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REGIME, FALHAS, SUGESTÕES E INDÚSTRIA

por falcao, em 30.04.12

SISTEMA– Este ano a habitual sessão solene comemorativa do 25 de Abril, na Assembleia da República foi marcada, dentro e fora de S. Bento, pela convicção de que existem falhas sérias no regime. Numa situação de crise económica e financeira as coisas ainda pioram. Há 38 anos criou-se a ideia de que o exercício da liberdade conduziria à prosperidade e a uma igualdade de condições para todos. Se tivesse existido cuidado a estudar a História ter-se-ia visto que a liberdade politica não anda de mão dada com a prosperidade e que a igualdade de oportunidades não significa sucesso igual para todos. É em parte a descoberta de que afinal as coisas não são como se pensaram que criou as desilusões que alguns sentem. As desilusões, por outro lado, foram agudizadas porque uma geração de políticos prometeu o oásis e camuflou o deserto, prometeu que os europeus seriam todos iguais e, quando se descobriu que as diferenças continuavam enormes, quis tapar o sol com a peneira das obras públicas, de investimentos e de subsídios e apoios muito superiores às posses do país. Durante décadas os partidos compraram votos nas eleições com promessas muito acima das possibilidades. Durante décadas houve falta de coragem para assumir que, para mantermos a liberdade, teríamos que rever as contas de casa. Assunção Esteves foi certeira, quando, na sessão solene comemorativa do 38º aniversário do 25 de Abril, disse que “a actual crise económica é também uma crise politica, uma crise de sistema.” A realidade é que há 38 anos que o sistema cai nos mesmos erros, que a classe politica se isola cada vez mais do eleitorado, que a abstenção aumenta, que são cada vez mais uma minoria aqueles que efectivamente decidem. A participação cívica é cada vez menor e isso nota-se, não só na politica, mas sobretudo na fraqueza da sociedade civil. Num quadro destes cria-se o desânimo – sobretudo quando o caminho das dificuldades é evidente mas o caminho para sair delas continua sem se vislumbrar. A obrigação dos políticos é indicar esse caminho, explicá-lo, fazer com que todos se empenhem em conseguir concretizá-lo. Gostava de poder dizer que vejo quem esteja a fazer isto.


 


INFLAÇÃO – A inflação de que quero falar hoje tem a ver com as audiências de televisão. Desde que o sistema de medição da GFK entrou em funcionamento, a 1 de Março, criou-se a ideia de que a nova medição comprovava que existia um maior consumo de televisão que nas medições anteriores. Esta era uma boa notícia para os operadores de televisão, que assim se viam com mais ratings e, por consequência, com maiores receitas publicitárias – já que o valor de venda das campanhas publicitárias em televisão é estabelecido em função dos ratings (em termos genéricos, do número de espectadores). Algumas agências de meios chamaram a atenção, desde o início, para o facto de esse aumento de consumo de televisão poder ser ilusório, já que tudo indicava que não estavam a ser devidamente aplicadas as regras de validação de rejeição de “constant viewing” excessivo, nomeadamente a rejeição de indivíduos com consumo seguido de 12 horas de televisão e de visionamentos de um único canal por um período seguido de mais de 8 horas. Ao fim de um mês, e depois de confrontados com uma série de dados concretos, os responsáveis técnicos da CAEM acabaram por reconhecer que existiam problemas nesta área. Uma comparação atenta entre os dois sistemas de medição mostra que se fossem aplicadas pela GFK as regras de “constant viewing” os números relativos ao consumo de televisão entre o sistema da GFK e o da Marktest seriam praticamente iguais. Mas no Cabo existe, de facto, uma diferença assinalável – porquê? - uma análise atenta dos dados permite perceber que existem muitos lares no painel da GFK que não têm televisão por subscrição mas que, de alguma forma, vêem canais cabo, o que certamente inflaciona artificialmente o consumo de cabo. Ou seja, os números do cabo estão também distorcidos. Em resumo, o tal consumo de televisão, afinal não é tão grande como parece. O outro lado desta moeda é que, ao apresentar maior consumo, e em consequência mais ratings, a medição da GFK coloca os anunciantes perante uma inflação real no custo das suas campanhas e, por outro lado, entre os canais de televisão, distorce a realidade e cria expectativas que não se cumprirão. Planear uma campanha de televisão não é um exercício cabalístico e precisa de dados seguros para que exista uma boa relação entre os anunciantes e os meios, ou seja entre os clientes e os fornecedores. É por isso que esta situação é tão incómoda para quem trabalha neste sector – o que se tem passado não é uma guerrilha caprichosa contra uma entidade, mas apenas uma chamada de atenção para o que não está bem e para o que prejudica o mercado publicitário mais ainda do que ele já está.


 


SEMANADA –  Portugal passou a comprar muito menos carros do que aqueles que produz; as consultas nos hospitais psiquiátricos de Lisboa e Porto aumentaram cerca de 15%; Luciana Abreu disse que estava a ser vítima de bruxaria; traduzida por miúdos a dívida do Estado significa que cada português deve 18 mil euros; 7549 casais portugueses têm ambos os cônjuges no desemprego; os resgates dos certificados de aforro no primeiro trimestre atingiram 679 milhões de euros, quase metade daquilo que o Governo previa para todo o ano; a bolsa de Lisboa está nos valores mais baixos dos últimos dez anos;.


 


ARCO DA VELHA – O jantar solene oferecido por Cavaco Silva ao Presidente da República da Polónia teve que mudar de local a poucas horas de se realizar, na quinta feira da semana passada, quando a ASAE interditou a cozinha do Palácio Nacional da Ajuda, obrigando a uma súbita mudança para o Palácio Nacional de Queluz.


 


VER – Experimentem ir a pictify.com, um site construído a partir de reproduções de obras de arte lá colocadas pelos seus próprios utilizadores. É uma variante de  uma rede social para devotos das artes plásticas, mas, em vez de escreverem, os utilizadores vão colocando imagens das mais diversas obras de vários autores, uns conhecidos outros nem tanto. É uma espécie de galeria em que o acervo está em permanente rotação. Fascinante.


 


OUVIR – A série “Unplugged” da MTV começou no final dos anos 80, mas entretanto as versões acústicas tornaram-se banais. Quando uma cantora tão intensa em palco como Florence Walsh aceita fazer uma gravação tão contida como esta, o “Unplugged” volta a ser inesperado e supreendente. Destaque para o dueto com Josh Homme na versão de “Jackson”, para a delicadeza de “Only For A Night” ou “Shake It Out” ou para a intensidade  de uma curiosa versão de “Try A Little Tenderness”. Bem engraçado este MTV Unplugged de Florence And The Machine (CD Island /Universal).


 


FOLHEAR – A revista “The Economist” é sempre uma boa leitura, mas a sua edição de 21 de Abril tem por tema a terceira revolução industrial. Volta e meia a revista edita um “special report” – é o caso deste, que em 14 páginas observa as principais alterações que estão a ocorrer na indústria a nível mundial, desde a proliferação de impressoras 3D que podem fabricar objectos, peças, componentes, até à investigação sobre novos materiais, passando pelo ressurgir da actividade fabril, em novos moldes, nas sociedades mais avançadas. É um relatório muito bem feito, uma leitura apaixonante e com dados e ideias que é fundamental conhecer . Está disponível on line em economist.com na secção “print edition – special report”.


 


PROVAR – Se há petisco que me agrada é uma boa conserva de anchovas. De entre as que são mais fáceis de obter nos supermercados, a minha preferência vai para os filetes enrolados de anchova com alcaparras, conservados em azeite, da marca Minerva – uma inconfundível embalagem com uma dominante amarela e letras encarnadas, elaborada na Póvoa do Varzim pela fábrica de conservas A Poveira. É óptima a solo ou então misturada numa salada, com salmão fumado cortado aos bocadinhos.


 


GOSTO – Da ideia de criar um portal que permita aos alunos universitários saber as saídas profissionais e vencimentos à saída dos cursos.


 


NÃO GOSTO – Da forma como alguns ex-militares se apresentaram como donos do 25 de Abril.


 


BACK TO BASICS – “Não precisamos de visitar um manicómio para encontrarmos doidos” - Goethe


 

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publicado às 09:35

A DIFERENÇA DOS MADREDEUS

por falcao, em 24.04.12

Por estes dias ouvi umas certíssimas palavras de Pedro Ayres de Magalhães sobre a história dos Madredeus, a propósito do lançamento do novo disco do grupo, Às vezes custa a perceber que esta aventura dos Madredeus tem 25 anos. «Essência», esse novo disco,  recupera, em novas  versões, alguns temas de outras fases da carreira do grupo, entre os quais «Sombra», que Pedro Ayres de Magalhães esclareceu ter sido a primeira canção que compôs para Madredeus. Nessas declarações  ele conta como eram as coisas na música portuguesa em meados dos anos 80 – quando o fado, como recorda, era um tabu, apontado como uma música reacionária. «Achávamos um crime uma cidade como Lisboa ter uma música tradicional tão rica e ser quase escondida» - conta Pedro Ayres. «Sombra», composta em 1985, surge como uma ode ao Fado, a propósito de uma homenagem a António Variações, que morrera um ano antes e cujo derradeiro trabalho havia sido produzido por Pedro Ayres de Magalhães – o álbum «Dar & Receber». Variações, como bem recorda Pedro Ayres, foi muito influenciado pelo Fado, e sobretudo por Amália Rodrigues, de quem era um fã incondicional.


 


Hoje que o Fado voltou a ser popular entre os mais novos e recuperou o lugar a quem tem direito, pode quase parecer estranho ouvir esta história – mas ela corresponde à verdade. Nesse tempo o Fado era mal considerado, até Amália era ainda vista de lado por alguns guardiões do templo da pureza ideológica do novo regime. Foram precisos muitos anos para esse preconceito absurdo acabar – e é da maior justiça reconhecer que os Madredeus tiveram um papel decisivo e incontornável na criação de uma nova identidade musical portuguesa – que se afirmou porque soube guardar o melhor das tradições e criar um estilo próprio.


 


(Publicado no diário Metro de 24 de Abril)


 


 

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publicado às 18:54

ABRANDAMENTO? - Quando este Governo entrou em funções olhou para o que estava à sua volta e resolveu fazer uma terraplanagem. Provavelmente foi uma boa decisão. Só voltando à estaca zero se conseguiriam resolver muitos dos problemas que estavam para trás, frutos de anos de complacência. As medidas que foram tomadas a nível das finanças públicas, em grande parte por força de parceiros europeus e do FMI, assemelharam-se a um bombardeamento massivo. De facto conseguiram estancar uma parte do problema, mas a destruição foi tanta que outros surgiram, como agora o próprio FMI vem reconhecer. Em função disto, cresce o número de vozes que quer tomar medidas para abrandar a austeridade e exigem qualquer coisa que ainda ninguém percebeu bem como se alcança. António José Seguro está a trilhar o caminho, perigoso, de fazer crer a opinião pública que as medidas tomadas são já mais que suficientes e pode começar a existir maior tolerância. Para todos os que gostariam de começar a atenuar as coisas, deixo aqui o último parágrafo de um recente artigo de Lorenzo Smaghi, no «Financial Times»: «Um sistema no qual os políticos agem principalmente debaixo da pressão dos mercados, enquanto pensam que os mercados são míopes e podem ser iludidos, não é somente insustentável – é na realidade ineficiente. Tentar reconquistar a confiança dos mercados, depois de a ter perdido em determinada altura, requer ações duradouras e constantes. Isto causa problemas a nível económico e, claro, não é a melhor forma de consolidar apoio político interno». Espero sinceramente que os nossos políticos não se deixem cair em ilusões. Se o fizerem, o esforço feito até agora irá por água abaixo. Tudo aquilo que nos está a acontecer terá sido em vão se pararmos ou recuarmos. E aí é que será muito difícil dar a volta à situação.


 


POLÍTICA - O processo de escolha de novos juízes para o Tribunal Constitucional revela o pior que existe no sistema político português. Um Tribunal Constitucional devia ser um grupo de sábios, experientes, tão independentes quanto possível. Os nomes indicados e conhecidos serão de excelentes pessoas, mas não se integram na definição acima. Ninguém pode ser prejudicado por pertencer ou apoiar um partido político ou defender determinadas ideias – mas também não é suposto que isso seja condição suficiente para cargos desta natureza. Situações destas desacreditam o regime, desacreditam ainda mais os partidos políticos e desacreditam completamente o Parlamento que teve de inventar uma desculpa para adiar uma votação - já que nos nomes indicados havia situações que impediam que fossem eleitos. Situações destas tornam a política uma farsa. Para quê votar em pessoas assim?


 


SEMANADA –   A factura do gás vai subir 7% em Julho, acumulando uma subida de 18% em três anos; as queixas de fraudes com cartões bancários subiram 40%; o número de ajustes directos nas obras publicas aumentou 90 por cento em 2011, atingido 700 milhões de euros; o número de postos de trabalho na construção caíu mais de 20 desde 2011; a crise está a fechar 26 empresas por dia desde o inicio do ano; no primeiro trimestre as falências de restaurantes aumentaram 143% ; um estudo da Universidade Católica afirma que nos últimos 12 anos os católicos diminuíram 7,4%, tendo aumentado o número de pessoas que dizem professar outra religião e sobretudo os que se dizem sem religião; há 13 285 presos nas cadeias que custam ao estado meio milhão de euros por dia; em vésperas do Congresso da Ordem dos Psicólogos, soube-se que o Porto tem mais cursos de Psicologia que a Áustria, e Lisboa mais do que a Bélgica.


 


ARCO DA VELHA – Na sexta feira Pereira Cristovão saíu da Direcção do Sporting; segunda feira foi reintegrado. O Jornal de Notícias titulou que «Dirigentes do Sporting têm medo de Pereira Cristovão» e escreve que a «Judiciária tem indicações de que o arguido possui dossiês secretos sobre os colegas».


 


VER – Desde a semana passada o edifício Transboavista (Rua da Boavista 84) oferece mais uma série de exposições. Na Plataforma Revolver, agora repartida por três áreas distintas, destaco a colectiva «O Peso e a Ideia», que inclui obras de, entre outros, João Pombeiro, Ricardo Quaresma Vieira, Susana Anágua, Ruth Le Gear e Ana Fonseca. Na VPF cream art gallery está uma mostra imperdível de fotografias de José Maçãs de Carvalho, «Arquivo e Alteridade», que revisita diversas fases do trabalho deste autor – todas imagens marcantes, observações certeiras, que têm em comum a fixação de instantes que se completam e relacionam entre si. Num outro registo e num outro local, o Museu Berardo, aconselho uma visita ao trabalho do fotógrafo moçambicano Mauro Pinto que, com toda a justiça foi o vencedor do BES Photo deste ano.


 


OUVIR – «Radio Music Society» é o quarto álbum de Esperanza Spalding, a contrabaixista norte-americana que em 2010 ganhou um Grammy de melhor novo artista – e se tornou na primeira música de jazz a levar para casa o galardão. Spalding, tocando jazz, tem tudo para ser uma artista pop – desde a sua figura e pose até à forma como toca e canta, passando pela construção de algumas canções – e quase todos os temas são compostos por ela neste disco. Não deixa de ser curioso que Esperanza Spalding tenha escolhido interpretar aqui uma versão de um original de Stevie Wonder, «I Can’t Help It» - e percebe-se como Wonder é uma influência musical para ela. Por falar nisso, o outro tema que não é da sua autoria, «Endangered Species», um original de Wayne Shorter, aponta para outra das suas boas inspirações. Da lista de convidados para este disco fazem parte o guitarrista Lionel Loueke, os bateristas Billy Hart e Jack de Johnette e o saxofonista Joe Lovano – tudo boa gente. O resultado é um disco arriscado mas sedutor, a confirmar talentos de composição e vocais de Spalding, muitas vezes entre o rhythm‘n’blues e o funk, mas sempre com os pés bem assentes no jazz. Já agora, existe uma edição especial que inclui um DVD, que ajuda a compreender o universo de Spalding. A partir de cada canção, a começar pela «Radio Song» que inicia o disco, é construída uma narrativa, sempre protagonizada pela própria Esperanza Spalding, numa sucessão de episódios, cada um obedecendo a um script próprio, um pouco como um episódio de uma série. Curioso e inédito.


 


FOLHEAR –  A revista «Egoísta», premiada nos prémios de Criatividade da Meios, dedica a sua edição de Março ao tema da correspondência postal. «Escrever uma carta é o meio de chegar a algum lugar sem mover nada», escreve Mário Assis Ferreira logo na abertura deste número. De entre o material de toda esta edição destaco as ilustrações de João Carvalho Pina, as fotografias de Augusto Brázio, as «Coisas que te escrevi» de Tiago Salazar e o belíssimo «Um Adeus Portuguez» de Rui Zink, que encerra esta revista. Mas o que vale mais que tudo nesta revista é a noção de objecto impresso, a junção de textos, de imagens, de conceitos – no fundo o trabalho de edição, que é de Patrícia Reis. É o gozo de folhear uma revista que não traz notícias para além da sua existência e do prazer que ela nos dá.


 


PROVAR –  Na lista da cafetaria da Bica do Sapato entrou há pouco tempo um hambúrguer. Trata-se de uma peça à séria, em tamanho e qualidade, grelhada no ponto. Vem sobre um meio pão e com um ovo escalfado a cavalo. É acompanhado por umas batatas fritas despudoradamente grossas e saborosas e por rodelas de cebola fritas envolvidas na mesma polme usada para os peixinhos da horta da casa. À parte vem um molho de churrasco que é para termos a exacta noção do que é um pecado. Já agora a Bica do Sapato tem vindo a desenvolver pequenos petiscos para o fim de tarde, com destaque para o prego de lombo e uns croquetes de rabo de boi que têm que se lhes diga.


 


GOSTO – Da campanha Vamos Lá da TMN, e em especial do testemunho de Pedro Calapez.


 


NÃO GOSTO – De confusões com arbitragens no futebol.


 


BACK TO BASICS – É perigoso ter razão naqueles assuntos em que as autoridades estabelecidas estão enganadas - Voltaire


 


(publicado no Jornal de Negócios de  dia 20 de Abril)

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publicado às 17:10

Cada vez que há um caso na arbitragem, quem perde é o futebol, os seus protagonistas, dos jogadores às equipas, passando por toda uma cadeia de valor (transmissões de televisão, merchandising dos clubes e por aí fora). Falsificar um resultado  é manipular o jogo, tirar-lhe interesse, criar uma ilusão impossível de manter. Já repararam na sucessão de casos que envolvem tentativas de manipulação dos resultados através da compra de árbitros?


 


Analisemos esta situação como se estivéssemos a olhar para um produto: ninguém num mercado aberto sobrevive a resultados falseados, não há consumidores que queiram comprar produtos aldrabados. Mais: não há marca que resista à revelação de que andou a enganar o mercado.


O futebol português tem tido repetidos casos de apitos de diversas cores – sejam dourados ou outros. Para muitas pessoas no futebol vale tudo – em nome do fanatismo. Esse fanatismo cego pode ajudar a disfarçar erros, mas no fim do dia vira-se contra quem usa subornos e pressões em vez de qualidade e eficácia de jogo.


 


Hoje em dia o futebol é uma das maiores formas de entretenimento globais e tem uma capacidade de atrair espectadores para a televisão como poucos outros espectáculos. Mas se fôr baseado em resultados falseados nunca se tornará global, se não tiver uma lógica clara nas decisões da arbitragem, nunca poderá, por exemplo, conquistar o mercado norte-americano. Aqueles que em Portugal falseiam resultados estão a dar cabo da possibilidade de desenvolver uma área importante da indústria do entretenimento. Se calhar é porque pensam apenas em si próprios e em vantagens imediatas e não encaram o que fazem como uma actividade profissional que deve criar marcas, defende-las e gerar resultados – em vez de processos judiciais.


 

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publicado às 15:13

REFORMAS - Quando aqui há uns meses se realizaram manifestações em França contra o aumento da idade da reforma lembro-me de ter visto um dos manifestantes, com ar jovial, saudável e bem posto, a queixar-se do incómodo de não se poder reformar aos 57 anos e apenas aos 62, dizendo, com ar convicto e contrariado, que esta alteração não lhe dava jeito nenhum. Aqui há dias encontrei uma ex-colega minha de faculdade, exactamente com a mesma idade que eu – 57 anos – que me disse estar muito contente por se ter reformado há um ano – fiquei de cara à banda. Lembro-me que na geração dos meus pais a reforma era uma coisa que acontecia muitas vezes depois dos 65 anos, por opção dos próprios. Não consigo compreender que  uma sociedade dispense aqueles que teoricamente têm mais conhecimentos, maior experiência adquirida e que mais podiam contribuir para formar profissionalmente os mais novos. Nos últimos anos criaram-se perversos mecanismos que levaram a este estado de coisas. Podiam-me dizer que, em contrapartida, a muitos jovens foi dada oportunidade de começarem a trabalhar – mas como todos sabemos isso é mentira. Não é preciso ser perito para perceber que permitir antecipar reformas uma dezena de anos é uma opção que complica o presente e compromete o futuro.


 


IMAGENS – Nesta semana ficou conhecido o resultado de um inquérito da Inspecção Geral da PSP aos incidentes no Chiado. Segundo o referido inquérito a policia portou-se como deve ser, planificou como deve ser e actuou como deve ser. Estamos pois conversados sobre o assunto – a policia resolveu pedir desforra a um outro inquérito, também oficial, que não dizia bem isto. Mas a parte mais curiosa é sobre o que aconteceu com repórteres fotográficos – “ficou evidente a necessidade de melhor sinalizar” os jornalistas. Um aspecto pouco focado sobre este tema não envolve só os jornalistas. As imagens do Chiado mostram que  agentes policiais se incomodaram por estarem a ser fotografados e atiraram-se contra quem o fazia – que eram jornalistas. Mas isto levanta outra questão: pode a policia agredir ou impedir um cidadão, mesmo não jornalista, de fotografar uma ocorrência pública, na circunstância uma carga policial? Não devem os policias ser instruídos sobre o facto de não ser crime fotografar na via pública? Não lhes deve ser explicado que não é um acto terrorista registar imagens de ocorrências destas?


 


PORTAGENS - O que se passou no fim de semana da Páscoa com os turistas estrangeiros e as novas portagens rodoviárias é um manual de ineficácia do Estado e de incapacidade de assumir erros. Recordo que o problema vem de trás, do anterior Governo. Aos poucos vai-se descobrindo que tanto incómodo – e tantos prejuízos causados ao comércio nas regiões mais afectadas pelas barreiras levantadas à entrada de turistas por via rodoviária, não têm afinal efeito prático – parece que nada acontece aos condutores estrangeiros que não pagam portagens. A história seria cómica se não fosse trágica. Com a devida vénia reproduzo um excerto de uma nota do blogue “31 da Armada” que me parece sintetizar de forma clara esta inusitada situação: “Na resposta a um problema podemos complicar, imitar ou inovar. No caso do pagamento de portagens nas ex-scut optámos pela primeira. O governo anterior, em mais de 3 anos, não foi capaz de encontrar uma solução que não passasse pela compra de identificadores (o «Expresso», na altura, contou uma história edificante sobre uma empresa amiga especializada nesses aparelhómetros), ou pelo tradicional «ponha-se na fila». Como é evidente, outros já tiveram este problema. E resolveram bem a questão. Com um simples sms de valor acrescentado. E um outdoor de grande formato com a indicação do número para onde se deve enviar a mensagem com a matrícula do carro. Simples. “


 


PARQUE MAYER – Tenho para mim que as recentes decisões judiciais em torno do caso do Parque Mayer ainda vão fazer correr muita tinta. Uma coisa parece certa – António Costa tinha aprovado um plano para o Parque Mayer, adjudicado obras (por exemplo as de recuperação do Teatro Capitólio) com início marcado para este mês. À medida que os dias passam percebe-se que os gritos de vitória lançados por José Sá Fernandes quando se soube da decisão judicial podem ter sido exagerados. Um cidadão olha para o assunto e, do que lê, percebe que a Câmara começou a assumir responsabilidades sobre um terreno que não sabia se seria seu ou não, vai ter de reembolsar o antigo proprietário por entretanto invalidar uma operação de permuta de terrenos e uma expropriação – que não há-de ser fácil – parece ser a solução de recurso. A moral desta história, como a do túnel do marquês, é que processos em que o vereador Zé se mete acabam por sair caríssimos aos contribuintes e à autarquia lisboeta. O Zé é um centro de custos – e quando se arma em negociante e quer criar um centro de receitas acaba por fazer péssimos negócios com o espaço público da cidade, transformando-a numa feira de horrores – como já aconteceu com algumas zonas da cidade, em especial a Avenida da Liberdade. Quando para o ano houver eleições autárquicas, na hora do voto lembrem-se destes edificantes episódios.


 


 


SEMANADA –  Televisão, rádio e imprensa portuguesa perderam 500 efectivos em quatro anos; 59% dos candidatos à advocacia chumbaram no exame final de estágio da Ordem dos Advogados e a média do exame foi de 7,8 numa escala de zero a vinte; a poucos dias do apagão final 30% das famílias sem televisão paga ainda não está preparada para receber a TDT; as vendas de carros caíram 51,7% no primeiro trimestre de 2012; a


Câmara de Leiria deu 7,2 milhões de resultado positivo em 2011; há


prisões com todas as torres de vigia desactivadas por falta de pessoal;


uma juíza do tribunal de Famalicão foi condenada a 180 dias de suspensão pelo Conselho Superior da Magistratura por ter feito acusações a um outro juiz, consideradas falsas; todos os dias 30 pessoas são declaradas falidas em Portugal; insolvências subiram 46% desde Janeiro.


 


ARCO DA VELHA – Portugal ficou classificado em 73º lugar no ranking do primeiro relatório mundial sobre a felicidade, elaborado a pedido das nações unidas, e atrás de 22 países da união europeia.


 


VER – Vou falar do que já não se pode ver: demorou uma noite apenas a mais recente exposição de Julião Sarmento – uma instalação criada na galeria Appleton Square, em Alvalade, em torno de uma das mais preciosas peças do Museu Nacional de Arte Antiga, uma obra do pintor flamengo van Dick, do início do século XVII. Foi uma deliciosa e inventiva provocação, que mostrou como toda a criação artística pode ser reciclada e como as aparências – e os conceitos – podem iludir.


 


OUVIR – Em Maio de 2011 Elvis Costello criou uma série de concertos com esta particularidade: uma tômbola gigante, colocada no palco, tinha o nome de muitas das suas canções, e um espectador era convidado para a girar, escolhendo assim uma delas. Desta forma os concertos não tinham alinhamento fixo, mas sim aquele que a sorte ditava. Nasceu o “Spectacular Spinning Songbook”, trazido pela mão de Elvis Costello & The Imposters. A digressão com o mesmo nome chega à Europa este ano e o disco, gravado em Maio do ano passado, ao vivo, em Los Angeles, inclui um CD e um DVD, com o mesmo alinhamento, cada um deles com 17 temas, entre os quais uma canção que Costello em tempos fez para as Bangles, “Tear Off Your Own Head”, aqui co-interpretada por Susana Hoffs. Os discos ao vivo são pensados para os fãs dos artistas gravados, mas neste caso, e sobretudo o DVD, é bom entretenimento garantido para quem se delicia com os truques de produção de um concerto. O resto é apenas o enorme talento de Elvis Costello. O disco já está disponível em Portugal.


 


LER – Querer ignorar hoje em dia o que se passa nas redes sociais é o mesmo que, há uns anos atrás, dizer que não se tem tempo para ler jornais. As mudanças no universo digital são tão rápidas que, para as entender, ajudar ter uma espécie de guia que nos vai chamando a atenção para o que é mais relevante. Há uns tempos, via twitter por sinal, descobri o sítiomashable.com e desde então tornei-me seu leitor regular. Além de novidades técnicas inclui bons artigos sobre negócios como a recente aquisição do Instagram pelo Facebook e, ainda, uma série de textos oportunos sobre temas como a influência do digital na política ou o papel das redes sociais no local de trabalho.


 


PROVAR – Os menus executivos chegaram a um dos restaurantes de Lisboa com melhor vista – o Terraço do Hotel Tivoli. Aos dias de semana, ao almoço, uma entrada, o prato do dia, uma bebida e café ficam por 25 euros.


 


BACK TO BASICS – A tolerância é uma excelente virtude, mas o vizinho mais próximo da tolerância é a apatia – James Goldsmith


 

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publicado às 11:24

BOM SENSO E REALISMO

por falcao, em 10.04.12

A troika está por cá há um ano e a coisa não tem sido fácil. Em época de balanço, há dois lados para esta questão.  Vamos começar pelo negativo, que é o de estarmos a servir de cobaias para algumas medidas, que têm produzido um impacto complicado na economia, o que por sua vez afecta e dificulta o processo de recuperação do país. Este é o ponto que deve ser corrigido.


 


Mas há um lado positivo : o caderno de encargos da troika, e, reconheça-se, a determinação e o sentido de realidade do Governo de Passos Coelho, têm permitido fazer reformas e tomar decisões que há muitos anos estavam bloqueadas. Este lado de mudança e de adequação á realidade é positivo.


 


Falta agora pegar na realidade que estamos a viver e adequar algumas premissas para que, também de forma realista, se poder começar a dinamizar a economia e travar a espiral de desemprego que nos atinge. E falta, continua a faltar, que o Estado reconheça que em matéria fiscal tem ele próprio deveres, tal como os contribuintes. E o Estado, nesta matéria, continua a exercer abusos de poder, sobretudo sobre os contribuintes individuais que vivem do seu trabalho e isso é cada vez mais penoso.


 


A retracção do consumo e a aplicação cega de algumas medidas estão a provocar uma quebra da receita fiscal – o lamentável episódio passado com turistas nas zonas de fronteira, em torno da questão das portagens, é um exemplo daquilo que o Estado precisa de corrigir urgentemente. Fazer o balanço do que se fez e alterar o que está mal é prova de bom senso.


 


Estes tempos difíceis que vivemos são o momento de encarar a realidade de frente. Para continuar as reformas que forem necessárias e para corrigir acções que se estão a revelar prejudiciais. Será o Ministro das Finanças capaz de ver o que é preciso corrigir?


 


(Publicado no diário Metro de 10 de Abrl)


 

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publicado às 11:46

EXEMPLAR – Marcelo Rebelo de Sousa tem tido uma semana em cheio. Na sua habitual presença de domingo na TVI fez uma nota sobre o significado da alteração de estatutos do PS e subitamente saltou para o centro do debate político e ficou debaixo da mira da direcção do PS. A resposta que Marcelo deu às críticas e ao ataque que o próprio António José Seguro lhe dirigiu é, em si mesma, um exemplo de comunicação bem gerida. Em vez de contra-atacar ou justificar-se, Marcelo prometeu comentar a reacção do PS mais uma vez no seu espaço na TVI no próximo Domingo. Foi uma jogada digna dos melhores momentos do seu Sporting de Braga: ao mesmo tempo conseguiu pôr o adversário fora de jogo e criar expectativa para o desenlace final do desafio. E não deixa de ser engraçado que apesar da muitas críticas internas, foi a análise que Marcelo fez à revisão estatutária de Seguro que provocou mais ruído. Mas outro ponto alto da semana de Marcelo foi a entrevista que deu aqui ao «Negócios» na passada terça-feira, certeira, estabelecendo uma clara agenda de posicionamento político, desde os grupos económicos às relações com as ex-colónias, passando pela análise do Governo anterior e do comportamento da Europa na crise - e não esquecendo um elogio a Paulo Portas.



TELESPECTADORES - Quem me dera a mim deixar de falar de audiências – era sinal que a coisa estava pacificada. Mas os problemas continuam e algumas entidades tentam passar informação que no mínimo não é completa. Comecemos por uma afirmação que se tornou corrente, a de que o sistema actual, da GFK, mesmo com problemas, é melhor que o anterior, da Marktest. Não tenho estados de alma em relação a nenhuma das empresas, mas gosto de ser imparcial. Foi exactamente por se constatar que o sistema anterior tinha muitos anos e a sua manutenção em funcionamento tinha-se prolongado para além do prazo inicialmente previsto que se abriu um concurso. Todo o sector sabia que estava tecnologicamente desactualizado face ao evoluir da realidade de distribuição de canais e consumo de televisão: Por isso mesmo os vários players do sector decidiram finalmente  em 2010 iniciar o processo de escolha de um novo sistema. O processo foi demorado mas, para abreviar, no primeiro trimestre de 2011 foi tomada a decisão, que causou alguma polémica no sector – porque em termos técnicos a Marktest ficou melhor classificada que a GFK, a qual ganhou no preço. Quando se diz que o novo sistema, mesmo com falhas, é melhor que o anterior, compara-se o que não pode ser comparado. Mas esta é uma parte da questão; a outra é que o contrato assinado em Abril passado apontava para o início do período de testes em Setembro de 2011, para o início da entrega regular de informação no início de Dezembro e para o arranque do novo sistema da GFK no início de Janeiro deste ano. Ora, no início de Janeiro, nem o painel estava completo (continua a não corresponder ao que se pretende), nem a fase de testes tinha condições para arrancar. Talvez com estes dados, que reflectem atrasos, dificuldades em cumprir as metas combinadas se comece a perceber o porquê de continuarem a existir tantos problemas. Fica, no entanto, a dúvida se, com o concorrente que obteve melhor classificação técnica e que tinha mais experiência nacional e internacional nesta área, estaríamos ainda perante problemas destes. Mas quem tomou há um ano a decisão da escolha é que poderá explicar porque é que preferiu apostar no desconhecido e brincar à roleta russa com as estações de televisão, os investimentos dos anunciantes e o trabalho das agências de meios. “If you pay peanuts, you get monkeys”, como dizia James Goldsmith.


 


REDUNDÂNCIA DA SEMANA - «Seja qual for a solução encontrada para a medição de audiências televisivas, o Presidente do Conselho Regulador da ERC considera indispensável que a empresa ou empresas selecionadas sejam sujeitas a uma supervisão técnica» - declaração emitida por Carlos Magno na segunda feira.


 


OUVIDO NUMA REUNIÃO – «Vá lá, caiam na realidade e deixem de brincar ao Sócrates.»


 


SEMANADA –  O deputado Ribeiro e Castro anunciou que vai lançar um projecto de lei para restaurar o feriado de 1 de Dezembro; a oposição interna a Seguro anunciou querer impugnar os novos estatutos do PS; desemprego jovem triplicou num ano; a taxa de desemprego em Portugal atingiu os 15%; as salas de cinema perderam 678 mil espectadores em relação aos três primeiros meses do ano passado; a página oficial do Governo na internet esteve sem funcionar vários dias e registaram-se problemas com emails do executivo; o presidente húngaro demitiu-se depois de se saber que parte da sua tese de doutoramento foi plagiada.


 


ARCO DA VELHA – Existem 1.026 postos de carregamento de veículos eléctricos em todo o país mas em circulação apenas existem 231 desses veículos. O resultado é que muitos desses postos já foram vandalizados e estão inoperacionais. Quanto terá custado tudo isto?


 


VER – Uma das melhores iniciativas dos últimos tempos, no campo do marketing cultural, é a exposição em pleno Centro Comercial Colombo, feita em parceria com o Museu Nacional de Arte Antiga. Até 1 de Julho, estará montada na Praça Central do centro exposição temporária “Construir Portugal, Arte da Idade Média” – trata-se de uma narrativa do processo de formação do Reino, com cerca de três dezenas de peças do acervo do Museu - pinturas, esculturas, mobiliário e peças de artes decorativas em metal e cerâmica. Esta é  a primeira exposição, que foi criada especialmente para o projeto “A Arte Chegou ao Colombo” e estará patente até 30 de Junho. De Julho a Outubro, terá lugar, também naquele espaço, uma segunda exposição, intitulada “Desenhando o Mundo - Arte da época dos Descobrimentos”. A entrada é livre e a exposição pode ser vista todos os dias entre as 10h00 e as 23h00.


 


OUVIR – Volta e meia surge um daqueles discos que se ouve de seguida vezes sem conta. Ando com ele no carro, ouço-o em casa: nos últimos anos este deve ser o CD que mais vezes ouvi na primeira semana que o tive. Michael Kiwanuke – não é fácil fixar este nome – é filho de pais ugandeses mas nasceu e cresceu em Londres. Fanático por música soul, é a partir deste território que se movimenta. Ouve-se este seu primeiro disco e sente-se que ele tem um dom natural para construir canções que combinam, de forma quase perfeita a pop e a soul music, com fortes influências do jazz. Aos 24 anos Kiwanuke fez um dos grandes álbuns de estreia dos últimos tempos e é difícil resistir a canções como «Tell Me A Tale» ou «I’m Getting Ready», «Home Again» ou «Any Day Will Do Fine». E esqueci-me de dizer outra coisa que contribui para o vício em que este disco se torna: a sua forma de cantar, de interpretar uma canção. O CD de Michael Kiwanuka chama-se «Home Again» e já está no mercado português.


 


FOLHEAR – Há uma aplicação para iPad (e iPhone) que faz as minhas delícias de consumidor compulsivo de revistas e imprensa em geral. Chama-se “pulse” e é um agregador que permite escolher temas, mas também revistas e seus sites, como a Adweek, a New Yorker, a Salon, a Fast Company, a Harvard Business Review, a Time ou a Atlantic, para além do Huffington Post ou  Daily Beast. Uns dez minutos por dia na “pulse” permitem mesmo tirar o pulso á melhor informação que por aí se publica.


 


PROVAR –  Volta e meia gosto de voltar a ver como estão os restautantes onde gostei de ir. Na semana passada regressei, com gosto, ao restaurante Jockey, no Hipódromo do Campo Grande. Continua a ser um belíssimo local, confortável, óptimo para conversar e com a parte muito agradável de se comer muitíssimo bem. A escolha caíu em filetes de polvo, que estavam absolutamente perfeitos – é um prato difícil, que pode resvalar para uma má experiência, mas correu bem. Constatei que as iscas, finíssimas e bem temperadas, continuam sérias concorrentes a serem consideradas as melhores da cidade. O chefe Felisberto Areias continua a tratar bem os seus clientes e os preços continuam sensatos. Quando o tempo está bom a esplanada é muito simpática e o estacionamento é sempre fácil. Telefone 217 957 521.


 


BACK TO BASICS – A televisão fez muito pela psiquiatria ao contribuir para a sua divulgação, mas também porque a própria televisão pode desencadear a necessidade de ajuda psiquiátrica – Alfred Hitchcock


 


(Publicado no Jornal de Negócios de dia 5 de Abril)

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publicado às 11:47

IMPOSTOS: AUTOMATISMO DE SENTIDO ÚNICO

por falcao, em 03.04.12

O Ministério das Finanças, que no fundo é quem cobra impostos, desenvolveu nos últimos anos sistemas informatizados que desencadeiam uma série de automatismos de aviso a contribuintes que o Estado entende estarem em falta.


 


A entidade que gere o fisco tem mudado de nome ao longo dos anos e agora chama-se Autoridade Tributária. O nome podia ser mais simpático e menos policial – mas o Estado suspeita sempre dos cidadãos e acha-os culpados à partida, portanto gosta de exercer primeiro a sua autoridade e perguntar depois.


 


No sistema fiscal existe o princípio de que se o Estado entende que o cidadão está em dívida ao fisco, não tem aviso prévio nem prazo de reclamação antes de ser declarado infractor e devedor, mas tem prazos apertados a cumprir. Se alguém é acusado de ter uma dívida fiscal, passa a receber notificações postais e na sua área pessoal do site das finanças consta o aviso que vai ser penhorado. Mesmo que tenha efectuado as diligências previstas para recorrer da decisão, entregando garantias de pagamento, que têm pesados custos para o contribuinte, continua a receber muito para além do prazo razoável essas notificações automáticas, o que obviamente induz um estado de apreensão no contribuinte, que se julga na iminência de ser penhorado.


 


Quando o contencioso fiscal é com uma empresa organizada, os seus advogados e fiscalistas lidam com o problema e os custos ficam nas contas da empresa; quando é um particular, muitas vezes nem sabe bem o que há-de fazer, arrisca-se a errar ou a ser induzido em erro e tem custos que nunca poderá recuperar, nem por conta de deduções fiscais futuras. Na realidade o Estado não é igual para todos. Nós temos obrigações para com o Estado em matéria fiscal. E o recíproco, não é verdadeiro?


 


(publicado no diário Metro de 3 de Abril)

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publicado às 15:20


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