DITOS E DESMENTIDOS
Três figuras de primeiro plano do Partido Socialista estão envolvidas num debate sobre quem fala verdade e sobre quem mente. O assunto é a forma como terá sido escolhido o candidato socialista às presidenciais. Sócrates e Soares têm mantido uma versão, Manuel Alegre outra. As versões não são apenas ligeiramente diferentes, são radicalmente opostas. Numa situação destas apenas há uma certeza: alguém mente.
Já se sabe que a mentira é um expediente cada vez mais vulgar da política, mas quando a coisa envolve em suspeita dois candidatos presidenciais e um Primeiro Ministro em exercício, o assunto começa a ser preocupante.
Na essência está o processo de escolha e decisão da Direcção do PS sobre quem deveria ser o candidato. É uma questão que releva dos princípios democráticos de qualquer partido, mas também de uma noção de ética política.
A um observador externo parece que o Dr. Mário Soares, a certa altura, se decidiu a enfrentar Cavaco Silva e avisou dessa sua intenção o partido que fundou, impondo-a na prática. Talvez os dirigentes desse partido tenham preferido recuar nas hipóteses que começavam a colocar em cima da mesa, para não contrariarem o fundador. Psicanalistas e psicólogos poderão explicar este caso de relacionamento do PS e da sua direcção com o Dr. Soares.
O que me parece certo é que, ao contrário do que os seus cartazes dizem, Soares surgiu como um factor claro de divisão – e, quem nem sequer consegue unir os militantes do seu próprio partido, deveria ter pudor em se apresentar como o candidato ideal para unir os portugueses
Na essência ficará sempre no ar uma dúvida: quem mente? E quem ajuda à mentira?
Confesso que tenho alguma dificuldade, com os dados que existem, em achar que a mentira venha de Manuel Alegre.
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