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por falcao, em 11.12.03
PARA OS FANÁTICOS APPLE

As lojas Apple exercem um estranho fascínio. A recente inauguração da mais recente, em Tóquio, foi um acontecimento: filas de quase duas mil pessoas, á espera toda a noite, á chuva. Entre elas dois americanos, pais e filhos, que voaram da California só para terem o prazer de estarem entre os primeiros clientes. Estranho? AWired conta a história.

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publicado às 05:53

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por falcao, em 08.12.03
CITAÇÕES I

Quando os outros escrevem o que gostaríamos de ter tido o senso de escrever, nada melhor que os citar:

BOLSAS. Nos comentários, um pouco por todo o lado, sobre as bolsas de criação literária lêem-se coisas espantosas, infelizmente por parte de quem as defende de forma incondicional, como se fosse obrigação do Estado pagar os seus escritores. Não é. Nunca concorri a nenhuma delas e não recebi nenhum subsídio — mas não me incomoda que alguns escritores tenham obtido bolsas por um período determinado. Acho que fizeram bem. No geral, negoceio com o meu editor e isso basta-me. Mas é o meu caso e eu não gosto de juízos morais — e também não gosto desse processo de intenções que faz disto um caso político, até porque acho que, em circunstâncias ideais, o Estado não devia ter nada a ver com o domínio da criação — não gosto do Estado nem da galeria de comissários do gosto (sobretudo quando são vanguardistas, porque têm tendência para se tornarem pequenos ditadores), funcionários da «divisão de estética e metacrítica», pedagogos oficiais e ressentidos com poder. Sobretudo isso — não gosto do Estado nem do seu ressentimento. O desejo de ser pago pelo Estado assusta-me. É uma dependência medíocre. Mas, como escrevi, é uma opção pessoal.

Muita gente fala «dos escritores» como se aqueles que não vivem dos seus direitos de autor, ou seja, do seu trabalho como escritores, fossem herdeiros de fortunas familiares e tranquilizadoras, pagos por «internacionais do capital» ou felizardos que arranjaram dinheiro ao virar da esquina. Não: são pessoas que muitas vezes têm um emprego normal (ou banal, ou desinteressante, ou fascinante, ora bem ou mal pago), que escrevem porque isso é uma razão superior na sua vida (e dormem menos, e não gastam o que lhes apetece, e têm um tempo controlado de maneira diferente), que têm vida familiar ou não, que acreditam ou não no que fazem, que esperam um dia poder viver só do que escrevem e lutam por isso com alguma tenacidade. Alguns são professores, outros são bancários, outros são advogados, outros são funcionários do Estado, o que forem. Conheci muitos ao longo dos últimos vinte anos. Conheci bastantes. Vivem em Lisboa, no Porto ou na província — alguns mudaram-se para a província porque aí têm mais tempo e melhores condições financeiras (três deles acabaram de publicar os seus livros — que são bons, e vendem razoavelmente). Alguns aceitaram «a lei do mercado» — e sabem que não serão recompensados financeiramente no imediato, mas continuam a acreditar no seu trabalho —, outros participam dela — e escrevem romances populares, ou mais «vendáveis» (não acho um crime, não).

Passeando pela lista dos escritores realmente significativos (eu escrevi: significativos) dos últimos vinte anos — no estrangeiro —, vejo que nenhum deles teve uma bolsa para primeira obra. Nem para segunda. A maior parte nunca teve, aliás. E os melhores deles todos até são os que conheceram outro mundo para lá da literatura, desde enfermeiros que ganharam o Goncourt, até jardineiros que arrebataram o Booker Prize. (Em vez de — em Portugal — pedir apoio ao Estado, que tal melhorar as condições de retribuição por parte dos editores?) E acho que, por muito genial que um autor se julgue (daquilo que eu conheço, boa parte deles acha-se verdadeiramente injustiçado por ainda não ser venerado), se ao fim de vários livros não se consegue «viver da literatura», acho que é da mais elementar lei da modéstia, do bom-senso e da própria sanidade mental, que se viva de outra coisa para se poder continuar a escrever livremente, sem constrangimentos e sem ressentimentos
.

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publicado às 23:11

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por falcao, em 08.12.03
CITAÇÕES II

Mais uma imperdível, do mesmo meu amigo:

O RISO DO PROF. MARCELO. Primeiro passaram aqueles livros todos no ecrã, mas isso já não nos faz rir. Porém, aquele riso incontido no final, aquela dificuldade de o controlar, aquele sem-nexo das frases, tudo isso anunciou, sem querer, que o prof. Marcelo tanto podia estar a falar da revisão constitucional como dos bombeiros de Celorico. É, portanto, o fim de uma era. «O!, that a man might know/ The end of this day's business, ere it come;/ But it suficeth that the day will end,/ And then the end is known.» [Shakespeare, no Júlio César]

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publicado às 23:10

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por falcao, em 08.12.03
CASA

Vou ficar horas sentado a ver Lisboa do outro lado, o vale ao longo do rio, as árvores da serra, a imaginar como seria.

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publicado às 01:32

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por falcao, em 08.12.03
NOTAS

Nada como as notas de uma guitarra eléctrica para nos reconciliarmos com o mundo.

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publicado às 01:28

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por falcao, em 06.12.03
IRRESISTÍVEL

Extraído do sempre irresistível Homem A Dias:

Acordo ortográfico

É a cooperação luso-brasileira em pleno. Logo depois do dr. Sampaio, na Argélia, condenar a ‘ocupação’ do Iraque e criticar as políticas israelitas (ver abaixo), Lula da Silva, na Síria, condenou a ‘ocupação’ do Iraque e criticou as políticas israelitas. Reconforta saber que o nosso presidente articula posições (sem segundos sentidos) com os grandes líderes do mundo civilizado. Quem está com Bush é lacaio; quem se entende com Lula é esclarecido (ou batata cozida, mas enfim).

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publicado às 18:07

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por falcao, em 06.12.03
A ESQUINA ESCRITA ESTA SEMANA



O QUE SÃO POEMAS?





Palavras que se juntam e que exprimem mais emoções que razões, que mostram mais o sentir que o resumir – será isto uma aproximação ao que pode ser a poesia? Ou devemos apenas esperar que apenas aquilo que lemos pode ser poesia? E será a exist~encia de palavras uma condicionante da poesia?

No meio de tudo o que é efémero, qual o lugar das canções que atravessam os tempos e perduram nas memórias? São produtos menores ou encerram em si o valor dos sonetos publicados em edições de autor manhosas de há cem anos atrás e que com o correr dos anos ganharam o estatuto de obras-primas?

Defendo desde há uns anos um princípio sobre a escrita contemporânea que gostava hoje de partilhar: é minha convicção profunda que alguma da melhor poesia (e, em certa medida, narrativa) do último meio século se encontra nas letras de canções pop e rock. Mais: acho convictamente que as palavras das canções de Bob Dylan, dos Rolling Stones, de Bruce Springsteen, de Neil Young, de Prince, de Tom Waits, dos Smiths, dos Joy Division, de Beck, de Enimen, dos Mind da Gap, de Sam The Kid, de Jorge Palma, de Sérgio Godinho ou de Mafalda Veiga e Carlos Tê representam o melhor retrato do tempo em que foram feitas. São por si sós pequenos contos ou poemas, agora apenas apreciados como acessórios de melodias mas que o tempo encarregará de preservar na dimensão literária que têm.

Os novos declamadores são os cantores, os autores que cantam o que escrevem, que descrevem o que se passa à sua volta, que mostram o que sentem ou querem fazer sentir. São eles que nos emocionam, que marcam a nossa memória, que balizam as épocas e gerações. As nossas vidas são marcadas por canções públicas, por frases que nos tocaram e ficaram gravadas na memória, por palavras que as mais das vezes foram ouvidas e nunca lidas. Há poucos poemas de amor como «Reel Around The Fountain» dos Smiths, poucas histórias de arrebatamento como «Paixão» de Rui Veloso, poucos episódios de sedução como «Vestígios de Ti» de Mafalda Veiga, poucos manifestos como «The Times They Are A Changin’» de Bob Dylan ou «Street Fighting Man» dos Rolling Stones, poucos gritos como «O Primeiro Dia do Resto das Nossas Vidas» de Sérgio Godinho. Há muitos nomes que ficam a faltar nesta lista mas deixo a cada um de vós o encargo de contribuírem com mais uma sugestão para aesquinadorio@hotmail.com, endereço para que vos peço o envio dos nomes das canções que são os vosso poemas preferidos.

No último meio século as décadas são marcadas por momentos saídos da música e do cinema – mas são as melodias que mais reflectem os ritos tribais da comunhão de sentimentos; os cortes geracionais são feitos em torno de estrelas pop e rock e das canções que se tornaram hinos, que marcam anos e viragens, dos grandes festivais rituais feitos em torno das músicas.

Falemos também de amor: nunca ele foi tão bem descrito como em canções, desde os clássicos de Cole Porter e Irving Berlin até Prince, passando por Springsteen ou Ian Curtis. É impossível ficar insensível às palavras de «Love Will Tear Us Apart», essa previsão fatalista e tão real do que é o desenlace dos grandes romances, da mesma forma como não se pode resistir à tentação que Chris Isaac descreveu em «Wicked Games».

Quanta gente continua a ler poesia e quanta gente a ouve e interioriza? E quantos se recordam das palavras, das rimas que ficaram presas a melodias que não nos largam nunca mais? Muita da melhor escrita está na música, está nestas letras que ficam gravadas nas nossas memórias e que nos ajudam a recordar como os tempos estão a mudar.



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publicado às 13:40

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por falcao, em 06.12.03
TER

Tenho saudades do que vi, vontade do que senti

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publicado às 13:39

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por falcao, em 06.12.03
ESQUINA ESCRITA

NA SEMANA PASSADA





O SEGREDO DE CAMPO DE OURIQUE





Um dia destes, por graça, escrevi no meu blog que viver em Campo de Ourique me punha bem disposto. Acho que nunca tive tanta resposta a um «post» de blog como neste caso. Até de França uma nativa do bairro me escreveu, informando que todas as últimas sextas-feiras do mês os mais tradicionais campo-ouriquenses (será assim que se diz?) se reúnem num jantar, que, pelos vistos, deve ser hoje : «Não esqueçam que a proxima sexta feira é a ultima do mês de Novembro e que como tal é o famoso dia, ou antes noite, do jantar dos "antigos" da Tentadora».

Tomei conhecimento com Campo de Ourique através de uma descrição catártica do bairro feita em «O Que Diz Molero», de Diniz Mchado. Se bem me lembro era a historieta de uma fuga, apimentada com colorido local. Era eu menino e moço, e vivia no Bairro de S. Miguel, à Avenida de Roma, quando li o escrito e fiquei cheio de juvenil curiosidade sobre aquele distante local da cidade onde tão características personagens serviam de alimento à inspiração dos ecritores.

Acabei lá caído uns 25 anos depois e desde há uma década que me encanto com o Bairro. Há várias razões para isto: é um dos derradeiros bairros da cidade, um dos sobreviventes bairros de Lisboa com vida própria, com comércio onde todos se conhecem, com pequenas lojas como já não existem, ao lado de «franchisings» de grandes marcas ou de lojas de design. Aqui o comércio de rua não é uma palavra vã.

Campo de Ourique tem uma vantagem muito especial sobre outros bairros: é plano, está assente num dos raros planaltos de Lisboa, que vai da Estrela às Amoreiras. Em Campo de Ourique anda-se naturalmente a pé. Passeia-se, em vez de andar de carro. Visita-se uma loja, espreita-se outra, descobre-se um recanto, troca-se meia dúzia de palavras com o vendedor de jornais ou o homem da farmácia, pode-se pedir para guardar pão, até as empregadas do supermercado – mesmo as emigrantes estrangeiras – acabam por nos conhecer e cumprimentar. Mais: em Campo de Ourique há vizinhos, não do andar do lado, mas da mercearia de ao pé da porta. Nas lojas da minha rua, a Rua do Patrocínio, há fruta que não é toda igual, sabe a fruta e não é importada de lugares exóticos – vem das Caldas da Rainha; há uma loja de botões; a deliciosa Tasquinha d’Adelaide; o velho bar Paródia; a igreja dos Alemães e um largo com um chafariz ao pé da Embaixada da Suiça, que o meu bom amigo Fernando Assis Pacheco me fez um dia descobrir.

Se há uma coisa em que Campo de Ourique está bem fornecido é nos restaurantes: desde a já citada Tasquinha, até ao Solar dos Duques, passando pelo Coelho da Rocha, o Bem-Disposto, o Stop do Bairro, o Retiro do Marisco (que pica-pau....), o Tico-Tico (uma das melhores cervejarias da cidade), o Verde Gaio dos grelhados, aqui há de tudo um pouco, para todas as bolsas, mas sempre com qualidade e um serviço simpático. Até o restaurante chinês ao lado de casa me parece invulgarmente bom e as línguas de veado do Café Canas são de longe as melhores de Lisboa.

Mas há mais: uma loja de produtos rurais sempre com queijos, enchidos e doces do melhor, uma pequena confeitaria com doce de abóbora e empadas de galinha irresistíveis, o próprio Mercado Municipal que tem uma variedade rara de produtos da melhor proveniência – como é de bom tom dizer-se, e, finalmente, a Garrafeira de Campo de Ourique, onde pontifica o Sr. Santos, sempre disposto a uma sugestão equilibrada que concilie a qualidade com o preço e nos faça descobrir bons vinhos sem nos arruinar.

Mas o melhor mesmo é que este percurso que acabei de contar se faz com todo o ripanço do mundo numa hora bem passada das manhãs de sábado. Não há muitos sítios assim. É este o segredo de Campo de Ourique.



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publicado às 13:39

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por falcao, em 02.12.03
SONHOS E REALIDADES

Às vezes os sonhos são precisos para imaginar realidades. Às vezes os sonhos inspiram-nos. Mas as realidades são mais interessantes que os sonhos, apesar de serem mais árduas e difíceis. Gosto mais de lidar com realidades do que com sonhos, mesmo quando os sonhos são importantes para nos ajudarem a encontrar novos desafios. As realidades são o que são; os sonhos, algumas vezes nada são.

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publicado às 00:39

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