correio da Manhã indica que, caso

Guterres não se candidate, Marcelo Rebelo de Sousa ganha com vantagem folgada

aos três outros nomes da área do PS já indicados - Jaime Gama, António Vitorino

e Maria de Belém, sempre com mais de 60% dos votos; pelo terceiro ano seguido

as exportações portuguesas superaram as importações efectuadas; a Alemanha é

o país europeu com quem Portugal tem maior déficit comercial; o preço da carne

de porco caíu 20% devido ao impacto do embargo de vendas à Rússia; dos 126

mil imóveis transaccionados no ano passado, 23 mil envolveram estrangeiros

e os franceses estão a aproximar-se dos chineses em número de aquisições; o

Parlamento considerou exorbitantes as multas aplicadas pelo fisco devido ao não

pagamento de portagens e que chegam a atingir um aumento de 900% sobre o

valor original que o automobilista teria que pagar; metade dos contratos públicos

em 2013 foi por ajuste directo; o Governo anunciou querer saber quem são e como

se financiam os donos dos orgãos de comunicação social portugueses.

 

ARCO DA VELHA - O caso dos submarinos provocou uma crise no PS e Ana

Gomes e Isabel Moreira passaram a semana a atacarem-se mutuamente. Ana

Gomes desencadeou um ataque a Paulo Portas sobre os submarinos baseada em

escutas cuja transcrição confundiu canal com Canalis e aquilo com Kiel. Apesar

disso Ana Gomes disse não estar disposta a receber lições de Isabel Moreira.

 

FOLHEAR - Baseada em Nova Iorque, a Aperture Foundation é uma organização

sem fins lucrativos dedicada à divulgação da fotografia em revistas, livros,

exposições e actividades de formação. Edita uma magnífica revista, publicada

sazonalmente, quatro vezes por ano. A edição deste Inverno tem sobejos motivos

de interesse. O maior será talvez um artigo sobre a influência da escrita na obra

do fotógrafo Walker Evans, conhecido sobretudo pela sua obra no campo da

fotografia documental para revistas como a Time ou a Fortune. Mas a presença

da literatura esteve sempre por perto, nas séries que fez para acompanhar alguns

textos de autores que mais o interessavam. E assim descobre-se como Flaubert,

Baudelaire ou Proust, por exemplo, exerceram uma notável influência na sua obra

- é um magnífico ensaio de David Campany. As relações da fotografia com o texto

são também exploradas em “Word vs Images” onde diversos autores de ficção

elaboram sobre o assunto, entre os quais, Lynne Tillman e Tom McCarthy. Outra

abordagem curiosa à ligação da imagem com a literatura é a história das capas,

fotográficas, da editora New Directions, que em meados do século passado apostou

em imagens, por vezes quase experimentais, para capear obras de William Carlos

Williams ou Yukio Mishima, entre outros. E , claro, há portfolios de autores como

Hervé Guibert e descobertas como as fotografias feitas por William S. Burroughs.

A edição pode ser comprada directamente à Aperture Foundation ou encomendada

via Amazon ao preço de capa de 25 US$.

 

VER - Esta semana é incontornável falar da colecção Sonnabend, que estará na

Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva até 3 de Maio.É uma rara oportunidade

de ver de perto, em Lisboa, um conjunto significativo de obras de artistas

como Robert Rauschenberg, Roy Liechtestein, Andy Warhol ou Jasper Johns.

Feita em colaboração com a Sonnabend Collection Foundation (Nova Iorque)

e a Fondazione Musei Civici di Venezia - Ca' Pesaro Galleria Internazionale

d'Arte Moderna (Veneza), a exposição Sonnabend | Paris – New York reúne

um importante conjunto de peças da colecção histórica da Galeria Sonnabend,

mostradas durante os primeiros cinco anos de actividade da galeria em Paris,

entre 1962 e 1967, recorrendo a um total de 50 obras de 15 artistas que melhor

representam o movimento Pop e Minimal Art em esculturas, pintura e desenho - e

alguns desenhos pouco conhecidos de Roy Liechtestein são boas descobertas desta

exposição. A inauguração esteve cheia de gente que não costuma ir a exposições,

menos ainda de arte moderna, mas que se sentiram compelidos ao frisson nova-

iorquino levado ao Jardim das Amoreiras. O poder foi ao Museu - fico na dúvida

se para se mostrar, ou se para ver.

 

OUVIR - É surpreendente como aos 73 anos Bob Dylan tenha ainda a capacidade

de surpreender como fez, no início da década de 60, com os seus primeiros discos.

Eterno apaixonado pela tradição musical norte-americana, que dos blues à country

foi sempre o motor da inspiração das diversas fases da sua carreira, iconoclasta

por natureza, desprezando as verdades estabelecidas, Dylan fez agora um disco

baseado em temas que foram interpretados por Frank Sinatra - 10 temas que

fogem ao óbvio do repertório e vão buscar pérolas esquecidas do cancioneiro

popular norte-americano - como “I’m A Fool To Want You”, “Stay With Me”,

“Autumn Leaves” “ Full Moon and Empty Arms” ou “What ‘ll I Do”, para citar só

algumas. É preciso ter coragem para aos 73 anos dar uma volta destas à carreira,

surpreendendo tudo e todos. Dylan canta com paixão o que Sinatra cantava

com gosto, E canta com um gôzo contagiante, raro, com uma capacidade de

interpretação que só os grandes talentos são capazes de mostrar. Assim se prova

que uma canção pode ser revisitada sem ser traída, que não é da imitação que nasce

a luz, mas que é da surpresa que nasce o encanto. Bob Dylan, Shadow In The

Night, CD Sony Music na Amazon ou no Spotify. Na semana passada, na gala do

Musicares na qual foi homenageado como Personalidade do Ano, Dylan fez um

discurso que retrata a sua visão sobre a música popular norte-americana e que é

imperdível - pode ser lido aqui:

http://www.thedailybeast.com/articles/2015/02/09/bob-dylan-s-whole-life-in-30-

minutes.html?via=mobile

 

PROVAR - Tinha ouvido falar bastante do La Parisienne, um restaurante recente,

situado no Largo Rafael Bordalo Pinheiro, em Lisboa, e que, como o nome

indica, tem na cozinha francesa a sua inspiração. É mais cozinha tradicional,

descansem os cépticos da nouvelle cuisine, e por alguma razão o restaurante usa

o subtítulo Bistrot Français. A decoração é simpática, o serviço é escorreito, a

sala é acolhedora mas falta qualquer coisa para a experiência ser completamente

conseguida. Seguindo sugestão alheia provei um bife tártaro, que estava no ponto

no que à qualidade, corte e tempero da carne diz respeito. É uma pena que as

batatas fritas fossem tão fracas, francamente inferiores ao que é aceitável num

restaurante destes - e um tártaro com batatas fritas inquietas perde um pouco da

sua graça. Do outro lado da mesa a experiência foi melhor, com um filete de robalo

com molho de pimenta rosa e legumes. Dizem-me que a choucrute e o cassoulet

da casa (mal traduzido é um cozido è francesa), merece elogios - convém notar que

os enchidos franceses utilizados são da responsabilidade do chef Xavier Charrier,

que há uns anos abrira uma charcutaria no Linhó, que fez fama. O La Parisienne

é de um casal francês que aterrou em Lisboa, Olivier Vallancien e a sua mulher

Lumir Ardant-Leverd e depois recrutaram Xavier Charrier. Hei-de lá voltar para

navegar mais nas listas e verificar o estado das batatas fritas. Largo Rafael Bordalo

Pinheiro 18, telef. 964203947.

 

DIXIT - “Uma percentagem elevada da população caíu numa situação dramática” -

Luis Barbosa, Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa

 

GOSTO - Pedro Cabrita Reis está a expôr em Toulon, no Hotel des Arts, e o

comissãrio da exposição, Jean François Chougnet, o primeiro director do Museu

Berardo, considera-o “um artista genial com capacidade para fazer projectos de

dimensão absolutamente fora do comum”

 

NÃO GOSTO - De ouvir um relato de uma intervenção policial no bairro da

Cova da Moura que teria incluído expressões como “vocês têm sorte que a lei

não permite, senão seriam todos executados”, dirigidas a jovens de côr que foram

detidos, dois deles da direcção do Moinho da Juventude, projecto comunitário que

existe há 30 anos na Cova da Moura, premiado pela Assembleia da República.

 

BACK TO BASICS - “Muito daquilo que é apresentado como idealismo não é

mais do que amor disfarçado ao poder“ - Bertrand Russell

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publicado às 13:57

EPOPEIA -  Não é possível deixar de falar da Grécia, a terra onde nasceu a forma de construir histórias, de criar e desenvolver uma acção dramática. Os primeiros dias do Governo de Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis são um manual de como escrever um guião de cinema. Qualquer bom guionista sabe que o essencial é definir bem como se caracterizam as personagens, dos tiques ao visual - e nisso Tsipras e Varoufakis são talentos raros; depois é fundamental que os primeiros minutos surpreendam o espectador, que a acção emocione, que o inverossímil tome a aparência da realidade e que os heróis ensaiem lutas desiguais e desafiem sem temor os seus oponentes. Assistimos a tudo isto numa dezena de dias pós eleições. Desde a formação da coligação com a direita, passando pelo  abandono do “não pagamos” que passou a ser “talvez paguemos”,  às primeiras propostas financeiras, ao périplo europeu de ambos e às soluções que propuseram, parece que estamos perante uma versão contemporânea da “Ilíada”. A minha dúvida neste momento é saber o desfecho que os guionistas reservaram para o final da epopeia. É uma dúvida a que ninguém sabe responder porque estamos ainda perante o desassossego provocado pela acção intensa dos primeiros minutos do drama que nos é proposto. A acção dramática desta encenação estabelece claramente quem são, para os protagonistas, os maus que eles próprios, os bons, enfrentam. Nestes tempos modernos a peça tornou-se interactiva e mesmo quem não foi interpelado não deixou de enviar sinais - como aconteceu com Passos Coelho, que carregou logo no botão do “like” aos maus da narrativa. Neste momento o Syriza é uma máscara que assola a Europa e todos os dias a sua face se altera por debaixo da máscara. Estamos naquele momento da acção em que a utopia choca com a realidade. Os espectadores inteligentes preferem assistir em silêncio e percebem que tudo isto é bem mais que um simples conto de crianças.

 

SEMANADA - O Tesouro assegurou em Janeiro 60% do objectivo de captação de poupanças nos certificados de aforro para 2015; o total das subscrições atingiu 1,5 mil milhões de euros no primeiro mês do ano; várias estações dos CTT tiveram que prolongar o horário de funcionamento nos últimos dias de Janeiro para conseguirem atender todos os clientes que queriam certificados de aforro com a taxa de juro antiga, mais compensadora; a Assembleia da República admitiu ainda não saber quanto pagou em excesso aos partidos que concorreram às autárquicas de 2009; o Ministério da Educação recebeu, desde Setembro, 74 denúncias de praxes abusivas; o número de insolvências em Portugal desceu 33% em 2014, em relação ao ano anterior, para um total de 4019 casos; o volume de negócios do Vinho do Porto em 2014 foi de cerca de 330 milhões de euros, dos quais apenas cerca de 50 milhões foram realizados no mercado português; atrasos do fisco deixaram 85 mil multas por cobrar por falta de bilhete nos transportes públicos, no valor de cerca de 10 milhões de euros; Bruxelas diz que Portugal só cumpriu um terço das reformas exigidas pela troika; o Governo apoiou a candidatura de Figo à presidência da FIFA; numa sondagem realizada pela Win Gallup International os portugueses dizem esperar que 2015 seja um ano de dificuldades económicas; Fernando Gomes culpou Guterres por derrota da regionalização; segundo a Marktest cerca de 5,5 milhões de portugueses visitaram sites de jornais, revistas e de informação portugueses no ano de 2014; ainda segundo a Marktest quase 60% dos portugueses ouvem rádio regularmente e, destes, a maioria são quadros médios e superiores, seguidos pelos empregados nos serviços, comércio e administrativos; ainda segundo a Marktest a RTP1 foi a estação que emitiu mais notícias, com 2369 trabalhos e a que deu mais tempo em grelha à informação regular, com 79 horas.



ARCO DA VELHA - Uma pessoa minha amiga foi operada a uma anca e os médicos avisaram que devia estar imobilizada algum tempo e que a recuperação demoraria umas semanas; face a isto perguntou aos Serviços da Segurança Social o que seria preciso para garantir que não existiriam problemas com a baixa médica se fosse fazer a convalescença para casa de um familiar, na mesma cidade; os serviços disseram-lhe que não havia problema, mas para expôr o assunto, o que fez por carta registada; recebeu uma resposta dos serviços, citando a carta que tinha enviado, avisando que perderia o direito à baixa por não se encontrar na sua residência e anunciando que para poder ter direito à baixa devia formalmente mudar de morada no documento de identificação.

 

FOLHEAR - Uma vez por ano, geralmente em Fevereiro, o British Journal Of Photography dedica uma das suas edições a escolher os “Ones To Watch”, ou seja os talentos emergentes, um pouco por todo o mundo, na área da fotografia. “Pode haver melhor forma de começar o ano do que olhar para o futuro?” - pergunta Simon Bainbridge, o editor da revista, no seu editorial. A lista de 25 nomeados partiu de um conjunto de 300 seleccionados inicialmente, de todas as partes do mundo. Aqui cruzam-se maneiras de olhar, estilos e diferentes aproximações à fotografia e é isso que faz desta edição do BJP algo de tão fascinante - “hoje em dia a fotografia inventa, assimila, apropria-se e testa a cultura visual para novas direcções, mais amplas e diversas que as exigências do mercado ou as tendências da arte”, sublinha Bainbridge. Não há nenhum português entre estes 25 seleccionados, mas há muitos caminhos abertos e bons exemplos de trabalho de diversos pontos da europa, áfrica, ásia e américas. Alguns dos nomes têm estilos e olhares marcantes. E daqui, aposto, vão sair alguns nomes que vão marcar a fotografia nos próximos anos.



VER - Cecília Costa é das minhas artistas favoritas. Os seus desenhos deixam-me sempre a pensar e transportam-me frequentemente para um patamar de imaginação e surpresa como é raro acontecer. A partir de pormenores da figura humana Cecília Costa imagina situações que nos remetem para momentos de reflexão sobre nós próprios e sobre a nossa envolvente, cria um jogo de cumplicidades entre o que desenhou e as possibilidades de interpretação que oferece a quem vê os seus desenhos. De certo modo eles estão todos relacionados uns com os outros, embora na forma até sejam bastante diferentes, dependendo da época em que foram feitos. Curiosamente Cecília Costa começou por estudar matemática antes de estudar Artes Visuais e, além do desenho, tem feito fotografia, video e instalações. Na sua exposição na Galeria João Esteves de Oliveira é possível observar algumas das fases recentes da sua obra de desenho e perceber a forma como ela vem evoluindo e como cria situações, retratando estados de espírito e inquietações. A exposição de Cecília Costa coexiste com outra, de  trabalhos de Domingos Rego, sob a designação comum “Traço Contínuo” e estará patente até 13 de Março na Rua Ivens 38, em Lisboa.

 

OUVIR - “Wallflower”, o novo disco de Diana Krall, é uma boa surpresa. Maioritariamente abandona o registo de (cada vez mais) soft vocal jazz que se tornou a sua imagem de marca e revisita canções pop, interpretando-as de forma desprendida mas surpreendente, como acontece com “Califormia Dreamin’” dos Mamas & The Papas, “Desperado” dos Eagles ou “Superstar” dos Carpenters. Mas há também versões de temas de Elton John e dos Beatles, e duetos com Michael Bublé (“Alone Again Naturally” de Gilbert O’Sullivan), Bryan Adams (“Feels Like Home”, de Randy Newman) ou Georgie Fame (no clássico “Yeah Yeah”). O nome do álbum vem de um clássico da fase country de Bob Dylan, “Wallflower”, aqui com Blake Mills. Nem Bublé consegue destruir a surpresa das melancólicas interpretações de Diana Krall destes êxitos dos anos 70 e 80. CD Verve, distribuído por Universal.



PROVAR - Um dia destes deparei-me com uma especialidade que julgava extinta: uma garrafa de Carcavelos, um vinho fortificado que o Marquês de Pombal tornou famoso ao produzi-lo na sua quinta em Oeiras, no século XVIII, a partir das castas arinto, galego, dourado e ratinho. Este vinho fortificado, de 17,5º, é envelhecido em barricas de carvalho por um período de dez anos, apresenta uma cor amarela dourado e tem um sabor dominado por frutos secos, mel e especiarias. O vinho voltou a ser elaborado segundo uma técnica que remonta ao século XIV, por iniciativa da Câmara Municipal de Oeiras, já que a quinta que foi do Marquês de Pombal é hoje património daquela autarquia. Vende-se em garrafas de 375 ml sob a marca Villa Oeiras e é um excelente remate de uma refeição. Carcavelos é uma denominação de origem controlada

Uma nota final, de outro assunto: já começou a época da lampreia, provei a primeira do ano, à bordalesa, e estava excelente. Foi no Apuradinho, Rua de Campolide 209-A. Vale a pena telefonar a indagar quando há - 213 880 501.



DIXIT - “Tudo o que o PS produziu de política nestes dois meses, foi peregrinações; peregrinações a Évora para ver o amigo preso e arengar cabalas contra a justiça” - Pedro Bidarra

 

GOSTO - Do momento visual da semana, quando Matteo Renzi ofereceu uma bela gravata italiana a Alexis Tsipras

 

NÃO GOSTO - A agricultura perdeu 74 mil postos de trabalho e o emprego no sector desceu para mínimos históricos.

 

BACK TO BASICS -  Os homens inteligentes falam porque têm alguma coisa a dizer, os idiotas porque querem sempre estar a falar - Platão

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publicado às 18:54


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