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Na semana passada foram conhecidas as contas dos gastos partidários nas eleições legislativas deste ano. Poucos cumpriram, vários excederam, e, no caso do PS, a situação das finanças partidárias é caótica e se em vez de um partido político fosse uma empresa, teria que fechar portas.
É terrível ver como muitos dirigentes partidários e políticos, nos seus partidos e nas funções oficiais a que são chamados, seja em autarquias, no Governo ou em empresas públicas, geram mais despesa do que a receita que conseguem obter.
Penso que existe uma explicação para este estado de coisas, que corrói a sociedade portuguesa: o grande problema de muitos políticos é que o dinheiro que usam (e de que abusam), não é deles – seja no partido, seja no Estado. O princípio geral que é seguido nestes casos é que alguém há-de, um dia, pagar. Usam o dinheiro dos outros de uma forma despreocupada.
Estamos a viver as consequências deste laxismo – nas empresas públicas, no sistema de saúde, na educação, nas autarquias. E como o dinheiro dos outros vem sempre do mesmo sítio, o resultado é sempre o mesmo: aumentar taxas, impostos, inventar forma de ir buscar mais dinheiro ao bolso dos contribuintes. O Estado é mais criativo na forma de nos tirar dinheiro da algibeira do que em encontrar soluções para os gastos.
Nos últimos tempos tem sido evidente uma outra situação – muitos políticos que foram chamados a assumir funções de gestão em empresas ou que criaram os seus próprios negócios meteram-se em maus lençóis. Hoje em dia existem muitos casos em que se tornou claro que os maus hábitos e más práticas que tinham no Estado se passaram de armas e bagagens para a sua actividade privada. Mas porventura o mais chocante é a forma como alguns políticos centraram a sua actividade empresarial privada exclusivamente em actividades especulativas e em obtenção de contratos de favor.
Uma democracia, para funcionar, precisa de políticos, competentes, sérios e dedicados à causa pública. Nos últimos anos têm sido raros.
(Publicado no diário Metro de 22 de Novembro)
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