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Eu gosto de bicicletas, nada me move contra elas e são uma bela forma de passear, descontrair e fazer exercício físico. Mas as principais cidades portuguesas têm no entanto um incontornável obstáculo à utilização de bicicletas no dia-a-dia: nestas cidades, nomeadamente em Lisboa e no Porto, elas são apenas uma boa opção de transporte quotidiano, nos dias de trabalho, para especialistas em mountain-bike. Querer adoptar, para cidades cheias de subidas e descidas, onde grandes áreas planas são raras, a utilização regular e numericamente significativa de bicicletas é manifestação de falta de realismo.


 


Vem isto a propósito das célebres ciclovias promovidas em Lisboa pelo vereador Zé que não faz falta. Eu gostava de saber quanto já se gastou nestas ciclovias e gostava de ter um estudo isento sobre a sua utilização. Como se sabe a esmagadora maioria delas está construída em função de actividades de lazer. De um ponto de vista prático, de utilização dia a dia, as ciclovias não levam a lugar algum – e não têm que levar. Junto ao rio e em algumas áreas residenciais podem fazer sentido, mas fora disso compreendem-se mal. Por exemplo, a menos que a ideia seja divulgar as mountain-bikes em Portugal, não se entende a construção de uma ciclovia na íngreme subida pela Marquês da Fronteira acima.


 


Eu gostava de saber o impacte ambiental da construção destas ciclovias – nos materiais usados para as asfaltar, na maquinaria utilizada, e no caso concreto acima referido, no aumento da emissão de gases de escape nos intermináveis engarrafamentos que durante meses a sua construção implicou.


 


Em Londres, cidade plana, onde a autarquia implementou um interessante esquema de aluguer de bicicletas ao dia, e que funciona muito bem,  não existem ciclovias destas, antes uma faixa de circulação, assinalada por uma linha contínua, junto ao passeio e ao lado do corredor de Bus. Ou seja – soluções práticas e inteligentes, em vez de megalomania, desperdício e falta de realidade.

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publicado às 16:38

ELOGIO - Hoje começo esta coluna a elogiar Jorge Coelho.  Na noite de terça-feira ele deu uma notável entrevista à RTP N na qual deixou uma série de recados importantes para dentro do PS – nomeadamente salientando que agora começa um novo ciclo, que terá novas metas e que obrigará o PS a reorganizar-se. Que diferença fazem estas palavras das ameaças veladas emitidas por Santos Silva à saída da posse do novo Governo ou, ainda, da permanente arrogância e pesporrência de Jorge Lacão, no mesmo dia, nas mesmas circunstâncias. Jorge Coelho falou do futuro e recomendou ao PS que pense no que fez e no quer agora fazer. Tenho admiração por homens que são capazes de se retirar como Jorge Coelho retirou, assumindo responsabilidades politicas e saindo de cena em circunstâncias tão graves como foi a queda da ponte em Entre Os Rios.


 


E, quero dizê-lo  (e perdoem-me os leitores o estilo confessional) tenho uma verdadeira e sincera admiração pelos homens e mulheres que aceitaram a responsabilidade de integrar este Governo nesta altura tão complicada, com um programa de acção em boa parte imposto de fora, mas que é provavelmente o estreito caminho que ainda nos pode levar a um futuro melhor. Espero que nesta legislatura se façam menos disparates, que não existam deputados a sonegar gravadores que registam perguntas incómodas de jornalistas, espero que haja responsabilidade, que haja atenção à realidade e, sobretudo, que exista menos arrogância e menos teimosia.


 


A actividade cívica e politica não pode ser entregue a um bando de carreiristas e oportunistas – é bom saber que existe quem saiu do seu conforto para tentar resolver os problemas, Eles estão num batalhão que já partiu para a frente de batalha. Têm o seu quê de guerrilheiros , têm coragem, merecem respeito e oportunidade para mostrar o que valem. Estou à vontade – não votei em quem venceu, pela primeira vez optei pelo CDS e divulguei-o em tempo oportuno. Mas espero que a solução que se encontrou permita uma governação equilibrada e sobretudo eficaz. Porque essa eficácia é a única coisa que nos permite pensar que existe uma oportunidade de vivermos, todos, num país melhor.


 


REGISTO - Uma coisa é certa – já se percebeu que Pedro Passos Coelho é adepto de experimentar, errar, avaliar, corrigir. Não é um método impossível, em politica, mas tem custos elevados e um prazo de validade relativamente curto. Começou a campanha eleitoral neste registo – com a indicação de Fernando Nobre para cabeça de lista pelo círculo de Lisboa – e começou a actividade Parlamentar arriscando – e sofrendo – uma derrota, exactamente pela persistência em manter Fernando Nobre. Algumas pessoas dizem que é sinal de carácter e de fidelidade aos compromissos. Aceito isso, mas também acho que há alguma dose de teimosia – e a teimosia em politica (e noutras coisas da vida), não é boa conselheira.


 


No entanto convém dizer que uma grande parte da responsabilidade do mau começo parlamentar da maioria tem a ver com a falta de carácter do próprio Fernando Nobre – um facto curioso porque foi baseado no seu suposto carácter que ele terá sido escolhido. No entanto o seu percurso, na política e na forma como organizou e dirigiu a AMI, não é o melhor indicador de um bom carácter. Sei que isto poderá chocar alguns, mas é o que penso. No mínimo criou demasiadas situações dúbias. Quando ele foi candidato, felizmente derrotado, às Presidenciais, escrevi que ele fez carreira à custa de um bom aproveitamento mediático do sofrimento alheio – e mais tarde quis prolongar esse aproveitamento na política e foi aí que se perdeu. Que as duas derrotas seguidas sofridas o façam pensar e corrigir a forma como se comporta.


 


SEMANADA – No fim de semana Fernando Nobre esteve com Paulo Portas, nesses dias terá feito contactos com pessoas próximas do PS e seus companheiros de outras lides; depois de todas estas conversas fez constar que teria possibilidades de ser eleito Presidente da Assembleia da República; dirigentes experientes do PSD acreditaram nele e vieram afirmá-lo e até Marcelo Rebelo de Sousa lhe vaticinou vitória. Segunda-feira foi a votos e tornou-se no primeiro candidato a Presidente da Assembleia da República a ser derrotado em duas votações seguidas. A sua expressão facial no momento do anúncio da segunda votação não escondeu a raiva.


 


Resta a dúvida: enganou ou foi enganado? Eu acho apenas que foi ingénuo e que a única coisa que lhe cabia, desde o dia em que foi eleito deputado, era desvincular o líder do PSD do acordo que terão feito. Aí teria dado prova de grandeza. Persistindo na ambição, acabou humilhado. E não ajudou quem, em má hora, o escolheu para deputado. A cara que fez quando percebeu o resultado de Assunção Esteves diz tudo sobre a sua pessoa. Felizmente está registada em fotografia, publicada na imprensa.


 


ARCO DA VELHA – Os gastos públicos ilegais quase triplicaram em 2010 face a 2009 – o Tribunal de Contas detectou quase 3 mil milhões de euros de despesa pública irregular.


 


CULTURA – Interessam-me mais os actos do que os símbolos. Em matéria de politica cultural o que sei é que nestes últimos anos tivemos muito simbolismo mas muito pouca obra. Tivemos um Ministério que fez menos que muitas Secretarias de Estado. O Ministério da Cultura teve titulares com menos poder ou capacidade politica do que muitos Directores-Gerais. Uma Secretaria de Estado da Cultura na dependência directa do Primeiro-Ministro tem maior peso politico e capacidade de interlocução com as áreas com que tem de se entender (Finanças, Negócios Estrangeiros, Turismo, Educação,, Economia, Audiovisual), do que um Ministério que é o último na lista das precedências do Estado.


 


Espero que Francisco José Viegas desempenhe bem o lugar, embora não resista a uma maldade: não é preciso muito para fazer melhor que Gabriela Canavilhas. Espero que a diferença seja sensível e que, sobretudo, tenha em conta as novas áreas da criatividade e não apenas o património, edificado ou editado.


 


LER – A Monocle de Julho tem a lista das 25 melhores cidades para viver. Lisboa lá está, ainda entre as cinco últimas. Lê-se o que a revista publica sobre Lisboa (e as notas que surgem sobre o país no site) e percebe-se que a Monocle é, quanto a Portugal, felizmente para nós, vítima de uma descriminação positiva que se constata na forma como os seus correspondentes engolem a propaganda dos poderes. Tenho alguma curiosidade em ver como esses correspondentes se adaptam à alteração política no país. O entrevistado português desta edição é o vereador Zé que não faz falta, muito elogiado por fazer corredores para bicicletas que não levam a lugar algum e só servem para enfeitar as ruas – basta ver o movimento que têm. Mas como diz o outro, mais vale que falem mentiras do que se esqueçam que existimos.


 


OUVIR – “Dois Lados” é o título de uma interessante colecção de música brasileira lançada pela Universal. Num dos discos estão as melhores interpretações de quem compôs as canções e, no outro, estão as melhore versões de quem interpretou canções desse compositor. Eu escolhi o disco de originais de Toquinho, que me é particularmente grato – ele é um dos grandes compositores brasileiros, experimentou novos arranjos e foi quem melhor soube traduzir em música os poemas de Vinicius de Moraes. O segundo disco tem versões de nomes como Chico Buarque, Quarteto em Cy com os MPB4, Trio Mocotó e Maria Bethania, entre vários outros. No caso de Toquinho, confesso, as suas versões originais, são as melhores interpretações, a todos os níveis.


 


PROVAR- Já que começou a nova legislatura não fica mal recomendar aos senhores deputados que, quando tiverem vontade de um bom bife, têm, mesmo ao pé do Parlamento, uma histórica e venerável instituição que dá pelo nome de Café de S. Bento., no 212 da rua com o mesmo nome. O serviço é atencioso e rápido, a qualquer hora até bem tarde, as batatas fritas são estonteantes e a carne é garantida. A não ser para apetites vorazes, o meio bife chega muito bem para saciar o apetite dos nossos eleitos. Se quiserem uma coisinha mais comedida podem escolher o prego do lombo, um a peça exemplar desse género tão português. Claro que correm o risco de ter por perto jornalistas e deputados de outras bancadas, mas isso faz parte do convívio democrático. Pormenor importante – a cerveja é de estalo. O telefone é 213 952 911.


 


 


BACK TO BASICS – Devemos sempre expor as nossas opiniões permitindo uma razoável dose de dúvida – Bertrand Russell

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publicado às 11:08

O PICNIC DO ABUSO E MÁ GESTÃO

por falcao, em 21.06.11

(Publicado no diário Metro de hoje)


 


Esta coluna de hoje destina-se a dar os parabéns aos hipermercados Modelo/Continente e à sua agência de publicidade, a EURO-RSCG. De uma assentada conseguiram criar um evento que paralisou o centro de Lisboa durante quatro dias, transformando a avenida da Liberdade num misto de arraial publicitário e estúdio da TV Rural,  convencendo a RTP a transmitir a coisa em directo  durante quase quatro horas. Esta iniciativa devia entrar directa para o Guinness – um spot publicitário de quatro horas na televisão do Estado, em sinal aberto é obra.


Claro que o Modelo e a sua agência publicitária sabiamente usaram argumentos politicamente correctos, como o apoio aos produtores nacionais ou a entrega de produtos a instituições de solidariedade social. Estas iniciativas publicitárias – porque é de publicidade pura e dura que se trata e é bom ter isso presente – são na aparência muito interessantes, mas só vivem quando há utilização abusiva de bens públicos, facilitada por diversos poderes.


 


O que me revolta é a desfaçatez com que António Costa e José Sá Fernandes tomaram a decisão de utilização de um espaço público crucial à vida da cidade, ainda por cima argumentando que teriam feito bom negócio – gabaram-se de terem recebido 100.000 euros de contrapartidas. Além de abuso de poder, fazem gestão danosa: quatro dias de utilização total no pavilhão Atlântico teriam custado mais, quatro dias de um estúdio de televisão de grande dimensão teriam custado bem mais. E nem me ocorre querer saber quanto levaria a SONAE pela utilização em exclusivo dos corredores de um dos seus hipermercados durante quatro dias, se porventura o autorizasse.


 


O Continente e a Sonae fizeram um grande negócio –a cidade é que não. Os que cá pagam impostos, os que têm lojas abertas na Avenida e pagam contribuições à autarquia, o comércio de rua que é esmagado pelas grandes superfícies é que saem a perder destas coisas. Sá Fernandes já não é o emplastro de António Costa, agora passou a ser o contrário. A criatura tomou conta do seu criador.

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publicado às 10:20

LIBERAIS & AUDIOVISUAIS – Ciclicamente vem à baila o tema da privatização da RTP, sempre em nome de boas práticas liberais. Estamos num destes ciclos e mais vale encarar o assunto de frente. Geralmente existe alguma confusão entre a privatização da RTP e a concessão a privados do serviço público de televisão. Parece-me que o assunto está, nesta fase muito mal estudado. Se é a empresa RTP que se pretende privatizar vai ter que se fazer uma análise do que pode ser interessante vender, em termos de mercado, com o objectivo de conseguir um bom preço: As frequências de que tem concessão? As licenças de cabo? Os estúdios? Os meios técnicos? Os recursos humanos? O arquivo? A operação de televisão? Um dos canais? A operação de rádio?


 


Eu sinceramente acho que ninguém está, neste momento, em condições de responder a estas questões. E acho que a resposta é muito difícil enquanto não houver uma decisão clara sobre o que deve ser o serviço público audiovisual. Em Setembro de 2002 foi divulgado um relatório com propostas concretas sobre o que devia ser o serviço Público de Televisão, elaborado por um Grupo de Trabalho que na altura integrei. No essencial as conclusões programáticas desse relatório mantêm-se actuais mas nãoi estão aplicadas. O primeiro passo para fazer o que quer que seja é definir aquilo que deve ser assegurado pelo serviço público, estabelecer uma missão, prioridades e objectivos. No essencial isto não está feito.


 


Há também que ter em conta a circunstância política de saber se o Estado quer exercer um papel regulador, quer no mercado da produção audiovisual, quer no mercado dos media em geral. Nos últimos dias tenho lido diversas opiniões favoráveis a que o Estado deixe de ter esse papel regulador, em nome do livre funcionamento do mercado. Aconselho os defensores do livre funcionamento do mercado, nesta matéria, a estudarem bem o caso dos Estados Unidos ou dos países nórdicos, muitas vezes apontados como referência – talvez tenham surpresas quanto às balizas estreitas que nesses países o Estado impõe à actividade de emissão de televisão e ao condicionamentos que existem nos media. Falar de cor com base em ideias feitas é um exercício fatal, que geralmente resulta numa teimosia que é má conselheira.


 


Quer em relação ao papel de regulador na área conteúdos (dizendo quais são as áreas prioritárias de desenvolvimento e investimento), quer de regulador dos media (garantindo uma saudável concorrência não só entre televisões mas entre todos os media em geral), gostaria de deixar aqui uma pequena nota sobre o mercado – e neste caso sobre o mercado português. O nosso mercado é pequeno, está em recessão e não em crescimento. Um filme português de sucesso faz 300.000 espectadores e, além de alguns festivais, não tem exibição internacional. O mesmo se poderia dizer quanto aos programas de televisão. A rentabilidade da produção audiovisual portuguesa está confinada ao nosso pequeno rectângulo, não por fatalismo mas por um conjunto de questões – que vão da fonética da língua, pouco dada à exportação mesmo para o Brasil, até à falta de maturidade da maior parte dos produtos. Por isso mesmo é que vale a pena estudar muito bem o assunto, evitar pressas, promessas e ideias feitas, e ver qual a melhor forma de desenhar um serviço público que possa ser motor de desenvolvimento da produção audiovisual – partindo do princípio de que esta é a única formas contemporânea de mantermos viva a língua e a cultura portuguesa no mundo.


Usando a imagem esta semana anunciada por Steve Jobs, da Apple, os idiomas e as culturas que não estiverem na cloud não existirão num futuro próximo. E sem uma produção audiovisual não estaremos lá de certeza.


 


LER –  Nada como um bom policial para nos reconciliar com a leitura. Há uns tempos descobri as aventuras escritas pelo italiano Andrea Camilleri e aos poucos ele está a tornar-se num dos meus autores preferidos. A escrita é concisa, não se perde em descrições maçadoras e o novelo da história é bem urdido – além disso polvilha cada romance com apetitosas descrições de refeições italianas, melhor dizendo sicilianas - que o herói das histórias é o comissário Montalbano, estabelecido em Vigata, uma vila imaginária mas que, pela descrição, fica na zona de Agrigento. «O Cheiro da Noite» é um original de 2001, editado em Portugal em 2002, pela Difel, que tem divulgado Camilleri em Portugal. Em poucas palavras é a história de um vigarista que imagina um esquema do género D.Branca/ Bernard Madoff e que engana as gentes de Vigata. O romance é a história da investigação em torno do desaparecimento do vigarista e de um seu auxiliar – e como acontece nos policiais de Camilleri, a meio dá-se um volte-face inesperado. Mas isso eu já não conto que não quero estragar a surpresa.


 


VER – A sugestão de hoje é para voyeurs compulsivos. Sugiro uma visita à exposição «The Last Sitting», que mostra 60 fotografias da célebre sessão realizada pelo fotógrafo norte-americano Bert Stern num hotel em Nova York, em Junho de 1962, para a revista «Vogue», apenas seis semanas antes da morte da actriz. A sessão de fotografias durou três dias e – reza a lenda - ter-se-ão bebido muitas garrafas de champage. Stern fez mais de 2500 imagens, muitas delas com Marylin nua – em 1992 foi publicado um livro com a maioria destas imagens e algumas pranchas de contacto anotadas pela própria Marylin. Esta exposição vai estar no Centro Cultural de Cascais até 17 de Julho, de terça a Domingo, entre as 10 e as 18h00.


 


OUVIR –  Se este disco se chamasse «Cavaquinho» podia ser do Júlio Pereira. Como se chama «Ukulele Songs» vem assinado pelo ex-Pearl Jam Eddie Vedder. É um disco tão simples que chega a ser desarmante e tão sóbrio que quase não se dá por ele. O ukulele é descendente do cavaquinho português, levado por emigrantes para o Hawai, e que aí se tornou imensamente popular. No fundo é um pequeno instrumento de cordas (apenas quatro cordas), muito fácil de tocar e com uma gama de acordes limitada. Parece que Vedder o descobriu numa viagem ao Hawai e, desde então, o instrumento acompanha-o para todo o lado. Todas as canções são de Eddie Vedder, a maior parte compostas no próprio ukelele e as participações – vocais ou instrumentais – são absolutamente minimalistas. «Sleeping By Myself», «More That You Know», «Satellite» , «Tonight You Belong To Me» e «Dream A Little Dream» são as minhas preferidas - mas devo dizer que este é daqueles discos a que se vai voltando audição após audição, cada vez com mais prazer. A simplicidade musical do álbum contrasta com o cuidado posto na capa e no pequeno livro, com cuidadas fotografias e um grafismo onde a simplicidade é aparente.  Já agora – na semana passada este «Ukelele Songs» foi o CD mais vendido em Portugal – o que não deixa de ser curioso. Cá por mim acho bem.


 


PROVAR – Cada vez que regresso ao Papa Açorda arrependo-me de não ir lá mais vezes. Já que agora, na cidade, me desloco numa scooter fica bem mais fácil visitá-lo sem perder muito tempo na deslocação, sobretudo à hora de almoço que é quando gosto mais do local. A escolha recaíu nuns filetes com arroz de berbigão e numa açorda de bacalhau, ambos em muito boa forma. Passaram-se as entradas mas havia uns belos figos com presunto de Parma e a carta oferecia ainda outras possibilidades como a deliciosa salada verde com caranguejo de casca mole. Na lista lá continuam os clássicos do Papa Açorda – pastéis de massa tenra com feijão verde,  morcela assada com grelos, costeletas de borrego panadas, fritura mista de peixe com aioli e, claro, a açorda real de gambas e lagosta. Nas sobremesas nunca resisto às queijadinha de requeijão (se não estivesse a tentar ser comedido teria ido para o pudim de ameixas pretas ou a mousse de chocolate). Rua da Atalaia 57, aberto de terça a sábado, telefone 213464811


 


BACK TO BASICS – Nunca devemos deixar que a persistência e a paixão se tornem em teimosia e ignorância – Anthony J. D’Angelo

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publicado às 17:51

Adoro-vos! - Paguem a conta, sff

por falcao, em 14.06.11

(Publicado no diário Metro)


 


Quando se soube quais eram os candidatos à liderança do PS, Francisco Assis e António José Seguro, o Dr. Almeida Santos, um homem de raro sentido de oportunidade, teve esta elucidativa afirmação: «temos que nos governar com aquilo que temos».


 


Estou em crer que este foi também o pensamento de José Sócrates quando percebeu que a probabilidade de levar uma coça eleitoral era grande.


 


Sabe-se agora que há uns meses, quando Dilma & Lula estiveram em Portugal estando já as eleições marcadas, convidaram José Sócrates para, quando saísse do Governo, ser um caixeiro viajante dos interesses das grandes empresas brasileiras junto da Comunidade Europeia. Numa dessas empresas já está um ilustre amigo de Sócrates, Armando Vara. O convite de Dilma & Lula, que Sócrates já conhecia quando disse adeus, pode ser uma das razões que o levou a dizer que, a partir desse momento, queria ser feliz.


 


Por este andar já nem me admirava que recebesse idêntico convite de outro dos seus grandes amigos, o venezuelano Hugo Chavez que também havia de agradecer os bons ofícios de Sócrates. Infelizmente já não deverá receber convite de um outro seu bom amigo, agora um bocadinho em maus lençóis, o líbio Khadafi.


 


Brincadeiras à parte a saída de Sócrates foi sentida com algum alívio no PS – não se ouviram grandes choros nem lamentações e rapidamente surgiram os candidatos. Têm uma missão difícil – em 2013 há eleições autárquicas, e esse vai ser um teste simultaneamente à nova maioria e ao PS, que terá de tentar recuperar a credibilidade que os devaneios de Sócrates destruíram.


 


Os próximos tempos vão ser duros e mais uma vez, como é nossa triste sina, o autor da dívida pirou-se quando chegou a altura de pagar a factura. Sócrates partiu dizendo «adoro-vos», mas a herança que ele deixou contraria as suas palavras. Não se faz isto a quem se adora. Razão tinha o cobrador do fraque que andou na campanha atrás de Sócrates – já adivinhava que alguém havia de pagar por ele.


 

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publicado às 15:38

PASSADO - «Não há exemplo de alguém ter feito tanta coisa mal feita em tão pouco tempo» – assim se referiu Belmiro de Azevedo a José Sócrates, cuja actuação, sublinhou o empresário, não foi a de um Primeiro Ministro, mas de chefe de um grupo. Estas palavras, transpostas do Governo para o PS, são a exacta análise política do que aconteceu ao longo dos últimos anos e que agora está à vista. Sócrates serviu-se do PS para os seus interesses – para manter o seu poder pessoal – e, quando o perdeu, despediu-se com um lacónico «Adoro-vos» - um final que nem os mais criativos argumentistas de comédias de televisão imaginariam. Olha-se agora para o PS e vê-se um partido sem liderança, sem programa, com uma ideologia apenas residual e com um número reduzido de interessados em tentar resolver o problema. Sócrates na realidade secou tudo à sua volta, foi um parasita que se alimentou do aparelho, estiolando-o. Usou os seus amigos, os seus fiéis, para manter a máquina em respeito, usou o Estado para distribuir benesses a um nível que provavelmente ainda nem imaginamos. Fez tudo isto num metódico plano de tomada de poder que no início contou com a cumplicidade actuante do então Presidente da República, Jorge Sampaio, que manobrou a evolução política de forma a só convocar eleições quando Sócrates e o PS já se sentiam com condições para vencerem. Por isso, na hora da despedida, convém recordar que a incompetência de que Sócrates deu mostras como Primeiro Ministro tem origem no golpe palaciano que Jorge Sampaio montou enquanto Presidente da República, depois da saída de Durão Barroso, em Junho de 2004. Esta é também uma parte de tudo o que aconteceu e que a História um dia estudará. O derradeiro episódio do estilo Sócrates aconteceu terça-feira, quando finalmente o Ministério das Finanças anunciou oficialmente as medidas constantes do acordo com a troika, que prudentemente mantivera a recato durante a campanha eleitoral.


 


PRESENTE - O resultado das eleições mostra algumas alterações curiosas na demografia eleitoral – em primeiro lugar mostra a nível nacional uma clara maioria de centro-direita, com sinais de que uma parte deste reforço veio do segmento dos votantes mais novos – aqueles que já chegaram à idade adulta no início deste ciclo de poder do PS – e que o repudiaram. Por outro lado mostra que pouco mais de um ano, depois das autárquicas, a maioria da cidade de Lisboa vota agora no PSD e PP – e está por saber se este resultado não mostra, também, como nas autárquicas parte do PSD se absteve ou fez contra-vapor ou, até, optou por votar António Costa em vez de Santana Lopes – aliás a realidade é que a Distrital de Lisboa do PSD pouco se empenhou nessas eleições locais. Não há-se ser por acaso que o maior reforço de deputados do PP se deu em Lisboa precisamente – foi a reacção natural de muitos eleitores à escolha de Fernando Nobre para liderar a lista do PSD, o que também é outro dado curioso. Se é verdade que Passos Coelho conseguiu derrotar Sócrates, também é verdade – e deve ser salientado - que o fez com um programa de claro posicionamento mais à direita, contribuindo para separar as águas. Mesmo assim, ganhou – o que quer dizer, talvez, que também alguma coisa está a mudar no país. A análise de algumas sondagens pré-eleitorais permitia já perceber que a esquerda estava a reter o voto dos mais idosos e conservadores, que ainda vivem segundo os dogmas criados em 1974 – enquanto ao centro direita surgiam eleitores mais novos e mais abertos a mudanças. É muito interessante ver, a este nível, que o PP em 2005 elegeu 12 deputados e, agora, elegeu 24 – duplicou a sua representação parlamentar em meia dúzia de anos. Toda esta situação é nova em Portugal e representa um desafio adicional para os dirigentes políticos que em breve irão governar o país. As condições estão criadas para a coisa correr bem. Esperemos que haja o bom senso de não estragar o que a votação criou.


 


FUTURO - No rescaldo destas eleições é impossível contornar dois ou três factos que merecem estudo, resposta e eventuais alterações no funcionamento do sistema. O primeiro tem a ver com o aumento da abstenção, contrariando o apelo – aliás um pouco excessivo – de Cavaco Silva. A abstenção não se combate com apelos, combate-se com uma efectiva mudança no funcionamento dos políticos e na forma como os partidos conseguirem relacionar-se com os cidadãos, fomentando a participação cívica e não a limitando à militância nem ao cheque em branco. Estamos, como estas eleições mostram, a deixar a fidelidade absoluta aos partidos e a agir em função dos comportamentos dos políticos – Sócrates e Louçã sentiram isso mesmo nos resultados. Mas o funcionamento do sistema político há-de também passar pela reforma do Parlamento e pela revisão da Lei Eleitoral, cada vez mais desadequada da realidade actual. Os episódios lamentáveis das decisões de tribunais sobre os debates nas televisões devem fazer pensar no absurdo precedente que foi criado – e o melhor é encarar o problema de frente nos próximos actos eleitorais. Finalmente não deixa de ser estranho que esta campanha tenha acabado por ser das mais antiquadas em termos mediáticos – mesmo a presença dos partidos no mundo digital foi menos criativa e interessante que em algumas outras ocasiões.


 


ARCO DA VELHA – O que pensam os candidatos à liderança do PS sobre as declarações da eurodeputada Ana Gomes a propósito de Paulo Portas? - Aqui está um caso em que as respostas iriam ajudar a perceber de que fibra são feitos esses candidatos.


 


VER – Entre Setembro de 2010 e Janeiro de 2011 os trabalhos que integraram a exposição «Paula Rego Anos 70 – Contos Populares e Outras Histórias», que esteve na Casa das Histórias Paula Rego, foram fotografados, digitalizados e trabalhados em alta definição com recurso a duas tecnologias, chamadas Deep Zoom e Silverlight, em parceria com a Microsoft. Estas imagens estão agora disponíveis, para consulta gratuita, através de um link que está no site www.casadashistoriaspaularego.com e no Portal MSN da Microsoft e que permitiu criar uma plataforma online que reúne todas as obras apresentadas nessa exposição, intitulada «Deep Zoom Paula Rego Anos 70», o título que está nos links de acesso. Esta parceria com a Microsoft, que disponibilizou a tecnologia Deep Zoom e operacionalizou tecnicamente a exposição virtual, permite ter toda a informação sobre cada uma das obras, mas também explorar as peças, fazendo zooms parcelares, analisando até a textura e descobrindo pormenores até aqui escondidos. Para além de perpetuar a exposição deste conjunto de obras espalhado por diversos locais, a tecnologia proporciona uma possibilidade de descoberta e interacção capazes de poder atrair novos públicos para a obra de Paula Rego.


 


LER – Na edição de Junho da «Vanity Fair» destaque para um relato dos dias derradeiros de Elisabeth Taylor, um delicioso artigo sobre o que tem sido a vida de Hillary Clinton ao lado de Obama, uma viagem ao mundo da Zynga, a empresa que criou jogos como Farmville, Cityville e Zinga Poker, e por fim uma suculenta entrevista com a cantora Kate Perry (America’s most unconventional sweetheart),  fotografada por Annie Leibowitz. Revistas assim é que me fazem gostar da imprensa.


 


OUVIR –  Os apreciadores de World Music terão boas razões para comprarem «Anthology», uma recolha de temas que marcaram a carreira do músico Salif Keita, originário do Mali. Entre eles está um dos pontos altos da sua carreira, «Mandjou», do início dos anos 70, onde já se intuíam as formas de utilização da voz e dos teclados que haviam de marcar a sua carreira. Esta compilação inclui trabalhos dos anos 80 e 90 e também da primeira década do novo século, entre os quais «Yamore», o seu célebre dueto com Cesária Évora. (CD Universal, na FNAC).


 


BACK TO BASICS – A política não é a arte do possível, é a escolha entre o que é desastroso e o que é desagradável – John Kenneth Galbraith

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publicado às 13:32

PARA MEMÓRIA FUTURA

por falcao, em 07.06.11

(Publicado no diário Metro de 7 de Junho)


 


As eleições de Domingo foram o reflexo de um país cansado de mentiras e promessas vãs – e isso reflectiu-se de duas formas: por um lado pela elevada abstenção; e por outro pela rejeição fortíssima do PS, e de José Sócrates em particular.


 


Com a derrota do PS fecha-se um ciclo político e nestas alturas é bom fazer um exercício de memória, para que no futuro não esqueçamos o que aconteceu, para além do aumento da dívida, do aumento do desemprego e da crise em que o país foi mergulhado. Alguns lembrar-se-ão que Luis Campos e Cunha, o seu primeiro Ministro das Finanças, avisou bem cedo do rumo que as coisas iriam tomar. Mas o que veio a seguir ultrapassou tudo o que se esperava: utilização da CGD para patrocinar a tomada de poder no BCP e financiar guerras internas de accionistas, tentativas de compra de uma estação de televisão incómoda para o Governo, casos de corrupção uns atrás dos outros. Na noite das eleições uma jornalista corajosa perguntou a Sócrates se ele achava que os processos judiciais, que foram travados enquanto ele foi Primeiro Ministro, iriam agora avançar. Foi uma pergunta oportuna.


 


Mas há outro episódio que deve ficar para a memória – a queda de Sócrates é também a queda de um processo fabricado por Jorge Sampaio quando era Presidente da República. Na altura em que Durão Barroso partiu para Bruxelas, Sampaio recusou-se a convocar eleições antecipadas, contra a opinião de muita gente, porque sabia que Sócrates e o PS, nessa altura, ainda não estavam preparados para ir a votos. Seis meses depois, com a máquina do PS já a rodar, encontrou um pretexto para derrubar o Governo que ele nomeara e convocou eleições antecipadas. Sócrates chegou a Primeiro Ministro pela mão de Jorge Sampaio, num episódio político nebuloso que objectivamente favoreceu o PS. Por isso também Jorge Sampaio é co-responsável de tudo o que aconteceu e também ele foi um dos grandes derrotados de 5 de Junho.

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publicado às 15:28

MUDANÇA - A partir de segunda-feira nada será igual. Temos prazos apertados para cumprir. Metas difíceis de atingir. Equipas governativas para formar. Vão encontrar um país que precisa de voltar a ganhar confiança e energia – porventura o desafio mais difícil depois de anos de anestesia e depressão. O novo executivo vai ter de gerir melhor os recursos, dinamizar a economia e motivar as pessoas. Espero que os novos governantes tenham o bom senso de olhar para Portugal como um país e não como uma empresa integrada numa multinacional europeia. Espero que saibam que a governação e a política têm um lado racional e rigoroso, mas também um lado de paixão e desafio. Espero que combinem o cumprimento dos compromissos exteriores com as expectativas de quem cá vive. Temos um PIB reduzido, um crescimento anémico. Deixámos de produzir e concentrámo-nos a consumir e a alteração deste paradigma é decisiva para podermos sobreviver. Quem se sentar no Governo tem que ser realista, encarar os problemas de frente, não esquecer as dificuldades do país nem as dificuldades das pessoas. É no equilíbrio da gestão destas dificuldades – colectivas e individuais – que está a chave de podermos começar a resolver os nossos problemas mais importantes. E, sobretudo, de termos êxito a recuperar a economia e tornar melhor a vida dos portugueses – que é a única razão de existência de qualquer Governo. Muitos dos anteriores dirigentes políticos e partidários esqueceram-se deste objectivo, que parece simples. Por isso mesmo segunda-feira começa um desafio ao nosso sistema político e aos nossos partidos. Serão os partidos e os seus dirigentes capazes de vencer a descrença? Querem continuar, como até aqui, a lamentar o passado, ou estão mesmo interessados em mudar o futuro? Será possível que os partidos voltem a conquistar a confiança e a participação cívica dos portugueses?


 


COLIGAÇÃO – Miguel Relvas disse esta semana numa entrevista que «Passos Coelho será melhor Primeiro-Ministro do que candidato» - a frase resume o percurso zigue-zagueante do PSD nestes meses mais recentes, os erros de comunicação e a forma como geriu, mal, expectativas. Já aqui escrevi que sou incapaz de votar Fernando Nobre, que vou votar no CDS, por ter sido um exemplar grupo parlamentar na oposição a Sócrates e porque assim estou certo de reforçar o equilíbrio das forças num governo de coligação - que é necessário para tirar o país do pantanal onde foi colocado por anos de autismo de José Sócrates. Continuo sem perceber porque é que na conjuntura em que estávamos o PSD não quis fazer uma coligação eleitoral com o CDS-PP – provavelmente a campanha seria mais esclarecedora, o senhor engenheiro teria ficado antes numa situação mais incómoda e ter-se-iam evitado disparates como a candidatura de Fernando Nobre em Lisboa. Estava eu muito irritado com tudo isto quando, há umas três semanas, tive a sorte de assistir a uma conferência de Bob Wilson - ele veio a Lisboa falar sobre as cidades mas acabou a falar da vida. Mostrou como é importante parar para pensar, como falar devagar ajuda os outros a perceberem o que se passa. Falou do equilíbrio, da importância do vazio e do silêncio. Do palco, do teatro e do dia-a-dia. Da luz, e da sombra. Foi uma conferência absolutamente extraordinária, organizada por Luis Serpa. Foi um fim de tarde onde aprendi muito, e que me ajudou a tomar uma decisão. Nesse dia, à noite, lembrei-me de Bob Wilson ter dito que gostava de ver as notícias na televisão com o som desligado. Ele tem razão. Passei a perceber bem melhor as coisas.


 


ARCO DA VELHA – A sabedoria popular manifesta-se hoje em dia no Facebook, onde li esta pérola:  Espanha pede ajuda à União Europeia por causa dos pepinos – já Portugal pediu ajuda à União Europeia por causa de um nabo…


 


LER –  A edição de Junho da revista «Monocle» é dedicada à importância do transporte num mundo global. É um tema curioso – até nas nossas circunstâncias particulares, com a necessidade de articular ligações com Espanha e ser realista nos custos – a este propósito vale a pena ler o editorial de Tyuler Brulé, o director da revista.. Bons artigos sobre a nova música da Etiópia, uma reportagem sobre a vida em Tunes depois da revolução e a forma como os negócios estão a correr na Tunísia e, ainda, um ponto de situação sobre a evolução do design nos países nórdicos. A rematar um portfolio fotográfico sobre Berlim e as pessoas que para lá foram viver e trabalhar. Outros artigos interessantes: como os locais de trabalho são importantes para o equil´+ibrio das pessoas e como evolui o negócio da arte em Hong Kong. As cidades em destaque são Viena e Londres e para a ediçlão do m~es que vem já se anuncia Florença. Embora algumas vezes sem o fulgor das primeiras edições, a «Monocle» continua a ser o melhor guia de tendências.


 


AGENDA – No MUDE, em Lisboa, a colecção permanente tem uma nova exposição, que refresca o olhar sobre o acervo, com novas peças, novos autores e também uma maior presença de criadores portugueses – ao todo 200 peças em exposição até 2 de Setembro. «Seguindo o Traço», uma nova exposição de desenhos de Teresa Gonçalves Lobo, patente no Centro Cultural de Cascais até 26 de Junho; desenhos e fotografias de Pedro Tropa na Galeria Quadrado Azul, no Largo Stephens em Lisboa até 2 de Junho; «Cem Vezes Nguyen», uma exposição da PHotoEspaña 2011 no Museu Berardo até 28 de Agosto; até 17 de Julho na Fundação EDP «Vestígios - Memórias da antiga carpintaria da Central Tejo», um trabalho fotográfico de Luis Campos; na Módulo Tito Mouraz, apresenta, agora em Lisboa, o portofólio, Leitura(s), depois de uma primeira apresentação nos Encontros da Imagem 2010 em Braga, em Setembro passado. Já agora – visitem o site www.artecapital.net , que tem de longe o melhor guia sobre exposições de arte contemporânea em Lisboa.


 


OUVIR –  Um destes dias li, a propósito de «Here We Go Again», o disco de Willie Nelson e Wynton Marsalis que aborda o rertório de Ray Charles, com a colaboração de Norah Jones em algumas faixas, que Nelson cantava pessimamente e que dava cabo destas canções. Eu acho que afirmações destas são oriundas de concursos tipo «Ídolos» - em que se privilegia quem tem vozes perfeitas, descurando a forma como se pratica a música – de preferência certinha, cinzentinha e chatinha. Pois bem: o mundo está cheio de grandes vozes que cantam mal e tem muitos casos de fracas vozes que interpretam de forma superior – é o caso de Willie Nelson e são estas vozes imperfeitas que ficam para a história na música popular. Integrado na iniciativa «Jazz At The Lincoln Cener», este disco, gravado ao vivo, é uma mostra do que o jazz tem de melhor – a improvisação e o gôzo dos músicos e cantores. É um disco saudavelmente imperfeito, divertido como poucos hoje em dia, espontâneo e natural e, acima de tudo, uma grande homenagem ao talento de Ray Charles. CD Blue Note, na Amazon.


 


PROVAR – Confesso que gosto de conservas e nós em Portugal temos uma grande tradição, hoje em dia por vezes esquecida, na indústria conserveira. Nos Açores as conservas de atum são um clássico e uma das fábricas tradicionais da região – a Santa Catarina - acabou de ganhar um prémio da Greenpeace por boas práticas na pesca e tratamento do peixe. As conservas Santa Catarina apresentam algumas novidades pouco vulgares como filetes com orégãos, com batata doce e com tomilho. Qualquer das três variedades foge ao que estamos habituados e o ex-libris da marca é a conserva de ventresca de atum, a barrtiga do peixe, considerada a parte mais rica e saborosa. As conservas Santa Catarina podem ser encontradas em boas lojas gourmet e num no site www.azoresgourmet.com.pt , que aliás recomendo a quem quiser adquirir on line produtos da região.


 


BACK TO BASICS – A política é quase tão excitante como a guerra e não menos perigosa. Na guerra a pessoa só pode ser morta uma vez, mas na política diversas vezes (Winston Churchill)

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publicado às 16:12


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