DIA ATLÂNTICO
Não esquecer: terça feira 31 de Janeiro sai nas bancas o novo número da revista
Atlântico, agora dirigida por Paulo Pinto de Mascarenhas. Explorem o site e vejam o
blogue. E não se esqueçam de comprar, ler, divulgar.
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NEVÃO
Já estou um bocadinho farto de tanta poesia de pacotilha feita sobre os nevões de Domingo.
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MANUAL DA CONSPIRAÇÃO
Passo a passo José Sócrates vai concluindo a estratégia que metodicamente traçou para limpar o seu próprio partido de quaisquer veleidades de oposição ao rumo que quer prosseguir. Os resultados eleitorais de Domingo são um dos passos com maiores consequências: por um lado garantem-lhe estabilidade governativa desde que cumpra um programa de reformas que em boa medida desagrada ao seu próprio partido (a votação em Alegre é disso prova provada); e, por outro, permitiu-lhe finalmente eliminar o posicionamento de Mário Soares como figura tutelar do PS, além de ter dado xeque mate a um conjunto importante de personalidades que constituíram o núcleo duro da candidatura; finalmente sacrificou Jorge Coelho no altar dos votos pela segunda vez consecutiva (a primeira foi nas autárquicas).
Antes disso, é bom recordar, desfizera-se de boa parte da oposição interna no processo eleitoral para as autarquias, deixando Carrilho, Francisco Assis e João Soares esturricarem em lume brando. No último ano Sócrates foi o único a vencer eleições, todos os outros que o PS apresentou as perderam - e estrondosamente.
O único ponto aparentemente imprevisto foi a teimosia de Alegre em concorrer e o resultado que obteve. Resta saber como Alegre irá gerir o capital político que esses 20% de votos lhe dão, resta saber se ele será capaz de lançar uma oposição interna, de esquerda, contra as reformas de Sócrates – que muitos no PS consideram de direita.
Por via das dúvidas Sócrates preferiu logo na noite eleitoral impor a sua voz à de Alegre – ninguém acredita que na vasta equipa de assessores de que se rodeia ninguém soubesse o que estava a acontecer e ninguém o avisasse, ninguém acredita que não houvesse televisões ligadas na sede o PS. Para além da derrota de Soares, a marca da noite eleitoral foi Sócrates a calar Alegre. É o que se vai passar a partir de agora.
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Pela segunda vez em meia dúzia de meses os aparelhos partidários foram confrontados por campanhas eleitorais que fugiram ao seu controlo. Nas autárquicas isso aconteceu com estrondo, nem sempre pelas melhores razões, e agora nas presidenciais o estrondo ainda foi maior. Como bem faz notar Pacheco Pereira o problema não é apenas português mas é forçoso pensar em como resolver a questão da participação na vida democrática – para um número crescente de pessoas os partidos não são o melhor veículo para isso.
Nestas eleições houve vencedores claros, como Cavaco, Manuel Alegre e Jerónimo de Sousa – mas também Sócrates que por muito que diga obteve o resultado que melhor jeito lhe dá para a sua estratégia pessoal: a derrota de Soares, um Presidente eleito com quem tem mais em comum do que aquilo que pode parecer e finalmente uma rude machadada no velho aparelho do PS, o que foi criado por Mário Soares e hoje é muito simbolizado por Jorge Coelho – Soares, Coelho e Francisco Louçã foram aliás os derrotados da noite.
Um outro fenómeno político interessante foi a clivagem entre o PSD e Carmona Rodrigues na Câmara Municipal de Lisboa. O líder social-democrata do grupo do PSD na Assembleia Municipal, Vítor Gonçalves, fez aprovar por unanimidade – unanimidade, note-se - uma moção a criticar o facto de a Associação de Turismo de Lisboa, com a bênção da maioria da vereação e do Presidente e Vice-Presidente, ter entregue a Jorge Coelho a coordenação de um grupo de trabalho para definir as grandes linhas estratégicas para o turismo em Lisboa. A nomeação de Coelho – um dos grande paladinos do aeroporto da Ota – tinha causado surpresa. A iniciativa da Assembleia Municipal veio desfazer o golpe palaciano e obrigou Jorge Coelho a demitir-se.
Nem quero entrar na bizantina discussão sobre se Sócrates sabia (ou devia saber) o que se estava a passar no universo dos protagonistas eleitorais quando decidiu falar na noite de Domingo. Mas no mínimo é terrível que os responsáveis das emissões de todas as televisões tenham passado do directo de um candidato que foi a votos para um líder partidário, que por acaso é Primeiro Ministro. É um triste retrato dos critérios editoriais, que infelizmente se pautam pela bitola do poder. Alegre era o fenómeno das eleições, o estrito ponto de vista noticioso devia levar a ouvi-lo. Cada vez mais a informação televisiva se pauta por motivos que têm pouco a ver com a notícia. Já agora não resisto a uma nota final: em termos informativos uma das derrotadas da noite foi Anabela Mendes a funcionária da SIC que, mais uma vez, fez uma cobertura opinativa e sectária - «biased» é o termo que melhor se aplica ao seu trabalho.
A VER – No CCB a exposição dos candidatos ao prémio Bes Photo 2005. Obras de António Júlio Duarte, José Luís Neto, José Maçãs de Carvalho e Paulo Catrica. Sendo o universo da fotografia contemporânea um dos mais confusos – e um dos mais dados a mistificações- esta selecção é curiosa porque tem de tudo um pouco: do truque puro e simples à evocação de outras imagens ou à exarcebação do olhar. Para mim fica na memória o que vi de José Maçãs de Carvalho. O resto podia ter sido visto noutro prémio qualquer, noutra circunstância, até noutro suporte. Em exposição até 5 de Março.
A VISITAR – Pedro Luz tem inegável talento na construção e reformulação de espaços e o seu novo Zocco (no local onde era o Indochina, nas docas) é bem a prova disso. O Zocco assenta num conceito de imagem, iluminação e decoração muito bem escolhido para o local e garantidamente é um sítio agradável e confortável. Sendo um restaurante terá que se falar de comida – mas aí não há muito a dizer. O menu é de inspiração italiana – e inspiração é mesmo a palavra que descreve a situação. A confecção é mediana, as escolhas são corriqueiras. Mas na verdade o Zocco vive do ambiente e não exclusiva ou principalmente da comida. O serviço é atencioso, a sala é muito bonita. Mais do que um restaurante o Zocco encaixa dentro daquele categoria de locais abrangidos pelo conceito de entertainment food. E aí resulta em cheio.
A OUVER – Ouvir e ver o «Barbeiro de Sevilha» no DVD filmado no Teatro Real de Madrid, numa co-produção com o nosso S.Carlos, com Pietro Spagnoli como Fígaro, Maria Bayo como Rosina e Juan Diego Florez como Conde de Almaviva. O DVD tem ainda uma intorudção a esta ópera de Rossini muito bem estruturada e está filmado em Alta Definição. Edição Decca.
BACK TO BASICS – A ilusão é o primeiro de todos os prazeres, Oscar Wilde.
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BLOCO PROCURA CAUSAS
Leio nos jornais que o Bloco de Esquerda procura causas para o seu descalabro eleitoral e que culpa Alegre da descida, acusando-o de roubar votos. Pois é, parlamentarizou-se mesmo o bloquinho, perdeu a graça, diminuíu o folclore, parece um daqueles meninos muito bem comportados a querer parecer crescido. Enquanto Louçã se interroga sobre o sucedido, Miguel Portas deve estar a olhar para tudo isto com ar divertido. E enigmático.
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A NEWSLETTER DO AMARAL
O «Actual» do «Expresso» transformou-se numa espécie de newsletter sobre as intenções do vereador de Cultura de Lisboa, José Amaral Lopes. No sábado passado foi a vez de anunciar a dinamização do Parque Mayer. Aguarda-se ansiosamente ver quanto custa, o que acontece, como acontece e quando acontece.
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DESCULPE...
Aceitam-se palpites: isto é análise política ou uma verdade de La Palisse?:
«Pedro Santana Lopes, ex-líder do PSD, afirmou hoje que Cavaco Silva só ganhou as eleições presidenciais à primeira volta devido à ausência de um outro candidato à direita», in
Portugal Diário
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RECORDA-ME O SEU NOME, POR FAVOR?
Joana Amaral Dias, mandatária da juventude de Mário Soares não deve ser a mesma que assina uma coluna na última página do Diário de Notícias. Se fosse a mesma, hoje certamente falaria do resultado das eleições e não do reaparaceimento de Bin Laden. Como se chama esta que escreve para o jornal?
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MUDANÇAS
O País mudou. Já não é líquido que a esquerda seja maioritária, o axioma dos últimos 30 anos foi posto em causa.
O país mudou. Soares acabou e não tinha dado por isso. Não gerou nem empatia, nem simpatia. Só o núcleo duro socialista se reviu nele.
O país mudou. Os partidos deixaram de controlar os eleitores.
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O PODER DA ARTE
Na mesma semana em que a Fundação de Serralves trouxe até aos corredores de S.Bento uma demonstração da vitalidade da arte contemporânea, a Ministra da Cultura foi ao Parlamento fazer um exercício de como exercer o poder sobre os criadores artísticos. Não deixa de ser curioso que, no mesmo tempo e no mesmo local, se confrontem a imaginação e a arbitrariedade. Este Ministério da Cultura está marcado pela ignorância e pelo abuso, pela promiscuidade entre as nomeações políticas e os saneamentos de conveniência. Esta Ministra da Cultura já ganhou um lugar na História e não foi pelas boas razões.
Não deixa de ser paradoxal que um Primeiro Ministro que teve cuidado e sageza a escolher um assessor cultural para o seu Gabinete, tenha escolhido para o Palácio da Ajuda a encarnação viva de um elefante em loja de porcelanas. Alguma coisa não bate certa nesta equação: um dos dois é um erro de casting – ou o assessor ou a Ministra.
Como a política é cada vez mais o reino do silêncio, da hipocrisia e da conveniência, temo que o assunto demore a ser esclarecido, até porque de todo o lado falta a coragem para assumir a consciência dos actos e, sobretudo, das convicções.
O Governo quer um Ministério da Cultura que exerça poder sobre a imaginação, ou pretende uma política que fomente a criatividade e a inovação? Nos tempos que correm as relações entre o Poder e a Cultura são cada vez mais confusas. O Poder sempre gostou de seduzir a Cultura e de a usar; mas nunca tinha praticado o sadismo de forma tão clara e empenhada.
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