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TELEVISÃO –.Os estudos de audiência de televisão não são nenhuma ciência cabalística. Há regras, como noutros estudos de mercado, há processos e há princípios de estatística que devem ser observados. Durante anos uma empresa portuguesa, a Marktest, desenvolveu sistemas e softwares, que aliás chegou a exportar. Claro que esta é uma actividade onde qualquer erro é amplificado e os canais que se consideram injustiçados movem legitimamente as suas influências. A televisão é o único meio de comunicação em que, no espaço de 24 horas, existem dados, que se pretendem seguros, do que foi o comportamento dos telespectadores. Isto é de uma importância extraordinária porque a publicidade em televisão – de uma forma geral e numa explicação rápida -  tem um preço, variável, que é estabelecido em função da audiência obtida. Portanto o estudo de audiências tem implicações nas receitas publicitárias dos canais e é fundamental para que os programadores façam os ajustes de grelha e de conteúdos que lhes possibilitem fidelizar ou captar mais audiências. Com a proliferação dos distribuidores de cabo e satélite, a medição complicou-se, já que o número de canais aumentou e a tecnologia impunha novos sistemas técnicos de medição. Foi por isso que no ano passado um organismo tripartido, privado, a CAEM (Comissão de Análise dos Estudos de Mercado) iniciou um processo de abertura de um concurso para garantir, em teoria a partir de 1 de Janeiro deste ano, um novo sistema. A CAEM junta a APAN, a associação de anunciantes, as estações e distribuidores de televisão (RTP, SIC, TVI, ZON e MEO) e a APAME, a Associação das Agências de Meios. Da consulta acima referida, num processo algo conturbado, saíu vencedora a GFK, uma multinacional de estudos de mercado, e em segundo lugar ficou classificada a incumbente, Marktest. Num contrato que terá cinco anos de duração, a GFK apresentou o melhor preço e teve pior classificação técnica, além de se propor utilizar um hardware ainda não testado em mercados competitivos e complexos de televisão como o nosso. Infelizmente foi a questão preço que prevaleceu (embora a diferença fosse pequena) – e isso aconteceu, na altura, por forte pressão dos anunciantes – que fecharam os olhos ao peso dos critérios técnicos. O resultado está à vista: a GFK não conseguiu arrancar com o processo a 1 de Janeiro, os próprios testes arrancaram tarde (apenas a meio de Fevereiro) e mesmo assim com fortes reservas dos especialistas das estações e das agências representados no órgão técnico da CAEM. Finalmente o novo painel foi forçado a arrancar a 1 de Março, já que o painel anterior não podia prolongar por mais tempo a medição de audiências sem custos adicionais. O resultado já se sabe – confusão nos valores apontados, períodos significativos com zero de audiência registados, consumos anormalmente altos de televisão (um número improvável de espectadores a verem mais de 12 horas de TV por dia), um número anormalmente alto de espectadores sem consumo identificado, falhas técnicas não explicadas. Infelizmente os primeiros dados apontam para um painel com graves falhas a nível da implementação e da recolha de dados. Hoje a situação está bem pior do que há um ano. Ninguém pode estar satisfeito com este resultado.


 


SEMANADA – O número de idosos sozinhos em Portugal aumentou 47% face a 2011; as obras da Parque Escolar tiveram uma derrapagem de custos de 447% ; no Parlamento Europeu Vital Moreira ameaçou expulsar de um workshop quem aplaudia críticas a um relatório que pretende impor limitações à internet e que ele próprio defendia; mais de 16 mil alunos endividaram-se para pagar os estudos e o crédito disponível para estudantes caíu para metade este ano.


 


ARCO DA VELHA – Entre gemidos e simulações de orgasmos, nove eurodeputadas, entre elas a socialista Ana Gomes, representaram no Parlamento Europeu a peça «Os Monólogos da Vagina» , da norte-americana Eve Ensler. A autora, presente na representação, afirmou: «a vagina está no Parlamento».


 


PALAVREADO – «Deixe-me dizer-lhe, já agora, que nunca pensei ganhar o concurso» - António Salvador, presidente da GFK Portugal, sobre o facto de a sua empresa ter sido a escolhida para elaborar o novo estudo de audiências de televisão. 


 


AGENDA – Esta semana nem sei bem para onde me hei-de virar. Na Moda-Lisboa (que vai até Domingo à noite) tenho pena que não alguns criadores estejam ausentes, mas tenho sempre curiosidade em ver o que Dino Alves (hoje) e Filipe Faísca (domingo) têm para apresentar; para a semana, na quarta-feira, é inaugurada no Museu Berardo a exposição BES Photo 2012, desta vez com trabalhos de Cia das Fotos, Duarte Amaral Netto, Mauro Pinto e Rosângela Rennó;  Jorge Silva Melo encena «Danton», que estreia dia 15 no Teatro Nacional D. Maria II; gostei de visitar a Carpe Diem (Rua do Século 79) e sobretudo os trabalhos de Pedro Calapez, da série «Gymnasium», pelo ambiente criado e pelos materiais e técnicas utilizadas;  no Museu da Cidade e em várias galerias (Graça Brandão, Antiks Design) estão obras da Bienal de São Tomé e Principe , sob o título genérico «Africando»; e a exposição «Mini Market», do ilustrador Xavier de Almeida (um dos mais interessantes deste rectângulo à beira mar plantado), que está na Who Galeria, Rua Luz Soriano 71.


 


OUVIR – Um dos discos portugueses mais estimulantes que ouvi nos últimos tempos é dos Jigsaw, chama-se «Drunken Sailors & Happy Pirates» e é o seu terceiro álbum de originais. Os Jigsaw existem desde meados da década passada, vêm de Coimbra – um viveiro musical à época – e sentem-se neles as influências dos blues e às vezes folk, mas também, descaradamente aliás, as de Leonard Cohen ou de Nick Cave – e digo isto num sentido positivo. A revista francesa Les Inrockuptibles considerou-os uma das bandas a seguir em 2012. João Rui, Susana Ribeiro e Jorri são os três músicos que integram os Jigsaw e que são também responsáveis pela composição das suas canções – ambientes musicais envolventes, letras com sentido, arranjos fortes. Destaco no novo álbum os temas «The Strangest Friend», «Lovely Vessel», «Even You», «I have Been Away For So Long», «The Last Waltz», «Devil On My Trail», e «Drunken Sailors & Happy Pirates», o tema título. A banda tem considerável actividade por essa Europa – digamos que é um bom exemplo de exportação do nosso talento. Neste momento está em plena digressão ibérica com concerto agendado para o próximo dia 23 no auditório Carlos Paredes, em Lisboa.


 


LER – A revista «Intelligent Life» faz parte do grupo «The Economist» e já teve uma edição portuguesa. Em papel é uma revista interessante mas a sua versão de iPad é um bom exemplo de como transportar um conceito editorial tradicional para a nova paisagem digital. Enquanto a edição em papel é vendida nas bancas, a edição para iPad está disponível gratuitamente na App Store, graças a um patrocínio exclusivo do Crédit Suisse, que viabiliza esta forma de edição(aliás com uma publicidade bem imaginada). Na capa da mais recente edição está Cate Blanchett e o interior oferece um bom guia do que está a acontecer na música, no teatro e no cinema. A área da gastronomia e da crítica de restaurantes é muito divertida e há vários artigos que são verdadeiros guias de conselhos úteis. A rematar, um belo portfolio fotográfico de Yves Marchand e Romain Megffre. Por fim registo que há muitos conteúdos multimedia ao longo da edição iPad da «Intelligent Life».


 


PROVAR –  Hoje vou falar de um clássico lisboeta, nascido na zona da Lapa em 1995 e que há uns anos migrou para a Rua da Junqueira 120. Trata-se do S. Bernardo, uma casa que fez fama com pratos cozinhados para levar para casa – a salvação de todos os que não querem ou não pode dedicar-se à cozinha mas que gostam de receber amigos à mesa.  A lista comporta numerosas possibilidades, incluindo pratos vegetarianos e saladas (como a salada fria de pescada e camarão), e tradicionais como um afamado arroz de pato, o bacalhau com coentros ou empadas com recheios diversos, além de salgados, sobremesas, biscoitos variados. Há pratos congelados mas há também a possibilidade de fazer encomendas de pratos confeccionados na altura. A lista é enorme e merece ser consultada em www.saobernardo.pt . No mesmo local, por cima da loja, funciona ao almoço um restaurante com uma bela vista, onde os pratos tradicionais da casa vão rodando na forma de um buffet generoso, por 16 euros. A sala leva 46 pessoas e pode ser reservada para jantares ou ao fim de semana. O telefone é o 213 600 570.


 


BACK TO BASICS – Os factos são incontornáveis, as estatísticas são maleáveis – Mark Twain


 


(Publicado no Jornal de Negócios de 9 de Março)

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