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DIÁRIO - Estamos em plena campanha eleitoral e quando chego ao fim do dia gostava de saber o que se passa por aí - o que os governantes disseram em campanha, o que o Presidente disse na China (no Facebook é mais fácil segui-lo), o que alguns Ministros fizeram - se governaram ou se campanharam. Vamos imaginar que uma pessoa acaba de trabalhar por volta das sete e meia. Dá uma volta antes de ir para casa, fica a apreciar o pôr do sol e não segue a missa dos noticiários das oito.  Quando chega a casa faz um jantar simples, come devagar a ouvir uma música, conversa, conta o seu dia e ouve como foi o outro dia; um pouco antes das dez, acende a televisão para ver se há notícias nalgum dos vários canais informativos -  Portugal, por acaso, é o país europeu que tem mais canais informativos para o número de espectadores que possui. Percorre um canal após outro e constata que pelas dez da noite não há notícias - a RTP2 deu-as às nove, por cima do final dos outros noticiários, e SIC Notícias, TVI 24 e até RTP Informação estão todas elas empolgadas a falar sobre o jogo do Benfica com o Sevilha que vai acontecer. No dia a seguir estarão a falar do jogo que aconteceu, e por aí fora. É certo que posso ir à internet espreitar os sites - mas é por isso que os meios tradicionais perdem destaque noticioso e o entregam de bandeja a outros ecrãs. Espartilhados entre uma legislação absurda que regulamenta da pior forma a cobertura eleitoral e canais que se copiam uns aos outros, resta pouco de informação. Depois admiram-se da abstenção e de os candidatos enfrentarem ruas e salas vazias. As maiores manifestações deste ano celebraram vitórias desportivas e qualquer clube não precisa de oferecer jantares para ter gente a assistir mesmo aos treinos. Quando perceberem o tamanho da abstenção escusam de pensar muito nas causas. Elas estão à vista. A participação cívica na efeméride das célebres quatro décadas resume-se a ouvir os intelectuais da bola e pouco mais.

 

SEMANADA - 16 listas candidatas às eleições para o Parlamento Europeu disputam 21 lugares, menos um que nas anteriores; desde 1994 que a abstenção nas eleições europeias não baixa de 60% e há indicadores que apontam para que este ano posa aumentar bem além dos 65%; mais de um terço dos eleitores portugueses têm uma conta activa no Facebook; 53% dos italianos dizem não se sentir cidadãos da União Europeia; 47% dos cidadãos da União Europeia consideram que em matéria de dificuldades o pior ainda está para vir; o consumo anual per capita de bebidas alcoólicas em Portugal é de 12,9 litros, acima da média europeia de 10,9 litros; na administração central, regional e local há 563 595 funcionários, o que quer dizer que uma em cada dez pessoas que constituerm a população activa portuguesa tem empregio no Estado; António Guterres admitiu poder vir a concorrer à Presidência da República; Armando Vara, ex-governante no tempo de Guterres, foi condenado a pagar multa por causa de créditos a clientes para investimentos bolsistas que aprovou quando, anos mais tarde, foi graduado a vice-presidente da CGD; um assessor do Primeiro Ministro, num post escrito no Facebook, aconselhou “juízo e recato” a Mira Amaral e a Bagão Felix; o Estado está com dificuldades em encontrar quem o represente no duelo jurídico com a GALP porque a empresa contratou alguns dos maiores escritórios de advogados; soube-se que agora são as próprias Finanças a travarem a classificação de imóveis do Estado como monumentos nacionais para os poderem vender sem problemas.

ARCO DA VELHA - A revista “Risk”, especializada em mercados financeiros, considerou o swap vendido pelo Santander ao Metro do Porto como um exemplo de venda enganosa e candidato a pior contrato swap de todos os tempos.

 

FOLHEAR - Hoje recomendo um livro particularmente adequado aos tempos que correm e que tem passado despercebido, de incómodo que pode ser para quem gosta de ideias feitas. É, na conjuntura nacional, uma lufada de ar fresco - trata-se de um ensaio político, género raro nesta terra onde o pensamento é destratado. Ainda por cima este livro é muito bem escrito, porque o seu autor escreve muito bem, sem muletas nem complicações desnecessárias. Lê-se como se lê um bom livro de História - e na verdade é em parte disso que se trata. Falo de “Conservadorismo”, de João Pereira Coutinho, editado primeiro no Brasil e,  agora a seguir, em Portugal. No Brasil, onde escreve para a Folha de São Paulo, João Pereira Coutinho é talvez mais conhecido e estimado que em Portugal. É pena, e tenho a secreta esperança que esta História de ideias conservadoras que agora publicou ajude a rectificar essa injustiça. Existe infelizmente a absurda ideia de que o conservadorismo é uma coisa antiga e fora destes tempos - e um dos grandes méritos deste livro é precisamente o de nos levar a visitar o pensamento conservador contemporâneo. João Pereira Coutinho mostra como é possível “ser um conservador em política e um radical em tudo o resto” e sublinha que “ a actividade política não pode ser o pretexto ideal para cumprir um projecto particular, qualquer que ele seja e por mais nobre- em teoria - que ele seja” (edição Dom Quixote, Leya).

 

VER - É muito engraçado como uma ideia fora do que é rotina pode criar milagres de afluência de público que raramente visita galerias de arte contemporânea - foi o que aconteceu na inauguração de “Alice do Outro Lado da Passerelle” na  Galeria Luis Serpa Projectos, que apresenta até 19 de Junho uma exposição de uma centena de fotografias de João Bacelar, realizadas nos bastidores da Moda Lisboa. Esta é a terceira exposição do ciclo “Olho por olho, mente por mente”, comissariado por António Cerveira Pinto para os 30 anos da Galeria Luís Serpa (Rua Tenente Raul Cascais nº1, ao lado do Teatro da Cornucópia). Mais para cima, no Chiado, a Galeria João Esteves de Oliveira (Rua Ivens 38, frente ao Grémio Literário), apresenta até 27 de Junho uma exposição de desenhos de João Jacinto, “S&M e Outras Histórias”, à qual pertence a imagem aqui mostrada, e que promete também agitar as águas com as suas referências ao universo sado-masoquista.

 

OUVIR - O compositor Max Richter tornou-se conhecido com as suas obras para cinema, sobretudo com o trabalho para “Prometheus”, de Ridley Scott. Nascido na Alemanha, estudou composição no Reino Unido e em Itália. Recentemente a Deutsche Grammophon reeditou as suas primeiras obras a solo - “Infra”, “24 Postcards in Full Colour”, “Songs from Before and The Blue Notebooks”, inicialmente lançadas numa editora independente. Em simultâneo a Deutsche Grammophon editou a recomposição efectuada por Max Richetr sobre as “Quatro Estações”, de Vivaldi, aqui executadas com violino, orquestra de câmara e um sintetizador moog, tocado pelo próprio Richter. A coisa, em palavras, pode parecer estranha, mas o resultado final é surpreendente e mostra a capacidade criativa de Richter que aplica o seu talento encarando as composições clássicas como base de trabalho e território de misturas. Além do CD, esta edição de “Vivaldi Recomposed” inclui um DVD com uma performance de Max Richter e do violinista Daniel Hope, filmada em Berlim. Está ainda disponível uma app para iPhone que permite comprara o original de Vivaldi com a recomposição de Richter e seguir comentários, assim como ter acesso aos ensaios que levaram a esta obra. (Edição de CD e DVD disponível na FNAC e El Corte Ingles).



PROVAR - Nestes dias de primavera, quando o sol começa a aquecer, é bom encontrar uma esplanada no centro de Lisboa onde a sombra é dada por árvores e ramadas de arbustos que se envolvem entre si. Existe um lugar assim na Praça de Espanha, no restaurante Gondola.  Nos últimos tempos a casa evoluiu da quase decandência em que esteve há uns anos, modernizou-se sem perder a tradição e melhorou substancialmente. A lista continua a ser um reflexo das influências italianas que sempre teve, com algumas incursões à tradição gastronómica portuguesa. Na mesa, no couvert, além das boas azeitonas, o tomate seco mergulhado em bom azeite a acompanhar o queijo fresco é uma excelente ideia. Vale sempre a pena perguntar o prato do dia - coube-me  raviolaci frescos de robalo com um molho de tomate leve. Estava perfeito e funcionou muito bem com um branco seco. O serviço é atento, o ambiente é tranquilo e fica a apetecer ficar por ali mais um bocado da tarde. O estacionamento é fácil.

 

DIXIT - Reformar é ter melhores serviços públicos com menos impostos, e não cortá-los enquanto se aumenta impostos - Fernando Sobral

 

GOSTO -  A Católica Lisbon School of Business & Economics volta a integrar a lista das 50 melhores business schools do mundo na formação de executivos no ranking do "Financial Times" .

 

NÃO GOSTO - A grande maioria dos organismos da administração pública, mais de 80%, continua a não prestar contas sobre a sua actividade, violando a legislação.

 

BACK TO BASICS - Fazer política é como ser treinador de futebol: tem que se compreender o jogo e tem que se ser suficientemente idiota para se achar que é importante - Eugene McCarthy.

 

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