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 ONG – Admiro as pessoas que se entregam a causas e que têm a capacidade de fazer, em Organizações Não Governamentais, aquilo que os Governos se mostram incapazes, insensíveis ou desinteressados em fazer. Mostram uma capacidade de mobilização , uma capacidade de atingir objectivos e de alcançar resultados que fazem inveja a muitos gestores. É uma forma de intervenção cívica que vive do princípio de juntar vontades, juntar esforços e evitar a tradicional armadilha da política e políticos tradicionais – dividir para reinar. Espanto-me por isso que Fernando Nobre surja agora no papel de político, forçosamente a provocar divisões entre quem o tem apoiado na AMI, e a meter-se numa luta de facções no mínimo exótica. Resta esperar que no fim desta aventura não seja a AMI a prejudicada – o que é um risco considerável. Ganhar notoriedade no bem comum para depois a gastar no poder pessoal é no mínimo uma coisa desagradável. 



EXEMPLO – Onde é que a arrogância do Governo e a inoperância da Câmara Municipal de Lisboa se cruzam? - Na devastação criada frente à Torre de Belém, que viu a sua área envolvente destruída pelas festividades da assinatura do Tratado de Lisboa. Uma operação de imagem de Sócrates devastou um dos emblemas da cidade e do país e a Câmara lá tem ficado parada a ver o lamaçal adensar-se, nada fazendo em quase três meses para resolver a situação. É mais ou menos desde essa altura que anda a destruir o Jardim do Princípe Real. 


ESTUDO – Na semana passada o semanário «Expresso» publicou um bom estudo elaborado pela empresa de consultoria de Augusto Mateus sobre o peso económico das indústrias culturais e criativas na economia portuguesa. Muito resumidamente conclui-se que este sector já vale mais que os têxteis e quase tanto como o sector automóvel. O bom senso mandaria que os amáveis políticos, que nos governam ou querem governar, se dedicassem a estudar o tema e a apresentar políticas. Mas quase nada surge, muitas vezes o que aparece é meramente rotineiro e bastante ultrapassado, pouco passando de vagas declarações de princípio. Há pouco estudo de bons exemplos internacionais, há pouco conhecimento de tendências, há ignorância na aplicação de vantagens fiscais, continua a preferir-se subsidiar a incentivar. E, na realidade, as indústrias culturais e criativas fortes, para além das vantagens económicas, são um factor de atractividade, de competitividade e de imagem – e menos sujeitas a deslocalizações que as quimondas desta vida. 


FICA – O Fundo de Investimento para o Cinema e Audiovisual foi uma das grandes bandeiras do primeiro Governo de Sócrates na área da Cultura. A ideia em si era boa – mas precisava de dinheiro. Ora nos últimos tempos o FICA tem-se deparado com falta de fundos – o Estado não pagou durante muito tempo (quase dois anos), depois utilizou verbas do CREN para pagar o que devia – solução que levanta dúvidas – e na sequência dos atrasos do Estado claro que as televisões também não entregaram a fatia que lhes competia. Em resumo, o FICA está numa crise de financiamento e de gestão, algumas produtoras já estão a sofrer com o assunto e nalguns casos já se verificam despedimentos. Sobre este assunto – precisamente na área das indústrias criativas e da inovação, que tem o Governo a dizer? 

 


LER – A revista norte-americana «Wired» foi considerada a «revista da década» pela «Adweek», uma publicação especializada na análise de media. A edição de Fevereiro inclui um artigo muito interessante, que podem também ser consultados na edição on line. O artigo mais interessante diz respeito ao novo conceito de revolução industrial no século XXI – uma revolução que muda os paradigmas das grandes instalações industriais para a criatividade individual, desenvolvida em poucos espaços e muitas vezes apenas com recursos próprios. Dá que pensar e vale a pena ler.- «The New Industrial Revolution», por Chris Anderson. 

 


VER – A programação do Museu Berardo, em Lisboa, no CCB, continua verdadeiramente exemplar. Desde o início do mês já inauguraram três exposições dignas de nota e, para a semana, na segunda-feira, arranca uma retrospectiva da obra de Joana Vasconcelos – mas isso ficará para outra ocasião. Das exposições que já estão a funcionar destaco «Body Without Limits» de Judith Barry, surpreendente de criatividade e originalidade na forma de utilizar o vídeo e com uma montagem excepcional – um projecto que teve curadoria de Luis Serpa. Quase tão entusiasmante como a exposição de Judith Barry é a retrospectiva de Robert Longo, um artista norte-americano muito influenciado pela pop (fez vários videoclips para os New Order e REM por exemplo), e que mais tarde se dedicou à escultura e ao desenho. Finalmente, num registo diferente, as fotografias de viagem de Annemarie Schwarzenbach mostram um olhar de época sobre destinos exóticos para uma suíça – entre os quais Portugal. Mas o que interessa reter é a dinâmica da programação, a agitação do local com públicos de várias idades, a variedade de propostas e o empenho em divulgar artistas e as suas obras.  


OUVIR – Depois de um interregno de oito anos Peter Gabriel regressa com um surpreendente disco, onde  reinventa o conceito de versões – reconstrói os originais e com a ajuda de John Metcalfe cria novos arranjos, recorre a instrumentações pouco usuais, alterações de ritmos e harmonias e, finalmente, arrisca interpretações vocais que propositadamente se afastam do que podia ser esperado. Aqui estão canções, de David Bowie, Arcade Five, Magnetic Fields, Regina Spektor, Neil Young mas também de Paul Simon, Talking Heads e Lou Reed, entre outros, numa curiosa recolha de preferências do próprio Gabriel – que nas interessantes notas de capa do disco confessa que o processo de escrita de uma canção foi o que o atraiu para a música. Sublinha que escolheu algumas das suas canções favoritas e focou-se no lado da interpretação e não na criação original. O resultado é um exemplo de criatividade aplicada à reinvenção, muitas vezes mais complexa do que o processo criativo original. «Scratch My Back» é o título do projecto, a que se seguirá um outro disco, com os autores das canções aqui utilizadas a recriarem canções de Gabriel que eles escolherão – e o novo trabalho continua o título deste - «And I’ll Scratch Yours». (CD Real World). 


BACK TO BASICS – Quanto maior o poder, maiores as responsabilidades e maiores as consequências - juiz americano, ao condenar a prisão um alto funcionário por mentir em inquéritos oficiais.


 


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publicado às 11:25

 


PSD – Os primeiros momentos do processo de eleição do novo líder do PSD não são muito entusiasmantes. A começar pelas trocas de acusações entre as equipas de alguns candidatos e a terminar nos nomes que integram algumas dessas equipas e apoios, nota-se que na realidade a mudança não está muito presente. Na realidade se a coisa se resumir a estilo pessoal teme-se que a discussão afinal acabe por se fulanizar.

 

PS – Há poucos dias vi anunciada uma manifestação de apoio a Sócrates para sábado, na Alameda, em Lisboa. Depois deixei de ouvir falar no assunto e percebi que nesse dia ele tem um encontro com militantes do PS no norte. Fico na dúvida se a anunciada manifestação era partida de Carnaval ou se foi mesmo o PS que se transformou numa paródia.

 

BANCA- Razão tinha Vitor Constâncio quando disse que as nomeações para o BCE são mais fruto de habilidade diplomática do que de competência. Não deixa de ser irónico que, depois de tudo o que se passou em Portugal com a supervisão da Banca, na directa dependência de Constâncio, nomeadamente no BPN e no BPP, ele acabe agora por ficar exactamente com a responsabilidade da supervisão bancária no Banco Central Europeu.

 

LIVROS – Olho para o top dos dez livros mais vendidos nas lojas Bertrand na última semana e tenho uma surpresa: «Mudar», de Pedro Passos Coelho, está em terceiro lugar de vendas, logo atrás de «As Regras de Moscovo» de Daniel Silva e «Amor» do inenarrável Paulo Coelho. Atrás do livro do candidato à liderança do PSD estão obras de José Rodrigues dos Santos, Isabel Allende, Dan Brown e Margarida Rebelo Pinto. Que me recorde é a primeira vez que um livro programático de um político português regista este nível de vendas – cerca de 7500 exemplares até agora, com a terceira edição a chegar às livrarias. É curioso aliás folhear «Mudar» - nota-se um cuidado formal, de escrita, de ritmo de escrita, de ligação entre temas, que é invulgar em edições deste género. Na apresentação do livro, Pedro Passos Coelho contou que tinha frequentes conversas com o responsável pela editora, a Quetzal, Francisco José Viegas. Estou em crer que Francisco José Viegas desempenhou de facto o papel de editor, no sentido anglo-saxónico do termo, e assim o resultado final reflectirá as suas sugestões do ponto de vista da forma – pelos vistos com bom resultado.

 

FILMES – Fim de semana de Carnaval: o filme mais visto foi «Dia dos Namorados», que entre 11 e 14 de Fevereiro totalizou 44.285 espectadores. Em segundo lugar está «Avatar» com 43.717 espectadores e, claro, «A Princesa e o Sapo» com 39.366. O primeiro filme português a aparecer foi «A Bela e o Paparazzo» que teve neste período 10.787 espectadores, mas que já acumulou 72.829 espectadores, desde que estreou a 28 de Janeiro – bom resultado até quando comprado com os 115.420 espectadores de «Invictus», que estreou na mesma altura. Outros números – Avatar já ultrapassou o milhão de espectadores em Portugal desde que foi estreado dia 17 de Dezembro, nas nuvens vai com 168.979. De entre os filmes em exibição o segundo mais visto em termos globais é «Sherlock Holmes» que totaliza 394.465 entradas desde 24 de Dezembro.

 

OUVIR – Tom Waits acabou de fazer 60 anos e este seu disco gravado ao vivo em vários concertos na Europa e Estados Unidos, percorre as várias fases dos seus quase 40 anos de carreira – desde os blues ao folk e ao rock, passando pelo experimentalismo, sempre com a sua voz única a servir de catalisador. O grande teste de um disco gravado ao vivo é saber se, depois de o ouvir, nos lamentamos de não ter assistido ao concerto. Pois foi isso mesmo que me aconteceu: fiquei roído de inveja de não ter estado em nenhum dos concertos de Waits. O álbum é duplo, o segundo CD tem 35 minutos de belas histórias contadas despretenciosamente pelo próprio Waits – Tom’s Tales. Também isto é surpreendente. «Glitter And Doom Live», Tom Waits, 

 

VER – «Suspender o Ar» é a nova exposição de Cristina Ataíde, que estará na Casa da Cerca, em Almada, até 16 de Maio. Reinterpretando vários marcos da sua obra, Cristina Ataíde explora ao mesmo tempo algumas curiosas direcções nos seus novos desenhos (que são talvez a parte mais interessante da mostra), muito sensoriais, com uma carga física intensa, mesmo que sendo aparentemente despojados de corpos e da presença humana.

 

PETISCAR – Mesmo ao lado do velho e conservador Belcanto, perto do S.Carlos, fica agora O Largo, um conceito que ultrapassa o mero restaurante e aposta em ser um local para convívio, para ver e ser visto e para poder proporcionar um bom entretenimento, no sentido lúdico e também gastronómico. Há alguns anos que em Lisboa não abria um local assim, com este objectivo assumido de ser o local onde vale mesmo a pena ir. Na cozinha de O Largo está Miguel Castro e Silva (do Bull & Bear no Porto e, mais recentemente, do De Castro em Lisboa). O projecto de arquitectura é de Miguel Câncio Martins, um português com actividade em toda a Europa – o seu desafio era grande já que o restaurante fica nos antigos claustros do Convento da Igreja dos Mártires. O resultado é excelente em estilo, sobriedade e conforto. Por detrás de tudo está Frederico Collares Pereira que investiu no projecto e o dirige. O Largo consegue ser um daqueles locais onde a boa cozinha se conjuga com um serviço exemplar e com um ambiente «trendy». Miguel Castro e Silva fugiu um pouco aos pratos que foram o seu ex-libris e tem propostas como robalo marinado com ervas frescas, as vieiras em cama de endívias e ovos Averuga e as lulas salteadas com camarão beurre blanc. Nas entradas e sobremesas há muitas escolhas – que incluem, nas primeiras, uma honesta terrina de foie gras e , nas segundas, gelados Santini e uma criação do chef, mousse de chocolate a zero graus com creme de avelã. Resta dizer que há uma zona de fumadores e que ao almoço existe um menu executivo que começa nos 18 euros. Mas é à noite que as coisas se animam mesmo - e aí conte com uns 50 euros por pessoa sem demasiadas extravagâncias. Rua Serpa Pinto 10A, Lisboa. 213 477 225.

 

BACK TO BASICS – Diz-se que o poder corrompe, mas é talvez mais adequado dizer que o poder atrai os corruptíveis – David Brin

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publicado às 15:06

UMA LINHA POLÍTICA – O caso das tentativas de ingerência do Governo, do PS e, em especial, de José Sócrates na comunicação não são um caso de violação de segredo de justiça – desde que Sócrates, em pleno Congresso do PS, apontou a dedo os alvos a abater em matéria de informação criou uma linha política. A actuação do PS e do seu Governo nesta matéria tem-se limitado a seguir essa linha com o objectivo de, sempre que possível, combater a divergência, castigar quem critica, querer assegurar a manipulação e uniformizar a informação. Os relatos sobre estas malfeitorias são numerosos e oriundos de várias procedências. 

 


 


O PS E A IMPRENSA – O Partido Socialista gosta de ostentar galardões em prol da liberdade de imprensa e Mário Soares veio em defesa de Sócrates agitar os seus pergaminhos. Como a luta pela liberdade de expressão e de imprensa não era um monopólio do PS antes de 1974, proponho que se analisem as coisas ocorridas depois do 25 de Abril. Ao ataque de que a «República», próxima do PS, foi alvo em 1975, por forças à sua esquerda, respondeu o PS, anos depois, com o encerramento de todo o grupo «Século», pela mão de Manuel Alegre, então com funções governativas nessa área – foi o primeiro caso em que o PS resolveu acabar com um voz que lhe era incómoda, não se preocupando nem com o desemprego causado, nem com o facto de estar a encerrar um dos grupos de imprensa com maior História em Portugal. A geração de dirigentes do PS dessa época passou, depois, a querer criar jornais que seguissem a cartilha do partido, sempre com assinalável dose de insucesso comercial – desde o extinto «Portugal Hoje» que se esboroou a combater Eanes, até à aventura com Robert Maxwell, que acabou no meio da trapalhada do caso Emaudio. Ao longo destes vários casos o PS sacrificou jornalistas, fez e desfez empresas e postos de trabalho. A geração pós-Soares, esta que agora está no poder, é muito mais profissional e eficaz nesta matéria: usa-se o aparelho de Estado, a pressão, a influência e se necessário for o dinheiro para alcançar os objectivos.  

 


 


O CASO TVI – Um dia ainda alguém há-de fazer a história da entrada da Prisa em Portugal, da forma como a vida lhe foi facilitada, das primeiras nomeações que fizeram (na Administração e na rádio, por exemplo) e dos apoios, dentro do actual PS, que tiveram em relação aos seus primeiros anos em Portugal, no início do primeiro Governo Sócrates e com um empurrão de Zapatero. Quem seguir a linha dos acontecimentos no sector dos media perceberá que o que se está a passar no país não pode ser discutido apenas à luz da justiça, mas sobretudo à luz da política. Na realidade a única coisa que todo o processo Face Oculta mostra é que uma investigação sobre corrupção se cruzou com uma conspiração política, que acabou por tocar o núcleo central do regime. 

 


 


ELEIÇÕES – Hoje em dia fica claro que o objectivo de uma sucessão de movimentações desencadeadas por figuras próximas de Sócrates no sector dos Media era condicionar a opinião pública num ciclo de sucessivos períodos eleitorais. Na realidade o que é politicamente relevante é que o núcleo duro de José Sócrates agiu em nome de um conceito absolutista de poder, através do qual se habituou a mandar no país, e criou um plano que apenas abortou porque foi conhecido antes de finalizado. Mas, mesmo assim, acabou por atingir a maior parte dos seus objectivos, tal enunciados por Sócrates no Congresso do PS – mudou direcções no «Público» e na TVI. 

 


 


 


PERGUNTINHA – As figuras do PS que se insurgiram contra a inger~encia nos media, que vão fazer agora? 

 


 


 


LISBOA – António Costa, neste seu segundo mandato, está a ter a característica de andar razoavelmente ausente dos grandes problemas da cidade. Não se lhe vê nem a energia nem a vontade de tomar conta dos grandes dossiers que podem fazer Lisboa mudar, nem tão pouco a capacidade de evitar situações como a do Principe Real. Quem assiste às reuniões da Câmara dá conta do seu ar frequentemente enfadado. Na Assembleia Municipal tornou-se maioritariamente ausente – desde que foi reeleito já são em maior número as reuniões em que não esteve do que aquelas a que se dignou comparecer. E entretanto, vai sendo cada vez mais habitual o PS não conseguir ganhar votações na Assembleia Municipal, que esta semana recomendou à Câmara que não se envolvesse na Red Bull Air Race. 

 


 


LER – A edição de Fevereiro da «Monocle» é um número perfeito para viajantes. O tema de capa é a importância da hospitalidade na capacidade de atracção turística de países, cidades, linhas aéreas e hotéis – muito didáctico para a realidade nacional. Outros bons artigos – uma perspectiva diferente sobre o balanço do primeiro ano de Obama como Presidente, uma bela reportagem sobre a realidade do Nepal, um artigo sobre a aposta dos correios suíços na produção e distribuição de conteúdos como nova área de negócio, uma avaliação de alguns dos hotéis que vale a pena conhecer e, a terminar, um guia de Banguecoque e um portfolio sobre uma das fronteiras de Israel. 

 


 


OUVIR – Electro-folk-pop: sabem o que é? Se não sabem descubram o novo disco de Charlotte Gainsbourg, «IRM», que deve muito da sua eficácia à produção certeira e elegante de Beck. Mas a produção não faria nada sem as canções simples, intimistas e muitas vezes surpreendentes que são todas assinadas ou co-assinadas pelo próprio Beck Hansen. A minha dúvida é se hei-de considerar este o melhor disco de Beck dos últimos anos ou se, como me parece neste momento, se trata de um trabalho a quatro mãos em que Charlotte Gainsbourg serviu de inspiradora e veículo para nos trazer uma outra faceta desse génio às vezes meio desaparecido que é Beck. De qualquer das formas «IRM» é um disco absolutamente arrebatador, por vezes erótico, por vezes dramático, sempre com a sobrevivência e a busca da vida como pano de fundo. CD 

 


 


DESCOBRIR – Todos os espectadores de teatro têm agora à disposição uma eficaz agenda com indicações úteis sobre estreias, peças em cena, horários e preços. Vale a pena conferir em www.agendadeteatro.com . 

 

 


BACK TO BASICS – Se alguém diz a verdade, é certo que, mais cedo ou mais tarde, será descoberta – Oscar Wilde

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publicado às 10:56

Aquela Máquina

por falcao, em 10.02.10

 (Publicado no jornal "Metro" de 9 de Fevereiro)



O novo tablet da Apple, o iPad, é mais do que uma novidade tecnológica para maluquinhos da internet – é um novo tipo de aparelho que abre uma nova área de desenvolvimento na indústria de conteúdos. Na realidade o iPad não é um computador  - é um centro de entretenimento móvel. Se quiserem uma comparação, o iPad está para o mundo actual como os rádios portáteis a transístores estiveram para o mundo do início dos anos 60.


Com o iPad pode transportar-se tudo para todo o lado, desde música e jogos a filmes, passando por livros, jornais e revistas, ou  pelo acesso ao email e a visualização de programas de televisão – para já não falar das estações de rádio que habitam a internet. O iPad – e outras máquinas semelhantes que inevitavelmente se lhe seguirão – vai de facto mudar a nossa forma de viver, de nos relacionarmos e de consumir conteúdos.


Quando o iPad estiver na sua idade madura, digamos daqui a uns dois anos, meados de 2012, a primeira geração que já cresceu num ambiente digital estará a sair das faculdades e a começar a trabalhar. Pare eles,  máquinas como o iPad serão tão familiares como as consolas portáteis de jogos e serão um acessório incontornável no dia-a-dia.


Isto coloca um enorme desafio ao nosso país: Portugal é subdesenvolvido em matéria de produção audiovisual e de conteúdos digitais. Isto quer dizer que, a menos que exista uma esforço sério de criar conteúdos audiovisuais de nova geração – jogos, aplicações, micro séries, revistas virtuais – os utilizadores portugueses destas máquinas terão pouca escolha de conteúdos nacionais. Ou seja, o português corre o risco de se extinguir no novo mundo digital.


Numa altura em que se discute muito a sobrevivência da nossa língua e a reforma ortográfica vale a pena dizer que tudo isso não servirá para nada se a língua não existir nas plataformas de conteúdos audiovisuais e digitais. Um país que não exista neste domínio será um país esquecido, uma cultura inexistente e uma língua morta.


 


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publicado às 22:51

 


CEM DIAS – Desde há cem dias que o PS governa sem maioria absoluta e a convivência com o diálogo, o acordo e a busca de consenso não lhe está a ser nada fácil. Os relatos saídos das reuniões entre o Primeiro Ministro e os partidos descrevem a dificuldade em aceitar propostas diferentes, em reconhecer erros, em admitir críticas. O maior problema da situação política está nisto: o Governo quer impôr em vez de negociar, encara cada alteração como uma derrota ou recuo, e não consegue ver o País sem ser do alto do poder. Os malabarismos em torno dessa nova invenção que é o défice flutuante, que se inflaciona ao sabor do momento, para depois se dizer que desceu, é um dos exemplos maiores desse facto.

 

DENÚNCIA – Três dirigentes da bancada socialista da Assembleia da República anunciaram como principal proposta para combater a corrupção um projecto que pretende tornar públicos os rendimentos de todos os cidadãos. Um deles explicou numa rádio que a ideia era permitir que um vizinho achasse estranho que na casa ao lado existisse um Ferrari quando o seu dono tinha poucos rendimentos declarados – e que assim cada cidadão fosse um fiscal. Ou seja esse dirigente do PS acha salutar que cada um vigie o próximo e denuncie o que achar que foge à regra que o Estado impõe. A notícia foi manchete de um diário e a generalidade dos outros partidos parlamentares, da esquerda à direita, teve o bom senso de repudiar a ideia. A meio da tarde o líder parlamentar do PS, Francisco Assis, veio dizer que enquanto ele dirigisse a bancada, esse projecto não veria a luz do dia. No fim, o episódio serviu apenas para mostrar o estado interno do PS, quer em ideias, quer em organização.

 

CONVERSAS - A pior coisa que pode acontecer a um Primeiro-Ministro é ter falta de bom senso e, seja qual fôr a versão apresentada, uma coisa é certa: existiram, em local público, alto e bom som, declarações de José Sócrates sobre um jornalista, declarações que confirmam a tendência, já verificada em ocasiões anteriores, de um desejo de ingerência na forma como meios de comunicação se referem ao Governo. Ora, quem tem cargos públicos e ainda por cima exerce o Poder deve ser um exemplo de boas práticas. Pior ainda é que dois outros membros do Governo achem que classificar a actuação de um jornalista como um problema se resume a uma «calhandrice». Já agora, no início de tanta celebração republicana estimulada por este Governo era bom que o exemplo de tolerância e liberdade viesse de cima.

 

LISBOA - Em torno das obras no jardim do Princípe Real tem existido uma significativa e exemplar mobilização, com especialistas a pronunciarem-se sobre questões técnicas relevantes e a conseguirem desarmar os considerandos do vereador José Sá Fernandes sobre o assunto. Em torno de um outro caso, que está a deixar muita gente em Lisboa preocupada, o encerramento do Hospital de D. Estefânia, também se está a verificar considerável mobilização. Em ambos os casos o «Facebook» tem servido de plataforma de troca de opiniões e de organização. É óptimo que a sociedade civil se manifeste desta forma e se esteja a insurgir contra os abusos e dislates da Câmara Municipal. Mas não posso deixar de pensar que muito provavelmente muitos dos que hoje protestam votaram em António Costa em nome de uma unidade de esquerda cujos efeitos práticos agora estão à vista.




PERGUNTINHA – O que se passa com a reinstalação do Hot Clube, assunto de que já ninguém fala?

 

VER - O prémio BES Photo tem vivido entre a polémica e o equívoco, ao privilegiar o critério da fotografia como suporte técnico e não a linguagem fotográfica como expressão. O resultado é que ao longo dos anos se tem estabelecido a confusão. No seu blog, o crítico Alexandre Pomar afirma, e bem, que «os nomeados foram melhor antes, nas exposições por que foram escolhidos, do que na exposição/concurso. Em parte (outras razões são de produção e "comissariado"), porque lhes falta experiência para enfrentar a provação, o "efeito prémio", o tipo de "projecto" que o "meio curatorial" aprecia.». Mesmo assim quem melhor escapou ao duvidoso crivo do júri e apresenta o trabalho mais coerente é Patrícia Almeida, que mostra o seu olhar sobre o outro lado dos festivais de música. Na realidade é a única que consegue mostrar um olhar em vez de obedecer a um conceito.

  

OUVIR – A guitarra portuguesa é um instrumento traiçoeiro; tecnicamente difícil, a guitarra pode ser tocada de duas formas – conformista, a imitar os grandes nomes; ou arriscada, a procurar as sonoridades estranhas e envolventes que a caracterizam. No segundo caso (às vezes também no primeiro) , o risco é evitar que o resultado não seja uma sonoridade semelhante à que se obtém se se deixar cair o instrumento por umas escadas abaixo. Ricardo Rocha é dos poucos que consegue passar bem na prova mais arriscada. O seu novo disco, «Luminismo», mostra isso mesmo com as interpretações que faz de temas de Carlos Paredes, Artur Paredes e Pedro Caldeira Cabral, em contraponto às suas próprias composições, intricadas e misteriosas, tecnicamente exigentes. O resultado é o melhor disco de guitarra portuguesa dos últimos anos. «Luminismo», Ricardo Rocha, Duplo CD editado por MBari.

 

LER – A edição de Fevereiro da revista «Vanity Fair» tem um extraordinário portfolio de Tiger Woods fotografado por Annie Leibowitz, acompanhado por um artigo sobre os mistérios do golfista que mais se aproximou do estatuto de uma estrela pop. Na mesma edição vale a pena seguir a aposta em seis novas actrizes de Hollywood, um belo artigo sobre Patti Smith e outro sobre a história do disco-sound. A não perder.

 

DEVORAR – Se querem manter-se actualizados sobre novidades gastronómicas, desde restaurantes a produtos, passando por vinhos, não percam o blog Mesa Marcada ( http://mesamarcada.blogs.sapo.pt/ ). Os críticos gastronómicos Duarte Calvão e Miguel Pires e o crítico de vinhos Rui Falcão (não é da minha família) fazem uma bela abordagem do assunto e pelo meio revelam algumas boas curiosidades.

 

BACK TO BASICS –  Quem não quer dar nas vistas não fala alto em restaurantes – anónimo.

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publicado às 13:56

COMEMORAR FALHANÇOS

por falcao, em 02.02.10

(Publicado no diário Metro de 2 de Fevereiro)


 


Por muito que me esforce não consigo compreender a azáfama das comemorações do centenário da República nem as largas somas de dinheiro colocadas à disposição da respectiva comissão. A República não é propriamente um regime de sucesso – a balbúrdia da Primeira República conduziu à ditadura e os 36 anos posteriores ao 25 de Abril falharam em grande escala dois dos três ideais republicanos – a justiça e a educação; apenas a saúde apresenta indicadores razoáveis.

O não funcionamento da Justiça em Portugal – desde a investigação até aos Tribunais – mostra como o Estado não se preocupa de facto com os cidadãos. Esta República criou um país onde os crimes ficam sem castigo, onde os boatos se perpetuam, onde os julgamentos se arrastam para além do admissível. Por estas e por outras é que não é de admirar que apareçam no YouTube gravações de escutas – basta ouvi-las para se ficar um pouco surpreendido com o desfecho de alguns processos e as conclusões de alguns tribunais. Torná-las públicas tem a vantagem de ajudar a perceber melhor aquilo que se quer tapar.

Na educação o falhanço do sistema é total – desarticulado o ensino técnico, transformadas as universidades em fábricas de diplomas para desempregados, o ensino não estimula a ligação da teoria à prática e pouco incentiva a ligação das escolas às empresas. O abandono escolar, o desajustamento do conteúdo de muitos cursos, a caótica situação do financiamento do Ensino Superior, as permanentes confusões em torno do Ensino Secundário, fazem da República portuguesa um triste exemplo de criadora de gerações pouco qualificadas.

Os republicanos de há cem anos diziam querer promover a igualdade em torno do acesso dos cidadãos à saúde, à educação e à justiça. Não é preciso ser visionário para perceber como estamos longe dos objectivos, não é preciso ser muito exigente para perceber que meio país anda enrolado em comemorações de um regime consideravelmente falhado – e nem digo nada da pouca vergonha da política que por aí se faz…

 

 

 

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publicado às 11:49

 


INFORMAÇÃO - Terça-feira à noite estava a ver os telejornais das 22h00 quando de repente vi a emissão interrompida para entrar um «directo» que se resumia à entrega do suporte informático da proposta de Orçamento de Estado, pelo Ministro das Finanças ao Presidente da Assembleia da República. Não havia declarações, não havia nada – apenas a simbólica imagem da entrega do documento, aliás com considerável atraso sobre a hora prevista. Ou seja, um directo digno de países subdesenvolvido que se importam mais com as simbologias do que com as notícias. Chávez não faria melhor.

 

SEMANADA - O PP anunciou que se iria abster na votação do orçamento, o PSD anunciou a seguir que também se iria abster; o IPSD apresentou um estudo onde defende a possibilidade da redução da despesa pública para 41% no espaço de uma legislatura; o economista João Ferreira do Amaral afirmou numa entrevista que para avançar nas reformas mais difíceis não basta haver acordos, tem de haver coligações;

 

EVIDÊNCIA – Depois de quatro anos de austeridade imposta à sociedade, Sócrates não conseguiu impor austeridade ao Estado. Ou seja, o Governo PS impôs ao sector privado o que não conseguiu concretizar no sector público.

 

LISBOA – Esta semana a Emel fez nova manobra de propaganda com umas maquinetas que, à custa dos utilizadores, pretendem tornar a empresa mais rentável. A EMEL é um dos cancros da cidade, uma das peçonhas da política autárquica de vários executivos. O Presidente da Câmara devia impôr normas de funcionamento à EMEL que a obrigassem a cumprir prazos de desbloqueamento e a responder às queixas dos munícipes e que a fizessem dissuadir do estacionamento que incomoda e perturba em vez de praticar a caça à multa cega – que é de facto a única coisa que faz. A missão da EMEL está mal definida de início – não é uma ferramente para facilitar a circulação, é um expediente para ir buscar receitas, ainda por cima com uma duvidosa rentabilidade. Mas, acima de tudo,  a autarquia devia reconhecer que os habitantes de Lisboa, que já pagam por usar automóvel na cidade, deviam estar isentos de estacionamento, que se devia aplicar apenas aos automóveis que vêm de fora da cidade. Isso é que era coragem, verdade e honestidade. De outra forma trata-se de um assalto aos lisboetas, feito pela Câmara Municipal de braço dado com a EMEL.

 

PERGUNTINHA  - Depois do treino de Sá Pinto com Liedson será que o Sporting vai voltar a dinamizar a secção de boxe?

   

TELEVISÃO – Todas as quintas-feiras, na TVI 24, pouco depois das dez da noite, vale a pena ver um dos mais interessantes debates políticos da televisão portuguesa, a «Roda Livre» - Manuel Villaverde Cabral, Rui Ramos e Pedro Adão e Silva debatem a actualidade política com humor, bastante sabedoria e alguma salutar discussão.

  

VER -   «A Bela e o Paparazzo»  é um exemplo do que pode ser o cinema português que não tem vergonha de querer ter público e de divertir os espectadores. António-Pedro Vasconcelos fez uma belíssima comédia onde as interpretações de Marco D’Almeida, de Nuno Markl (com «buchas» em forma de dizeres nas t-shirts) e de Soraia Chaves mostram que não é por falta de talento local que não se fazem filmes mais populares. Com um piscar de olhos a comédias como «O Páteo das Cantigas», este é um exemplo de que o cinema português não está condenado a viver apenas de angústias existenciais – e além disso cumpre o importante papel de mostrar no grande ecrã uma geração de actores e de humoristas que marcam esta época que vivemos.

 

LER – A edição britânica da revista «Wired» publica na sua edição de Fevereiro um delicioso artigo onde se explica como Jamie Oliver, o mediático cozinheiro popularizado por programas da BBC, entrou em força no mundo das aplicações para iphone com conselhos e receitas semanais, que incluem listas de compras e porções variáveis face ao número de convivas. Verdadeiramente um achado. Mas esta «Wired» tem muito mais coisas interessantes e está a ficar muito mais atraente que o original norte-americano.

 

CLIMAX – Durante várias semanas a Apple construiu uma novela de suspense à volta do seu tablet, que se espera venha a oferecer à imprensa um fonte de rendimentos semelhante à que o o iPod ofereceu à indústria dicográfica. O mistério foi desvendado na quarta-feira – a máquina chama-se iPad- e as primeiras impressões superam as expectativas. Eu sou dos que acreditam que este novo produto da Apple pode mesmo mudar a forma como consumimos informação, livros e nos relacionamos com o mundo à nossa volta. Na apresentação um dos responsáveis do «New York Times» mostrou como pode ser lido um jornal no iPad, o que confirma que o produto foi desenvolvido em colaboração com os grupos de imprensa norte-americanos – uma boa notícia para todo a indústria de mídia.

 

OUVIR - Depois de uma separação de cinco anos, os noruegueses Eirik Bøe e Erlend Øye resolveram voltar a juntar esforços e o resultado é um conjunto de 13 canções onde o destaque vai para uma sensação de facilidade intuitiva, de um encanto melódico feito sem esforços nem truques, quase como se fosse natural fazer um disco assim tão simples e atraente. Vou arriscar um chavão – isto é música intemporal. Kings Of Convenience, «Declaration Of Dependence», CD Virgin/Source, na Amazon.

 

PROVAR – Em Lisboa passem pela Deli Delux (a Santa Apolónia) e procurem pelos produtos da Boa Boca Gourmet – não se arrependerão. Depois vão a

www.boaboca-gourmet.com  e descubram como um jovem casal, que vive em Évora, está a conseguir fazer uma marca baseada na qualidade das matérias primas, da confecção e do design das embalagens. Verdadeiramente exemplar.

 

BACK TO BASICS – Ninguém acredita num boato até ser oficialmente desmentido – Edward Cheyfitz.

 

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publicado às 11:48


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