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COISAS DO ANO QUE ESTÁ A ACABAR

por falcao, em 30.12.15

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PRESIDENTE - Se há alguém que no sistema político português precisa de ter uma apurada sensibilidade política e uma capacidade negocial e de influência considerável, esse alguém é o Presidente da República. Um Presidente não pode ser um anti-político nem um tecnocrata - a sua função é conciliar os cidadãos com o país, os dirigentes partidários com os seus eleitores, os governantes com o equilíbrio e o bom senso. Quem conseguir desempenhar assim o seu mandato, ficará na História, já que nestas últimas quatro décadas, e sobretudo nas duas últimas, com Sampaio e Cavaco, andou-se bem distante de tudo isto que um Presidente deveria ser. Quando o Governo não tem a sensibilidade social no seu DNA cabe ao Presidente fazer-lhe esse diagnóstico e recordar que a sociedade só pode evoluir a bem e nunca à força. Vem tudo isto a propósito das reflexões que o caso da morte ocorrida no Hospital de S. José despoletaram. Um Presidente que exerça o seu mandato deve ponderar a forma como são feitos cortes orçamentais em sectores essenciais, sobretudo quando se constata que os cortes verificados no sector da saúde não são nada quando comparados com o custo suportado pelos contribuintes em sucessivos escândalos com bancos ao longo dos últimos anos. Independentemente das guerras corporativas que também explicam o mau funcionamento de alguns hospitais, e em particular este caso, esta frase, dita por Marcelo Rebelo de Sousa numa visita recente ao Hospital de S. José, é o melhor manifesto eleitoral de qualquer dos candidatos presidenciais: “Pode-se poupar em muita coisa, mas poupar na saúde dos portugueses não é um bom princípio para quem quer afirmar a justiça social e construir um Estado democrático mais justo".

 

SEMANADA - Em 2015 os piropos tornaram-se crime puníveis até três anos de prisão, no seguimento de uma proposta legislativa do PSD; em contraste, os piropos recíprocos entre PS, PCP e Bloco deram na formação de um Governo;  nos últimos quatro anos 400 mil portugueses emigraram, tantos quanto a totalidade dos emigrantes nos últimos 40 anos; ao fim do primeiro mês de Governo PS, o PSD viabilizou o orçamento rectificativo apresentado por António Costa e disse que não quer crises políticas; Paulo Portas anunciou que abandona a liderança do PP; nos últimos quatro anos os serviços básicos subiram 25% e os salários nem 2%; um em cada onze empregos em todo o mundo está no sector do turismo; em 2014 a Cultura representou 1,7% da riqueza produzida em Portugal, próxima de sectores como as telecomunicações, que representaram 1,9%, enquanto a construção valia 4%; as duas principais operadoras de telecomunicações   anunciaram, nos últimos dois meses do ano, investimentos de quase novecentos milhões de euros em direitos de transmissão de jogos de futebol, valor que deverá ainda subir nas próximas semanas;  para começar bem o novo ano o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário convocou uma greve para sexta-feira dia 1 de Janeiro.

 

ARCO DA VELHA - A Refer foi condenada a pagar uma  indemnização de 80 mil euros a um seu ex-funcionário que foi despedido da empresa, por  falsificar pesagens de carris a favor do sucateiro Manuel Godinho. O mesmo ex-funcionário foi condenado a cinco anos e três meses de prisão pelo Tribunal de Aveiro, no âmbito do processo Face Oculta. Mesmo assim a empresa terá de o indemnizar por um outro tribunal o ter considerado despedido sem justa causa.

 

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FOLHEAR - Este ano que passou trouxe-nos alguns factos curiosos em matéria de leituras. Se é certo que a queda de circulação das edições impressas dos jornais diários continua a verificar-se, também é certo que o tempo médio gasto na leitura das suas edições digitais tem aumentado, sobretudo nas suas versões para dispositivos móveis. Por outro lado, e curiosamente, além das notícias de actualidade, os artigos mais longos, mais explicativos - aquilo que se enquadra na classificação de “long reading”, estão a captar mais leitores. Hoje em dia, numa edição digital, é possível ver quais os artigos e os assuntos que os leitores vão ler com maior frequência, mas também aqueles a que consagram maior tempo de leitura. Finalmente as publicações digitais mais actualizadas desenvolveram sistemas de interacção com os seus leitores, baseadas no que são o comportamento e as preferências típicas de cada um. Um dos mais flagrantes exemplos disso vem de um facto recente: apesar da sofisticação técnica e da qualidade do jornalismo do New York Times, e que o levou a ser um exemplo e um líder mundial na imprensa digital, nos últimos meses o Washington Post tem alcançado números de circulação digital já superiores ao do NYT. Para compreender o porquê desta surpreendente recuperação do WT é preciso andar um pouco para trás, quando o criador da Amazon, Jeff Bezos (na imagem), o adquiriu. Sem grandes alardes nem ruído, com uma reestruturação interna relativamente pequena e sem interferências conhecidas na sua orientação editorial, a verdade é que Bezos mudou uma coisa: o departamento digital do WT foi alvo do trabalho dos engenheiros e programadores da Amazon, que criaram sistemas de rastreamento e acompanhamento de cada leitor digital do jornal, fornecendo-lhes sistematicamente sugestões e envolvendo-os cada vez mais - tal como a Amazon faz aos seus clientes. Os resultados estão à vista, ao fim de poucos meses. Na maior parte dos indicadores digitais o Washington Post supera agora o New York Times. Começa a perceber-se o que Jeff Bezos queria fazer. Aguardam-se os próximos episódios.

 

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VER - Fundado em 1774, o British Museum tornou-se numa referência mundial. Recentemente fez uma parceria com o Google Cultural Institute e dessa parceria saíu um novo site do museu, que é absolutamente revolucionário e permite que, em qualquer ponto do mundo, a partir de um computador, tablet ou smartphone, se possa literalmente percorrer o interior do museu, voltando atrás ou parando frente a uma obra. O novo site fez do British Museum o maior espaço coberto visível pelo Google Street View , a tecnologia que permite visitar os nove andares e 85 galerias permanentes do museu, exibindo cerca de 80.000 peças, tal como ela estão apresentadas ao público no local. Adicionalmente foi construída uma timeline que incorpora cerca de 4500 objectos ao longo da cronolgia,  que permite ampliações de cada uma das peças e a sua localização nas épocas da História em que foram produzidas. Se quiser visitar este British Museum virtual basta ir a www.google.com/culturalinstitute/collection/the-british-museum .

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OUVIR - Neste Natal os responsáveis pelo catálogo dos Beatles disponibilizaram finalmente todas as suas gravações nas plataformas de streaming - Spotify, Apple Music, Google Play, Amazon Prime, Slacker, Tidal, Groove, Rhapsody e Deezer. Independentemente da plataforma utilizada o streaming é a nova forma de ouvir música que cada vez cativa maior número de utilizadores - e este ano o lançamento da Apple Music veio alargar ainda mais esta tendência. Eu continuo a comprar discos e a ouvir CD’s, mas muitas vezes vou primeiro ouvir um disco acabado de lançar em streaming a ver se vale a pena. Por exemplo, já fui ouvir uma das novas canções de David Bowie, “Lazarus” do álbum “Blackstar” que sairá em Janeiro. Depois fui à descoberta do quarteto do saxofonista Donny McCaslin, cujos músicos participam em “Blackstar” e em pouco tempo fiquei a perceber a nova direcção de Bowie, que aos 69 anos permanece sempre atento. No carro continuei a ouvir o Spotify com a gravação de um concerto de Rufus Wainright e quando à noite resolvi ler coloquei uma das playlists de jazz que o Spotify me propõe. O iPad ou o iPhone que utilizo estão ligados ao sistema de som do carro e ao de casa por Bluetooth. E as minhas descobertas de novas músicas, de repente, ficaram mais fáceis.

 

PROVAR -  Portugal vai tendo novos bons restaurantes, há mais chefs portugueses que são apreciados e distinguidos com as ambicionadas estrelas Michelin, mas a verdade é que nas coisas mais simples, de dia-a-dia, há muito pouca inovação. Por exemplo, as sanduíches: comer uma boa sanduíche em Lisboa é difícil. Na esmagadora maioria dos casos apresentam-nos uma carcassa aborrachada - ou um pão de forma cheio de ar - com tímidas e transparentes fatias de fiambre ou de queijo indistinto. As mais das vezes nem o fiambre é do melhor nem o queijo passa do flamengo mais barato - mas são sempre em quantidade mínima. Numa terra de bons enchidos e fumados são raras as casas que apresentam uma sanduíche que misture um bom paio ou uma boa paiola, em quantidade honesta, com um pão fresco e estaladiço de qualidade, que possa também receber um queijo da ilha ou um queijo de serpa curado, enriquecido por algum legume adequado e com algum tempero que passe da simples manteiga - e isto quando escapamos ao calvário da margarina. Recordo om inveja as fotografias das sanduíches de abundante pastrami, em pão estaladiço. Os cafés e as cafetarias portuguesas não sabem usar os nossos melhores produtos para fazer uma sanduíche condigna e os nossos padeiros não sabem fazer um pão adequado a essa função - que não tenha demasiado miolo, que seja possível trincar sem deslocar o maxilar. Boas sanduíches, precisam-se.

 

DIXIT - “ O resultado, na minha opinião, foi desastroso” - Jorge Tomé sobre a medida de resolução aplicada ao Banif, que liderou.

 

GOSTO - Em 2014 os turistas deixaram em Portugal 32,6 milhões de euros por dia.

 

NÃO GOSTO - Da ineficácia, dos erros, dos disparates, da falta de bom senso, dos lapsos e dos atrasos de todo o sistema judicial, porventura o pior de todos os males do Estado português.

 

BACK TO BASICS - “Um optimista fica acordado para viver a entrada do novo ano; um pessimista quer ter a certeza que o ano velho se vai de vez” - Bill Vaughan

 

(Publicado no Jornal de Negócios de30 de Dezembro de 2015)

 

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publicado às 12:00

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MUDANÇAS - As eleições realizadas em Espanha no fim de semana passado mostram um alteração total do que era o espectro partidário do país. O PSOE caíu estrondosamente, o bipartidarismo foi desfeito, há novas forças políticas que se vão tornando as charneiras possíveis do regime e cuja participação no jogo político é fundamental para existirem entendimentos governativos. Como bem notou Nuno Ribeiro, no Público, “o modelo bipolar falhou porque não fez reformas, no imobilismo residiu a sua resistência e a corrupção foi o seu alimento”. Estas palavras podiam ser aplicadas letra por letra a Portugal. Aqui  ainda não chegámos ao tempo em que surgem novas forças políticas que ganhem relevância - o Bloco de Esquerda de certa forma é um partido já do regime, mas que renasceu, talvez graças a ser “picado” por essa invenção falhada de Boaventura Sousa Santos e de Rui Tavares que acabou por ser um balão cheio de ar, e que no dia das eleições se esvaziou rapidamente sem efeito nem consequência. Em Espanha e em Portugal os partidos do arco da governação, como se chamou aos protagonistas do regime, alimentaram-se reciprocamente e especializaram-se em fazer uma gestão política das maiorias absolutas, arregimentando hordas de fiéis que viviam das suas benesses e rodavam entre si, chamando a isso diálogo político. Na realidade quase nunca se praticou em Portugal a política como uma negociação permanente entre as forças partidárias, único factor que pode garantir uma estabilidade de políticas além dos ciclos eleitorais e que permite que a sociedade desenvolva as suas dinâmicas próprias. Em 40 anos de democracia isso ainda não se conseguiu.

 

SEMANADA - Obama organizou um visionamento do novo Star Wars para famílias de militares americanos mortos em combate e robots Stormtroopers estiveram no palco das conferências de imprensa da Casa Branca;  PSD e PP separaram-se depois de a coligação que constituíram ter vencido as eleições e mesmo assim ter perdido o Governo; José Sócrates regressou à cadeia de Évora para fazer uma visita de Natal aos seus ex companheiros de detenção; num almoço comício em Vila do Conde José Sócrates acusou o PS de estar a ter nas presidenciais uma estratégia que favorece Marcelo Rebelo de Sousa; as autoridades brasileiras pretendem investigar a actividade de José Sócrates na empresa Octapharma por negócios realizados naquele país; Manuel Alegre sentiu-se traído por António Costa na questão do Conselho de Estado; o FMI admitiu que o programa da troika em Portugal foi mal pensado e que teria sido melhor uma reestruturação da dívida; a quota de pesca de sardinha que Portugal perdeu em cinco anos anda perto das 50 mil toneladas; em Portugal há 130 barcos e 2500 pescadores a viverem da pesca da sardinha; a Banca perdeu 7 mil postos de trabalho em cinco anos; nos últimos anos os contribuintes foram chamados a pagar 13 mil milhões de euros devido a problemas surgidos em três bancos e agora vão também ter de pagar o preço das eventuais reversões das privatizações de empresas como a TAP; Paulo Portas considerou que os custos da suspensão da venda da TAP são “um imposto ideológico”; o Banco de Portugal resolveu sempre os problemas surgidos por deficiências da sua própria supervisão ao sistema financeiro atirando a conta para os contribuintes; algo vai mal no funcionamento do Banco de Portugal.

 

ARCO DA VELHA - O ex-espião Jorge Silva Carvalho garantiu em tribunal que 90% do funcionamento dos serviços de informação se baseia em actos ilegais que foram uma constante nos mandatos de vários responsáveis pelas secretas ao longo dos últimos anos.

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FOLHEAR - A revista “Egoísta” distingue-se pelo seu grafismo cuidado, por uma qualidade de impressão acima da média e, claro, por uma riqueza e diversidade de conteúdos que são no fundo a sua razão de ser. Bons conteúdos mal paginados e pior impressos há muitos, conseguir conjugar tudo de uma forma quase perfeita é que é mais difícil e é isso que a “Egoísta” faz há vários anos. A edição agora publicada  tem na capa Sofia Aparício em pose natalícia e lá dentro um magnífico portfolio fotográfico a desenvolver o tema de capa, assinado por Carlos Ramos. Entre os artigos a destacar chamo a atenção para “Hannah”, de Maria do Rosário Pedreira e para o ensaio de António Mega Ferreira sobre as interpretações que, ao longo da História, alguns artistas fizeram da Sagrada Família. Outros destaques para  “Acerca do Bom Despacho”, que tem magníficas ilustrações de Ivone Ralha e palavras de Francisco Duarte Azevedo, para “Sem Remorso”, uma mini banda desenhada de Rodrigo Prazeres Saias com texto de Luisa Jardim e para “E desde então não morri”, de Dulce Maria Cardoso. Finalmente destaque também para os portfólios fotográficos de Luís Barreira e Maria João Gonçalves. A responsabilidade destas coisas vai para o Director e impulsionador da revista, Mário Assis Ferreira, para a editora Patricia Reis, e para a designer gráfica Joana Miguéis, do atelier 004, que assegura a edição e produção da “Egoísta”.

 

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VER - Para quem gosta de artes plásticas, três ideias para prendas de última hora nas áreas da fotografia, azulejo, e múltiplos. Comecemos pela fotografia e pela Barbado Gallery (na imagem), na Rua Ferreira Borges 9A, que mostra actualmente “Facing The Camera: From 1970 to Tomorrow”, obras do finlandês Arno Rafael Minkkinen, pouco conhecido entre nós mas cuja obra tem ganho importância entre os coleccionadores de fotografia - e esta é uma galeria que se dedica a comercializar nomes de referência. Proponho ainda uma visita a O Gabinete, um espaço na Rua Ruben A Leitão 2B, ao Princípe Real, que   edita e promove múltiplos de arte em séries exclusivas e limitadas. Actualmente estão em exposição peças de Hugo Almeida Pinho, para além das novas edições de Rui Toscano e André Cepeda e do acervo fazem parte obras de Joseph Beuys, Michael Biberstein, Helena Almeida, Lawrence Weiner e Julião Sarmento, entre outros. A terminar, e passando para os azulejos, proponho uma ida à Galeria Ratton, na Rua da Academia das Ciências 2C, onde poderá encontrar deliciosos azulejos feitos por Pedro Proença e Andreas Stocklen, além de obras de muitos outros artistas que ao longo dos anos desenharam para esta Galeria como Paula Rego, Júlio Poma, Costa Pinheiro, René Bertholo, Eduardo Batarda, Joana Rosa, José Barrias, Jorge Martins ou Lourdes Castro, entre outros.


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OUVIR - Aline Frazão é angolana e compõe e interpreta, na voz e guitarra as suas próprias composições.É um dos nomes grandes da nova música de Angola, onde nasceu em 1988, vivendo actualmente em Lisboa. A sua estreia discográfica, “Clave Bantu” foi em 2011 e incluía poemas de José Eduardo Agualusa e de Ondjaki. Mas foi em 2013, com o álbum “Movimento”, onde, além das suas composições, cantou textos de Alda Lara e Carlos Ferreira, que ganhou mais notoriedade e começou a fazer espectáculos em África e na Europa. “Insular”, este  seu terceiro disco de originais, foi gravado na Escócia, na ilha de Jura. A capa e as ilustrações do interior são  de António Jorge Gonçalves, no disco participam nomes como Pedro Geraldes, dos Linda Martini. O álbum mistura ritmos envolventes e quentes de origem africana, com sonoridades duras e eléctricas do norte da Europa e inclui poemas de Ana Paula Tavares e Capicua. A maneira de cantar de Aline Frazão e os arranjos que escolheu contêm um ritmo próprio e conferem uma identidade especial ao seu trabalho, diferente dos cânones politicamente correctos da world music. E ainda bem. Edição NorteSul/ Valentim de Carvalho.

 

PROVAR -  O Biomercado é um novo espaço que conjuga um supermercado biológico com um restaurante que se apresenta igualmente biológico. Do lado do comércio estão pães da marca Miolo em várias variedades, desde a alfarroba à espelta. Há uma extensa zona de compotas e de cereais, conservas feitas com produtos biológicos, portuguesas e importadas - e nas portuguesas destaco as da fábrica la Gondola onde, por exemplo, o atum é enlatado em azeite extra virgem biológico. A garrafeira também tem algumas escolhas que suscitam curiosidade. O princípio seguido no Biomercado é ter apenas produtos frescos da época. Nalguns casos há surpresas como um bolo rei feito sem açúcar, apenas adoçado com concentrado de maçã e frutose e sem frutas cristalizadas. Há a possibilidade de encomendar peru biológico, ou seja não submetido a aviário e que cresce como nos tempos antigos. O espaço inclui uma cafetaria com uma boa oferta de saladas, sanduíches e de sumos naturais - o de maçã e gengibre é uma óptima surpresa e ao fim de semana há brunch. Avenida Duque de Ávila 141B, entre a 5 de Outubro e a Avenida da República.

 

DIXIT - “É muito difícil para algumas pessoas darem o braço a torcer”  - José Sócrates.

 

GOSTO - Os sorteios do Fisco deixam de atribuir automóveis e passam a sortear certificados de aforro.

 

NÃO GOSTO - Dos resultados da actuação de supervisão do Banco de Portugal ao longo dos anos

 

BACK TO BASICS - “Uma coisa é certa - os perus não gostam de saber que o Natal está a chegar” - provérbio irlandês.

 

(Publicado no Jornal de Negócios de 23 de Dezembro de 2015)

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publicado às 12:30

Small business, big city

Image: Nikola Strbac

It’s no surprise that New Yorkers love their bodegas and independent coffee shops but a new study from JP Morgan Chase Institute, which analysed spending habits in more than a dozen cities across the US, shows just how much. A colossal 74.7 per cent of money spent by New Yorkers goes to small and medium-sized shops. (Small businesses in Los Angeles are almost as popular, taking in 71.4 per cent of the spend share in the city.) Contrast this to smaller cities such as Dallas or Columbus where small and medium shops only get 56.5 and 54.4 per cent of the spending share. Thriving small businesses play a vital role in creating jobs and economic growth, which New York and LA have certainly enjoyed. Local governments in smaller cities should take heed and do what they can to encourage and support their small and medium businesses.

 

(extraído da newsletter The Monocle Minute

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publicado às 15:38

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PINHEIRINHOS   - Vamos imaginar assim uma coisa de boa vontade, natalícia: temos governo, é redondo, tem frutas cristalizadas para adoçar, uns frutos secos para temperar, uns brindes para agradar e uma fava para alguém pagar. Parece mesmo um Bolo Rei. Diz-me a história recente que a fava calha sempre aos mesmos - aos contribuintes. Imbuído de espírito natalício só vejo pais natais a escorregarem nas chaminés dos ministérios com montanhas de prendas. Por todo o lado os pinheiros estão engalanados com blocos de bolas e estrelas vermelhas. Vejo a despesa a crescer e sei que, se a receita não crescer agora, vai ter que crescer a dobrar a seguir. Recordo-me de me terem ensinado que só se pode repartir o que existe, repartir o que não há é dar o buraco do meio do Bolo Rei como prenda. Oferecer o vazio é a pior das prendas a não ser que a intenção seja enganar. O que estes primeiros dias indicam são falinhas doces, montanhas de diálogo caramelizado, sonhos de abóbora amargos e coscorões que começam a enrijar. Resta saber quando as filhoses amolecem e  azedam . Será a fase seguinte do processo em curso. Não há almoços grátis e não há benesses sem que o preço seja pago por alguém. Vamos ver quando as renas que puxam este Pai Natal, que nos saíu em brinde como Primeiro Ministro, começam a escoicear.

 

SEMANADA - Sócrates teve dois tempos de antena na TVI, acusou António Costa de não ter saído em sua defesa e afirmou que o PS estava objectivamente a favorecer a candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa; António Costa convidou Manuel Alegre para o Conselho de Estado e depois desconvidou-o, substituindo-o por Carlos César; o grande amigo autárquico de António Costa, Rui Rio, fez constar que se prepara para suceder a Passos Coelho e avisa que “será difícil Passos ganhar eleições”; Passos Coelho optou por contrariar o que estava agendado e falou ele próprio no primeiro debate Parlamentar com Costa, substituindo-se ao líder parlamentar do PSD; no entretanto Passos anunciou que a PAF acabou;  o Futebol Clube do Porto impediu Rui Rio de entrar no seu pavilhão desportivo e obrigou a SIC Notícias a alterar o local de emissão de um programa para o qual Rio estava convidado; Arnaldo Matos retomou o comando do MRPP e anunciou-se defensor do Estado Islâmico; a comissão de honra de Henrique Neto parece um sortido de bolachas araruta constituído por ex-governantes e ex-dirigentes partidários: Campos e Cunha, Nuno Crato, Daniel Bessa, João Salgueiro e Ribeiro e Castro, entre outros; o Nobel Paul Krugman considerou “problemático” o aumento do salário mínimo na situação portuguesa e os rapazes de esquerda, que nos últimos anos o andaram a louvaminhar, ficaram a modos que engasgados; ao longo deste ano foram abertos 65 hotéis novos e remodelados; o petróleo atingiu o menor preço desde 2008; há oito anos que não há escolas públicas no top 10 do ensino secundário.

 

ARCO DA VELHA - José Sócrates disse que não sabe quanto dinheiro deve ao seu amigo Santos Silva.

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FOLHEAR - Pela segunda vez a Monocle edita, nesta altura, a sua antevisão do que será o ano seguinte. Chama-se “The Forecast” e a ideia é fornecer conteúdo que vá sendo folheado ao longo do tempo. Digamos que é uma espécie de versão “The Force Awakens” do portuguesíssimo almanaque “Borda de Água”, cuja nova edição também já está nas bancas. “The Forecast” tem 250 páginas com tendências, ideias de negócios que estão a começar a funcionar e pensamentos para tornar o mundo um bocadinho melhor - desde as casas onde vivemos até ao regresso ao campo ou a alteração nos hábitos e veículos que usamos para nos deslocarmos. Mas, além disso há debate de ideias - como por exemplo o artigo sobre think tanks e em especial a parte sobre a britânica Chatam House, cujas regras foram muito (mal) invocadas por aqui em meados do anterior governo. Adiante. Há um artigo muito interessante sobre uma questão que está cada vez mais na ordem do dia - a persistência da utilização dos livros nesta época de ecrãs, e a proliferação de pequenas editoras independentes com edições surpreendentes. Finalmente, como 2016 vai ser o ano do macaco a página final dá-nos pista sobre o que o símio nos pode trazer.

A finalizar não resisto a umas sugestões de prendas livreiras: “Crónica da Manhã - Um Apontamento de Todos os Dias” que publica 22 crónicas que Agustina Bessa-Luís fez para a RDP em 1978. E, para quem gosta de citações,“O Grande Livro dos pensamentos & das citações”, compilado por Oscar Mascarenhas.

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VER -  O documentário televisivo, bem feito, com bom research, acesso a bons materiais audiovisuais de arquivo e uma boa realização, é algo que me fascina. Se voltasse a fazer alguma coisa em televisão era esta a área a que me dedicava, um segmento da programação infelizmente tão maltratado e esquecido em Portugal, nomeadamente pelo operador de serviço público - apesar de ser daqueles que menor investimento requer. Por ocasião do centenário de Frank Sinatra o canal norte-americano HBO encarregou o realizador Alex Gibney de mostrar a vida da Voz. O resultado é “Sinatra - All Or Nothing At All”, felizmente disponível entre nós num duplo DVD que proporciona quase quatro horas de entretenimento e conhecimento. O documentário reúne entrevistas com Sinatra feitas em vários momentos da sua vida, gravações de concertos e depoimentos de quem o conheceu de perto. Um dos lados curiosos é que parte da construção é feita em torno das canções que Sinatra escolheu para o célebre “Retirement Concert”, de 1971, em Los Angeles, canções que o realizador sinaliza como os marcos que guiaram a vida de Frank Sinatra. Disponível na FNAC e El Corte Ingles ou via Amazon.

 

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OUVIR - Ao longo da História foram surgindo discos que retrataram apenas parcialmente as respectivas sessões de gravação em que foram feitos. Felizmente que muitos arquivos foram sendo salvaguardados e permitem retomar o que na altura ficou como que escondido. No Outono de 1965, há 50 anos, Amália estava a gravar um álbum de canções em inglês, standards do cancioneiro popular norte-americano, acompanhada de orquestra e sob a direcção do grande maestro Norrie Paramor - um projecto que entusiasmava o seu editor, Rui Valentim de Carvalho. A ideia inicial nunca foi finalizada e,  das 12 canções orquestradas por Paramor, apenas oito foram finalizadas e deram origem ao álbum “Amália na Broadway”, editado finalmente 19 anos depois, em 1984, quando Amália se refugiou em Nova Iorque  - foi uma fase difícil da sua vida, entrou em depressão, tentou mesmo suicidar-se e, numa carta de despedida que escreveu, pedia para que “continuassem, na mesma, a seguir com o disco das canções americanas” - assim surgiu “Amália na Broadway”. Agora, graças ao persistente trabalho que Frederico Santiago tem feito nos arquivos da Valentim de Carvalho, esses temas são completados com mais nove faixas, entre elas versões orquestrais gravadas nessa altura de “Ai Mouraria”, “Solidão”, “Lisboa Antiga” e “Coimbra”, que na época funcionaram como experiência quer para os arranjos de Paramor, quer para a relação da voz de Amália com o som da orquestra, e que antes nunca foram editadas. A essas acrescem versões alternativas de temas utilizados no “Broadway” e ainda a gravação incompleta, que Amália sempre deixou inacabada, de “The Man I Love”, um símbolo de uma época que nunca foi verdadeiramente concluída. “Someday”, assim se chama esta nova edição, tem na capa uma fotografia de Eduardo Gageiro e, no interior, um texto de Vítor Pavão dos Santos sobre esses tempos. Quando se ouve, percebe-se como Amália era um talento à parte e à frente do seu tempo.

 

PROVAR - Tinha lá ido uma vez ao princípio, quando o sushi ainda não era uma praga como hoje são os hamburguers gourmet. Lembro-me que na época achei alguma graça à diferença total em relação ao Aya, que era o meu termo de comparação possível. Não era bem sushi - percebi depois que era um sushi bossa-nova, assim, tropicalizado - e diga-se que não deliro com brasileirices. Estou a falar do restaurante “Estado Líquido”. Ao fim de quase uma década regressei lá um destes dias e fiquei agradavelmente surpreendido. Anos depois não está decadente, a mobília não range nem se desconjunta, a parede está sem mossas, a comida mantém a qualidade, os sabores ainda surpreendem, o serviço é absolutamente exemplar e atrás o balcão a concentração e dedicação dos sushimen que estão a preparar os pratos só podem significar que gostam do que estão a fazer e que estão empenhados em servir o cliente. Estas duas coisas são raras nos restaurantes lisboetas e quanto mais da moda, pior. No que toca ao cenário, os sofás do lounge no andar de cima provocam pensamentos atrevidos e espicaçam a curiosidade, Não sei se já repararam mas na maioria dos restaurantes da moda os clientes são vistos como ovnis incómodos, uma espécie de mosquitos fora de época. Balanço final: o “Estado Líquido” continua a merecer uma visita  - Largo de Santos 5A, telefone 213 972 022. Eu acho que a deslocação vale a pena, mas a casa tem um serviço de entregas que pode ajudar a fazer um festival sushi em casa. O telefone é o mesmo e em www.estadoliquido.com pode tirar as dúvidas.

 

DIXIT - “Em 2015 não devemos esperar muito do futuro, porque nós próprios somos responsáveis pelo nosso destino e a nossa responsabilidade, talvez não por nossa exclusiva culpa, não é muita” - Vasco Pulido Valente.

 

GOSTO - De  o Prémio Pessoa ter sido atribuído a Rui Chafes.

 

NÃO GOSTO - Da situação que os estivadores criaram no Porto de Lisboa.

 

BACK TO BASICS - “Aqueles que dizem que o dinheiro é a solução para tudo são os mesmos que  defendem que se pode fazer tudo por dinheiro” - Benjamin Franklin

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publicado às 11:09

PRESIDENCIAIS - Daqui a pouco mais de um mês realiza-se a primeira volta das eleições presidenciais. Sobre ela paira o espectro de um Governo feito em circunstâncias pouco usuais e que reflecte uma leitura diferente, mas possível, dos resultados eleitorais das legislativas, num corte súbito em relação ao que era feito desde há quatro décadas. Por isso veio para primeiro plano a definição daquilo que os  candidatos pretendem fazer deste Governo, o que é, no mínimo, um exercício redutor - e perigoso - sobre a função presidencial. Os candidatos presidenciais não apresentam, por definição, um programa político - defendem um comportamento face à evolução da situação social e da realidade nacional, uma metodologia para que o regime funcione dentro do descalabro crescente do sistema político, do descrédito dos partidos e, se possível, que se consiga conquistar para a participação cívica, a começar pelo voto, as gerações mais novas que não vêem à sua volta grandes motivos de júbilo nem de participação. Ora este ponto - o do voto das gerações -  é, no caso das presidenciais, absolutamente crucial. Quem conseguir mobilizar o eleitorado abaixo dos 35 anos pode subverter as tradicionais maiorias sociológicas do voto, os dogmas instalados e exercer um mandato diferente. Estamos sobretudo a falar daquilo a que os americanos chamam a geração Z, criada já no mundo digital. São eles, se votarem, que podem alterar o jogo tradicional. Mas isso só acontecerá se os candidatos conseguirem comunicar com esses eleitores - e, do que vejo a ser feito, ninguém está a trabalhar neste assunto.

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SEMANADA - A Frente Nacional ganhou a primeira volta das eleições regionais francesas menos de um mês depois dos atentados de Paris; a greve do Metro foi desconvocada dando o primeiro sinal de como vai ser o jogo do gato e do rato entre sindicatos e Governo PS; todos os meses dão entrada na Procuradoria Geral da República cem novos casos de corrupção; o Bloco de Esquerda anunciou pretender assento no Conselho de Estado; o PCP ficou publicamente calado sobre o tema; o PS deseja que a sua área política eleja três membros do Conselho de Estado;  o PS precisa de negociar à direita para efectuar diversas nomeações para cargos políticos; o Oscar da hipocrisia foi para o sorridente aperto de mão do Ministro Mário Centeno com  Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo; os parceiros comunitários indicaram a Mário Centeno, na reunião do Eurogrupo, a necessidade da redução do défice português; o risco do crédito malparado no Sul do país supera os 30% e é quase o dobro da média nacional - um terço das empresas algarvias com empréstimos não paga à Banca; Pacheco Pereira foi desafiado a sair do PSD por ter estado num debate com a candidata presidencial do Bloco; numa entrevista, Pacheco Pereira elogiou Marcelo Rebelo de Sousa; Marcelo disse que “faria o possível para o governo ser duradouro”; ao longo do ultimo quarto de século os Governos alteraram impostos 19 vezes por ano; o poder de compra em Lisboa é 45,5% inferior ao de Nova Iorque;  23% dos portugueses entre os 64 e 74 anos utilizam regularmente o computador; 600 pessoas foram ver Cicciolina, de 64 anos, a despir-se, em Lisboa,  no Café Teatro Santiago Alquimista; o álbum “Rubber Soul”, dos Beatles, fez 50 anos.

 

ARCO DA VELHA - O secretário Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse que o actual Governo é da responsabilidade do PS, rejeitando que possa ser considerado como um Governo de coligação ou de esquerda.

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FOLHEAR - Há meses que vou seguindo no Facebook uma página intitulada “Humans Of New York”. A página do Facebook deriva, por sua vez,  de um  blog. O seu autor, Brandon Stanton, vem a desenvolver este trabalho há cinco anos. Humans of New York começou por ser um projecto de fotografia e depois evoluíu para um local onde se contam histórias de quem vive na cidade. Ao longo de cinco anos foram mais de dez mil fotografias, muitas delas com pequenas histórias sobre os fotografados. Stanton conta que muitas vezes fica a conversar 15 a 20 minutos depois de cada fotografia para perceber o que pode escrever sobre cada pessoa. O que ele faz é contar histórias de pessoas que lhe são completamente estranhas e que encontra por acaso nas ruas. Numa cidade como Nova Iorque há gente de todo o mundo e o blog, a página do Facebook e o segundo livro que daí saíu, publicado há pouco tempo, e que é o motivo destas linhas, fala disso mesmo. Se o primeiro livro era quase só fotográfico, este é um repositório de histórias e de imagens, bem diferente. O blog e as redes sociais de Humans Of New York são seguidos diariamente por mais de 15 milhões de pessoas em todo o mundo. “Humans Of New York - Stories”, o livro, com cerca de 400 páginas, foi editado há poucos meses pela St. Martin’s Press e é um dos melhores exemplos da ligação cada vez maior entre o online e o offline e como ambos os mundos se podem cruzar e complementar. Está disponível na Amazon inglesa. Resta dizer que Brandon Stanton foi considerado uma das 30 pessoas mais influentes na Internet pela revista Time. Termino com uma citação de um dos fotografados : “O melhor de Nova Iorque é que, se ficarmos tempo suficiente sentado num mesmo local, parece que o mundo inteiro vem ter consigo”.

 

VER - A Magna Carta foi elaborada em 1215 em Inglaterra pelo Rei João e hoje em dia é tida como o pilar da democracia. Foi graças a ela que, séculos mais tarde, em 1628, se garantiu que os impostos deviam ter aprovação parlamentar, que não se podiam fazer prisões de forma arbitrária, que toda a gente tinha direito a um julgamento e que os poderes do Estado têm que ter limites. É pois particularmente simbólico, e uma feliz coincidência, que por estes dias um exemplar do original da Magna Carta esteja em exposição em Lisboa, na Torre do Tombo. Era bem bom que os dirigentes partidários percebessem a essência do histórico documento: o Poder tem limites - uma descoberta que está por fazer, na generalidade dos casos, em Portugal. A passagem do documento por Lisboa, onde chegou no início da semana, prolonga-se apenas até dia 12, mas a sua exibição foi pretexto para que dela se falasse e para que muitos protagonistas políticos, que a desconhecem ou, conhecendo-a, a ignoram, fossem confrontados com a sua existência e o seu significado.

Outra sugestão: uma exposição de fotografias dedicada a autores, intérpretes e músicos  do Fado - são ao todo 128 imagens de outras tantas personalidades. Chama-se Álbum de Família, parte de um trabalho de Aurélio Vasques, e está no Museu do Fado, Largo do Chafariz de Dentro nº1.

 

OUVIR - Sérgio Godinho e Jorge Palma são dois dos músicos portugueses mais marcantes das últimas décadas. As suas canções são conhecidas por várias gerações e muitas delas merecem figurar no lote do que de melhor se compôs em Portugal. O facto de os dois, que são personalidades diferentes, com estilos musicais diversos e abordagens poéticas distintas, se terem juntado para um concerto conjunto é um desafio que ultrapassa a mera soma de talentos. “Jorge Palma & Sérgio Godinho - Juntos ao Vivo no Theatro Circo” foi gravado em Setembro deste ano em Braga e foi agora editado pela Universal. Inclui 17 temas, 9 de Sérgio Godinho e 8 de Jorge Palma, todos com a participação do mesmo grupo de seis músicos que, através da interpretação que fazem, muitas vezes distante das canções originais, contribuem para que este disco seja um bom exemplo de uma gravação ao vivo exemplar. Devo dizer que nos últimos dias este CD está no primeiro lugar dos mais ouvidos cá em casa. Há uma edição especial que inclui um DVD com a gravação video do concerto.

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PROVAR -  A Touriga Nacional é uma das castas portuguesas de uvas mais importantes e daquelas que tem uma individualidade mais marcada nos vinhos em que é utilizada. José Bento dos Santos, o produtor dos vinhos da Quinta do Monte D’Oiro, é um homem dado a desafios. Daí veio a ideia de fazer um vinho - o Aurius - que utilizasse primordialmente a casta nacional e incorporasse outras estrangeiras, inicialmente Syrah e Petit Verdot, e, mais recentemente, apenas Touriga Nacional e Syrah, que são a matéria prima do Aurius 2011, agora lançado no mercado. A Touriga é dominante e bem presente, o Syrah dá-lhe um toque inesperado e o resultado é surpreendente. O vinho foi elaborado apenas com uvas da propriedade, sob a orientação da enóloga Graça Gonçalves, com o apoio técnico de Grégory Viennois, que tem acompanhado a produção da Quinta do Monte D’Oiro. O vinho foi feito por vindima manual com desengace sem esmagamento, fermentação em cubas de inox e estágio de 14 a 16 meses em barricas de carvalho francês, das quais um terço eram novas, a estrear. Foram produzidas 4.000 garrafas. Vai ficar a ganhar se o provar.

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DIXIT - “Trágico movimento o dos que julgam amar o poder, quando só amam os seus conflitos! São muito menos de temer os que amam o poder do que aqueles que só o servem” - Agustina Bessa Luis

 

GOSTO - Sobrinho Simões foi considerado o patologista mais influente do mundo.

 

NÃO GOSTO -Portugal queimou 700 milhões de toneladas de combustíveis fíosseis em 125 anos.

 

BACK TO BASICS - “Os partidos políticos não são todos iguais. Só quando chegam ao poder” - Pedro Santos Guerreiro

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publicado às 10:51

MINAS & ARMADILHAS - A CGTP regressou esta semana, com estrondo, ao centro da actividade política. O pontapé de saída foi dado, com a elegância que se lhe conhece, por Arménio Carlos à porta do Conselho Permanente da Concertação. Ali defendeu que aquele organismo, onde a CGTP participa, não vale para nada e o que interessa é o Parlamento, Segundo o líder da CGTP só os deputados devem ter palavra a dizer sobre aumentos, impostos, reformas ou leis laborais e não há necessidade de acordos de concertação social. Este pronunciamento mostra o estado de espírito deste sector político: alteram-se as regras do jogo conforme as conveniências e aproveitam-se as circunstâncias para subverter o funcionamento anteriormente aceite e até perfilhado. As declarações de Arménio Carlos mostram o guião que o PCP vai seguir: pressionar o PS, fazer depender o seu voto parlamentar do cumprimento de medidas que serão apresentadas por reivindicações populares, desde que, bem entendido, venham da CGTP. É como se fosse Arménio Carlos a comandar Jerónimo de Sousa, confirmando que a CGTP reverteu a relação com o PCP e que foi este partido que passou a ser a correia de transmissão da central sindical e não o contrário, como aconteceu durante anos. A nova narrativa mostra desta vez um PCP que está sossegado, sentado no Parlamento, parecendo empenhado em actuar de forma construtiva na nova maioria mas, claro, atento ao clamor popular. Na dúvida a CGTP já começou a criar amplificadores para o fabrico do seu muito próprio e dedicado clamor popular, convocando greves no sector dos transportes, na CP, SGTP e Metro de Lisboa, ao longo deste mês de Dezembro, por acaso com início uma escassa dezena de dias depois da votação do programa de Governo da nova coligação na Assembleia. O pontapé de saída está dado. Vamos ver como Costa joga em campo minado depois de lá ter semeado flores.

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SEMANADA - A economia portuguesa continua baseada na procura interna e são o consumo e o investimento que marcam o ritmo do país - revelam números divulgados esta semana pelo INE; os lucros das empresas portuguesas do PSI 20 aumentaram 1,1 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano;  o investimento em produtos associados à inovação caíu nos primeiros três trimestres deste ano face ao período homólogo de 2014; segundo um estudo da OCDE e da UE, os portugueses, sobretudo os mais jovens, estão mais confiantes que a média europeia na capacidade de lançar negócios; o desemprego está estável nos 12,4%; os portugueses compraram mais 39 mil carros em 2015; a receita mensal dos operadores de telecomunicações com pacotes de serviços subiu 18%, segundo a ANACOM; a NOS fechou um negócio que pode chegar aos 400 milhões de euros pelos direitos televisivos do Benfica; os prejuízos das empresas públicas no primeiro semestre de 2015, recuou 30% face ao mesmo período de  2014; os portugueses são quem mais recorre às urgências hospitalares entre os 21 países da OCDE; a nova Ministra da Justiça defende correcções ao mapa judiciário implementado pelo anterior Governo; Sampaio da Nóvoa prometeu ser aliado do novo Governo;  foram instaladas 2,1 milhões de lampadas nas iluminações de Natal em Lisboa; o aeroporto do Porto quadriplicou passageiros numa década; o fabrico de chocalhos no Alentejo foi classificado como Património Imaterial da Humanidade depois de chocalheiros de Alcáçovas terem ido tocar à Namíbia.

 

ARCO DA VELHA - Cerca de 100 pessoas estão inscritas para uma corrida nocturna a realizar nos túneis do Metropolitano de Lisboa, entre as estações de São Sebastião e o Aeroporto, na madrugada do dia 13, logo a seguir à greve.

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FOLHEAR - A edição de Dezembro da revista Wallpaper tem esta belíssima capa desenhada pelo Studio Job, uma dupla de designers holandeses, sob o mote House Of Fun, desenvolvido no interior da edição - que tem por tema o entretenimento. Revista de design e arquitectura por excelência, a Wallpaper (que foi fundada por Tyler Brulé, hoje a dirigir a Monocle), ocupa um lugar único, acompanhando as mais modernas tendências e divulgando novos criadores, que seja em Amsterdão, no México ou em Miami, como se pode ver nesta edição. Como parte do entretenimento passa pela mesa, a Wallpaper de Dezembro dedica parte da sua edição a utensílios relacionados com o vinho, sugestões de bebidas, restaurantes e até algumas receitas culinárias. Esta é também a edição onde está a selecção dos melhores cinco novos hotéis de 2015 que são a Soho House em Istambul, o Aman em Tóquio, , a Blossom Hill Inn em Hangzhou, o Riad Goloboy de Marrakech e o Miami Beach Edition, em Miami. Há ainda 30 dezenas de sugestões de hotéis a seguir, entre os quais está o Vincci Hotel do Porto e o Principal, de Madrid.

 

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VER - Hoje proponho uma exposição invulgar. É feita a partir de marcas portuguesas e dos seus autores, no caso Carlos Coelho e Paulo Rocha, da Ivity Brand Corp, que antes, há 30 anos, fundaram a Novodesign, e depois, a Brandia. A aventura dos dois data portanto de há três décadas e esse foi o pretexto para esta exposição onde Catarina Piteira, uma artista portuguesa que trabalha em Londres, reinterpretou algumas dessas marcas feitas ao longo dos tempos. De facto foram Carlos Coelho e Paulo Rocha, ambos também retratados por Carolina Piteira, que nos puseram na memória as imagens que hoje temos de marcas como o Multibanco, a Fidelidade, a Telecel, a Yorn, a RTP, a Leya, a TAP, os cafés Delta, a Sonae, o Licor Beirão ou os papéis Navigator, entre outros. A venda destas obras de Carolina Piteira reverte para a Associação Portugal Genial, fundada por Carlos Coelho e Paulo Rocha, e que vai apoiar projectos que contribuam para uma economia mais criativa e para a divulgação do melhor que Portugal tem para oferecer. A exposição está patente até 20 de Janeiro no Espaço Fidelidade, Largo do Chiado 8.

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OUVIR - Vladimir Horowitz foi um dos mais brilhantes pianistas do século XX, Nascido na Ucrânia, ele fez carreira primeiro na Alemanha e depois, fundamentalmente, a partir dos Estados Unidos. Em Chicago actuou 37 vezes entre 1928 e 1986. O seu derradeiro concerto na cidade foi precisamente em 1986 - e três anos depois ele morria aos 86 anos. Como homenagem ao seu público de Chicago, Horowitz quis que esse derradeiro concerto na cidade fosse transmitido por uma rádio local, focada na música erudita, a WFMT. O recital foi transmitido em directo , a 26 de Outubro de 86, e emitido apenas mais uma única vez. Desde então a gravação estava nos arquivos da estação, de onde foi descoberta em Outubro de 2013 pelo produtor Jon M. Samuels, que se entregou à sua edição. A gravação, restaurada e agora editada pela Deutsche Grammophon, num duplo CD, é um tributo à última fase da carreira de Horowitz, que interpreta com a sua forma vibrante, Scarlatti, Mozart, Scriabin, Schumann, Liszt, Chopin e Moszkowski. O segundo CD inclui ainda duas entrevistas com Horowitz, uma feita na véspera do recital e da sua transmissão e outra, realizada anos antes, e conduzida pelo crítico de música clássica do Chicago Tribune. Ambas são documentos excepcionais.

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PROVAR - Nos últimos anos assistimos ao ressurgir da indústria conserveira portuguesa e algumas marcas praticamente extintas ressurgiram. As conservas Nero fizeram história com marcas como a Georgette, a Naval, a Luças e a Catraio. José Nero decidiu há alguns anos regressar à actividade e voltar a comercializar as marcas que fizeram a história da família, não descurando de inovar. É o caso da Georgette que comercializa petiscos como um delicioso salmão em azeite, temperado com tomilho bela-luz da serra da Arrábida, e a marca Nero que apresenta filetes de anchova em moscatel do Douro. Ambas são um petisco que recomendo. Acompanhadas de bom pão e uma salada simples fazem uma belíssima entrada. Sugiro que se juntem a um vinho jovem, de qualidade, como o Lybra, da Quinta do Monte d’Oiro, feito a partir da casta Syrah e envelhecido pelo menos 12 meses em barricas de carvalho francês. Vão ver que a combinação resulta bem.

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DIXIT - “A culpa (da demora na indicação de António Costa para Primeiro Ministro) é do sistema republicano e semipresidencialista, que torna obrigatória a interferência do Chefe de Estado no exercício democrático e parlamentar dos partidos eleitos” - Miguel Esteves Cardoso

 

GOSTO - Da escolha de Maria José Morgado para Procuradora Geral Distrital de Lisboa

 

NÃO GOSTO - Em Portugal as mulheres que, para cuidar dos filhos, ficam durante dez anos fora do mercado de trabalho, perdem até um quinto da valor da reforma e são as mais prejudicadas nos 34 países da OCDE.

 

BACK TO BASICS - Há diferenças significativas entre o ser humano e outros animais: os animais têm instintos, nós temos impostos - Erving Goffman   

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