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A INFO PROPAGANDA

por falcao, em 31.07.08

Com a devida vénia, cito o Zero de Conduta:


Publicidade enganosa


Primeiro foram as notícias que davam conta de uma nova fábrica da Intel em Portugal. Um sucesso, garantia-se, que já tinha 4 milhões de encomendas ainda antes de ser instalada a primeira pedra. Um investimento que iria criar 1000 postos de trabalho qualificados, na zona de Matosinhos, graças à diligência do Governo. A apresentação foi ontem. Com pompa e circunstância a imprensa andou dois dias a anunciar o “primeiro portátil português”. O Magalhães é um computador inspirado no navegador, diziam ontem as televisões em coro. Para dar credibilidade à coisa, o mais famoso relações públicas nacional e o presidente da Intel subiram ontem ao palco do Pavilhão Atlântico para a "apresentação mundial" deste computador de baixo custo.


 


Um único problema. Não só o computador não tem nada de novo como a única coisa portuguesa é a localização da fábrica e o capital investido.  A "novidade mundial" ontem apresentada, já tinha sido anunciada a 3 de Abril - no Intel Developer Forum, em Shangai - e foi analisada pela imprensa internacional vai agora fazer quatro meses. O tempo que tem a segunda geração do Classmate PC da Intel, que é o verdadeiro nome do Magalhães. De resto, o primeiro computador mundial para as crianças dos 6 aos 11 anos, características que foram etiquetadas pela imprensa lusa por ser resistente ao choque e ter um teclado resistente à agua, já está à venda na Índia e Inglaterra. No primeiro país com o nome de MiLeap X, no segundo como o JumpPC. O “nosso” Magalhães é isso mesmo, uma versão produzida  em Portugal sob  licença da Intel, uma história bem distinta da  habilmente "vendida" pelo governo para criar mais um caso de sucesso do Portugal tecnológico.


 


Fábrica da Intel nem vê-la e os tão falados 1000 novos postos de trabalho ainda menos, tudo se ficando por uma extensão da actual capacidade de produção da fábrica da JP Sá Couto. Serão 80 novos empregos, 250 se conseguirem exportar para os Palops. Os tais 4 milhões, que já estavam assegurados, lembram-se? Só que as 4 milhões encomendas não passam de wishfull tinking do nosso primeiro. E muito pouco credível. Em todos os países onde o computador está à venda é produzido através de licenças com empresas locais. Como explicou o presidente da Intel, a empresa continua à procura de parceiros locais para ganhar quota de mercado com o Classmate PC, não o Magalhães.


 


A guerra de Intel é outra, como se pode perceber no relato que um dos mais reputados sites tecnológicos - a Arstechnica, do grupo editorial da New Yorker - faz da apresentação da Intel e do governo português: espetar o derradeiro prego no caixão do One Laptop for Child, o projecto de Nicholas Negroponte e do MIT para destinar um computador a cada criança dos países do terceiro mundo. É essa a importância estratégica para a Intel. O resto é fogo de vista para português ver.

 


PS: Não tenho nada contra a iniciativa em si, parecendo-me meritório um projecto para garantir um contacto precoce de milhares de alunos com a informática. Mas isso não quer dizer que aceite gato por lebre. Não seria nada mau sinal se a imprensa nacional, que andou a vender uma história ficcionada, também cumprisse o seu papel. 


 

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publicado às 18:39

PREOCUPANTE – A Entidade Reguladora da Comunicação decidiu esta semana obrigar um jornal, o «Semanário Económico», a republicar um esclarecimento que já tinha publicado há meses, mas desta feita acompanhado por uma fotografia que o reclamante anexara para ilustrar a sua rectificação e que o jornal, com razão, à época entendeu extravasar a reclamação e não ser relevante. A coisa pode parecer um acto menor, mas na verdade é a demonstração dos abusos que um organismo, como a ERC, pode cometer: de regulador quer passar a ser editor, a interferir em critérios editoriais, a dizer como se pagina uma notícia. Daqui à censura é apenas um pequeno passo. A ERC está a começar claramente a precisar de alguém que vigie a sua actuação – com este caso provou-se que os seus membros têm comportamentos de risco para a liberdade de imprensa. 

 


 


UM PAÌS ARQUIVADO - Já repararam como quase todos os casos complicados da justiça portuguesa acabam arquivados ou julgados de forma inconclusiva? Já repararam como as investigações sistematicamente não descobrem nem conseguem provas? O «caso Maddie» foi o pretexto para centenas de notícias sobre Portugal publicadas na imprensa mundial no ano passado. O arquivamento do caso e o reconhecimento da falência da investigação deu a imagem de um país que não é capaz de fazer justiça. Mais, o arquivamento é a cabal demonstração de que, à falta de provas, a Judiciária constituíu arguidos apenas para mostrar serviço. 

 


 


 


 


 


VER – Ao princípio parecem imagens do tempo das capas dos discos dos Yes. Há alguma coisa entre o místico e o psicadélico na origem dos quadros do artista norte-americano que assina sob o nome Mars-1. Mas para além das primeiras aparências, há uma recorrente influência do imaginário da ficção científica, das ilustrações tipificadas de extra-terrestres em banda desenhada. Na realidade arrisco dizer que por aqui passa a reinvenção da pop art , agora localizada no espaço, entre planetas e naves – é aliás daí que vem o nome Mars 1, originalmente uma estação interplanetária soviética lançada em direcção a Marte em 1 de Novembro de 1962, e que nunca chegou ao seu destino. O verdadeiro nome do artista é Mario Martinez, nascido no Colorado e a trabalhar e expor regularmente em S.Francisco.  Até dia 31 deste mês podem descobrir alguns dos seus trabalhos na VPF Cream art gallery, Rua da Boavista 84, 2º, em Lisboa (de segaunda  sábado entre as 14h00 e as 19h30).


 

 


OUVIR – O Esbjorn Svensson Trio afirmou-se como uma das mais interessantes formações de jazz da Europa no decurso dos últimos anos. O seu líder e mentor, o pianista Esbjorn Svensson, morreu há poucas semanas, num acidente de mergulho, e o seu legado pode bem ser descoberto e compreendido no duplo CD gravado ao vivo em Hamburgo, num concerto ali realizado em 22 de Outubro de 2006. Editado no ano seguinte, o disco foi considerado como a melhor demonstração da capacidade musical e da criatividade do trio sueco, que além de Svensson, inclui Dan Berglund no baixo e Magnus Ostrom na bateria, uma secção rítmica verdadeiramente irresistível. A energia do grupo é envolvente, a qualidade da gravação e da mistura são exemplares e na realidade, tudo junto, cria um dos melhores registos ao vivo do jazz contemporâneo que me foi dado ouvir. EST Live In Hamburg, edição ACT, distribuição Dargil. 

 


 


LER – De entre as mais recentes revistas publicadas em Portugal vale a pena destacar a Neo 2. O leque dos temas abordados vai da música ao design, passando pela moda e a arquitectura. Editada bimestralmente, a Neo 2 vai no seu oitavo número. A edição de Junho/Julho tem 148 páginas cheio de boas ideias, bom grafismo e muita descoberta. Se quando comecei o jornal Blitz, em Novembro de 2004, tivesse podido fazer uma revista, desejaria que o resultado – ressalvadas as diferenças de época – não fosse muito diferente. E por isso mesmo é com especial alegria que olho para a Neo 2 e vejo ali a diferença e a ousadia que são tão raras nos novos projectos da imprensa portuguesa contemporânea.


 


 


PETISCAR – Se gostam de um peixe bem fresco e bem assado, podem rumar a Sesimbra e experimentar o Âncora, um restaurante pequeno e simpático que fica na Rua dos Pescadores, por detrás do Hotel Sana (antigo Espadarte), a meio das escadinhas, meio esplanada, meio sala de jantar. Ali há o que é raro: matéria prima de primeira, serviço simpático, preço razoável. Mais: o responsável pela mesa teve cuidado na escolha do peixe, para o tamanho não ser demasiado grande e não quis abusar da factura. Nesta estreia foi partilhada uma dourada, fresquíssima e no ponto certo da grelha, acompanhada por umas inesperadas mas deliciosas couves cozidas, a que se juntaram cenouras, feijão verde e salada. Há muito tempo que não comia peixe tão simples e tão bem apresentado. Rua dos Pescadores 26, 21 223 54 40. 

 


 


BACK TO BASICS I – Se tivesse um martelo não estaria aqui a ver televisão, ditado popular. 

 


 


BACK TO BASICS II – Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és (na última semana Sócrates manteve amenas relações com Kadafi e Hugo Chavez). 

 

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publicado às 11:44

O MUNDO É DOS TIRANOS

por falcao, em 23.07.08

(publicado no diário  Meia Hora de 23 de Julho)

 


Se há coisa que estes últimos meses mostram é que o mundo passou a ser controlado pelos tiranos. Conjugando regimes onde a democracia é pouco mais que uma figura de retórica, baseados sobre fontes de energia natural de grande dimensão, muitos dos senhores do antigo terceiro mundo são agora verdadeiramente os donos do universo.


Ditam o preço do petróleo, trucidam as economias mais frágeis, atiçam a crise, fazem operações internacionais de bolsa que os tornam proprietários de grandes companhias do antigo primeiro mundo, impõem-se um pouco por todo o lado, fazem o que querem, como querem, quando querem. A sua arrogância é total, extravasa as suas fronteiras. Ditam condições, trocam negócios por apoios políticos que legitimem os seus regimes e forma de actuar.


Hoje, uma dessas figuras está de visita a Lisboa, Hugo Chavez, que nas últimas eleições no seu país usou como imagem de propaganda uma imagem sua ao lado de José Sócrates. Imagino que este périplo europeu que está a efectuar seja uma sucessão de «photo-opportunities» para uso em posteriores acções de propaganda.


Escudados na necessidade de obter vantagens económicas ou minorar os efeitos da crise onde se deixaram enredar, líderes europeus recebem (ou visitam) estas figuras, ignorando o que eles são na realidade, submetendo-se à sua chantagem, verdadeiramente aceitando fazer negócios com o Diabo.


Dentro das suas fronteiras a União Europeia exige o cumprimento de regras claras sobre os direitos do homem e o funcionamento da democracia – mas os auto-proclamados grandes defensores da Europa não se importa de fomentar regimes onde nada disso se aplica. O namoro do actual Primeiro Ministro português a figuras desta índole, as mais das vezes conotadas com uma esquerda que há muito se tornou mais reaccionária que qualquer direita europeia, é um facto que nos deve envergonhar. Não é um feito diplomático, é um ajoelhar perante tiranos – a semana passada Kadafi, esta semana Chavez.


Esta atitude, em matéria de política externa, conduz ao esvaziamento de valores fundamentais, coloca os princípios em segundo plano e, na prática, acaba por dar razão a todos os que defendem um princípio de actuação baseado num único lema: os fins justificam os meios. Não penso que seja uma boa forma de um país ser governado. A permissividade e o contorcionismo diplomático têm limites que Sócrates há muito ultrapassou. 

 

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publicado às 23:48

 


JUSTIÇA - O retrato da justiça é dado por uma notícia de jornal: «Assaltaram um Tribunal para levar caixa Multibanco». Foi em Loures. Não vale a pena dizer mais nada. Vão ver «Tropa de Elite» do brasileiro José Padilha (vencedor do Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim) e comecem a entender como o crime e a polícia andam de mãos dadas. E não é só no Brasil.


 


POLÍCIA - Gonçalo Amaral, o primeiro responsável pela investigação do caso Maddie publicou um livro sobre o assunto. O seu comportamento ao longo da investigação é um manual do que não fazer quando se é polícia e se tem que ter uma relação com a opinião pública. O livro mostra que não aprendeu. O título, talvez auto-crítico, é «A Verdade da Mentira». Mas o livro tem uma grande vantagem: nem bom polícia, nem bom escritor. Passemos adiante.


 


TRETA - Passámos anos a dizer que era no mar que estava o nosso futuro, fizeram-se colóquios, organismos, estudos, investimentos, todos os sucessivos governos encheram a boca com o mar e o nosso destino de povo de marinheiros. Factos: desde o início de 2000 o sector da pesca em Portugal perdeu oito mil profissionais e 2113 barcos. Não vale a pena dizer mais nada sobre as maravilhas vindas da política comunitária e da subserviência dos nossos governos a Bruxelas.


 


TRAGÉDIA - O que se está a passar em redor da Direcção do Teatro Nacional D. Maria é um exemplo do que não pode acontecer: escolhem-se e discutem-se pessoas sem antes se definirem e apresentarem políticas. Isto é a fulanização da acção – o que em território público é sempre perigoso. É uma política de gosto, criticável num Ministério da Cultura. A anterior mexida na Direcção do D. Maria já tinha sido um sinal de que os projectos valem pouco. Para além de nem o Ministro ter a coragem de aparecer a explicar o que se passa, a realidade é que não há projecto conhecido mas há cabeça de cartaz auto-anunciada. O Teatro Nacional é protagonista de um romance de cordel, que qualquer dia dá em tragédia.


 


LISBOA - Uma edição recente da revista «Time» dedicava uma página inteira ao novo Museu do Oriente, sublinhando que a herança cultural da presença de Portugal na Ásia tinha finalmente encontrado um local para ser vista. Há poucos dias o «New York Times» elogiava Lisboa como destino interessante e animado e a revista «Monocle», já aqui citada, incluía-a entre as mais interessantes 25 cidades do mundo para se viver. Tudo isto não nasceu do nada – foi um somar de esforços de abertura e organização de espaços, de convites a jornalistas estrangeiros, de articulação de programação ao longo do ano. Lisboa ficou na moda no culminar de um processo que demorou quase duas dezenas de anos a fazer-se. O pior é que agora muito do que contribuiu para esta notoriedade sai da cidade ou extingue-se por completo. Nunca houve uma vereação na Câmara Municipal de Lisboa tão insensível à actividade cultural da cidade como esta. Daqui a uns anos vão estar a perguntar-se como é que Lisboa saiu de moda de repente. Depois talvez possam olhar para a Fundação Saramago, arbitrariamente mandada instalar pela vereação na Casa dos Bicos, e perceber porque o politicamente correcto nem sempre é o politicamente necessário.


 


LER – Na sempre indispensável revista «Wired» descubro um artigo que devia ser oferecido a todos os profetas da desgraça que se revoltam com o acordo ortográfico, essa tropa de velhos do Restelo que prefere ver a língua definhar pura, do que ser falada e escrita viva. Vou só fazer uma citação: «Graças à globalização, à vitória dos aliados na II Grande Guerra e ao predomínio norte-americano em ciência e tecnologia, o inglês tornou-se um idioma tão cheio de êxito que escapou às fronteiras do que os seus naturais acham que devia ser. Em 2020 aqueles que têm no inglês a língua mãe representarão apenas 15 por cento dos dois mil milhões de pessoas que utilizarão o idioma». O artigo está na «Wired» de Julho, acessível na net, e chama-se «Anyone here speaks Chinglish?». Pensem nisto, estudem o caso português, apliquem à realidade.


 


OUVIR – Um belo disco para estes dias: o maestro Claudio Abbado compilou as marchas e danças de que mais gosta – de Beethoven a Prokofiev – e reuniu-as num disco. Escolheu as melhores gravações que fez ao longo de 30 anos para a Deutsch Grammophon com intérpretes de excelência e, desde as contradanças de Mozart à «Radetzky March» de Strauss, pela «Marcha dos Contabandistas», da «Carmen» de Bizet, juntou tudo em «Marce & Danze». Fantástico.


 


PETISCAR – Bom peixe, em cima do mar, serviço simpático e português, dona da casa atenciosa e presente, preços sensatos, enfim tudo aquilo que faz a boa tradição da restauração nacional. Voltei lá esta semana e não me arrependi de jantar na esplanada, numa bela noite de verão, em cima da Boca do Inferno, com uma boa lista que inclui peixe fresquíssimo e mariscos. Uma sugestão segura é a travessa do mar, que traz robalo, dourada e gambas, tudo grelhado, acompanhado de batatas a murro. Além disso pode encontrar uns filetes de pescada com arroz de marisco ou, para os mais audazes, uma cabeça de cherne. A lista de mariscos encontra-se bem preenchida, com destaque para as famosas bruxas de cascais. A casa é comandada por D. Lurdes Tirano, encerra às quartas e está aberta entre as 12h30 e as 23h00. O telefone é o 214832218.


 


BACK TO BASICS – Toda a cooperação entre os seres humanos é baseada em primeiro lugar na confiança recíproca e só acessoriamente em instituições como os tribunais e a polícia, Albert Einstein

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publicado às 17:43

LISBOA, UM ANO PERDIDO

por falcao, em 17.07.08

(publicado no diário Meia Hora de 17 de Julho)

 


António Costa é Presidente da Câmara Municipal de Lisboa há um ano. Na sua campanha eleitoral prometeu mundos e fundos. Ao fim destes primeiros doze meses não se vê obra feita – nem na reestruturação de serviços, nem no saneamento financeiro, nem na vida quotidiana da cidade.


Lisboa vive num clima de cortes de despesa, que se começa a sentir no estado das ruas, na limpeza dos jardins e espaços públicos. As juntas de freguesia são desprezadas, são-lhes retiradas condições para poderem cumprir projectos e até passos importantes de anteriores executivos – como a reabilitação de Monsanto – começam a dar sinais de regressão.


Na frente cultural o desastre é total. Não há estratégia nem plano, tudo se resume a umas manifestações folclórico-propagandísticas que ocupam a Praça do Comércio aos Domingos, dificultando o trânsito e a vida normal dos lisboetas.


Organismos culturais independentes estão a entrar em crise – como os Artistas Unidos – e uma boa parte das iniciativas que marcavam Lisboa encontraram asilo em Oeiras e Cascais. Por estes dias duas prestigiadas publicações internacionais – a revista «Monocle» e o diário «New York Times» apontavam Lisboa como uma cidade a seguir – isto não nasceu de repente, foi o resultado de um trabalho de vários anos, de uma programação diversificada e internacional, da criação de pólos de atracção – quase todos destruídos - desde a Moda Lisboa até à Lisboa Photo, passando pelo Africa Festival.


A cidade vive da fama ganha nos últimos anos e daquilo que ainda consegue sobreviver. Por este andar, quando este ciclo político terminar, arriscamo-nos a ter o deserto e Lisboa será, mais uma vez, um destino ignorado. É uma pena, agora que o trabalho anterior começava a dar frutos, que tudo esteja a ser desmembrado.


Para mim é um mistério como se deixa que as coisas se degradem na área cultural ao ponto em que estão – e que na vereação municipal isto seja assunto de que não se fala. Preocupados com as suas sinecuras político-partidárias os vereadores – da maioria e da oposição – mostram em relação às políticas de desenvolvimento cultural e criativo da cidade um desprezo que mostra a sua falta de estrutura enquanto cidadãos. Da esquerda à direita é lamentável, simplesmente lamentável. 

 

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publicado às 18:43

Lisboa na moda

por falcao, em 14.07.08

Apesar das malfeitorias dos sucessivos autarcas, a cidade


 


resiste:


 


http://travel.nytimes.com/2008/07/13/travel/13Lisbon.html?8td&emc=tda1


 


 

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publicado às 17:19

MAU - Um desespero, a discoteca da FNAC no Chiado. Cada vez tem menos coisas, cada vez é mais difícil encontrar discos, sente-se falta de reposições, quando se quer não se encontram empregados para consultarem o sistema informático e dizerem se existe o que se pretende. No aniversário da Bossa Nova, esta semana, terça à noite, não existia um único João Gilberto e não sabiam quando viria. Nos livros a desarrumação persiste – fiquei por exemplo a saber que o portuguesíssimo João Pereira Coutinho é um autor brasileiro – pelo menos está nessa prateleira. Resultado, cheguei a casa e encomendei os discos que queria na Amazon, onde encontrei o que pretendia sem dificuldade. Acho que foi a única vez que saí da FNAC sem gastar um cêntimo. E tão cedo não volto lá. 

 


 


IRRITANTE - Amigos meus, que gostam de praia, contam-me uma história alucinante – por causa das novas regras dos parques de estacionamento acabaram os bilhetes de dia inteiro ou meio dia nos parques das praias. Contaram-me que a ASAE terá exigido que os parques da praia de S. João (na Costa da Caparica), deixassem o sistema antigo e passassem à taxação ao minuto. O resultado é que ao fim de semana há filas imensas, chega a demorar-se três quartos de hora a sair, tem havido cenas de quase violência, cancelas forçadas e má disposição geral no fim de um dia que devia ser de descontracção. Pior – as longas filas com carro a trabalhar contribuem para a poluição, fazem gastar combustível, enfim tudo o que se devia procurar evitar. Ele há leis absurdas quando aplicadas cegamente, não há? 

 


 


DESNECESSÁRIO - Estava esta semana no Aeroporto de Lisboa, na zona das chegadas, e dei com um belo quiosque da ANA que ao lado tem um cartaz sobre o museu da empresa, mostrando uma fotografia de Fidel Castro a sair de Lisboa no dia 17 de Maio de 2001. A fotografia é absolutamente anódina – não se percebe onde foi tirada, podia ser aqui ou noutro local qualquer. É irrelevante do ponto de vista documental e fotográfico. E no entanto é esta a imagem que é oferecida pela ANA a quem chega (ou a quem espera quem chega). Aguardo ansiosamente que ao lado sejam colocadas fotografias de Hugo Chávez , talvez abraçado a Mário Soares ou a José Sócrates. 

 


 


LER – Sabiam que há portugueses envolvidos na história do faroeste norte-americano? Pois há e vale a pena conhecer como fizeram parte da construção da lenda.  Dois autores norte-americanos, Donald Warrin e Geofrrey Gomes, ambos professores em universidades da Califórnia, o último de evidente ascendência lusitana, têm investigado a presença de portugueses na América.  Logo a abrir o livro, os autores citam Frederick Jackson Turner: « O verdadeiro ponto de vista da história desta nação não é a costa atlântica, é o imenso oeste». Neste livro há índios, comércio de peles, a corrida ao ouro, a contrução de linhas férreas ou a criação de gado, todos presentes em histórias protagonizadas por portugueses, muitas ligadas à  caça à baleia, actividade que trouxe a maioria dos imigrantes portugueses para a costa do Pacífico. Vale a pena destacar o excelente prefácio de Joel Neto (um dos melhores jornalistas da sua geração), que chama a atenção para a maneira como os portugueses sempre preferiram viver em comunidades fechadas, nunca se envolveram na política nem em actos cívicos relevantes, seja na Igreja ou no sindicalismo, ao contrário de irlandeses e italianos. O individualismo e a competitividade, sublinha Joel Neto, reinaram sempre – e talvez aqui, digo eu, se possa explicar muito do nosso triste fado e o enorme desalento que varre o país. Não percam este «Os Portugueses No Faroeste, Terra A Perder De Vista», de Donald Warrin e Geoffrey Gomes, edição Bertrand, 450 pgs. 

 


 


OUVIR – Confesso que uma das minhas primeiras paixões musicais foi música antiga inglesa tocada em guitarra clássica (ou guitarra espanhola como os britânicos lhe chamam). Ao longo da minha vida, ainda nos tempos do vinil, apanhei alguns discos de um intérprete lendário, Julian Bream, um autêntico menino prodígio que começou a tocar em público aos 12 anos. Especializou-se em guitarra clássica e alaúde e, especialmente, num dos grandes compositores ingleses da época Isabelina, John Dowland. Mais tarde interpretou também repertório de Bach escrito para o instrumento e foi em torno das suas interpretações destes dois compositores que ganhou fama em finais da década de 50, tinha então pouco mais de 25 anos de idade. A Deutsche Grammophon pegou agora nas gravações originais da época, tratou-as digitalmente e editou um precioso álbum em que Julian Bream interpreta precisamente Dowland e Bach. Se não conhecem, nem imaginam o que estão a perder; se gostam da sonoridade da guitarra clássica e de música antiga, nem hesitem. («Julian Bream plays Downland and Bach», duplo CD Deustsche Grammophon) 

 


 


IR – Amanhã, sábado dia 12, o quarteto de Branford Marsalis toca na Cidadela de Cascais, integrado no XXVII Estoril Jazz, um clássico que vem pela mão de Duarte Mendonça. Hoje mesmo, sexta-feira, é a vez do quarteto de Bobby Hutcherson. Para quem gosta de outras músicas, o Optimus Alive no Passeio Marítimo de Algés, uma produção dirigida por Álvaro Covões, que oferece  hoje  Bob Dylan e Nouvelle Vague e amanhã Neil Young e Ben Harper, entre muitos outros – trata-se, de longe, do melhor cartaz de todos os festivais de Verão – uma boa lição de qualidade para a miséria de elenco que tem sido o Rock in Rio em Lisboa. 

 


 


BACK TO BASICS – Quando o pessoal não sabe dançar, diz-se que a sala está torta, anónimo. 

 

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publicado às 17:17

O CINEMA NA CIDADE

por falcao, em 10.07.08

(Publicado no diário Meia Hora de 9 de Julho)

 


A Câmara Municipal de Lisboa anunciou recentemente a intenção de constituir uma Film Commission, como instrumento auxiliar da captação de produções audiovisuais para a cidade. É uma boa iniciativa, que pretende dotar Lisboa de um organismo que fomente o investimento estrangeiro nesta área. Aqui ao lado, em Espanha, há Film Commissions em Barcelona, Madrid, Valência e Sevilha, e Londres e Paris são outras cidades europeias com grande actividade nesta área.


Há, essencialmente, três aspectos da actuação de uma Film Commission, que se desenvolvem em planos diferentes: em primeiro lugar elaborar um guia de filmagens, com imagens de locais naturais, monumentos, etc, indicação de serviços técnicos e de produção disponíveis localmente, um guia de profissionais portugueses em regime de «free-lance» e um levantamento de tudo o que pode ajudar à actividade; em segundo lugar uma entidade que tenha capacidade de receber, analisar e despachar os pedidos de filmagem, que seja ágil e dê resposta em tempo útil e evite uma peregrinação a dez entidades diferentes; e, finalmente, a obtenção de um regime fiscal que torne competitivo a um estrangeiro vir produzir a Portugal.


Esta é a parte mais delicada de toda a questão: hoje em dia não chega ter muitas horas de sol, lindos cenários naturais e profissionais bem preparados para conquistar produções internacionais, sejam de publicidade, sejam de televisão ou de cinema. Com o IVA à taxa que temos, perdemos logo directamente em competição com a Espanha. Com a dificuldade de reembolso do IVA em algumas produções internacionais, perdemos em relação aos outros países (e Film Commissions) que obtiveram incentivos e regimes especiais que atraem o investimento estrangeiro. Convém aqui recordar que uma produção internacional investe dinheiro directamente no sector e consome (muito) em toda a cadeia turística – hotéis, restaurantes, rent a car, etc.


A Câmara Municipal de Lisboa faria bem em se aconselhar com os profissionais do sector, faria bem em articular os seus esforços com a iniciativa de construção de uma Cidade do Cinema, no Barreiro, por iniciativa de Carlos Matos, um português que tem forte actividade na área do cinema nos Estados Unidos. E faria bem em estudar os bons exemplos no estrangeiro e não se limitar a fazer uma espécie de simplex para o audiovisual.  

 

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publicado às 12:57

PÉSSIMO – Caso se confirme o arquivamento do caso Maddie essa é uma péssima notícia para a justiça portuguesa, um facto que mostra a total incapacidade da Polícia Judiciária em mais um caso de desaparecimento. A Judiciária está a criar a desagradável reputação de só conseguir provas à base de confissões em interrogatórios apertados. Quando pode apertar – talvez até abusar – obtém alguma declaração, mas mesmo aí não consegue encontrar uma prova, como aconteceu no caso de outro desaparecimento, no Algarve, de uma menina chamada Joana. Era interessante pegar em casos semelhantes – desaparecimentos de menores – ocorridos em Portugal nos últimos 20 anos – e analisar quais os solucionados, com provas descobertas pela Judiciária. Cada vez mais se gera a sensação de que a Judiciária é incapaz de investigar crimes violentos. Será ineficácia, falta de preparação, medo, ou pura e simplesmento desprezo pelas vítimas? 

 


 


MAU – Nos últimos três anos, por esta altura, realizava-se em Lisboa o África Festival, que pretendia afirmar a cidade como uma plataforma de encontro entre a cultura portuguesa e expressões culturais africanas, com destaque para as dos países de expressão portuguesa. Concertos, exposições e ciclos de cinema realizaram-se nos últimos três anos. O Festival, que se estava a implantar (com boa repercussão na imprensa estrangeira), e desempenhava um importante papel na estratégia de posicionamento cultural de Lisboa a nível internacional, desapareceu pela habitual razão, falta de verbas. Mas na folha de gastos, e nos balanços anuais, a triste realidade é que foi substituído pelas animações folclóricas de Domingo na Praça do Comércio. Se juntarmos os custos desses Domingos aos da exposição laudatória do génio do putativo candidato a sucessor do Marquês de Pombal  – estou a falar do vereador Manuel Salgado – de certeza que o Africa Festival era mais barato, tinha mais público e mais resultados em termos internacionais. Questão de prioridades, de políticas e de vaidades… 

 


 


 


BOM – A Meo passou em meados de Junho o objectivo dos 100.000 clientes, que estava previsto para Dezembro próximo. E nos últimos 12 dias desse mês conseguiu mais 17.000 novos clientes, uma média de 1400 novos clientes por dia. Zeinal Bava tem razões para se mostrar satisfeito com esta primeira grande batalha da sua nova PT. 

 


 


OUVIR – Passo os dias a ouvir o novo disco dos Coldplay, canções magníficas, ambientes sonoros (produzidos por Brian Eno), verdadeiramente exemplares. A generalidade da crítica considera o novo «Viva La Vida, Death And All His Friends» o melhor álbum da banda ,  inspirado pela obra de Frida Kahlo, diz Chris Martin o vocalista. As boas vendas obtidas pelo disco provam o estatuto que os Coldplay atingiram ,mas são também um sinal de como estratégias de marketing musical alternativas podem funcionar num mercado em crise. Downloadas gratuitos de uma canção, dois singles diferentes enviados às rádios e concertos gratuitos em grandes cidades são responsáveis pelo êxito, que inclui cerca de um terço do total de vendas feitos sob a forma de downloadas pagos na Internet. Para além do negócio, a verdade é que «Viva La Vida» é uma grande canção e que este é um magnífico álbum.  

 


 


PROVAR – Se querem saber o que é um presente saboroso e inesquecível, experimentem umas magníficas caixas de seis embalagens de conservas do fabricante «La Gôndola», um conserveiro tradicional da vila de Perafita, próxima de Matosinhos. No delicioso presente que recebi tinha polvo de caldeirada, sardinhas em tomate e azeite, ovas de bacalhau (um petisco!!!), sardinhas pequenas em azeite, sardinhas em escabeche e lulas de caldeirada. Tudo delicioso. Em Lisboa as caixas oferta podem ser encontradas no Gourmet do Jumbo das Amoreiras. 

 


 


 


 


PETISCAR – O que pode fazer o sucesso de um restaurante? – Boa comida, estacionamento fácil bom serviço, boa vista, simpatia e bom ambiente. Pois é isto mesmo que se encontra no «Spianata», um restaurante com inspiração italiana, situado na Travessa de Santa Quitéria 38, por cima de um supermercado e de um parque de estacionamento, mesmo ao pé da Av. Pedro Álvares Cabral. O dono da casa tem tradição – esteve há muitos anos no La Trattoria e depois foi um dos fundadores do Mezzaluna. Voltou agora às lides com este Spianata. Massas honestas, pizza de massa muito fina e crocante, garrafeira comedida e a preço decente. Para além de tudo o mais, o restaurante dispõe de uma grande esplanada com uma vista fantástica de Lisboa, muito simpática nestas noites de Verão. Ao almoço há um buffet despretencioso. A relação qualidade- preço devia ser um exemplo para muita gente. Telefone 213881892. 

 


 


LER – Poucos livros me deram tanto prazer nos últimos tempos como uma imaginativa edição de «The Bob Dylan Scarpbook: 1956-1966». Devo esclarecer que este não é um livro no sentido clássico, é um objecto de evocação de memória, de reconstituição de uma época ( a da fase inicial da carreira de Bob Dylan). Para quem seja devoto de Dylan – como eu confesso que sou – isto é mesmo uma delícia. O livro reúne textos de Robert Santelli e agrupa reproduções dos manuscritos de letras de canções como «Talking New York» ou «Blowin In The Wind», reproduções de documentos pessoais, fotografias, bilhetes e cartazes de concerto, memorabilia diversa, tudo paginado com um grafismo inventivo. O livro inclui ainda um CD com gravações de entrevistas dessa época. À venda na FNAC. 

 


 


Back To Basics – Não podemos regular a inovação -  senso comum não aplicado por alguns reguladores nacionais.

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publicado às 17:21

Publicado no diário Meia Hora de 2 de Julho

 


 


Por estes dias o Museu Colecção Berardo assinalou um ano de vida com 24 horas de festa. Este é um daqueles assuntos sobre os quais tenho sentimentos divididos.


Vamos primeiro ao lado positivo – o Museu tem muitos visitantes e, para além da Colecção Berardo, tem existido uma programação diversificada e de qualidade, melhor até do que seria expectável.


Lado negativo – o CCB perdeu a diversidade que tinha e a coerência de programação multidisciplinar ao perder o Centro de Exposições, que desapareceu. E, do lado negativo, está também a forma como o negócio foi montado entre o Estado e Berardo.


Mas, já que o Estado quis assegurar a Colecção Berardo e garantir a existência do respectivo Museu a qualquer preço, já que se dispôs a entregar uma parte de um edifício público, mais valia que tivesse feito o mesmo num local que estava calhado para albergar esta colecção e este Museu, o Pavilhão de Portugal.


Na última semana o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa veio a público constatar a evidência – o Pavilhão de Portugal está desaproveitado, a forma como tem sido utilizado degrada o edifício e evidentemente isto é lamentável. António Costa propõe-se resolver a situação – e isso é uma boa ideia.


Como nunca é tarde para corrigir e melhorar, proponho aqui que a colecção e o Museu Berardo lá sejam instalados – o acordo com o Estado mantém-se, a utilização de um espaço público idem e restitui-se o Pavilhão de Portugal à sua natural vocação expositiva, ao mesmo tempo que o CCB recupera uma área que lhe é preciosa para a programação.


Permito-me acrescentar um outro argumento: Lisboa é um destino turístico de «short-breaks» - férias curtas de fim de semana. Faz sentido ter um pólo cultural e de entretenimento a ocidente da cidade e outro a oriente – o perfeito para uma estada de dois dias.


Na zona ocidental estão a Torre de Belém e os Jerónimos, o Museu (actual ou futuro) dos Coches e o CCB, para além das muitas esplanadas ribeirinhas. No lado oriental, ao Museu do Azulejo, ao Casino de Lisboa e Oceanário, poder-se-ia adicionar o Museu Berardo no Pavilhão de Portugal. Lisboa ganharia em oferta, em dispersão de actividades, em acessibilidades aos equipamentos.


Nunca é tarde para melhorar as coisas, pois não? 

 

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publicado às 17:18


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