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Conseguir obter uma licença para fazer um negócio de rua, legítimo, é hoje em dia o cabo dos trabalhos. Se se tratar de uma roulotte das que servem comida pior ainda. Pessoa amiga contou-me há dias a saga de um desempregado, recente, que tinha tentado começar um negócio próprio vendendo, num pequeno veículo, fruta fresca, sanduíches, sumos. Nada de cozinhado. Uma coisa simples, a bom preço, tudo previamente embalado. Ao fim de muita andança lá soube que neste momento não há novas licenças e não conseguiu, apesar de muitas tentativas, qualquer forma de resolver a questão. Se a licença tivesse sido possível, uma pessoa desempregada teria ficado com trabalho e teria ainda criado um outro posto de trabalho, de mais uma pessoa que repartisse trabalho e horários com ele. E no fim o Estado pouparia no subsídio de desemprego e ainda conseguiria alguma receita.
No estado em que estamos acho estas burocracias incompreensíveis – não se percebe porque é que se impossibilita a alguém a oportunidade de trabalhar, de forma legítima. Isto empurra as pessoas para situações à margem das autorizações - e depois lá vem a ASAE e outras que tais invocar a falta de licenças para fechar tudo. Ainda por cima querem agora lançar uma taxa que será paga pelos consumidores para cobrir os custos da ASAE – ele há dias em que isto não é um país, é uma anedota de humor negro.
Quem vai a qualquer cidade nos Estados Unidos vê por todo o lado gente a trabalhar a vender cachorros, pretzels, fruta, soft drinks. Em cada grande cidade são milhares de pessoas que assim ganham a vida, de forma legítima. Em Portugal persegue-se e dificulta-se a vida de quem quer montar um pequeno negócio de rua. Muita coisa tem de ser mudada para este país funcionar. Da maneira que estamos, não vamos lá.
(Publicado no Metro de dia 17 de Julho)
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