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PSD – Na página 2 do «Correio da Manhã» do passado dia 19 vinha um artigo de Ângelo Correia com o discreto título «O Orçamento de 2011», onde o autor escrevia: «O PSD deve pois abster-se e nem negociar com o PS. Por experiência própria sabe-se que não se negoceia com quem não tem boa fé e, sobretudo, deseja o voto contra de Passos Coelho. O que p PS quer é fugir e é isso que não podemos consentir». Na mesma data em que o artigo foi publicado decorreu, à noite, um Conselho Nacional do PSD de onde saíram uma série de pressupostos negociais considerados necessários pelos social-democratas para, abstendo-se, viabilizarem o orçamento. Na prática a direcção do PSD fez ouvidos de mercador à sugestão de Ângelo Correia e avançou com uma plataforma para negociação. Ora acontece que desde sempre Passos Coelho foi considerado como muito próximo de Ângelo Correia, com quem trabalhou anos, e que, objectivamente o apoiou na campanha para conquistar a liderança do PSD. O «i», perspicaz, leu o artigo do «Correio da Manhã» e foi falar com Ângelo Correia. O resultado foi uma manchete que dizia: «PSD dividido - Ângelo Correia corta com Passos Coelho». Na peça do diário é citada uma declaração de Ângelo Correia que classifica de «inutilidade» a estratégia decidida por Passos Coelho.
Claro que tudo isto pode apenas ser uma tempestade num copo de água – mas pode igualmente ser um sinal do acentuar de divergências em relação à estratégia de Passos Coelho em toda esta questão orçamental e do PEC. O que é certo é que, pela primeira vez desde que assumiu a liderança do PSD, verifica-se uma clivagem no núcleo duro de Passos Coelho. Fora do núcleo duro, nas últimas semanas, multiplicaram-se manifestações de desagrado pela forma como a direcção social-democrata tem gerido todo o processo.
A expectativa sobre o desenrolar da situação, agora que a votação do OE foi adiada para os primeiros dias de Novembro, é grande. Passos Coelho pôs-se mais uma vez na posição de continuar a admitir a possibilidade de votar contra o Orçamento. Há quem defenda, dentro do PS, que não ceder ao PSD e provocar um voto contra – com todas as consequências que isso trará – vai lançar o ónus de provocador do caos sobre o PSD e Passos Coelho. Estamos como num jogo de futebol arriscado – prognóstico só no final do jogo. Mas a verdade é que não se percebe, em termos políticos e em termos de comunicação, a estratégia da equipa de Passos Coelho. E a questão de saber se não seria mais eficaz deixar ficar o PS com o ónus dos disparates orçamentais cometidos e prometidos vai voltar a colocar-se. O grande problema, o maior problema, é o facto de mais uma vez – depois do PEC, depois da questão da Revisão da Constituição - o PSD aparecer hesitante, com posição indefinida durante demasiado tempo, a tornar evidentes contradições internas. Com esta clivagem pública de Ângelo Correia abre-se uma nova fase na complicada vida interna dos social-democratas. Está aberto o processo de uma nova crise e não há-de faltar muito para começarmos a assistir a novas contagens de espingardas.
ROUBO - Esta semana os munícipes de Lisboa começaram a receber nas contas do gás a cobrança de uma taxa de ocupação de subsolo. Quer dizer – quem vive em Lisboa, quem aqui paga IRS, eventualmente IMI e IMT, quem paga as taxas de instalação e revisão do gás (com os abusos que se conhecem…), quem paga a própria factura do fornecimento, tem agora que pagar mais uma taxa. Regulamentada a jeito pelo Governo, a nova taxa é uma forma de assalto à mão armada de que algumas autarquias se socorrem para contornar a diminuição das transferências do Estado ou para garantirem aumentos de receitas. Esta nova taxa é um abuso, é um absurdo, é um descaramento e, sobretudo, é injusta e profundamente imoral. A taxa de ocupação do subsolo é um expediente de ladroagem pura e simples executada por quem aprova e põe em prática medidas destas. Pelos vistos é é assim que António Costa pretende repovoar a cidade.
NOTÍCIA – Costuma dizer-se que um cão morder um homem não é notícia, mas um homem morder um cão já o é. Sem desrespeito por ninguém, é o que aconteceu esta semana, quando foi Marcelo Rebelo de Sousa a informar da data do anúncio da candidatura à presidência de Cavaco Silva, antecipando-se ao próprio e gabando-se de um autêntico furo jornalístico em directo, na televisão. Para além da questão do absurdo tabu de Cavaco, toda esta história mostra outra coisa - tal como em algumas actividades económicas, em política, a falta de concorrência gera péssimos efeitos. É o que está a acontecer nas presidenciais .
ARCO DA VELHA – Muito ruidoso o silêncio de Manuel Alegre. O Bloco de Esquerda, que o propôs como candidato em primeiro lugar, já disse que vota contra o Orçamento. O PS, que depois veio também apoiá-lo, vai votar a favor. Fernando Nobre já disse que votaria contra, se fosse deputado. E Manuel Alegre está em parte incerta, evitando ter que falar. Para quem se dizia adepto da transparência é um quadro interessante de seguir. À hora a que escrevo, no seu site de candidatura não existe nem uma linha sobre o assunto e o título em destaque era: «Criar a energia necessária para uma nova esperança para Portugal». Pois….
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