GRAMÁTICA
«Lembras-te?» não é de todo o mesmo que «lembraste!».
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SIM
Lembro-me, por acaso lembro-me de tudo e de nada.
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EMEL
Mais uma citação:
A EMEL foi criada em meados dos anos 90, com o objectivo de explorar o estacionamento de superfície em Lisboa. Como todas as boas empresas públicas, a administração da EMEL foi nomeada obedecendo aos critérios habituais de escolha para estas E.M’s: a gestão foi entregue a um grupo de poetas, sociólogos e de filósofos, amigos de longa data do senhor presidente da autarquia. Este grupo, de um amadorismo que saltava à vista, tomou conta da EMEL e rapidamente criou uma estrutura mastodôntica, com directores para dar e vender e excelentes regalias para todos. O costume. Diz-se que tinham mais directores que um banco.
Acredite-se que é difícil perder dinheiro com parquímetros. Os investimentos são irrisórios e os custos pequenos. Para que se entenda a eficiência da gestão soarista, a EMEL, que apenas paga à CML 25% das receitas que obtém dos parquímetros da cidade , conseguiu perder 500.000 contos num só ano. Como comparação, em Cascais a exploração foi entregue a uma empresa privada que pagava mais de 50% à autarquia por menos de 10% dos lugares e, ao que parece, não foi à falência.
A EMEL nunca funcionou. Ignorar os sapinhos e os seus papelinhos era a actuaçãp óbvia: as multas raramente chegavam e quando chegavam, raramente eram pagas. Bastava rasgá-las e nada acontecia.
Recentemente, com a nova administração, e após um ano de evidente paralisia, as coisas começaram a mexer. O bloqueio de rodas a veículos em infracção é fortemente dissuasor e as receitas da EMEL, ao que consta, terão disparado.
A origem está
aqui.
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ORGANIZEM-SE!
No meu tempo do movimento associativo estudantil havia uma boa anedota sobre o tema «organizem-se», que tinha a ver com a necessidade de alguma organização nas farras do estudantariado - hoje em dia seria muito politicamente incorrecta. Não sei porquê lembrei-me da anedota quando li
isto.
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GRANDE REPOSTAGEM
A equipa do Francisco José Viegas vai pôr de pé este fim de semana um novo formato da «Grande Reportagem». Eu, que sou seu admirador confesso e leitor compulsivo do
Aviz fico muito contente. Força.
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HOJE
Finalmente tenho razões para acreditar que as coisas podem avançar e que o projecto em que estou empenhado vai ter pernas para andar, apesar de todas as rasteiras. Doravante passa-se à fase das caneladas - a quem puser obstáculos no caminho. Parece bem?
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COMO SÂO FEITOS OS TELEJORNAIS?
Não resisto a transcrever:
31.II - Problemas genéricos da nossa Imprensa – A Agenda
Em Novembro de 2003, altura em que escrevo, a agenda é dominada a 70 por cento, por dois jornais: o CM e o 24 Horas; com o Público a ser (quase) o único a tentar ter uma agenda própria e quase todos os outros a serem a excepção à regra.
A rede de correspondentes destes dois diários e especialmente as denúncias, através de cartas ou telefonemas às redacções, são o Google que determinam os nossos noticiários. Como vivemos a tal tabloidização da informação em que uma facada é mais relevante de um ponto de vista noticioso público e nacional que, por exemplo, a dinâmica da Agência Portuguesa de Investimento, e como os media não têm tempo para entender que o seu negócio não é vender informação, mas sim cumprir o seu papel ainda num cenário de elevada competitividade (mais explicações desnecessárias, presumo), o CM e o 24 Horas impõem, involuntariamente, a sua linha editorial (natural e legítima) ao resto do país.
Se lessem diariamente estes dois jornais, escusavam de ver os noticiários das 20 horas das televisões. A dinâmica é esta: o editor do jornal televisivo vê a história de manhã num destes jornais, à hora do almoço o repórter já está em Sardinhais de Cima a filmar o nabo gigante e pelas 19h30 tem a coisa montada para entrar em alinhamento, talvez a seguir de uma casa podre, em que nunca é perguntado à desgraçada da inquilina quanto paga de renda, mas são sempre filmadas as rachas no tecto.
Não é novidade que os telejornais são magazines de variedades, largamente premiados pelas audiências e pelos anunciantes. O vouyerismo que há em cada um de nós, que levamos um dia inteiro de chatices, dificilmente encontra melhor companhia para o entrecosto e as batatas fritas que estas micro-narrativas de um mundo ainda mais irreal que o nosso.
À parte o novelo Casa Pia, quase não há ‘assunto’ e um país sem ‘assunto’ é um país estranho. Mas este país, que me lembre, nunca teve direito a ter um ‘assunto’, só ao ‘assunto’ dos jornalistas.
Até à revolução TVI – power to the people – a agenda era ditada em nome dos interesses dos egos dos editores e jornalistas que, por variadíssimas razões, brincavam ao jornalismo, e escrevo brincavam num sentido lúdico do termo e usavam o jornalismo para a sua própria pessoalidade e os seus interesses. (Ou por modismos: bater em Cavaco, bater no CCB, bater na Expo, bater em Vale e Azevedo, defender Timor, chorar Amália, gozar com Santana Lopes)
Assim, e como ilustração, se um editor fosse fanático por sumo, teríamos páginas e páginas sobre o assunto, independentemente do interesse noticioso ou sequer da receptividade do público que consumisse esse media. Ou seja, um jornal era uma coisa demasiado séria para ser deixada ao capricho dos leitores.
A frenética cobertura noticiosa das reuniões dos distritais dos partidos já vai esmorecendo, mas há cinco anos era vulgar ver laudas sobre várias, em vários sítios. A sua utilidade era marginal: o jornalista encarregue de cobrir o partido precisava de cultivar as fontes e sobredimensionava a importância dos jogos florais, porque até poderia vir a dar qualquer coisa...
Ainda hoje eu abro a boca de espanto quando alguém como L. F. Meneses (ou Ângelo Correia, ou João Cravinho, ou Miguel Portas, ou José Lello) ) aparece nos telejornais ou comenta na SIC Notícias. E falo como profissional: o que é que ele interessa, noticiosamente falando?
O resultado foi o esperado: as pessoas deixaram de comprar jornais e deixaram de ver telejornais. A solução, encontrada casualmente claro, foi tirar o tapete aos jornalistas que agora correm atrás do prejuízo, depois de perderem o controle da agenda.
Isto e muito mais pode ser lido
aqui
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BLUES
Fim de semana a arrumar discos - odeio quando me arrumam o escritório e depois de limparem as prateleiras tiram os discos todos da ordem. Desta vez fiquei com o jazz por detrás da pop, com os portugueses atrás dos dvds, com a clássica semeada por todo o lado e com o rock disperso - sinal dos tempos e do que se passa por essas bandas. Salvaram-se os blues. Sobretudo o velho John Lee Hooker e o disco novo de Van Morrison que, vá-se lá saber porquê acabaram juntos, curiosamente ao lado de Gary Moore e do seu "Still Got The Blues".
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O QUE SE PASSA?
O que se passará no apartamento de cima quando se ouvem ruídos estranhos? Nunca pensaram nisto? - Então divirtam-se com este artigo da
New Yorker. Um cheirinho:
Quiet, of course, is relative, especially in New York. The covenant of quiet enjoyment—the principle that allows apartment dwellers, stacked like trays of honeybees, to expect a bit of peace—can be an exasperating abstraction. Anyone who has spent some years living in the city has a noise story to tell. Either the neighbor is noisy or the neighbor is crazy. Bedsprings, headboards, blenders, bocce balls, laugh tracks, Marv Albert, Mozart. Some people can live with it and some cannot, and often those who cannot are hard to live with, too.
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CAFÉS
Campo de Ourique, onde vivo, é o bairro de Lisboa de que mais gosto. É plano, passeia-se bem a pé, em vez de centros comerciais tem lojas, os fregueses são conhecidos e saudados e os cafés - dos novos aos mais antigos - estão cheios de gente a falar, a ler jornais, às vezes só a descansar. E mesmo em deias chuvosos - como ntem - há um mistério: até as esplanadas têm gente. Dar a volta ao quarteirão é um dos prazeres que tenho - e Campo de Ourique é dos melhores sítios para o fazer.
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