Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Esta semana vai ser quentinha – não estou a falar das condições atmosféricas, refiro-me à situação política e social. As manifestações convocadas para o próximo sábado já não são iniciativas espontâneas, como aconteceu há uns meses. Agora há apoios de sindicatos, de associações, de partidos, existe uma grande confluência, digamos, de vontades e de espíritos. O que a anterior manifestação tinha de fator aglutinador, esta tem de fator redutor. Alguns partidos foram incapazes de resistir à tentação de meter a foice em seara alheia. Surpreendidos há uns meses pela dimensão e abrangência do protesto, aborrecidos por tudo ter acontecido à sua margem, ei-los agora a tomar conta da ocorrência. Esta não é uma boa notícia: a partidarização desta iniciativa, já inevitável no estado em que as coisas estão, vai reduzir o seu alcance, apesar de ter que se reconhecer que a construção da imagem frentista está a ser feita com arte: desde as cantilenas de protesto, aos apoios diários que se sucedem, passando pelos murais pintados em direto para a televisão ou os episódios encenados deixados no YouTube, cria-se a sensação de uma grande frente. Há menos improviso, mais coordenação – notoriamente existe uma organização. A imagem que agora está a ser construída é diferente da anterior: trata-se de uma campanha de esquerda, com símbolos tradicionais da esquerda, com recurso a métodos tradicionais das organizações de esquerda, contra um governo de direita. Deixou de ser um protesto dos descontentes, passou a ser um protesto da oposição. Esta diferença é grande. Vamos a ver no que resulta.
(Publicado no diário Metro de 26 de Fevereiro)
PROTESTOS - Quando uma acção de agitação e propaganda - a grandolada como lamentavelmente já lhe chamam - alcança bons resultados é porque existe disposição para ela ser amplificada. Todos os que passaram por acções destas sabem que não basta uma boa ideia. É preciso conseguir o momento certo para que a boa ideia se multiplique. Hoje, é claro, isso é mais fácil porque o espaço entre a acção e a sua comunicação e massificação se tornou praticamente instantâneo. Mas, continua a ser necessário que exista o momento. E a questão é essa: estamos perante um momento em que a oposição ao Governo varreu fronteiras partidárias, ideológicas e etárias. Se fosse o Bloco de Esquerda ou o PCP, e mesmo também o PS, a oporem-se o facto seria significativo mas não chegaria. O problema é que, nos apoiantes e eleitores do PSD e do PP, também se acumulam críticas a Gaspar, Passos Coelho e outros membros do Governo. A coisa avolumou-se a um ponto em que já não interessa se o objectivo da acção governativa é correcto - e isso é o pior de tudo porque cria o clima para destruir o que se fez e para evitar fazer o que ainda é preciso. O grande problema deste Governo á a falta de política, na realidade a falta de bom senso: é ter julgado que os fins justificam os meios e ter agido sem querer fazer participar as pessoas no processo. O Governo tem o pecado da soberba e julga que a sua razão basta - e teve medo de mobilizar as pessoas porque sabia que ía tomar medidas anti-populares. Alguém lhes devia ter explicado que essas medidas exigiam cuidados redobrados. Quando se vai para a guerra, faz-se campanha antes, e em vez de promessas que depois se revelam mentira. Como se esqueceram do assunto, em cada esquina nasce naturalmente um protesto. Desde 1974 que não existia esta confluência de pessoas, opiniões, e movimentos num só sentido e este é o elemento novo de todo este processo, novo e preocupante pelo risco que encerra de fazer um curto circuito no sistema político. E a culpa não é de quem protesta, é de quem criou as condições para o protesto ganhar esta dimensão. O regime está a perder a sua base social de apoio e esta não é uma boa notícia.
INVEJA - Quem me conhece sabe que não sou invejoso. Mas reconheço que desta maneira de trabalhar e de fazer, tenho muita inveja: aqui fica um resumo de um excelente artigo do Mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, publicado esta semana no Linkedin. Entre 2007 e 2011 o número de nova-iorquinos que trabalham em medias digitais cresceu 80% e a cidade é a região norte-americana que captou mais investimento em empresas tecnológicas no mesmo espaço de tempo, mais que Silicon Valley Em parte isto deve-se aos incentivos criados a partir do início da década de 80 do século passado pelo próprio Bloomberg - as coisas demoram o seu tempo a acontecer mas quando a estratégia é certa , elas surgem. A cidade disponibilizou espaço de trabalho para novas empresas a preços acessíveis - e as 500 empresas que se instalaram nessses espaços conseguiram reunir investimentos privado superiores a 90 milhões de dolares. A cidade investiu também nos cursos de teconologia das universidades locais e espera que os novos engenheiros que de lá vão sair ajudem a criar uma nova vaga de empresas. O programa “Made In New York”, lançado por Bloomberg há uns anos para dinamizar a produção e o desenvolvimento das indústrias do audiovisual na cidade, e que tem sido um êxito, foi agora alargado para a comunidade digital. Este programa fornece recursos e oportunidades para start-ups que escolham Nova Iorque para se instalarem. Mais de 900 empresas em fase de lançamento criarão 3000 postos de trabalho, fundamentalmente dirigidos a jovens técnicos e criativos, e as empresas e a sua localização constam de um mapa interactivo que todos podem consultar - a cidade esforça-se por divulgar as oportunidades que existem. Chama-se a isto planear, acompanhar, estimular, fazer. Algo muito diferente de prometer e passar a vida a papaguear. Acção política em vez de demagogia política.
SEMANADA - A Caixa Geral de Depósitos prevê prejuízos de 334 milhões de euros nos próximos dois anos; segundo um estudo do BPI, se Portugal tiver condições de pagamento dos empréstimos semelhantes à Grécia poderá poupar até 14,9 mil milhões de euros; num só trimestre desapareceram 125 mil empregos; o desemprego de longa duração aumentou 29,7%; o desemprego afectou mais as profissões qualificadas e há cerca de 60 mil pessoas de profissões intelectuais inscritas nos centros de emprego, mas a maior parte das colocações disponíveis são para trabalhos que exigem habilitações reduzidas; António José Seguro escreveu uma carta à troika a pedir que seja feita fuma avaliação política do programa de ajustamento; Carlos Carreiras escreveu que esta atitude de Seguro revela sensatez política; Passos Coelho garantiu que essa avaliação política já é feita ao mais alto nível pelo Governo; António José Seguro foi a Bruxelas dizer a Durão Barroso que a crise em Portugal é grave; desde 1975 que não se verificava uma queda tão acentuada do PIB como em 2012 - 3,2%, mais uma vez acima das previsões; continuando nos enganos de previsões, Vitor Gaspar foi esta semana ao Parlamento dizer que em relação a 2013 a recessão será o dobro da que previu há três meses no Orçamento de Estado.
ARCO DA VELHA - Na semana passada a GNR detectou 13 camionistas a conduzir sem carta, 35 veículos pesados sem seguro e 112 sem inspecção obrigatória.
VER - Desde a sua reconstrução, após o incêndio do Chiado, esta é a primeira vez que o Museu Nacional de Arte Contemporânea faz uma exposição permanente com a sua colecção. Aqui estão obras de artistas portugueses, feitas entre 1850 a 1975, de nomes como Malhoa, Bordalo Pinheiro, mas também Paula Rego ou Pedro Cabrita Reis, mas também Santa Rita Pintor, Mário Eloy, Almada, Amadeo Souza-Cardoso, Lurdes Castro ou Júlio Pomar, entre outros. Uma centena de obras que têm andado na maior parte escondidas longe dos olhos do público e que agora podem ser visitadas.
OUVIR- Um dos discos mais divertidos que me foi dado ouvir nos últimos tempos é “The Golden Age Of Song”, de Jools Holland & His Rhythm & Blues Orchestra. Jools Holland é um talentoso músico britânico que integrou os Squeeze e já tocou ao lado de nomes como Eric Clapton, Sting ou Mark Knopfler, entre outros. Depois dos Squeeze tem feito uma bela carreira num programa da BBC que é uma das melhores montras de música pop que se pode encontrar no universo da televisão em todo o mundo. Convida regularmente para o seu programa músicos de diversos géneros e proveniências. Além disso é um amante de canções - de maneira que escolheu 17 clássicos, convidou outros tantos nomes e juntou num só disco o resultado. 12 são gravações inéditas feitas em estúdio e cinco são gravações ao vivo, feitas no seu programa. Aqui estão novas interpretações de temas como “The Lady Is A Tramp”, “September In The Rain”, “Mad About The Boy”, “ My Baby Just cares For Me” ou “Something’s Got A Hold On Me”, por exemplo. A melhor de todas as versões, devo dizer, é a de Paul Weller com Amy Winehouse, em “Don’t Go To Strangers”, gravada ao vivo, na BBC. O disco veio da Amazon.
FOLHEAR - Um dos mais importantes livros sobre a imagem que podemos ler é uma colecção de textos de Susan Sontag, “Ensaios Sobre Fotografia”, que foi reeditada pela Quetzal há pouco tempo. A edição orioginal data de 1973, e em tempos já tinha existido uma outra edição portuguesa. Quando estes textos foram escritos a fotografia não era nada do que é hoje - havia película em vez de digital, a experiência tinha o seu quê de magia alquimista, havia polaroids mas não instagrams e ninguém imaginaria que os telefones fotografassem. Apesar de tudo o que mudou, a essência do pensamento sobre a fixação da imagem no processo fotográfico continua actual - e algumas das ideias, como a da acessibilidade da fotografia como meio de expressão, são cada vez mais reais. Vale a pena sublinhar um ponto desta edição - a excelência da tradução, assinada por José Afonso Furtado.
GOSTO- O português André Carrilho foi o desenhador convidado pela Vanity Fair para fazer um clássico da revista - um painel na praia de Malibu que evoca as figuras marcantes de Hollywood hoje em dia.
NÂO GOSTO - Parece que há fugas de informação no Ministério Público. Quem diria? E só descobriram agora?
BACK TO BASICS - Quem pode protestar e não o faz, torna-se cúmplice dos actos - n’O Talmude.
(Publicado no Jornal de Negócios de dia 22 de Fevereiro9
Assisto com alguma perplexidade ao evoluir das propostas de António José Seguro. Que me recorde, quem pediu a intervenção da Troika e assinou o respectivo memorando foi um Governo do PS, sem coligações, dirigido por José Sócrates. E, sem querer bater no ceguinho – o pedido tardou por tardio e custou-nos algum dinheiro a todos, que estamos a pagar agora. Já nem vou falar das decisões como a nacionalização do BPN, que cada vez levanta mais dúvidas por todo o lado, e que foi um sorvedouro de dinheiro dos contribuintes. Isto são águas passadas, dirão. É certo, mas tiveram direitos de autor e é bom que não nos esqueçamos de onde veio – do PS.
Entre excursões de norte a sul e com uma entronização em mais uma confraria – a semana passada foi a do porco bísaro – António José Seguro vai-se distanciando cada vez mais do cumprimento dos acordos que o PS assinou enquanto Governo. A sua táctica de oposição joga na amnésia dos eleitores e da negação do passado. Gostava, a talhe de foice, de recordar que a coligação PSD/PP, com todos os problemas que tem, está no poder há pouco mais de dois anos e que o PS esteve década e meia quase ininterruptamente a contribuir para o estado das coisas a que chegámos. A memória das gentes é curta e às vezes há que colocar uns lembretes. Este é um lembrete sobre o método de governação do PS e os resultados que obteve. Ficámos melhor do que estávamos no fim dos Governos Sócrates? O único programa que se conhece a Seguro é acabar com a correcção dos erros cometidos no passado - até porque, se não houve erros, não é preciso corrigir nada... É um programa político aterrador.
(Publicado no diário Metro de 19 de Fevereiro)
FACTURAS - Com C e sem acordo ortográfico - assim é menos politicamente correcto.
Vamos a factos: um comunicado do Ministério das Finanças, emitido quarta-feira para a Rádio Renascença, dizia que “a autoridade tributária está a actuar à saída de estabelecimentos comerciais e já instaurou diversos processos de contra-ordenação a consumidores que não pediram factura”. Os consumidores estão assim a ser transformados em polícias. A lógica do Estado é simples: ter polícias em todo o lado, fazer de cada cidadão um vigilante. A coisa é ainda mais apurada que no antigamente: há umas décadas atrás os funcionários públicos - mas só estes - podiam receber umas gratificações se denunciassem quem não tinha licença de uso de isqueiro. Agora todos são chamados a ter o seu quinhão na colecta de impostos. A melhor de todas as observações sobre este triste episódio que revela a natureza do Estado que este Governo quer, veio do Cão Azul, um fabricante de T shirts, com mensagens irónicas estampadas, que colocou no Facebook, esta observação: “As repartições de finanças não têm mãos a medir com a quantidade de contribuintes que hoje foram pedir a factura do BPN com medo de serem multados por falta de factura do dinheiro que gastaram na privatização do banco".
CRIAR - Gostava de recordar que no Reino Unido as indùstrias criativas dāo trabalho a milhāo e meio de pessoas, em mais de cem mil empresas, que atingem 41 mil milhōes de euros de facturação e asseguram exportaçōes no valor de nove mil milhōes de euros. Em Londres, a seguir ao sector financeiro, o sector das indústrias criativas é o mais importante do ponto de vista de volume de negócios. Ali estão incluídos o design, a moda, a música, os filmes, as produções de televisão, a publicidade, assim como diversas artes. Na Universidade de Londres, seis colégios são dedicados ao ensino de várias destas artes e ofícios e 40 por cento dos seus alunos são estrangeiros, oriundos de 91 países. Empresas do sector das tecnologias de informação,das telecomunicações e do turismo vão lá frequentemente recrutar talento. Em Março, no muito prestigiado e imperial Victoria & Albert Museum, inaugurará uma exposição dedicada a David Bowie, mostrando o seu papel e influência na alteração dos padrões de criação e consumo da cultura popular em várias áreas. E por cá, com tanta conversa sobre indústrias criativas, que se fez? Lisboa que tem para mostrar nesta área?
SEMANADA - António Costa e António José Seguro foram a Coimbra abraçar-se; Mário Soares e Manuel Alegre fizeram as pazes; António José Seguro escolheu para slogan a expressão “Portugal Primeiro”, a mesma que foi utilizada por Passos Coelho em 2012; cada português gastou 259 euros em medicamentos em 2012, menos 11,7% que em 2011; Portugal aplicou apenas uma das 13 recomendações do Conselho da Europa para melhorar a incriminação de suspeitos e a transparência do financiamento partidário; a área ocupada pelo pinheiro bravo reduziu-se um terço nos últimos 15 anos; uma reportagem de um jornal diário relata que a crise está o provocar enchentes nos consultórios de bruxos e videntes; Portugal é o segundo país europeu com o preço mais baixo de um hamburguer Big Mac, logo a seguir à Estónia; as exportações para a China quase que duplicaram em 2012 em relação ao ano anterior; os países fora da União Europeia são responsáveis por 88% do crescimento de exportaçōes em 2012; no último ano os bancos portugueses cortaram 2350 postos de trabalho e fecharam mais de 150 balcões; os bancos portugueses têm cerca de 23 mil milhões de crédito malparado.
ARCO DA VELHA - A Câmara de Torres Vedras quer candidatar o carnaval da localidade a património da humanidade
VER - Três sugestões de fotografia para esta semana. No Espaço BES Arte, no Marquês do Pombal, José Medeiros, um dos grande nomes da fotografia brasileira, propõe “O Rio É Uma Festa”, que pode ser visto até 4 de Abril. Na Kameraphoto (Rua da Vinha 43A, Bairro Alto) os brasileiros Fábio Messias, Gio Soifer, Maíra Ramos, Marco A.F. e Otávio Almeida apresentam “Tanto Mar”. E, na Cordoaria Nacional, até 23 de Março, Valter Vinagre apresenta o trabalho que desenvolveu com a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima) com o objectivo de retratar o universo das vítimas de crime em Portugal.
OUVIR- Rodrigo Amado é um dos mais interessantes músicos de jazz portugueses, com o atractivo suplementar de ter carreiras paralelas enquanto editor e produtor discográfico, crítico e, também, fotógrafo. Mas é o seu mais recente disco, “Live At Jazz Ao Centro”, que aqui merece destaque. O Motion Trio (Rodrigo Amado no saxofone, Miguel Mira no violoncelo, Gabriel Ferrandini na bateria) teve a participação do trombonista Jeb Bishop na actuação realizada no Festival “Jazz Ao Centro” de Maio de 2011, em Coimbra, e o resultado deste cruzamento é uma explosão de improvisação - no primeiro tema Rodrigo Amado e Bishop exploram os respectivos territórios e é o diálogo entre os dois músicos que acaba por ser o ponto alto nos outros dois temas, “Imaging Caverns” e “Red Halo”. É justo sublinhar o trabalho do baterista, permanentemente a servir de ponto de união entre as improvisções, e a sonoridade invulgar conseguida por Miguel Mira no violoncelo, nomeadamente na abertura de “Red Halo”.
FOLHEAR - A "Aperture" é uma revista norte-americana, que se edita quatro vezes por ano, exclusivamente dedicada á fotografia. Existe graças à Aperture Foundation. que além de uma galeria, mantém uma actividade de edição de livros muito interessante e é ainda responsável por um curioso blog. Se acederam a www.aperture.org poderão ter uma ideia da extensão do projecto. A revista fez agora 60 anos e ao longo das décadas que existe tornou-se uma referência em termos de história e crítica da fotografia. Na ediçāo de Outono (a mais recente disponível na Amazon UK ) destaco um ensaio sobre a fotografia de guerra, um portfolio sobre comunidades rurais na Rússia e fotografias de publicidade na Vogue americana entre 1930 e 1950. Em apenas 80 páginas percorre-se um mundo de imagens.
PROVAR - Uma coisa que me enerva é a utilização abusiva da palavra gourmet aplicada à designação dos restaurantes. Iludido pela palavra e por maus conselhos, caí um dia destes na Hamburgueria Gourmet, um estabelecimento localizado no 114 da Rua da Alfandega, já a chegar ao Terreiro do Paço. No princípio da refeição nada fazia prever o que aconteceu; a lista incluía promessas de haburgueres que incorporavam queijo da serra, presunto de Chaves e até copita de Barrancos. No entanto, e por estarmos em Lisboa, decidi experimentar o hamburguer Marrare, que imaginei homenagear o bife do mesmo nome criado por um cozinheiro italiano que andou por estas paragens no final do século XVIII. A receita original é simples, mas complicada demais para esta hamburgueria. Vou passar por cima do facto de a cerveja pedida ao mesmo tempo que o bife ter demorado mais de dez minutos a chegar e vou esquecer que estive 35 minutos à espera do tal hamburguer. Passemos à substância: o hamburguer tinha sido grelhado na chapa, não tinha tempero que se saboreasse nem paladar que se percebesse. Derramava-se em cima de uma alface que entretanto recozeu, e tinha uns pedaços inusitados de tomate e cebola intercalados entre as duas fatias da carne ressequida. A apropriação indevida do nome Marrare vinha de uma tímida colherada de uma pasta, que teoricamente imitava o molho que deu nome ao bife, e que originalmente tinha a particularidade de ser o produto no qual a carne era cozinhada - e não minguamente baptizada, como neste caso. Em resumo, uma experiência a não repetir e que me faz desconfiar de algumas revistas que fazem listas dos melhores sítios para comer hamburgueres e colocam este local em lugar de destaque.
GOSTO - A revista literária Granta vai ter uma edição portuguesa dirigida por Carlos Vaz Marques.
NÂO GOSTO - Do regresso das obras de construçāo de novas rotundas a seis meses das próximas autárquicas.
BACK TO BASICS - Estar na política é parecido com ser treinador de futebol - tem que se ser suficientemente esperto para perceber o jogo e estúpido ao ponto de julgar que se é importante - Eugene McCarthy
(Publicado no Jornal de Negócios de dia 15 de Fevereiro)
PREPOTÊNCIA - Já se sabe que os portugueses adoram ser treinadores de bancada e dar palpites. De certa forma esta é uma tradição que vem das conversas de café, onde à volta de uma mesa encontramos sábios para todos os gostos. Esta propensão para o palpite e para meter a foice em seara alheia é na maior parte das vezes um divertimento inocente e um escape para frustrações diversas, mas volta e meia ultrapassa os limites do ridículo, sobretudo quando é feito em instituições que deviam ser sérias. Os deputados da Assembleia da República, é conhecido, têm problemas de imagem - os eleitores acham, com razão, que o que se passa no Parlamento é muitas vezes absurdo e duvidam da eficácia do voto que levou os senhores ao hemiciclo. Há pouco tempo os deputados já tinham mostrado a sua apetência para se meterem nos meandros do audiovisual quando decretaram, em benefício próprio, um canal, não regulamentado, que à revelia dos processos instituídos se forçou na emissão da televisão digital terrestre. Não contentes com isso, resolveram brincar, na semana passada, a directores de programa de um canal generalista. Vai daí deliberaram a criação de um programa, a emitir pela RTP, dedicado à agricultura e que retome o espírito do antigo TV Rural. Isto tudo podia ser só cómico e absurdo, mas infelizmente é um retrato da prepotência que leva os deputados a imiscuírem-se onde não deviam interferir. Ontem um canal próprio, hoje um programa decretado - amanhã, o quê?
EUROPA - Esta semana li que Bruxelas está francamente preocupada com o bem estar dos suínos em Portugal - e não estou a falar do episódio do GNR a pontapear um porco no meio da estrada. Parece que as criações de suínos não obedecem a algumas normas de bem estar animal e, por via disso, uma série delas terão de ser desmanteladas e muitas, eventualmente, encerradas - mais ou menos o que aconteceu há uns meses com as galinhas poedeiras. Eu acho muito interessante que Bruxelas se preocupe desta maneira com as galinhas e com os porcos. Mas confesso que ficaria mais feliz se Bruxelas também se preocupasse, de facto, com o bem estar das pessoas, nomeadamente com os efeitos do encerramento de explorações pecuárias, fábricas e empresas no bem estar da população. Mas vejo imensas regulamentações sobre o conforto dos animais e vejo muito pouca coisa feita para garantir uma vida decente a quem perdeu o emprego e não consegue encontrar trabalho. Esta Europa, pelos vistos, está boa para os animais mas fraca para as pessoas.
SEMANADA - O número de licenciados desempregados já iguala o número de desempregados com apenas quatro anos de escolaridade; Durão Barroso fez-se fotografar, fazendo músculo e cara durona, ao lado de Arnold Schwarzenegger em Viena, numa iniciativa sobre política ambiental; encerrou a fábrica Steiff, em Oleiros, com 103 trabalhadores, que produzia mais de cem mil ursinhos de peluche por ano; a inovação em Portugal cai para níveis de 2010; um em cada três portugueses nunca usou a internet; a dívida das estradas de Portugal agravou-se em 320 milhões de euros em 2012; a previsão de receitas de portagens da Estradas de Portugal em 2012 era de 516 milhões de euros, mas só atingiu cerca de 270 milhões; a receita fiscal em 2012 ficou 670 milhões abaixo do previsto pelo Ministério das Finanças; a comissão parlamentar sobre a reforma do estado não conseguiu iniciar trabalhos; a PSP tem cinco mil processos disciplinares a correr contra agentes; o líder da UGT, João Proença, fez uma síntese terrível do balanço da concertação na área económica: “Álvaro não tem competências, Gaspar não está interessado e Passos não tem tempo”.
ARCO DA VELHA - A Lei que proibia mulheres de usarem calças em França, em vigor há dois séculos, foi abolida esta semana. A Ministra francesa dos Direitos da Mulher, Najat Vallaud-Belkacem, disse que legislação não era compatível com valores atuais do país. O absurdo é uma constante da Europa.
VER - A Bloco 103 é uma galeria recente, dirigida por Miguel Justino Alves, que fica na Rua Rodrigo da Fonseca 103, em frente da entrada principal do Hotel Ritz. É um espaço pequeno mas muito bem aproveitado e que tem mostrado obras e artistas interessantes. Há dias inaugurou uma exposição de duas artistas da nova geração, Ana Velez e Inês Norton, bem diferentes entre si. Ana Velez utiliza a pintura para explorar formas e mostrar volumes e Inês Norton serve-se da fotografia como matéria prima para estimular a imaginação. A exposição das duas vai estar até 8 de Março.
OUVIR- O novo disco de Brian Eno, o seu primeiro desde 2005, é um conjunto de sonoridades à base de teclados e cordas, dividido em quatro partes, muito semelhantes umas às outras,. A base deste trabalho foi uma instalação sonora que Eno fez para uma galeria de arte em Turim. O “The Guardian” dizia que este trabalho bem se podia chamar “Música Para Galerias”, evocando o título de uma clássica obra de Eno, “Música para Aeroportos”, de 1978. Já houve quem dissesse que este disco era o equivalente musical do movimento “slow food” - algo que se deve saborear num estado de quietude e fora do stress das corridas do dia-a-dia. Reconheço que tudo é feito com uma elegância suprema, que as poucas variações de ritmo ou intensidade são colocadas de forma rigorosa. Brian Eno, por estes dias, dedica-se a fazer aplicações para iPad que permitem aos seus utilizadores desenhar ambientes sonoros num estilo próximo do próprio Eno. Se Hockney baseou a sua última exposição em obras desenhadas com recurso so iPad, porque não imaginar que a máquina serve também para fazer esta música do novo tempo?. CD “Lux”, Brian Eno, Opal, na Amazon.
FOLHEAR - A edição de Fevereiro da revista “Vanity Fair” tem um artigo perfeitamente maravilhoso sobre os Chefs dedicados a menus de degustação que podem durar uma tarde inteira a serem percorridos. Adequadamente, o título do artigo sobre estes chefs sádicos é “Tirania - Este é o menu do jantar”. Corby Kummer, um aclamado crítico gastronómico da revista “Atlantic” escreve na Vanity Fair uma das mais brilhantes descrições do exagero dos cozinheiros e dos menus degustação, sintetizando a coisa assim: há chefs que não têm qualquer interesse em cozinhar o que o cliente quer comer numa agradável refeição e que, em vez disso, fazem carreira a impôr os seus gostos aos outros. Eu, que não gosto de menus degustação e os acho insuportáveis, deliciei-me a ler esta meia dúzia de páginas. Há outros temas de interesse nesta edição da Vanity Fair - por exemplo um a bela peça sobre as mulheres que, com a sua amizade e influência marcaram a vida de Gore Vidal. E, finalmente, uma muito oportuna e interessante nota de Hillary Clinton a evocar o que tem sido a importância da arte e dos artistas americanos na diplomacia dos Estados Unidos - uma boa lição para a Europa, por acaso.
PROVAR - Linda-A-Velha fica mesmo às portas de Lisboa e vale a pena ir lá, à Rua Rangel de Lima nº 2, para descobrir o restaurante Jacó. À frente dos destinos da casa, uma antiga taberna muito bem recuperada há uma dezena de anos, está um italiano, Cesare, e a sua mulher, Carla, angolana, que dirige a cozinha - bem portuguesa, aqui e ali com uns toques de tempero africano. Nos pratos do dia há sempre boas inspirações, como por exemplo ossos com couve lombarda, sopa da pedra, arrozada de ameijoas ou açorda de bacalhau, por exemplo. A ementa vai variando mas no site www.restaurantejaco.com pode ter uma ideia do que o espera em cada semana. Na ementa fixa tem propostas como caril de caranguejo á indiana ou umas tiras de novilho com batata da grelha que são deliciosas. A carta de vinhos é generosa e vale a pena reservar pelo telefone 21 419 52 98.
GOSTO - Da série de humor “Odisseia” na RTP 1, noites de domingo.
NÃO GOSTO - Da rede de apostas ilegais, que envolveu o futebol europeu ao mais alto nível.
BACK TO BASICS - Quase todas as pessoas conseguem enfrentar a adversidade, mas, se quiserem verdadeiramente testar o carácter de um homem, dêem-lhe poder - Lincoln
(Publicado no Jornalk de Negócios de 8 de Fevereiro)
As próximas autárquicas podem ser um momento de viragem no regime de monopólio que os partidos têm exercido sobre a atividade política. Abundam os sinais de que os eleitores estão cada vez mais descontentes com um regime que vive de promessas, as quais depois não são cumpridas, sem qualquer consequência para quem as deixou cair uma vez obtidos os votos.
Para ultrapassar a boa intenção da Lei que estabelecia limites ao prolongamento de mandatos de autarcas, os partidos transformaram-se em placas giratórias de conveniência, que transportam os candidatos daqui para ali, apenas para os manterem no poder e satisfazerem os aparelhos partidários.
A possibilidade de, no Porto, surgir um candidato independente, que se sobrepõe às lógicas partidárias e se pode dispor a enfrentar os aparelhos partidários, apoiado por figuras de referência, é um sinal do mal-estar que começa a grassar entre muita gente.
Digo sem problemas que, neste momento, em Lisboa, não tenho em quem votar. Se surgisse algum candidato independente com um discurso de ruptura com os interesses instalados e que pensasse no desenvolvimento da cidade e do seu bem estar, não hesitaria em lhe dar o meu apoio. Um candidato que não fosse politicamente correcto mas tivesse a coragem de melhorar a cidade teria o meu voto.
Não me apetece votar numa eleição que está condenada a ser uma peça da disputa nacional e interna dos partidos, com dois candidatos que encaram a cidade como um meio e não um fim - António Costa no PS e Fernando Seara no PSD e PP. Os lisboetas merecem melhor que isto.
(Publicado no diário METRO de dia 5 de Janeiro)
DESCOBERTA - Uma equipa de investigadores químicos, especializados em pavimentos, vai entregar a António Costa um trunfo eleitoral, caso ele afinal decida recandidatar-se à Câmara de Lisboa: trata-se de uma fórmula especial de alcatrão, não solúvel, ao contrário daquele que tem sido utilizado na asfaltagem das ruas da capital. Com efeito depois das semanas de chuva verificadas recentemente constatou-se que em muitos locais se assistia a uma acelerada diluição do alcatrão e ao surgimento de crateras de diversas dimensões. Atenta ao interesse deste fenómeno em termos de atracção turística, a autarquia dedicou especial cuidado à criação de zonas de crateras na Avenida da Índia, já que é uma das artérias onde circulam mais turistas, no percurso ribeirinho para a Torre de Belém e Padrão dos Descobrimentos. Face ao interesse pelo percurso ziguezaguante a que alguns veículos são forçados pelas zonas onde o alcatrão se diluiu mais nas águas pluviais, o vereador das rotundas está já a estudar a adopção de percursos com obstáculos todo o ano, mesmo no verão. Os investigadores têm por isso receio que a sua descoberta possa ignorada pela Câmara de Lisboa, face ao interesse que esta tem manifestado na preservação - e alargamento - dos buracos no asfalto.
MANIFESTAÇÃO - Para assinalar a semana em que os vencimentos começaram a ser reduzidos graças aos novos descontos, o PS decidiu promover manifestações internas na sua sede nacional, no Largo do Rato, para assim poder exercer oposição construtiva sem prejudicar, através de outras formas de contestação, o esforço do executivo em aumentar as receitas fiscais. Esta coluna está em condições de assegurar que a intensa movimentação no Largo do Rato e arredores foi seguida minuto a minuto de Paris por uma nova aplicação de smartphones, um divertido jogo de estratégia intitulado “War of Socrates” que tem registado muitos “downloads” nas semanas mais recentes.
T’VISÃO - Fontes próximas da Presidência do Conselho de Ministros consideram que deve ser criado um novo Grupo de Estudo do serviço público de televisão, que tenha por objectivo refazer o relatório entregue há cerca de um ano pelo grupo anterior - e que traçou o caminho que até aqui tem sido seguido pela tutela do caso da RTP. O êxito obtido nos objectivos definidos para a RTP graças a esse relatório é a principal causa apontada para a reactivação do Grupo de Estudo. No âmbito do processo de reestruturação em curso, esse Grupo contará agora com a colaboração de altos quadros da empresa, em substituição de elementos dissidentes que se distanciaram das linhas de orientação traçadas para esta área e que têm sido executadas ao milímetro.
EUROPA - Uma notícia inspiradora: nas próximas eleições europeias surgirá um partido transnacional, liderado por Gerard Depardieu, que tem por ponto único do seu programa a luta pelo fim da harmonização fiscal que, num intenso esforço de colaboração, os diversos Governos da Zona Euro têm conseguido implantar, ultrapassando as diferenças que durante tantos anos levaram à mudança de residência e de sedes de empresas de um Estado para outro em busca do desconto perfeito.
SEMANADA - Um fonte da direcção do PS afirmou à imprensa esperar “que António Costa deixe de ser anjinho”; “O mais escurinho”, eis como o líder da CGTP, Arménio Carlos, se referiu-se ao etíope Abebe Selassie, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI) na troika; as marcas próprias já valem um terço das vendas nos supermercados; as Finanças fizeram penhoras a mais de 471 mil salários em 2012, ou seja cerca de oito dezenas de penhoras por dia; as universidades privadas perderam 30% dos alunos na última década; mais de 40 funcionárias que efectuam limpezas na PSP do Porto estão com os salários em atraso; o eucalipto passou a ser a principal espécie florestal portuguesa; no primeiro mês do ano fecharam 62 salas de cinema em todo o país; a RTP foi autorizada a contrair uma dívida de 42 milhões de euros para financiar a sua reestruturação.
ARCO DA VELHA - Um video colocado no You Tube mostra um soldado da GNR a pontapear um porco, depois do despiste de um veículo pesado que transportava estes animais. A GNR anunciou que procura identificar o referido agente.
NAVEGAR - Se gostam do trabalho de ilustradores, se o trabalho gráfico é alguma coisa que desperta a vossa atenção, não deixem de visitar regularmente o blogue “Almanaque Silva”, da responsabilidade de Jorge Silva, um dos nomes de referência no design gráfico português contemporâneo. Mas este blogue não é um catálogo das suas obras, antes um espelho do interesse de Jorge Silva pela história da ilustração portuguesa, um trabalho feito com afinco e persistência, com dedicação e muita paciência. Desde as colecções de ilustrações coleccionáveis dos jornais diários dos anos 60 até às ilustrações de livros infantis, tudo é mostrado e enquadrado, com as respectivas histórias bem contadas. Uma permanente descoberta fascinante que pode ser seguida em http://almanaquesilva.wordpress.com .
OUVIR- “Indio de Apartamento” é o nome do novo disco de Vinicius Cantuária, editado no final do ano passado. Cantor, compositor, guitarrista e percussionista, Vinicius Cantuária tem tido uma carreira fora dos focos da popularidade de outros músicos, bem menores que ele. De facto, Cantuária, é um talento raro - nas canções que faz, na forma de compôr, na simplicidade das suas letras, no minucioso trabalho de arranjos da secção ritmica. Ao longo da sua carreira já passou pelo rock, mas agora vive num território entre o jazz e a bossa nova, com um toque nova-iorquino. No disco colaboram nomes como Ryuichi Sakamoto, Norah Jones, Bill Frisell, Jesse Harris e Mário Laginha, entre outros. São dez temas originais de Vinicius Cantuária, uma rara colecção de belíssimas canções, envolventes como “Moça Feia”, “Humanos”, “Quem Sou Eu”, ou “Pé na Estrada”, e arrebatadoras como “Indio de Apartamento” ou “This Time”. Para mim este é o mais interessante dos últimos discos de Vinicius Cantuária, (CD Naive, no iTunes).
FOLHEAR - A primeira edição da “Monocle” em 2013 parece dedicada a Portugal - mas na realidade aplica-se que nem uma luva aos países que atravessam crises e é um bom manual de ideias para as pessoas que no meio deste ciclo depressivo procuram saídas, soluções ou uma ideia para mudarem de vida. O talento especial de Tyler Brulé é o de conseguir estar sempre um pouco à frente do que as pessoas procuram, sugerindo caminhos, arriscando ideias que podem parecer impossíveis ou utópicas mas que lá vão funcionado. “Looking For Lands Of Opportunity - The How To Generation” são os títulos chave que marcam esta edição, onde se fala do que se pode fazer numa eleição local , na recuperação de uma marca, em muitos negócios - da edição ao cinema, passando por galerias. E um dos exemplos de criatividade é a cadeia de lojas “A Vida Portuguesa”. Os casos de sucesso relatados vêm acompanhados por um curto texto e por dicas que deram êxito à concretização de cada ideia. Mais uma edição a guardar.
PROVAR - Esta semana provei o meu primeiro sável frito do ano. Fatias muito fininhas, como devem ser, fritura no ponto, sem gordura a mais, estaladiça. A acompanhar, uma açorda no ponto, bem temperada. Sável frito é dos melhores petiscos que me podem oferecer nesta altura do ano e nem sempre ele está tão perfeito no corte e na fritura como neste caso. Por falar em época do ano, já chegou a lampreia, que costuma andar de braço dado com o sável nas ementas sazonais. A acompanhar o sável, veio um belíssimo branco Burmester. Tudo isto se passou num dos restaurantes emblemáticos da linha - Os Arcos, na sala virada para o mar, com um serviço atento e eficaz. O restaurante fica localizado na Rua Costa Pinto nº 43, em Paço de Arcos, e o telefone é o 214 433 374.
GOSTO - “Sem reforma do sistema político vejo com cepticismo uma reforma da Admistração Pública” - Campos e Cunha
NÂO GOSTO - Falha na Lei impede multas a autocarros sem cintos de segurança para passageiros
BACK TO BASICS - Os partidos políticos destinam-se a dar uma aparência sólida a uma ventania de palavras - George Orwell
(Publicado no Jornal de negócios de dia 1 de Fevereiro)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.