ALVO – O Partido Popular anunciou que vai trazer da Madeira o actor que andou na campanha eleitoral regional a serrazinar a cabeça de Alberto João Jardim cada vez que ele aparecia em público. Na minha ingenuidade julguei que iria colar o homem ao candidato António Costa, pensei eu que para o PP o alvo principal seria o PS, que o actor iria andar á procura do caminho para a Ota. Parece que me enganei, Costa vai ser deixado em paz pelo PP, Telmo Correia está mais interessado em combater outros candidatos – por estas e por outras é que o PP, nestas eleições de Lisboa, tem um ar tão pouco credível como o medonho cartaz que andou a espalhar, réplica perfeita da estética dos cartazes dos filmes indianos produzidos em Bollywood.
INÚTIL – O único voto útil nas próximas autárquicas é qualquer voto contra António Costa: votar nele é inútil, é concordar com o silêncio do Governo no caso da perseguição a um cidadão por delito de opinião na Direcção Geral de Educação Norte; votar nele é concordar com Mário Lino na questão da Ota; votar nele é concordar com as diatribes do Ministro das Finanças contra os contribuintes, do Ministro da Saúde contra os doentes e da Ministra da Educação contra o ensino do Português. Qualquer voto em António Costa será politicamente aproveitado como um voto referendário a favor do Governo. Se Costa ganhar, o Governo, que se finge arredado do processo eleitoral, aparecerá a dizer que a população apoia a sua acção. Costa não é um candidato, é um putativo embaixador do Governo de José Sócrates em Lisboa.
NOVIDADE – Continuamente preocupado com a desertificação de grandes zonas do país, o Ministro das Obras Públicas está a estudar a construção de uma maternidade rodoviária, na A 14. Depois do encerramento da maternidade da Figueira da Foz já nasceram três bebes no transporte de ambulância entre aquela cidade e Coimbra.
OUVIR – São norte-americanos, do Oregon, parecem europeus, um pouco parisienses até, existem desde 1994 e chamam-se Pink Martini, têm uma diva plástica por vocalista, China Forbes, que estudou pintura em Harvard. Cada um dos seus álbuns parece uma colectânea de propostas de hinos para uma imaginária Sociedade das Nações onde seja a música a mandar. O disco mais recente chama-se «Hey Eugene!» e não foge à regra. Revelaram-se com uma canção que fez êxito em França, «Je Ne Veux Pas Travailler», e a este novo álbum traz sons do cabaret francês, misturado com a época de ouro de Hollywood. O disco percorre sonoridades que vão da Europa de Leste até ritmos latinos e um dos temas, «Mar Desconocido» podia bem figurar num filme de Almodôvar. A faixa que dá o nome ao disco é um velho êxito da banda em concertos, mas nunca havia sido gravada. E é impossível não ficar arrebatado com o dueto entre Forbes e Jimmy Scott, um histórico do jazz, na faixa que encerra o disco, «Tea For Two». («Hey Eugene!» - CD Heinz Records, Naive, disponível na FNAC).
LER – Nestes últimos tempos uma arreliadora tendinite tem-me impedido de jogar golfe, uma masoquista rotina de fim-de-semana já com alguns anos. Nestas semanas as voltas ao campo têm sido substituídas pela leitura de um dos mais fascinantes livros sobre o jogo que já tive ocasião de ler – e confesso que li imensos. Como quem de nós gosta nos quer aliviar o sofrimento, este livro foi-me oferecido para eu reflectir sobre o golfe e sobre algumas coisas que, vindas do jogo, se podem aplicar na vida em geral. «The Inner Game Of Golf» faz parte de uma série de livros de W. Thimothy Gallwey sob a designação genérica «The Inner Game», dos quais o mais célebre é o «The Inner Game Of Tennis». Gallway concentra-se nos princíoios de formação do «coaching», utilizados nos quadros de grandes empresas. A sua aproximação ao desporto parte destes princípios, trabalhando no desenvolvimento do que ele chama «concentração descontraída». A leitura é entusiasmante e só posso agradecer a quem me fez descobrir este livro - espero que quando recomeçar a jogar se vejam os efeitos desta leitura. «The Inner Game Of Golf», de W. Timothy Gallwey, edição Random House, 211 páginas. Disponível na Amazon.
BACK TO BASICS - «As ideias são mais poderosas do que armas, se não deixamos os nossos inimigos terem armas, porque razão os deixaremos falar das suas ideias?» - José Estaline, dedicado à Directora-Geral de Educação do Norte, a Hugo Chávez, a Augusto Santos Silva e a Mário Lino.
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