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O Presidente da República anda a desenvolver, com método e precisão, a arte de dar tiros nos pés. O que se passou na semana passada é bom exemplo disso: no meio de um ambiente difícil, provocado pelas medidas de austeridade e pelo impacto dos aumentos de preços nas bolsas de todos, Cavaco Silva mostrou mais uma vez uma grande inabilidade.
Depois de ter estragado a sua imagem com a fuga à escola António Arroio , os seus argutos estrategas políticos inventaram uma visita criativa ao Porto onde a única novidade foi o chapéu usado pelo Presidente da República. Os mesmos estrategas decidiram então lançar um pouco de areia nos olhos dos comentadores e deixaram cair a acusação de deslealdade a José Sócrates.
No meio das dificuldades vigentes, e da forma como foi feita, a acusação serviu apenas para encher de ar o peito dos apoiantes de Sócrates que não perderam tempo a responder. O “Correio da Manhã” relatou, com pormenores, como Sócrates esfregou as mãos de contente e a partir de Paris comandou as tropas indígenas para o contra-ataque. Figuras extraordinárias como Ferro Rodrigues, José Lello e Silva Pereira esfregaram as mãos de contentes, atirando-se à função como gato a bofe. Até o desaparecido Manuel Alegre se sentiu compelido à defesa da honra socrática. Pelo meio juntaram no mesmo saco, como lhes convém, o Presidente e o Governo.~
Mais uma vez, correu mal a semana ao Presidente, ou como se costuma dizer – saíu-lhe o tiro pela culatra. Cavaco Silva mostrou apenas que para não agitar as águas e não arranjar problemas para a sua reeleição deixou Sócrates em roda livre. E ficou caladinho para não arriscar perder votos. Fugiu do problema – como também aconteceu na António Arroio. Este comportamento está a tornar-se num desagradável padrão.
(Publicado na edição de hoje do diário Metro)
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