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Em Democracia o voto serve para julgar acções destas e as eleições existem para julgar os políticos.  A única utilidade do voto é a liberdade de escolha – querer, como às vezes se faz, argumentar com o voto útil é limitar a liberdade do voto. Na realidade o voto útil está para as eleições como a ditadura para os sistemas políticos.


 


Boa parte da acção do futuro Governo está limitada acordo com o FMI e a União Europeia que é o corolário da má governação dos últimos anos. De certa maneira esse é um plano comum que tem que ser seguido, ganhe quem ganhar. Mas o plano pode ser implementado de várias maneiras.


 


Eu prefiro alguém que tenha em conta o desenvolvimento de sectores como a agricultura e a pesca em vez do alcatrão, que tenha cuidado na aplicação de políticas sociais e, se me permitem, que nos sectores que a mim me dizem mais respeito, na área da Cultura, do audiovisual e dos meios de informação (nomeadamente na gestão do serviço público de televisão), esteja mais próximo daquilo que eu penso. E, não me é indiferente saber quem são os candidatos pelo círculo onde voto, que é Lisboa.


 


Acontece que, desta vez, nas propostas programáticas, na forma de encarar a aplicação do Acordo, e na lista de candidatos, a minha escolha, o meu voto,  vai para o CDS/PP .


 


E desta vez voto CDS/PP porque uma democracia saudável não deve viver apenas com dois grandes partidos. É importante que exista um terceiro partido com peso eleitoral – só isso permitirá uma coligação equilibrada e dinâmica. Sem partidos com expressão não há coligações fortes. O voto mais útil é aquele que é livre.


 

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publicado às 10:26

DEBATES – Dos 11 debates realizados na televisão o mais visto foi o de Sócrates com Passos Coelho, seguido de Sócrates com Paulo Portas. O menos visto entre os partidos parlamentares foi o que decorreu entre Louçã e Jerónimo de Sousa. O resto esteve quase empatado – sendo que, do restante, o debate entre Passos Coelho e Louçã foi o que registou melhor resultado. O debate entre os partidos não parlamentares teve um share de 12,4%. De uma forma geral, tirando os dois debates mais vistos, nenhum contribuíu de facto de forma significativa para o share das estações que o transmitiram – o que quer dizer, de uma forma geral, que não houve muita gente a ir expressamente à procura daqueles debates na estação onde estavam a ser transmitidos.


É certo que chamar debates ao que se passou releva de alguma boa vontade. Sócrates optou por querer subalternizar os moderadores e pretendeu sempre marcar a agenda das conversas – talvez no futuro possa ensaiar uma carreira na televisão, desde que não o façam falar inglês. Passos Coelho melhorou ao longo do ciclo e Paulo Portas foi o que mais pretendeu discutir assuntos em vez de replicar sempre a mesma ideia. Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa, como o confronto entre os dois mostrou, são de uma previsibilidade total e de algum afastamento da realidade, que se acentua quando ficam a falar sozinhos um com o outro. Têm um ponto comum com Sócrates: repetem sempre os mesmos pontos fortes e parecem imutáveis face ao mundo à sua volta.


Como as primeiras sondagens desta semana também mostraram os debates contribuíram relativamente pouco para definir melhor os tendências de voto e para ajudar os indecisos a tomar posição. Tudo isto, somado aos resultados moderados de audiência, devem naturalmente fazer pensar, em próximas eleições, se não vale a pena utilizar outros modelos, mais eficazes. Em abono da verdade deve dizer-se que têm sido as máquinas partidárias, e não as estações de televisão, o grande obstáculo a que o modelo possa evoluir e ser mais eficaz no esclarecimento dos eleitores.


 


O MEU VOTO – Nas eleições de há 25 anos para cá já me abstive, já votei nulo, já votei branco e na maioria delas votei no PSD, de que aliás fui candidato, como independente, por duas ocasiões, em eleições autárquicas. Já fui algumas vezes vítima da teoria do voto útil, mas desta vez resolvi que votarei tendo em conta os candidatos que cada um escolheu, o trabalho parlamentar realizado pelos partidos e os programas apresentados - sobretudo nas áreas que pessoalmente me são mais próximas, e que têm a ver com a comunicação, o audiovisual, a política cultural e a criatividade. Tendo em conta que os cenários macro estão dominados pela catastrófica situação do país e pelo acordo com a troika,  aspectos parcelares dos programas dos partidos assumem um papel claramente de factor de diferenciação. Por outro lado é certo que a indicação de Fernando Nobre como nº 1 da lista do PSD em Lisboa, me impede, por uma questão de coerência e bom senso, de votar na lista que ele encabeça – não o achei capaz de ser Presidente da República, não o acho capaz de ser um bom deputado e muito menos acho que ele mereça ser Presidente da Assembleia da República. Por outro lado, e algumas vezes aqui escrevi isso, ao longo destes anos mais recentes o PP foi o partido de oposição com um grupo parlamentar mais actuante, regra geral com boas propostas e, por isso mesmo, o mais eficaz na luta parlamentar contra o Governo de Sócrates. Finalmente acresce que o programa do PP tem, em questões como a RTP, o incentivo às indústrias criativas, e a maior ligação entre a economia e turismo e as actividades culturais, uma abordagem geral da qual me sinto mais próximo do que daquela que o PSD apresentou. O apelo ao voto útil não pode ser encarado como razão suficiente para passar uma esponja sobre os erros cometidos, nas escolhas das listas e nas opções programáticas. Como a política não é uma religião, afasto a lógica da fé seguidista e da seita.


Por isso mesmo nestas eleições de 5 de Junho irei estrear o meu voto no CDS/PP. Faço-o para votar numa alternativa consistente ao Governo do PS, faço-o porque penso convictamente que uma democracia saudável não pode viver apenas com dois grandes partidos, faço-o porque é importante que exista um terceiro partido com peso eleitoral – só isso permitirá uma coligação equilibrada e dinâmica. Sem partidos com expressão não há coligações fortes. Estou seguro do meu voto. E contente por ser uma escolha e não uma fatalidade.


 


SEMANADA –António Costa admitiu que «há mais PS para além de Sócrates»; Francisco Assis elogiou Pedro Passos Coelho; Almeida Santos mostrou-se confiante na possibilidade de uma nova liderança do PS em caso de derrota eleitoral do PS.


 


ARCO DA VELHA – O PS andou a oferecer em Penafiel bilhetes para o oceanário Sea Life, do Porto, como contrapartida da presença no comício de José Sócrates na capital do norte, no próximo domingo. Na quarta feira mais de 200 pessoas já tinham reservado lugar nos autocarros também disponibilizados gratuitamente pelo PS.


 


COMUNICAR – Numa conferência organizada esta semana pela Associação Nacional de Comunicação de Empresa,  Nuno Morais Sarmento fez uma curiosa abordagem das evoluções recentes e sua repercussão na intervenção cívica       , nomeadamente as redes sociais. Como sublinhou, as gerações mais velhas olham para as novas ferramentas como um modelo de comunicação e as  gerações mais novas vêem estas ferramentas como uma plataforma de relacionamento, intervenção e organização. "Qual a razão para um jovem hoje optar por um modelo partidário piramidal (e cheio de filtros) quando, com um clique no Facebook pode partilhar a sua opinião de forma directa e integral?" – foi a pergunta que Morais Sarmento deixou no ar. Aqui está um excelente tema para que os dirigentes partidários reflictam, a propósito da forma como hoje em dia fazem campanha eleitorais e funcionam com as suas organizações.


 


LER –  Continuando nas recomendações de leitura em período eleitoral sugiro-vos um dos mais recentes volumes  da colecção «Ensaios» da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em parceria com a Relógio d’Água. Trata-se do muito oportuno «Portugal e o Mar», de Tiago Pitta e Cunha, consultor do Presidente da República para os assuntos da Ciência, do Ambiente e do Mar. Como autor recorda, depois da adesão europeia, « o mar foi dispensado das grandes opções políticas e económicas nacionais», com numerosos prejuízos e com uma enorme quebra de toda a actividade ligada à pesca. Portugal, recordo, dispõe da maior região marítima da União Europeia e o autor explora a possibilidade de conjugação da economia com a nossa geografia e o aproveitamento dos seus recursos. Como sempre vale a pena ver, neste período, como os diversos partidos encaram esta matéria nos seus programas.


 


OUVIR – Desta vez não vou falar de um disco, mas de um autor, de Bob Dylan, que esta semana completou 70 anos. Começou a gravar com 21 anos, tendo feito algumas das canções mais marcantes da música popular contemporânea, como «Like a Rolling Stone» ou «The Times They Are A Changin’». Mas aquilo que para mim é verdadeiramente importante em Dylan tem a ver com a forma como escreve os textos das suas canções – rompeu barreiras e preconceitos e criou uma nova forma de escrever ( e cantar) poesia. Mais – foi ele quem primeiro mostrou que alguma da melhor poesia moderna aparecia na forma de letras de canções populares e foi ele a abrir caminhos para dezenas de outros compositores, que falam do quotidiano, das suas preocupações, da guerra, da sociedade em que viviam. Esta nova poesia, vivida, cantada e actual, criou um relacionamento diferente e mais intenso com os seus públicos. Mais que um músico ou um cantor Dylan é um dos grandes poetas da segunda metade do século XX e é essa imagem que marca a sua diferença.


 


BACK TO BASICS – Quem nunca altera a sua opinião é como a água parada e começa a criar répteis no espírito (William Blake)


 

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publicado às 22:00

O Meu Voto

por falcao, em 27.05.11

Nas eleições realizadas de há 25 anos para cá já me abstive, já votei nulo, já votei branco e na maioria delas votei no PSD, de que aliás fui candidato, como independente, por duas ocasiões, em eleições autárquicas.


 


Já fui algumas vezes vítima da teoria do voto útil, mas desta vez resolvi que votarei tendo em conta os candidatos que cada um escolheu, o trabalho parlamentar realizado pelos partidos e os programas apresentados - sobretudo nas áreas que pessoalmente me são mais próximas, e que têm a ver com a comunicação, o audiovisual, a política cultural e a criatividade.


 


Tendo em conta que os cenários macro estão dominados pela catastrófica situação do país e pelo acordo com a troika,  aspectos parcelares dos programas dos partidos assumem um papel claramente de factor de diferenciação. Por outro lado é certo que a indicação de Fernando Nobre como nº 1 da lista do PSD em Lisboa, me impede, por uma questão de coerência e bom senso, de votar na lista que ele encabeça – não o achei capaz de ser Presidente da República, não o acho capaz de ser um bom deputado e muito menos acho que ele mereça ser Presidente da Assembleia da República.


 


Por outro lado, e algumas vezes aqui escrevi isso, ao longo destes anos mais recentes o PP foi o partido de oposição com um grupo parlamentar mais actuante, regra geral com boas propostas e, por isso mesmo, o mais eficaz na luta parlamentar contra o Governo de Sócrates. Finalmente acresce que o programa do PP tem, em questões como a RTP, o incentivo às indústrias criativas, e a maior ligação entre a economia e turismo e as actividades culturais, uma abordagem geral da qual me sinto mais próximo do que daquela que o PSD apresentou. O apelo ao voto útil não pode ser encarado como razão suficiente para passar uma esponja sobre os erros cometidos, nas escolhas das listas e nas opções programáticas. Como a política não é uma religião, afasto a lógica da fé seguidista e da seita.


 


Por isso mesmo nestas eleições de 5 de Junho irei estrear o meu voto no CDS/PP. Faço-o para votar numa alternativa consistente ao Governo do PS, faço-o porque penso convictamente que uma democracia saudável não pode viver apenas com dois grandes partidos, faço-o porque é importante que exista um terceiro partido com peso eleitoral – só isso permitirá uma coligação equilibrada e dinâmica. Sem partidos com expressão não há coligações fortes. Estou seguro do meu voto. E contente por ser uma escolha e não uma fatalidade.

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publicado às 10:00

PORTUGAL A 3D

por falcao, em 24.05.11

(Publicado nõ diário Metro de 24 de Maio)


 


Ainda não é desta que Hollywood se dedicou a fazer uma super-produção com Portugal por tema. Mas mesmo sem Hollywood, Portugal tem direito ao seu 3D, uma oferta do sempre modernaço José Sócrates. Com persistência e aquela teimosia que é seu apanágio, Sócrates dedicou-se ao longo de seis anos a este 3D:  Desemprego, Dívida e  Descalabro. A sua carreira de governante resume-se a isto – obras públicas sem nexo, descontrolo na despesa, aumento da dívida, negação da realidade. O resultado está à vista de todos.


 


Desta vez não há que atribuir culpas à herança encontrada – Sócrates governou como quis, fez o que quis, nos seis anos que leva de descalabro aumentou o nosso endividamento em 82,9 mil milhões de euros,  tanto como todos os governos juntos nos 23 anos anteriores. A única coisa de que Sócrates é recordista é no endividamento anual, no aumento do desemprego e no descalabro das contas públicas.


 


E, no entanto, para muitos, Sócrates simboliza ainda a esperança num futuro melhor – são os que não acreditam nos números, os que estão dispostos a perdoar – como se a política fosse uma questão de fé e não a análise do exercício do poder. As eleições resumem-se a isto: Sócrates quer continuar no poder. Portou-se de forma a ser reconduzido ou merece ser substituído?


 


Eu sou dos que acha que deve ser substituído. Teve tempo- seis anos -  e o resultado da sua governação é mau, nos indicadores económicos e nos indicadores sociais. Não foi capaz de reagir à alteração da conjuntura e persistiu nos erros. A sua má governação foi-se agravando ao longo do tempo, recusou-se a corrigir erros e chegou ao fim com um Governo esgotado e dividido.


 


Não se trata de ter tido azar, trata-se de ter sido incapaz. Por isso mesmo nestas eleições existe um voto profundamente inútil, que é votar para José Sócrates se manter no poder a agravar o que tem feito – porque ninguém sinceramente acredita que, de repente, ele faça bem o que passou seis anos a fazer mal.

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publicado às 10:00

COMUNICAR – O programa do PSD é um documento muito bem feito a nível do levantamento dos problemas que existem em algumas áreas, preconizando  algumas medidas desejáveis e algumas medidas possíveis; infelizmente,  é tecnicamente tão bom, quanto é difícil de utilizar do ponto de vista de comunicação. Alguém precisava de pegar neste programa e transformá-lo num manifesto, com linguagem clara, prioridades definidas, objectivos colocados de forma sintética, tudo isto divulgado de forma contemporânea e massificada. Assim, embora tenha um conteúdo político importante, arrisca-se a ser politicamente irrelevante – e isso é o pior que podia acontecer ao PSD nesta altura.


Transformando um pouco um belíssimo slogan recente, convinha que alguém dentro do PSD assumisse que Portugal é um país e não uma empresa – e que os métodos que funcionam numa empresa moderna e eficaz com uma liderança clara, não funcionam de todo num país deprimido, com um eleitorado confuso, sem liderança definida. Num país temos que balançar razão e emoção e, em comunicação, ideias a mais resultam numa má ideia e num péssimo resultado. O PSD tem um programa com boas ideias mas com muito insuficiente visibilidade. Têm duas semanas para tratar disto – e não resisto a citar o treinador do ano, André Villas Boas, em vésperas da final da Liga Europa: «O favoritismo não serve para nada».


 


PARTIDOS – Votar num partido político não é seguir uma fé cega, é escolher entre várias propostas,  comparar como cada um usou o poder e que resultados obteve. O ruído em torno do voto útil sempre me irritou um bocado e serve basicamente, em qualquer quadrante ideológico, para justificar o injustificável. As eleições têm por objectivo escolher quem tem melhores ideias, quem apresenta melhor equipa, pessoas que nos agradam e respeitamos. Votar de forma racional nos melhores é a única forma que temos por responsabilizar os partidos pelas escolhas que fazem. As eleições não são um jogo de futebol entre dois clubes – e reduzi-las a isto é passar um atestado de menoridade ao eleitorado. Como se vai vendo crescentemente, em cada vez mais países, é bom ter mais que dois partidos com expressão eleitoral significativa – até porque as eventuais coligações ficam mais fortes e estáveis.


 


TELEVISÃO – Nas últimas semanas voltou à baila o tema da privatização da RTP, de uma forma bastante confusa no entanto. Existe aqui uma questão prévia – estamos a falar de privatização da concessão do serviço público ou de privatização da empresa RTP, ou de ambas? Se estamos a falar de privatização da concessão do serviço público convém primeiro que sejam bem definidas as obrigações que o operador escolhido deve preencher e as condições em que o fará, e o que acontece a seguir à RTP. Se estamos a falar da privatização da empresa RTP temos que ver qual o seu impacte no mercado, sobretudo na situação actual. Esta não é uma questão ligeira porque a RTP, para além do universo radiofónico, que não vou aqui considerar, detém dois canais de televisão em sinal aberto, dois regionais, dois internacionais e dois canais de cabo, todos eles com receitas de publicidade, embora nos dois canais abertos com um regime especial, mais limitado que o dos operadores privados. Não há nada que impeça que a RTP possa vir a ser privatizada, no todo ou em parte – no entanto o Estado tem o dever de agir por forma a salvaguardar a concorrência e evitar um súbito desequilíbrio no mercado.


 


O mercado de televisão em sinal aberto vale, em termos publicitários,  cerca de 350 milhões de euros por ano, ou seja cerca de metade do total do investimento anual publicitário do mercado português. Este volume total não estica e não tem crescido – aliás tem diminuído de forma progressiva ao longo da última década e sobretudo nos últimos dois anos.


Por outro lado assiste-se, desde 2010, a uma quebra do investimento nos canais abertos (os da RTP , a SIC e a TVI) e a um aumento do investimento nos canais de cabo – mas convém esclarecer que, no universo da televisão, todos os canais considerados, não há um aumento mas sim uma diminuição das receitas publicitárias totais.


 


Neste ano, por exemplo, tem existido espaço livre em todos os canais comerciais – ou seja a oferta já é quase sempre maior que a procura. A consequência disto é que os preços irão ter, a manter-se esta situação,  uma tendência para diminuir ainda mais. Se por força de uma privatização da RTP, no todo ou em parte, forem disponibilizados mais seis minutos – e no pior dos cenários mais 12 minutos de publicidade por hora nos canais abertos - a oferta ainda aumentará mais e a procura não crescerá seguramente ao mesmo ritmo. Ou seja, com um excesso de oferta e a mesma procura (cenário optimista), ocorrerá uma redução ainda maior dos preços negociados, e isto tem duas consequências: os operadores de televisão terão receitas menores - o que pode pôr em causa a sua sobrevivência; e por outro lado o mercado português, que já tem uma percentagem de investimento publicitário muito alto em televisão quando comparado com outros mercados europeus, terá um desvio ainda mais acentuado – e quase inevitavelmente à custa de quebras ainda maiores no investimento em imprensa – que neste momento é o elo mais fraco da cadeia dos media.


 


Nós precisamos, em Portugal, de grupos fortes de media - só assim está assegurada a livre expressāo, um dos pilares das sociedades livres e da democracia. Enfraquecer os grupos de media é corroer a base da democracia. Qualquer movimento que se faça em relação à RTP tem que ter isto em conta.


 


ARCO DA VELHA – Os CTT cortaram o serviço à GNR em vários distritos por atrasos no pagamento das respectivas avenças postais, impossibilitando assim o envio de notificações e outros documentos (dos jornais).


 


SEMANADA – Portugal desceu três lugares no ranking da competitividade; na região norte as ofertas de emprego caíram para metade; há comarcas em que o Estado deve aos advogados oficiosos desde 2008; o blogue oficial do Ministério da Cultura publicou o programa do PS para o sector; os centros públicos das Novas Oportunidades receberam pedidos de testemunhos positivos de formandos para serem utilizados na campanha do PS.


 


LER –  Nesta época de discussão de políticas é muito útil reler «Portugal, o Mediterrâneo e o Atlântico», a obra de referência de Orlando Ribeiro,


publicada originalmente em 1945 e com várias actualizações e edições até 1986 e, uma edição especial, posterior, de 1993, com o texto abreviado e com fotografias de Jorge Barros. A editora Letra Livre colocou agora no mercado o texto original, «testemunhando uma visão inovadora (…)sobre a personalidade do país». Há muito esgotado, este livro que agora regressa é um apelo a que estudemos o que nos rodeia e encaremos a realidade.


 


OUVIR –  Os fãs de Burt Bacharach poderão torcer o nariz quando souberem que Ronan Keating, um ex-Boyzone, se meteu com dez canções do mestre. Mas poderão recordar-se que antes dele, outros hereges como George Michael ou Robbie Williams, percorreram os temas clássicos de Burt. Keating  escolheu, entre outros, «The Look Of Love», «Walk On By», «I’ll Never Fall On Love Again» «What the World Needs Now» ou «Make It Easy On Yourself» para mostrar que tem uma maneira pessoal de revisitar estas canções, acrescentando um assinalável trabalho de interpretação – que manifestamente não hesita em subverter a tradição, como, por exemplo, em «I Just Don’t Know What To Do With Myself», que até consegue quase deixar para trás a versão, de referência, de Dusty Springfield. Claro que a participação do próprio Burt Bacharach na produção deste disco e em alguns arranjos que refez para a ocasião, ajudam muito ao bom resultado final. E mesmo que a voz de Ronan Keating não se compare à de George Michael, ele consegue aqui um novo estatuto musical.


 


VER – A exposição de José Pedro Croft «Marcações e Territórios» na Chiado 8; a exposição de fotografia de autores africanos  «Fronteiras», na Gulbenkian, inserida no ciclo Próximo Futuro; e a exposição «O Crespúsculo dos Deuses» de João Fonte Santa na VPF Cream Art Gallery.


 


BACK TO BASICS – Eu não quero saber das campanhas eleitorais para nada. Eu quero saber das ideias que as pessoas têm e da maneira como depois as vão defender e praticar – Agostinho da Silva

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publicado às 10:35

PROGRAMAS - Eu acho muito curioso que nesta campanha exista um partido que passa a vida a clamar pelos programas dos outros e que nunca fala do seu próprio programa. Esse partido é o PS. Seria aliás curioso analisar o programa que apresentaram , dias antes do anúncio das medidas do triunvirato, e fazer uma análise entre o que lá está escrito e o que pode ser feito e, mais importante ainda, entre o que está nesse programa e aquilo que o PS disse em programas anteriores e a sua prática enquanto Governo nesta meia dúzia de anos mais recentes, durante os quais aumentou a dívida pública portuguesa em 82,9 mil milhões de euros, quase tanto como o total dos Governos dos 23 anos anteriores. A questão que me parece importante sublinhar é esta: quem prestou más provas não pode ter boa nota; quem não quis ir à escola e depois ouviu raspanetes de estranhos por não saber a lição não pode agora armar-se em aluno de quadro de honra. Olho para Sócrates e o que vejo é um homem que durante anos foi insensível à realidade, que fintou e manipulou dados objectivos e que fez o que quis sem atender às sucessivas chamadas de atenção sobre os efeitos que a sua acção estava a ter no Estado das Finanças portuguesas. Das duas uma : ou Sócrates é surdo – e não parece; ou então vive num mundo diferente e não consegue encarar e compreender a realidade. Quem tem perturbações desta ordem, de desfasamento com a realidade, não pode ser Primeiro Ministro, quanto mais não seja por uma questão de saúde pública. Num momento destes compreendo mal que alguns partidos se entretenham a explorar medidas hipotéticas, colocando em cima da mesa cenários especulativos – é uma operação que apenas alimenta o discurso egocêntrico do PS, ainda por cima com o efeito colateral de juntar ao PS as vozes dos debilitados PC e Bloco. A única vantagem é que assim se percebe como PC e Bloco são na realidade os grandes aliados do PS – que objectivamente o estão a ajudar nesta campanha.


 


PERGUNTINHA – É engano meu ou o PEC IV, sem o financiamento que vai vir da ajuda externa, não iria servir para nada senão para agravar ainda mais a situação? ARCO DA VELHA – O PS quer ver-se livre de Sócrates, mas para isso precisa de perder as eleições – diz Eduardo Catroga.


 


SEMANADA – Sócrates acusa os outros partidos; Passos Coelho acusa Sócrates de fazer terrorismo político; todos os dias aparecem medidas e propostas avulsas; as sondagens mostram a confusão que está instalada – é o resultado da campanha que está a existir.


 


AGENDA – A Feira do Livro, que continua aberta, é um local fantástico para nos sentarmos numa esplanada a meio do parque Eduardo VII, para comermos um churro ou um cachorro e, claro, para passearmos entre livros. Há soluções engraçadas – como o túnel da Babel e outras muito eficazes, como o espaço da Leya, que claramente é o mais movimentado e aquele onde mais se vêem pessoas efectivamente em filas para comprar livros. Fica-me a dúvida se não seria possível, durante o verão, manter alguns daqueles quiosques e esplanadas como destino possível dos lisboetas, no meio de um jardim que é essencialmente para a vista mas que bem poderia ser um local de passeio se existissem alguns pontos de apoio.


 


LER – A edição de Maio da revista norte-americana «the Atlantic» é dedicada à cultura e tem a curiosidade de incluir uma série de notas sobre o processo criativo de figuras como Paul Simon, Frank Ghery ou Tim Burton, entre outros. Para além disso ainda encontra pequenos contos inéditos, nomeadamente um de Stephen King. Intitulado «the Culture Issue» esta é uma edição a não perder.


 


VER – «Five Rings», a nova exposição de Rui Chafes e Orla Barry, que estará no Museu Berardo até 21 de Agosto, é uma surpreendente combinação de palavras, objectos da natureza e das formas inesperadas que são a imagem de marca de Chafes. É curiosa a importância da palavra nesta exposição – até porque Rui Chafes tem sempre presente nas suas obras a evocação de palavras e frases de «Fragmentos» de Novalis, que ele próprio traduziu para edição em Portugal há uns anos. Ao longo das várias salas desenha-se uma narrativa de sensações que culmina numa explosão, inesperada, onde a luz e as formas do metal trabalhado se combinam num jogo de sensações. Esta é a segunda colaboração de Chafes com a irlandesa Barry, a primeira foi realizada em 2001, há dez anos. O nome e o percurso criado para a exposição fazem também pensar se não terá existido uma propositada alusão ao «Book Of Five Rings» do samurai Miyamoto Musashi, escrito em meados do século XVII e que é considerado um dos grandes textos orientais, do ponto de vista filosófico e estratégico.


 


OUVIR – Tenho muitos discos, mas poucos que tenham provocado uma impressão tão forte como este «Philarmonics», de Agnes Obel. Ele é um


a dinamarquesa de 30 anos que, depois de ter passado algum tempo em projectos colectivos, iniciou no ano passado a sua carreira a solo com este álbum que escreveu, produziu e, claro interpretou. Agnes Obel começou por tocar piano, depois durante algum tempo interessou-se pelo baixo eléctrico em duas bandas por onde passou e com quem gravou. Não conheço esses discos e da primeira vez que a ouvi, o que logo me impressionou foi a sua voz, expressiva, contida, emocionante. O disco é de uma enorme simplicidade, tão simples que se arrisca a passar despercebido. Em muitas canções mal se notam arranjos, o piano e a voz de Obel criam um ambiente austero e muito elegante. Mesmo nas faixas em que existe uma discreta percussão ou subtis acordes de violoncelo, mantém-se essa simplicidade. Nada distrai das palavras, às vezes intensas e perturbadoras, nem da voz e das melodias. O disco propositadamente valoriza a natureza e a beleza de canções como Riverside,, Over The Hill, Philarmonics ou Wallflower. A única canção que não foi escrita por Agnes é Close Watch, um original de John cale que aqui tem uma versão invulgar e atraente. CD PIAS, via Amazon.


 


PROVAR – O Sushi Café ganhou fama e proveito de ser um bom restaurante de sushi nas Amoreiras e, de outra forma, num corner no Colombo. Agora resolveu abrir porta para a rua e inaugurou há poucas semanas um novo espaço, amplo, na Rua Barata Salgueiro 28. Vamos primeiro à decoração – como o ambiente conta, esta é uma área onde se percebe logo, desde o primeiro momento, que tudo está pensado para garantir um espaço confortável e agradável para os clientes, em termos de luzes, som e das formas escolhidas para traçar o percurso e amenizar as paredes. Mas como o que, de facto, é importante num restaurante é a oferta culinária, vamos a ela. Para além da boa selecção de sushis e sashimis, ou da leveza das massas das gyosas, já conhecidas das outras casas da mesma empresa, neste espaço mostram- se outros terrenos da comida japonesa ou da aplicação de técnicas japonesas a alguns pratos portugueses – exemplos são as boas propostas baseadas em bacalhau. Estas propostas novas na carta merecem exploração –nomeadamente a forma como são cozinhados e apresentados alguns peixes e também a diversidade de pratos de carne oferecidos. Nas sobremesas não resisto a fazer destaque para o gelado de gengibre, que na minha opinião vende o bolo de chocolate, talvez doce de mais e com um toque a caramelo que distrai do essencial. Decididamente a Rua Barata Salgueiro está a ficar um pólo de restaurantes a incluir em qualquer roteiro. Telefone 211 928 158.


 


BACK TO BASICS – Os mentirosos são sempre pródigos em juras (Corneille)

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publicado às 14:34

QUE GOVERNO VAMOS TER?

por falcao, em 10.05.11

(Publicado no diário Metro de 10 de Maio)


 


Daqui a três semanas lá vamos a votos. O que está em cima da mesa é saber se queremos que o PS continua a ser Governo ou se queremos procurar uma alternativa.


 


Vamos a uns factos. Desde 1974, e sem contar com os governos provisórios ou de iniciativa presidencial, o PS esteve 18,6 anos no Governo e o PSD teve 15,5 anos – nalgumas vezes, em, ambos os casos, coligados com outros partidos.


 


Nos 15,5 anos de governos em que no Governo esteve o PSD registou um valor médio de endividamento público de 3,5 mil milhões por ano. Nos 18,6 anos em que o PS esteve no Governo registou-se um valor médio de endividamento público de 6,11 mil milhões de euros por ano..


 


Ao todo nos governos em que o PSD esteve  registou-se um aumento de 55 mil milhões de euros da dívida pública. Destes, 40,5 mil milhões verificaram-se nos Governos de Cavaco Silva e 14,5 mil milhões nos outros Governos do PSD.


 


Nos governo em que o PS esteve registou-se, ao todo, um aumento de 113,7 mil milhões de euros. Os governos de José Sócrates  são, por si só, responsáveis por 92,9 mil milhões de euros de dívida pública – e os de Mário Soares e António Guterres, em conjunto, por 30,8 mil milhões.


 


Vale a pena notar que os  82,9 mil milhões de dívida gerados em cerca de sete anos de governos Sócrates  são quase tanto como toda a dívida gerada por todos os outros governos ao longo de 27 anos – 85,8 mil milhões.


 


Os números são sempre uma matéria árida – mas são uma forma de olharmos para a realidade. A situação em que nos encontramos hoje é fruto da evolução destes números e do brutal aumento do nosso endividamento – um endividamento provocado por políticas, obras e medidas que não tiveram em conta a realidade das nossas capacidades. Quando se gasta mais do que se tem estamos perante um desgoverno.


 


A questão destas eleições é saber se queremos mais desgoverno ou se queremos endireitar as contas e pensar um bocadinho no futuro. Acham que com Sócrates teremos algum futuro, depois deste legado que nos deixou?

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publicado às 12:13

DILEMA–  Qual é a margem que existe para os programas políticos dos partidos, uma vez conhecido o cadernos de encargos da Troika e da Comunidade Europeia? O cenário de enquadramento será tão apertado que, realisticamente, os partidos terão que fazer apenas exercícios tácticos , em vez de proclamarem grandes desígnios estratégicos. O único programa para  a próxima legislatura é a salvação do país e o início da recuperação da economia e das finanças. Quem disser o contrário está a enganar – como Sócrates quis fazer ao evitar dizer quais as medidas efectivas do programa. Aqueles que falarem verdade, analisarem bem a situação existente e elencarem medidas exequíveis serão os melhor colocados para discutir votos.


 


Mas não vale a pena ter ilusões: a 5 de Junho, no arco do poder, vamos estar divididos entre os que rejeitam encarar a realidade e aqueles que partem da situação que existe e a querem modificar. E, claro que, fora do arco do poder, existirão ainda os que dizem que não interessa a realidade e apenas devem contar os princípios. De certa forma estas vão ser eleições difíceis – porque exigirão que os eleitores façam eles próprios uma ruptura assumida a afinidades eleitorais passadas e consigam ser parte do processo de transformação, que é absolutamente necessário. O grande risco que corremos é que não seja perceptível, a sectores do eleitorado, que precisamos de facto de mudar de vida, de mudar de hábitos, de mudar de funcionamento. É nesta dúvida – da efectiva necessidade de mudança radical – que o PS vai jogar  e é aqui, com remédios menores e camuflagens diversas, que vai tentar manter o eleitorado - como bem se viu na declaração de José Sócrates de terça-feira em quando anunciou gloriosamente o que não vai acontecer, mas escondeu cobardemente o que também sabe que irá ser feito.


 


Um amigo meu dizia-me há dias que, fora das grandes cidades, o voto iria ser conservador, no sentido de o eleitorado poder não ver necessidades de grandes mudanças. É este o terreno, é esta a dúvida que o PS vai explorar.


 


SEMANADA – Agora tudo indica que PS e PSD souberam cedo as linhas gerais do acordo com a troika. Sócrates aproveitou o que sabia e disse o que lhe convinha, montando um festival de propaganda. O PSD ficou apenas a ver e a comentar, dando espaço a Sócrates. Mais uma semana eleitoral perdida.


 


ARCO DA VELHA – A RTP N apresenta como comentador convidado regular Ricardo Rodrigues, o deputado do PS que roubou os gravadores de jornalistas da revista «Sábado» que lhe faziam perguntas incómodas e que, por isso mesmo, foi acusado pelo Ministério Público da prática de crime de atentado à liberdade de imprensa. Estranhos são os critérios de escolha de uma estação de serviço público…


 


AGENDA – No Museu Berardo já pode ver o resultado da colaboração de Orla Barry e Rui Chafes, «Five Rings». Até 15 de Maio está em acção o Indie Lisboa, com curtas e longas metragens e outras iniciativas – pode saber tudo em www.indielisboa.com. no Parque Eduardo VII continua a Feira do Livro e vale a pena ver o esforço que editoras como a Leya e, noutro plano, a Babel, fizeram para se apresentarem de forma diferente. Até 22 de Maio continua a exposição do World Press Photo no Museu da Electricidade; ainda na fotografia a K Galeria inaugurou a exposição «Processo» de Jordi Burch, centrada na imagem feminina - a K Galeria fica na Rua da Vinha 43, no Bairro Alto e pode ser visitada das 10 às 18 de segunda a sexta.


 


LER –  A edição de Maio da «Monocle» tem como tema principal a reconstrução do Japão – o que o país tem que fazer para recuperar do terramoto e o que poderá fazer para ficar ainda melhor que antes. Claro que Tyler Brulé, o fundador e director da revista, é um apaixonado pelo Japão, e portanto a sua observação sobre os dez sectores mais afectados é muito certeira. Outros artigos interessantes são sobre a cadeia de televisão árabe Al Jazeera, sobre a estação de televisão japonesa NHK, e sobre a forma como a Finlândia está a tentar recuperar das quebras verificadas pela Nokia. Na área das experiências há um artigo curioso sobre os princípios de gestão de Andrew Cogan, CEO da Knoll e sobre a forma como se pode gerir uma galeria de arte, por Harry Blain. Finalmente os lisboetas ficarão muito contentes com as quatro páginas dedicadas ao bairro da Lapa, em Lisboa – embora o prato forte em matéria de viagens seja o suplemento de 24 páginas dedicado a Barcelona.


 


VER – Ao longo dos anos Sofia Areal construiu uma imagem de marca e um estilo muito próprios e bem identificável. Começou a expor em 1982 e a sua primeira exposição individual data de 1990, estando representada em diversas colecções nacionais, institucionais e particulares. Agora Sofia Areal agrupou um conjunto de obras, de pintura e desenho, feitas entre 2000 e 2011 e deu o nome de «SIM» a esta mostra de 11 anos de trabalho. A exposição está no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional até 26 de Junho, com montagem (bem pensada) de Emília Ferreira, a mostrar a evolução da obra ao longo das várias fases que atravessou nesta década, desde as formas orgânicas iniciais, ao desenho mais intimista, até ao regresso à pintura dos últimos anos. A exposição é feita por iniciativa dos Artistas Unidos, com quem Sofia Areal trabalhou – e expôs – em diversas ocasiões. No catálogo da exposição Jorge Silva Melo escreve que estes dez anos de Sofia Areal são «uma visão que se afirma, que se intensifica, que se recria, simplificando».


 


OUVIR –  Paul Simon vai fazer 70 anos no próximo mês de Outubro e desde 1964, há 47 anos, que continua a ser um nome incontornável na música popular contemporânea. Primeiro ao lado de Art Garfunkel e, depois, a solo, foi construindo uma carreira erguida sobre canções de uma intensidade e criatividade pouco usuais, na quantidade e qualidade que conhecemos. Custa a crer que tenha passado tanto tempo desde que ele gravou «The Sound Of Silence» e quando se ouve pela primeira vez o seu novo disco «So Beautiful Or So What», acabado de lançar, tem-se a mesma sensação inicial de frescura e originalidade que é a sua imagem de marca desde o princípio da sua carreira. Nas notas introdutórias do disco Elvis Costello não hesita em dizer que o novo disco é uma das melhores obras de toda a carreira de Paul Simon, e tem razão.


 


Nos dez novos temas aqui incluídos, Paul Simon continua a descrever a vida à sua volta, citando a guerra no Iraque, as suas dúvidas pessoais mais profundas, sobre a fé ou a vida, o permanente encontro com o amor, a redescoberta da escrita e as dúvidas permanentes que povoam o universo dos homens. A produção do disco esteve a cargo do próprio Paul Simon e de Phil Ramone (que faz um soberbo trabalho). Dois destaques – para a forma como as percussões são utilizadas e para o arranjo de Gil Goldstein numa das faixas mais simbólicas do disco, «Love And Hard Times». E um elogio para a subtileza envolvente da guitarra de Paul Simon e para a forma viva e divertida como ele continua a cantar. Este é um disco fora de modas. Mas terrivelmente actual. CD Hear Music/ Universal Music


 


PROVAR – Quando lhe apetecer um restaurante pacato, com ambiente familiar e boa comida caseira pode experimentar dirigir-se para os lados da Infante Santo, no cruzamento com a Rua do Sacramento a Alcântara (que depois se transforma na Rua das Janelas Verdes). Aí fica o Restaurante Tirsense, cuja lista é estabelecida em função das disponibilidades da praça. Mas não é invulgar encontrar fantásticos jaquinzinhos ou uns bem preparados filetes de polvo, acompanhados de arroz de grelos, bem malandro e saboroso. Se tiver dúvidas nas escolhas peça sugestões à D. Lia, que ela há-de ter prazer em ajudar. Para começar, a sopa de hortaliça é um regalo e, para terminar, o arroz doce é imperdível. A acompanhar o café vem um daqueles pequenos bombons antigos, embrulhado em prata colorida. As mesas são confortáveis e bem postas, os guardanapos são de pano e duas pessoas fazem a festa por pouco mais de trinta euros, incluindo sopa, sobremesa e vinho da casa. O Tirsense fica no nº48 da Rua do Sacramento a Alcântara, é preciso descer umas escadinhas do nível da rua para o passeio inferior, onde está a porta. O telefone é 213 977 246.


 


BACK TO BASICS – A política tem a sua fonte na perversidade e não na grandeza do espírito humano (Voltaire)

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A tanga do programa

por falcao, em 03.05.11

(Publicado no diário Metro de 3 de Maio)


 


O candidato do PS a Primeiro Ministro, José Sócrates, usa a táctica da cassette: gosta de repetir uma frase vezes sem fim, na esperança de que, de tanto ser repetida, as pessoas se convençam. É o que tem feito em relação à questão do programa eleitoral, procurando convencer os eleitores que o PSD não terá programa a apresentar e que ele, despachado como é, já  apresentou o do PS.


 


Não é preciso ser especialista em política, nem ter os dons do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, para perceber que não serve de muito apresentar um programa eleitoral que, depois, entre em choque com o conjunto de medidas que a Troika do FMI e União Europeia estão quase a apresentar para viabilizar a ajuda financeira a Portugal.


 


Na realidade o bom senso manda que as negociações fiquem completadas e que os principais partidos cheguem a acordo com a troika sobre as medidas que estão dispostos a subscrever, para que, depois, cada um, apresente as suas melhores propostas, baseadas no quadro do que será possível fazer, e não daquilo que se gostaria de fazer mas provavelmente, em muitas áreas, não se poderá concretizar.


 


O candidato do PS, convém recordar, é useiro nesta táctica: já nas duas eleições anteriores fez programas eleitorais e promessas diversas – em matéria fiscal, de emprego, de apoios sociais – que depois teve de retirar à pressa mal se sentou na cadeira de Primeiro- Ministro. De maneira que de uma coisa temos a certeza: o candidato Sócrates do PS promete umas coisas que depois o Primeiro Ministro Sócrates não cumpre.


 


Como Primeiro Ministro José Sócrates foi o que mais distante ficou dos programas eleitorais que tinha traçado e, já agora, o que piores resultados apresentou em matéria de agravamento das contas públicas – de facto as suas promessas dizem uma coisa e os seus actos mostram outra, bem diferente. Quem quiser continuar a acreditar em promessas que não têm nada  a  ver com a realidade tem Sócrates do seu lado.  E já sabemos aquilo que ele faz.

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