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COMUNICAR – O PSD está em vias de deixar de ser um partido político para se tornar num fórum de discussão sobre como comunicar. Como bem refere Luís Paixão Martins no seu blog (lpm.blogs.sapo.pt), «é  a comunicação quem organiza a nossa sociedade» e não se pode fugir a isso. Com a devida vénia aqui fica uma citação mais alongada, não seria fácil dizer melhor sobre o tema: « a base eleitoral de um partido político, dos activistas mais fundamentais aos votantes menos firmes, é uma comunidade que precisa de estar permanentemente a ser conduzida pela Comunicação. O que pensa hoje o eleitorado potencial do PSD, incluindo os seus principais activistas, sobre os temas “políticos” das últimas semanas? Quem lhe deu os argumentos para formar um pensamento coerente e dinâmico? Que racional é que ele tem para estruturar uma ideia de alternativa às políticas do Governo (que são devidamente comunicadas)? ». A contenção comunicacional, como LPM afirma, na realidade está a dificultar a criação do “cimento” interno que o PSD precisa para se manter. No meio de tudo isto o que mais me custa é assistir à transformação da política numa mera sucessão de auditorias e de «due dilligencies», rigorosa e desapaixonadamente feitas e apresentadas, em vez de uma actividade de criação de estratégias e tácticas alternativas. 

 


 


SEGURANÇA – No caso da proliferação de acções de crime violento nos últimos tempos acho que é injusto assacar as responsabilidades em exclusivo à actuação do Ministério da Administração Interna. Uma boa parte da culpa e uma grande parte das causas deve ser procurada na actuação do Ministério da Justiça e do sistema judicial em geral, que repetidamente criou ao longo dos anos a noção da impunidade, da suavidade das punições, que tornou vulgar que detidos em flagrante delito fossem soltos no dia a seguir, ou ainda a criação de reformas legislativas que não conseguem ser eficazes no objectivo de combater a criminalidade. E sobre isto tudo muito estranho o silêncio do Ministro da Justiça e do Primeiro Ministro. 

 


 


 


METRO – O Metropolitano de Lisboa está muito contente por ter melhorado os seus resultados operacionais em 2007. Eu, que habito e trabalho em Lisboa, não consigo compreender a impunidade com que o Metropolitano não cumpre prazos das obras e não tem o menor respeito por quem anda na cidade. No prolongamento da linha vermelha a zona do Saldanha a S. Sebastião está completamente esventrada há anos. Depois de várias actualizações de prazo, a placa das obras dizia que elas ficariam concluídas no segundo trimestre de 2008. Vamos quase no fim do terceiro trimestre e tudo continua na mesma. Pior: não há actualização de informação, não há respeito pelos lisboetas, não há decência. A Câmara Municipal de Lisboa não pode multar o Metropolitano pelos transtornos que ele causa?  

 


 


METRO – No site do Metropolitano de Lisboa existe uma grande lenga-lenga sobre o apego da empresa às artes, apresentando um programa de acções culturais nas estações. O site esquece-se de referir as acções que de facto marcam a actuação da empresa nas estações, como a destruição dos painéis de azulejos originais de Maria Keil, feitos na década de 60. Face à destruição foi colocada a questão de saber se seria devida indemnização à autora. Pois a decisão do Metropolitano foi a de que não havia lugar a indemnização porque a autora tinha oferecido a obra, não tendo sido por ela remunerada. É de mim, ou o mundo está ao contrário? O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa não quererá instruir o seu representante na Administração do Metropolitano para que estas coisas não aconteçam, ou António Costa prefere esquecer o assunto? 

 


 


RENOVÁVEIS – Imprescindível a leitura do artigo de Nigel Lawson na edição da revista «Time», intitulado «What´s Green And Goes Pop?». A ideia geral é que depois da explosão da bolha da internet e da explosão da bolha do crédito subprime, a próxima bolha a explodir será a dos investimentos nas energias renováveis. Lawson explica como os subsídios governamentais estão a distorcer a paisagem do investimento em energias renováveis, questiona uma série de decisões e práticas, da União Europeia por exemplo, e desmistifica algumas crenças comuns sobre o aquecimento global e a exequibilidade do protocolo de Kyoto. Vale a pena ler e meditar, digitem o nome do autor ou do artigo no site da «Time» (www.time.com ) e chegarão lá com facilidade. 

 


 


MAGNOLIA – Em tempos habituei-me a frequentar um restaurante deste nome perto do Campo Pequeno. O restaurante cresceu para uma mini-cadeia de lojas e abriu há pouco tempo uma delas nas Avenidas Novas. Em duas visitas tive duas decepções: em primeiro lugar no serviço, quer ao balcão, quer na sala – porque é estes restaurantes desprezam o serviço? E depois na confecção e qualidade da comida, nas duas ocasiões, me pareceu bem pouco aliciante. Vou dar ao caso o benefício da dúvida mas no entretanto sugiro aos responsáveis do Magnólia que provem, ali bem perto, os pastéis de massa tenra da Pastelaria Sá, na esquina da Miguel Bombarda com a Conde de Valbom, para perceberem como as coisas devem ser feitas. E já agora, passem a ter Água das Pedras em vez das outras que propõem em alternativa, é irritante limitar as escolhas aos consumidores, sobretudo quando não é para melhor. 

 


 


OUVIR – A banda sonora da semana é mais um disco da colecção «Verve Originals», desta feita «The Ramsey Lewis Trio At The Bohemian Caverns». Gravado nesse bar de Washington em Junho de 1964, este disco inclui, logo a abrir, um medley extraordinário de temas de «West Side Story» e depois versões fantásticas como a que é apresentada de «Fly Me To The Moon».  

 


 


BACK TO BASICS – O silêncio alimenta-se a ele próprio e quanto mais tempo fôr mantido, mais difícil se torna encontrar alguma coisa para dizer – Samuel Johnson 

 

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publicado às 11:10

A NOVA CORRUPÇÃO – Nos últimos tempos tem-se assistido ao surgimento de uma nova corrupção, que não tem a ver nem com vantagens pecuniárias, mas sim com vantagens políticas, poder e um recorrente espírito messiânico (o caminho da razão, a certeza de bem fazer, os detentores da verdade, os que só querem o bem do próximo desde que feito por eles). O maior exemplo deste espírito de corrupção política e ideológica está na Câmara Municipal de Lisboa e é personificado por José Sá Fernandes. Eleito pelo Bloco de Esquerda, foi-se distanciado da força que o elegeu com o também messiânico slogan «O Zé faz falta». Nos últimos tempos a sua posição confunde-se com a do PS e ele pouco mais é que um alter ego de António Costa- sempre em nome do bem colectivo. Esta forma de estar na política, ziguezagueando, é uma nova forma de corrupção do sistema, de total desrespeito pelos eleitores e de uma nova forma de demagogia e de populismo tão perigosa como todas as outras.   

 


 


AS EXPLOSÕES – Sucedem-se as explosões nos bairros sociais da periferia das grandes cidades. O fenómeno não é novo nem nacional, existe um pouco por todo o mundo mas seria bom que, aqui, os responsáveis pelo que foi feito e os actuais responsáveis analisassem as causas e estudassem medidas. A «reinserção social» defendida pelas almas cândidas em meados dos anos 80 e princípios dos anos 90 tornou-se num barril de pólvora com rastilho curto. Ao longo dos anos o Estado, as polícias e as autoridades diversas deram sucessivos sinais de impunidade e de alheamento de tudo isto. Retomar capacidade de dissuasão, voltar a garantir segurança e conseguir exercer autoridade não vai ser tarefa fácil e, sobretudo, não se conseguirá concretizar apenas com palavras – este é o outro lado, mais fundo e perigoso, da crise do sistema judicial português. 

 


 


POLÍCIA – Há semanas a polícia e os bombeiros foram chamados, por amigos e familiares, para arrombarem uma casa onde residia um casal de idosos que há dias não dava sinais de si. Uma vez dentro de casa depararam-se com um cenário de horror e destruição, com ambos os idosos com sinais de agressão e maus tratos, necessitando os dois de cuidados hospitalares. Pois a polícia, presente no local, não recolheu provas, não procurou indícios, não isolou o local, não abriu uma investigação. Limitou-se a fazer figura de corpo presente para a abertura da porta e fechou os olhos à realidade à sua frente. Será isto uma coisa normal? 

 


 


AS FÉRIAS – O Primeiro Ministro foi a banhos depois de ter anunciado como exclusivo do seu Governo uma coisa que afinal que já existia há meses em vários países (o computador Magalhães que é o Classmate concebido pela Intel para os países do terceiro mundo). No regresso de férias anuncia como grande triunfo a criação de um call center da PT na zona de Santo Tirso, mas as duas centrais sindicais lançam críticas à política de emprego do Governo. Pior que isso, é brindado com uma declaração do seu amigo Hugo Chávez, que publicamente anuncia ao mundo que Sócrates lhe garantiu em Lisboa que a economia portuguesa estava estagnada. Pior ainda, tudo indica que não vai conseguir fazer a propaganda que desejaria em torno dos resultados portugueses nos Jogos Olímpicos. 

 


 


CULTURA -. Da maneira que este Governo tem funcionado, mais vale repensar a existência, em próximos executivos, de um Ministério da Cultura. Falta de peso político, falta de estratégia e decisão, perca de iniciativa para a área da Economia e Turismo, paralisia das instituições, ausência de projecto, actividade residual. Para que serve manter uma máquina assim? 

 


 


PETISCAR – Delicados filetes de linguado com açorda (fritos no ponto), amêijoas fresquíssimas, azeitonas excepcionalmente bem temperadas e, a rematar, a melhor talhada de melão do ano. Onde se passa tudo isto? No restaurante Rosita, na Estrada Nacional 10, na esquina com a estrada que liga a Brejos de Azeitão. Em cima sala para não fumadores, em baixo sala para cigarros. Fecha à quinta, ementa variada – picanha muito bem fatiada é uma alternativa para os carnívoros. Telefone 212 189 133. 

 


 


LER – Um dos meus livros destas férias tem sido «Tóquio Ano Zero» de David Pearce, um «thriller» passado no Japão, em Tóquio, logo a seguir ao fim da Segunda Grande Guerra. Investigações sobre violações e assassinatos de jovens raparigas cruzam-se com o renascer do crime organizado, com a perseguição às autoridades do período da guerra, com a miséria que alastra pelo país. É um retrato pouco conhecido no ocidente, a miséria a conviver com o sexo, o cruzamento da investigação policial com as tradições e convenções milenares de uma sociedade em clara ruptura. Na origem a história, real, de um serial killer, Kodaira Yoshio, e do detective Minami que tenta deslindar os mistérios envoltos em jogos de poder. A escrita de Pearce é além disso notável, com um sentido rítmico perturbante e envolvente, por vezes a sugerir poesia no meio das mais complexas situações. Nota positiva para a boa tradução, de Rita Graña, para a editora «Tinta da China». 

 


 


OUVIR – Esta semana destaco mais um disco da fabulosa colecção «Verve Originals» distribuída por cá no início do Verão. É uma gravação ao vivo, protagonizada  por B.B. King e foi feita no Apollo Theatre em 10 de Novembro de 1990, com King a ser acompanhado pelo pianista Gene Harris e a Philip Morris Super Band, recheada de grandes músicos. É um disco de blues absolutamente imperdível, que abre com a versão de BB King para um original dos U2, «When Love Comes To Town» e passa por temas clássicos como «The Thrill Is Gone», «Sweet Sixteen» e «Since I Met You». CD «BB King Live At The Apollo», Verve Originals, Universal Music. 

 


 


BACK TO BASICS –Oitenta por cento do segredo do êxito reside em aparecer o mais possível – Woody Aleen. 

 

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publicado às 13:34

PSD – Até posso compreender que Manuela Ferreira Leite se queira distanciar do folclore dos comícios de Chão da Lagoa ou do Pontal; o que já me custa a perceber é que se queira distanciar de qualquer forma de pronunciamento político e que tenha decidido fechar para férias – o site do PSD não é actualizado desde o fim de Julho. A política tem rituais, os partidos têm rituais e a política é feita com uma boa dose de razão e uma boa dose de emoção. Se um dos ingredientes falha, fica o cozinhado estragado.


 


EXEMPLO – Jorge Nunes é o Presidente da Câmara de Bragança, eleito pelo PSD. Nesta década investiu 22 milhões de euros em infraestruturas, equipamentos e actividades culturais. É provavelmente o maior investimento de uma autarquia na área da cultura. Pelo caminho estabeleceu parcerias (com Serralves, por exemplo) e pôs de pé um Teatro Municipal que tem uma taxa de ocupação de 75 % e que apresenta produções actuais e diversificadas. Não conheço Jorge Nunes, mas sei que um autarca que investe assim faz mais pela criatividade, pela capacidade de atracção de quadros e pelas condições de vida do seu concelho do que os que só sabem fazer rotundas e vias rápidas. Bragança tem também um Centro de Ciência que me dizem ser exemplar. António Costa bem podia pôr os olhos nesta estratégia e nesta forma de agir, em vez de reduzir Lisboa ao vil e apagado estado em que se encontra em matéria cultural.


 


OLÍMPICOS – A Eurosport está a dar dez a zero à RTP na qualidade dos comentários que acompanham as suas transmissões dos jogos olímpicos. A cerimónia da abertura dos jogos, via RTP, foi um exercício de preguiça e indigência mental dos respectivos comentadores. No canal Eurosport percebeu-se que os comentadores portugueses que estavam de serviço tinham feito o trabalho de casa e não abriam a boca apenas para ocupar espaço


 


DELICIOSO – As publicações Serrote editam objectos tipográficos que vão de cadernos a cartões, passando por livros. São edições especialíssimas cujos temas vão desde motivos minhotos a futebolísticos, passando pela caligrafia ou tecidos estampados, para além de uma magnífica série de cartões para diversas ocasiões. A meio caminho entre o recambolesco e o saudosista, as edições Serrote marcam um espaço de imaginação que é o ideal para uma prenda surpresa. Estes deliciosos objectos completamente portugueses são feitos com os cuidados da velha arte tipográfica e estão á venda nos Estados Unidos, na Coreis do Sul, na Alemanha, no Brasil, Espanha. Bélgica, Japão, Austrália, França e Finlândia. Por cá existem em várias cidades nas boas livrarias indicadas no site www.serrote.com .


 


BEIRA DA ESTRADA – No Verão gosto de parar nos restaurantes e snack bares de beira da estrada que tenham camiões e motocicletas paradas à porta. Quantos mais camiões e motocicletas, maior a probabilidade de se comer bem. Nestes restaurantes é frequente que a banda sonora do jantar tenha juras de amor em forma de canção, invariavelmente transmitidas pela Romântica FM, a rádio que mais toca nestes estabelecimentos. Nestes sítios não há pretensiosismo, apenas serviço simpático e amigável, boa matéria prima, abundância e qualidade de confecção. Tudo isto se encontra em «O Retiro do Gama», que se orgulha do peixe fresco, do choco frito (às vezes também há enguias para fritar…) das amêijoas, caracóis, salada de polvo e da doçaria de inspiração conventual feita na casa. O vinho a jarro é da região e acompanha bem. O «Retiro do Gama» fica ena rua principal de Cabanas, Quinta do Anjo, Palmela, e pode ser contactado pelo 965710693. Fecha às segundas e terças. 


 


LER – Philip Kerr é um escritor escocês de livros policiais, grande parte baseados em incidentes surgidos no pós II Grande Guerra. «The One From The Other» conta uma história com passagem pela Alemanha no início da reconstrução, pelos primórdios do Estado de Israel, e pela forma como os maus espíritos – americanos ou nazis – se podiam facilmente encontrar e entender nesses tempos. A escrita é descritiva, cinematográfica – não há-de ser por acaso que ele vendeu os direitos para cinema de cada um dos 14 livros que já escreveu. «The One From Another» começa em Berlim, em Setembro de 1937, mas é verdadeiramente em Munique, no ano de 1949, que a acção começa a ganhar forma. Eduição Quercus Fiction, 400 páginas, comprado na Amazon.


 


OUVIR – Terry Callier é um daqueles nomes meio esquecidos no meio do jazz norte-americano. Autor e intérprete, músico e cantor, Callier é um exemplo de grandes canções, com uma inspiração vinda dos blues, baseadas numa simplicidade tão grande como a sua beleza. No final dos anos 90 Callier foi redescoberto por alguns DJ's que passaram a integrar samples de gravações suas nas misturas que apresentavam. «Occasional Rain», o seu histórico disco de 1972, foi agora reeditado pela Verve numa colecção absolutamente fabulosoa, a que hei-de aqui voltar, a «Verve Originals». Amigo de infância de Curtis Mayfield, Callier tem voltado recentemente aos estúdios, como aconteceu este ano, ao lado dos Massive Attack. Se puderem descubram a força e o encanto das canções deste «Occasional Rain». CD Verve/ Universal.


 


GUERRA – O meu filho mais velho, que tem 19 anos e está de férias, telefonou-me a perguntar que guerra era esta, referindo-se à invasão da Geórgia pela Rússia. Que se responde a isto?


 


BACK TO BASICS – A guerra gosta de aparecer como um ladrão pela noite, Ambrose Bierce.

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publicado às 11:52

OLÍMPICOS

por falcao, em 10.08.08

Quando quero ver transmissões dos Jogos Olímpicos, sempre que tenho possibilidade, escolho a Eurosport. Os comentários da RTP são muito piores e tipicamente quem está ao microfone não fez o trabalho de casa. Na Eurosport ao menos sente-se que se prepararam e que não falam apenas para encher o vazio.

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publicado às 17:37

QUEDA LIVRE – Há coisas que um ex-Presidente da República não tinha necessidade de fazer. O artigo de Mário Soares desta semana sobre a comunicação de Cavaco Silva é uma dessas coisas. Soares nunca aceitou a derrota nas urnas, acha-se de uma elite política superior às escolhas do voto e bem que podia remeter-se ao silêncio, quer neste caso, quer nos apoios a Hugo Chávez. E o remeter-se ao silêncio significava ter o bom senso de não fazer as patéticas «Conversas de Mário Soares» nem o lamentável «O Caminho Faz-se Caminhando», com Clara Ferreira Alves, ambos na RTP. Isto não é serviço público, é frete político (saudosista ainda por cima) – vai uma enorme diferença. 

 


 


EFEITOS DO CALOR – « Depois de ter proibido as massagens, o comandante da zona marítima do Algarve, Reis Águas, resolveu proibir a distribuição de maçãs nas praias algarvias por considerar que esta acção seria apenas pura publicidade. A Associação de Produtores de Maça de Alcobaça pretendia distribuir as maçãs gratuitamente, como o fez em 2007, nas praias entre Aveiro e Lisboa. O presidente da Associação de Produtores, Jorge Soares, defende-se, dizendo que o objectivo da acção era o de sensibilizar para os benefícios de comer maçãs. Algumas capitanias proibiram a distribuição deste fruto, alegando tratar-se de publicidade que sujaria as praias. O Presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, Manuel Carrageta, não consegue entender tal proibição. Esta acção, um projecto em parceria com a Comissão Europeia, e o ministério da agricultura, que tinha como objectivo combater a obesidade não vai poder acontecer, ao contrário do que tem acontecido noutros anos.» (à excepção do título, integralmente citado da minha fonte de notícias em férias, www.tsf.pt ).


 


SUGESTÃO – Que O Sr. Reis Águas se junte ao Sr. Nunes da ASAE e vão os dois de viagem para Marte – a coisa lá parece carecer de regulação…


 


CTT – Descobri esta semana que a minha correspondência andava a ser entregue há quase dois meses na casa de um vizinho, da mesma rua. O nome da casa é parecido, os nomes dos endereços não têm nada a ver. Na realidade os carteiros já não são o que eram, os CTT já nem cartas conseguem entregar aos seus destinatários. Não sei que formação dão aos carteiros, não sei se quando começam uma ronda nova lhes explicam onde ficam as ruas e as casas das ruas sem numeração, a verdade é que a situação me provocou vários prejuízos. E, agora pergunto eu, se os CTT não servem para entregar correio, para que servem afinal? Tenho impressão que os novos negócios dos velhos correios atingiram o «core business» da empresa… 

 


 


LER – Tenho um especial gosto por aquelas editoras que se dedicam a fazer livros que de outra maneira não iria apanhar. Entre elas está a Tinta da China (www.tintadachina.pt), que tem vindo a publicar uma deliciosa colecção de clássicos mal conhecidos, com cuidados na apresentação – capa dura, bom formato, bom papel. A minha leitura destes dias tem sido o delicioso «Dicionário do Diabo» de Ambrose Bierce, um jornalista norte-americano que fez fama com uma coluna num jornal do final do século XIX. Cujos excertos são aqui compilados. Ao contrário do que o título sugere, esta não é uma elegia a Belzebu, apenas um constatar de factos correntes, a maioria actualíssimos e justíssimos. Imperdível o prefácio de Pedro Mexia. 

 


 


OUVIR – Vladimir Horowitz deu o seu derradeiro recital público em Hamburgo, a 21 de Junho de 1987. Tocou Schubert, Schumann, Chopin, Liszt e Mozart. Tinha, nessa data, 83 anos. O recital foi gravado para a rádio NDR Kultur e a Deustche Grammophon fez agora a primeira edição desse registo, uma mostra da capacidade de interpretação e do génio de Horowitz, da sua enorma capac idade de comunicar através da música. CD «Horowitz in Hamburg – The Last Concert», edição disponível na FNAC. 

 


 


VER – Duas sugestões de fotografia, uma a sul e outra a norte. Comecemos pelo sul, Évora, no Palácio da Inquisição., a exposição «Antologia Experimental» de José Manuel Rodrigues, até 30 de Agosto. No Porto, em Serralves, David Goldblatt, um dos maiores nomes da fotografia contem porânea, até 12 de Outubro. Para aguçarem o apetite vejam o blog de Alexandre Pomar (http://alexandrepomar.typepad.com ), imprescindível para seguir fotografia em Portugal, e visitem www.davidgoldblatt.com .


 


DESCOBRIR – Se está de férias e quer descobrir o que se passa de relevante no mundo sugiro em vez de ver os seus emails no computador, visite alguns sites bem interessantes. Para saber as últimas da tecnologiia nada como o www.wired.com . Se quiser saber o que se passa no mundo a boa solução é www.time.com, e ainda pode espreitar as diversas edições da revista no planeta. Se quiser saber o que se passa em Portugal experimente os novos site da TSF, www.tsf.pt , ou então o nosso sempre estimável www.sapo.pt . Se quiser mesmo manter-se em dia sobre o estado da economia, já sabe: www.negocios.pt . 

 


 


 


 


PETISCAR – Setúbal é uma cidade conhecida pela qualidade do seu peixe. Se quiserem experimentar um restaurante onde a matéria prima é fresquíssima, os preços razoáveis, a garrafeira com bons vinhos da região, visitem o «Poço das Fontainhas» e peçam à D.Ana, sempre a circular entre as mesas, sugestões para o que hão-de comer, desde raia à moda do mar até aos salmonetes à setubalense. Vão ver que não se arrependem. Rua das Fontainhas 98, Setúbal, telef 265 534 807. 

 


 


BACK TO BASICS – A política é uma luta por interesses, disfarçada  de disputa por princípios – Ambrose Bierce. 

 

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publicado às 15:50

A ESQUINA DO RIO

por falcao, em 03.08.08

(Publicado no «Jornal de Negócios» de 1 de Agosto)


 


PUFF! – As ruas de Lisboa cheiram mal, os passeios estão sujos, há sítios onde o branco da calçada é uma recordação. A coisa existe em várias áreas, não é só numa – e não se vêem lavagens de rua frequentes. Que se passa com a limpeza na cidade? Das avenidas novas ao Bairro Alto, passando pelo Martim Moniz, o cheiro nestes dias de calor é pestilento. 




INDECÊNCIA – O pequeno Largo do Chiado é dos melhores locais de Lisboa. Nestes dias de Verão, ao fim da tarde, é um corropio de estrangeiros, ouve-se falar todas as línguas, é engraçado ficar numa esplanada a ver o ambiente. Claro que tudo seria melhor se a esplanada estivesse limpa, mas infelizmente não é o caso. A «Brasileira» do Chiado, ao fim da tarde, é o exemplo do que não pode acontecer – já nem falo da degradação das mesas com a pintura toda estalada e geralmente sujas – basta ver o chão. Na zona concessionada da esplanada, ao fim da tarde, acumulam-se sujidades diversas, restos de embalagens, guardanapos de papel, bocados de pacotes de açúcar. Verdadeiramente não sei o que a Câmara anda à espera para pôr o local na ordem e obrigar os concessionários a manter bem limpa e digna a esplanada melhor colocada de Lisboa, protegida pela sombra de Fernando Pessoa. 

 


 


ROMANCE – Muito curiosa a troca de piropos entre João Cravinho e Alberto Martins, ambos destacados socialistas, a propósito da legislação de combate à corrupção. Cravinho, já se sabe, acha que o assunto não está a ser tratado com o rigor devido. E Alberto Martins acusou o toque. Pelo meio ficaram acusações que nem a oposição se lembra de insinuar. Deve ser uma forma de exprimir a fraternidade socialista, suponho. 

 


 


FUTEBOL – No caso da RTP e do Futebol quem tem que explicar o que quer é o representante do accionista Estado, ou seja o Ministro Santos Silva. Convém que esclareça se o accionista Estado, em vésperas de permitir a abertura de um terceiro canal privado, pretende reforçar a competitividade comercial do operador de serviço público. Aqui a única pessoa com responsabilidades é quem dá orientações, ou seja, o accionista. 

 


 


CHINA – Nestes dias todas as revistas trazem fotografias de Pequim, da nova Pequim, em vésperas do início dos Jogos Olímpicos. Estive lá em 1990, um ano depois dos incidentes de Tiananmen, e quando olho para as fotografias actuais das grandes avenidas nem acredito na transformação acontecida em menos de duas décadas. Arquitectura impressionante, soluções de engenharia inovadoras, uma dimensão enorme, uma cidade completamente transformada, uma sociedade em constante mutação.  

 


 


ESQUISITO – O Ministro da Cultura demitiu o Director do Teatro Nacional D. Maria II sem ter tido uma única conversa com ele sobre o seu trabalho. Ninguém questiona o direito de o Ministro escolher a sua equipa e de não ter que viver com as escolhas da sua antecessora, mas não parece curial, sobretudo nesta área, que se evite o frente a frente e que se assine uma exoneração sem se ter dito ao interessado, olhos nos olhos, que iria ser demitido. Como todos os intervenientes nesta história são crescidinhos, resta pensar que existe alguma coisa escondida em toda esta novela. É do interesse público saber o que se passou e não promover jogos da cabra cega. 

 


 


VER – Merece uma visita a exposição de fotografias de João Silva, um fotojornalista português que trabalha no «The Star» de Joanesburgo. Intitulada «Pesadelo», a exposição agrupa imagens do Iraque, do Afeganistão, do Líbano, do Malawi, da África do Sul, do Gana e do Quénia. Pode ser vista na Galeria do «Diário de Notícias», Avenida da Liberdade 266. 

 


 


LER – A mais recente edição da «Vanity Fair» tem reportagens fascinantes sobre as razões do colapso do Banco Bear Sterns e sobre a história dos conflitos entre os herdeiros de Agnelli e, sobretudo, um exemplo de jornalismo investigativo nos bastidores da campanha de Hillary Clinton, sobre as razões que levaram à sua derrota. Mas melhor que tudo é o editorial do director da revista, Graydon Carter, que – sem papas na língua – revela que Bill Clinton andou a denegrir o autor de um anterior artigo da revista sobre as suas actividades pós-presidenciais. Sempre achei que uma revista como a «Vanity Fair» fazia falta por cá. E que fazem falta mais editores como Graydon Carter. 

 


 


OUVIR  - Nas comemorações dos 50 anos da Bossa Nova vale a pena encomendar da Amazon  (já que por cá não existe) a colectânea «The Antonio Carlos Jobim Songbook», uma edição da Verve feita em 1995 para homenagear Jobim aquando da sua morte. Para além da «Garota de Ipanema» por Stan Getz e João Gilberto com o próprio Jobim, o CD inclui versões de Sarah Vaughan («Corcovado»), Wes Montgomery («Insensatez»), Billy Eckstine («Felicidade»), Ella Fitzgerald («Desafinado»), Óscar Peterson («Wave») e Dizzy Gillespie («Chega de Saudade»).  

 


 


COMER – Picanhas há muitas, mas começa a ser raro encontrar uma que seja tenra, bem cortada e grelhada na brasa como deve ser, sem ficar passada e transformada num bocado de sola de sapato. Um novo restaurante em Campolide, ambiente simples e familiar, oferece uma boa alternativa. «O Assador» é especialista em grelhados de peixe e carne, tem serviço simpático e boa matéria prima. O vinho da casa, da região de Aveiras, acompanha bem os grelhados, o preço no fim da refeição é uma boa surpresa –a par da qualidade do bolo de bolacha sugerido para sobremesa. Fumadores autorizados. O Assador, Rua de Campolide 165 A, Tel 21309870783.


 

 


BACK TO BASICS – A Paz, na política internacional, consiste num período de vigarices, entre dois períodos de conflito, Ambrose Bierce. 

 


 

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publicado às 11:18

PÚBLICO COM NOVO SUPLEMENTO DE HUMOR

por falcao, em 01.08.08

Notícia:


O jornal diário «Público» lançou hoje um novo suplemento de humor, a encapar o «Inimigo Público», inteiramente dedicado à cidade de Lisboa.


Com quatro páginas e muita quadricormia, o novo suplemento mostra um olhar bem humorado e cáustico sobre a gestão autárquica da capital, incluindo várias declarações de personalidades de diversas origens.


O referido suplemento não indica a periodicidade nem a autoria, embora se admita que pode provir de uma recente reunião que juntou o publicitário Pedro Bidarra com o advogado Ricardo Sá Fernandes e o humorista José Sá Fernandes.

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publicado às 22:44


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