O PARADOXO DOS NÚMEROS
As sondagens surgem contraditórias: quinta-feira as capas do «Público» e a do «DN» não podiam ser mais diferentes. As sondagens não são eleições, são indicadores que merecem ser estudados. Por isso mesmo faz sentido aprendermos a olhar para elas de uma outra forma, sobretudo aprendermos a lê-las, nomeadamente para que elas não se fiquem por parecer um paradioxo numérico. Se visitarem o blog «Margens de Erro» (
http://www.margensdeerro.blogspot.com) poderão ter boas supresas – que desde logo passam pela análise entre as sondagens pré eleitorais das presidencias de 96 e 2001, comparadas com os respectivos resultyados finais. O autor, Pedro Magalhães, é o responsável pelas sondagens da Católica mas reconheça-se que analisa as sondagens disponíevis no mercado com rigor e isenção. Até aos dias das eleições este blog é de visita regular obrigatória.
Tenho uma simpatia especial pelos candidatos fora do sistema. Constato que as pessoas mais arrumadinhas que eu também se deixam seduzir – veja-se o posicionamento de Manuel Alegre: tenho para mim que ele recolhe tantas intenções de voto porque exprime o descontentamento com um sistema político falso, velho, baseado na mentira e na guerra palaciana. Mas devo reconhecer que a campanha que mais me agrada, mais imaginativa, com um recurso criativo maior à Net, é a do candidato Vieira – que sugere brigadas Vieira que colem autocolantes, que lança uma campanha de angariação de assinaturas dinâmica e que nos obriga a pensar sobre o significado real das eleições neste sistema. Como seria de esperar Manuel João Vieira apresenta a sua conferência de imprensa num local marcante: o velho Maxime, da Praça da Alegria. E, já agora, como ele é também um pintor de talento visitem a sua mais recente exposição que está até dia 3 de Dezembro na Galeria Arqué, Avenida Manuel Bombarda 120 A (de segunda a s´sbado das 11h00 às 21h00).
Por falar em exposições, em Sines o novo Centro de Artes estreia-se com uma inesperada mostra de inéditos de Graça Morais. A história é assim: a convite da Cãmara Municipal local, entre Julho e Outubro, Graça Morais improvisou um atelier no Castelo de Sines. O objectivo era preparar uma exposição que inaugurasse o novo Centro. Às vinte telas que resultaram desta residência castelar chamou-lhe «Os Olhos Azuis do Mar» e é inesperada face à obra anterior da artista. Graça Morais juntou-lhes uns desenhos e desafiou Augusto Brázio a escolher algumas das fotografias que lhe fez - a ver e a pintar - e que vinham no «DNA» de sexta-feira passada. «Os Olhos Azuis do Mar» será também um livro das edições ASA.
Harry Connick Jr. ganhou fama a cantar, acompanhando-se a ele próprio ao piano. Foi dos primeiros vocalistas da nova geração do jazz cantado – mas cedo se percebeu que era também um pianista de talento. Exactamente por isso Connick fez há uns anos um primeiro disco apenas ao piano, sem voz, e agora reincide com «Occasion, Connick On Piano, 2». Para o acompanhar fez uma escolha fantástica: o saxofone de Branford Marsalis. O resultado é simplesmente incontornável, o diálogo entre o piano e o saxofone é mágico, e palavra de honra que não estou a exagerar. São 13 temas (11 de Connick e 2 de Branford) cheios de encanto e com muito swing.
Deixem de lado os preconceitos e peguem no mais recente romance histórico de Fernando Campos, «O Cavaleiro da Águia». Francisco José Viegas não hesita: «poucas vezes um romance histórico português usa uma linguagem tão comovente, se perde e se deixa seduzir pela poesia. Campos é um mestre do romance histórico que passa em silêncio, sem muito ruído». Esta nova obra remonta aos primórdios da nacionalidade e está centrado na história de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, e das histórias à sua volta. Lê-se um fôlego e sabe a pouco no fim.
Em matéria de restauração começou recentemente a desenvolver-se um novo pólo que merece atenção, a partir da Avenida da Liberdade. De repente ali estão o «Ad Lib» (Hotel Sofitel, tel. 21 322 83 50), o indiano Tamarindo (Calçada da Glória 43, tel. 21 346 60 80), a emparelhar com propostas mais leves, já aqui referidas, como o Café Três e o Luca, ou ainda um antigo e injustamente pouco prezado local, o restaurante do Tivoli Jardim.