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As eleições autárquicas aconteceram mais ou menos a meio do ciclo normal das legislativas e, mesmo contando com o peso, pela proximidade, que os candidatos locais têm nos eleitores, existiu um efeito de penalização do partido que lidera a coligação e que tem em mãos o cumprimento do programa fixado com a troika. Que tenha sido o PS, de Sócrates, a chamar a Troika e a definir os termos gerais do programa a que estamos sujeitos é coisa que já se varreu da cabeça dos eleitores, como este Domingo comprovou.
Mas há aqui algumas coisas a reter: a queda eleitoral do PSD coexistiu com o aumento de presidências de câmara da CDU e do PP, com o desaparecimento autárquico do Bloco de Esquerda e, claro, com o número de cisões nos partidos políticos que criaram uma chuva de independentes – alguns deles a conseguirem ganhar às suas ex-organizações.
Outro dado a reter é o resultado obtido pelos candidatos que o PSD escolheu no Porto e em Lisboa. Apesar de todas as críticas e alertas, a direcção e as respectivas distritais insistiram em candidatos que foram rejeitados sem contemplação. Em resultado destas escolhas, em Lisboa e no Porto, o PSD perdeu mais de metade dos votos que tinha obtido em 2009.
Se há coisa que estas eleições comprovaram é um crescente distanciamento dos partidos em relação ao sentir dos seus apoiantes e simpatizantes – e que constituíu a razão da maioria das tais cisões. As consequências destas rupturas no eleitorado ficaram à vista ontem. É exagerado dizer-se que o sistema partidário como o conhecemos está em vias de extinção – mas é absolutamente claro que os partidos, o sistema político e a lei eleitoral precisam de se adaptar aos tempo – ninguém vive só de promessas.
(Publicado na edição de 1 de Outubro do diário Metro)
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