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A ESQUINA SEMPRE ALERTA DESDE 2003

por falcao, em 31.08.14

Hoje, que é dia dos blogues, aqui estou a recordar que me ando a passear nesta esquina do rio desde 2003. E obrigado a todos que me seguem.

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publicado às 13:10

DRONES  - Chega agora aquela altura do ano em que os partidos criam uns acontecimentos a que chamam universidade de verão, ou qualquer outra coisa do género, para dar um ar de trabalho e respeitabilidade. No geral é perpetuamente convidado o mesmo conjunto de notáveis, em cada partido há o cuidado de ir buscar um notável do partido ao lado, e todos ficam felizes repetindo quase todos os anos os mesmos relatos das suas experiências passadas. Poucos são no entanto os que falam das realidade presentes e dos desafios futuros - o maior dos quais é a reforma do sistema político e partidário, assunto declarado tabu apesar de todas as iniciativas não partidárias em curso sobre essa matéria. Toca-se ao de leve no tema mas verdadeiramente a reforma do sistema não é interiorizada como uma prioridade - se o fosse o arco parlamentar provavelmente mudaria. É interessante como os partidos são incapazes de reflectir sobre si próprios - por exemplo sobre esse “case study” de conspiração interna em que se tornou o PS ou sobre a aliança entre negócios e política que toca todo o arco da governação de forma mais ou menos acentuada. Mas não os ouço a reflectir sobre as expectativas dos eleitores, sobre as possibilidades que a análise dos dados digitais hoje possibilitam a nível da acção política, sobre a importância da adopção de estudos de opinião à marcação da agenda política ou sobre a importância de saber comunicar de forma efectiva, em relação aos eleitores, por forma a mobilizá-los e não apenas aos militantes com o objectivo de os entreter, que é a prática corrente. Há quem demonize o marketing político, mas ninguém assume uma discussão séria sobre esta questão: é mau fazer marketing na política? Ou é preferível criar drones de falatório e politiquice, de que Marques Mendes deve ser o mais genuíno exemplo?

 

SEMANADA - Em Portugal registam.se, por ano, dez mil incêndios urbanos que provocam 60 mortes; a Provedoria de Justiça deu razão a queixas contra a CRESAP, uma comissão criada pelo Governo e liderada por João Bilhim para escolher dirigentes no Estado, e aponta violações da lei, critérios "arbitrários" e "conceitos indeterminados" na seleção e nos concursos; João Bilhim referiu que a Cresap “é um sonho do senhor primeiro-ministro”, acrescentando que “numa cultura da Europa do Sul, ou seja, do azeite, não é fácil aceitar a lei do mérito e a intervenção de uma entidade administrativa independente”;  Antonio José Seguro admitiu não poder garantir que vá baixar impostos se fôr primeiro-ministro; António Costa quer debater menos que Seguro - Costa propõe debates televisivos de 25 minutos e Seguro propõe 45 minutos; a hotelaria algarvia registou, no primeiro semestre deste ano, 6,5 milhões de dormidas, mais 13,1 por cento do que no período homólogo; a dívida da Câmara de Lisboa ultrapassa os 500 milhões de euros, mais do dobro da dívida do Porto; Vila Nova de Poiares, Portimão, Aveiro e Nazaré são municípios que estão com a corda na garganta e já mostraram interesse em recorrer a uma linha de emergência do Governo para pagar salários, transportes escolares e outros pagamentos essenciais mais urgentes; o Museu do Brinquedo, em Sintra, vai encerrar Domingo por falta de apoios.

ARCO DA VELHA - A KPMG, auditora do BES, recusou-se a assinar as contas do banco relativas ao primeiro semestre deste ano.

 

FOLHEAR - O número de Setembro da revista “Vanity Fair” é a edição anualmente dedicada ao Estilo, e que inclui a escolha dos que são considerados como os mais elegantes e mais bem vestidos - aqui fotografados por Mario Testino. Mas as principais matérias de interesse da revista têm a ver com outros estilos. Destaco o artigo sobre o projecto criado pelo arquitecto Frank Gehry em Paris, no Bois de Boulogne, para albergar a Fundação Louis Vuitton - descrito pela revista como um edifício diferente de qualquer coisa que antes se tenha conhecido, “um casamento de ambição cultural com empreendedorismo” . Faço questão de recordar que Lisboa não tem um projecto de Frank Gehry - por sinal fantástico (tive ocasião de o conhecer) -  paredes meias com a Avenida da Liberdade, por culpa principal desse nefasto Presidente da República chamado Jorge Sampaio, que vetou a utilização de verbas do Casino e do Jogo para a sua construção. O projecto de Gehry para Lisboa seria construído, se Sampaio não o tivesse impedido, no local onde continuam apenas a existir os destroços do Parque Mayer, que António Costa e Sá Fernandes persistem inabalavelmente em manter - mais um sinal da actuação de Costa na cidade que desgoverna, em estágio para querer fazer o mesmo ao país. Eu gostava que em Portugal volta e meia se fizesse a memória de algumas coisas e se investigasse, numa boa reportagem, o que levou um Presidente da República a impedir aquilo que seria uma obra de arquitectura marcante para Lisboa, com um enorme impacte no seu posicionamento internacional. Talvez nessa altura tivéssemos umas páginas da “Vanity Fair” a olhar para Lisboa.

 

VER -  O Sundance Channel foi criado por iniciativa de Robert Redford em 1996 com o objectivo de exibir filmes de autor, documentários, séries, curtas metragens e reportagens. O projecto cresceu, criou um festival de audiovisual - o Sundance Film Festival - que depressa se tornou uma referência. Na Europa o canal Sundance apenas tem uma versão na Holanda, por sinal o primeiro país a ter televisão privada num continente dominado por um serviço público cada vez mais arteroesclerótico. O Sundance é uma iniciativa privada, que além de Redford, contou com a CBS e a Universal, até ser comprado em 2008 pela Rainbow Media. Apesar de não poder ser visto em Portugal, uma pesquisa no YouTube revela muitos dos seus programas e, sobretudo, permite aceder a uma das suas séries documentais de referência, “Iconoclasts”  , exibida entre 2005 e 2012, e sempre patrocinada por uma marca de vodka premium. O conceito é simples - colocar duas personagens criativas e conhecidas, de áreas diferentes ou não, a falarem uma com a outra  sobre o que fazem.. No YouTube encontra os episódios do músico Eddie Vedder com o surfista Lair Hamilton, da cantora Fiona Aplle com o realizador Quentin Tarantino, da designer e estilista Stella McCartney com o artista plástico e fotógrafo Ed Ruscha, de Paul Smith com Jamie Oliver (na foto) e, sobretudo, os episódios do próprio Robert Redford a conversar com Paul Newman. Imperdível - e qualquer destes programas, aposto, é mais barato de produzir que uma transmissão de um jogo de futebol desses que passam a todaa hora no serviço público. É isso que me chateia.

 

OUVIR - Lana Del Rey é uma provocadora que agora se apresenta como guardiã de memórias do passado na música pop de hoje. Só assim se compreende a forma como ela evoca filmes antigos, como percorre a estética de imagem e até da música dos anos 60 e 70. A canção que dá nome ao álbum, “Ultraviolence”, repete a frase ““He Hit Me (And It Felt Like a Kiss)”, que era o título de um original de Carole King e Gerry Goffin, gravada pelos Cristals e Phil Spector nos anos 60. Muita da força deste disco, ao nível dos arranjos, da intensidasde das guitarras e da sonoridade criada deve-se  a Dan Auerbach, dos Black Keys, que exerceu a função de produtor. É sabido que os Black Keys gostam dos anos 70, mas este disco é mais que uma ida ao passado, é como um perverso exercício de nostalgia, nas letras e na música. Os temas mais marcantes são“West Coast”, “Brooklyn Baby”, “Money Power Glory”, “Old Money” e claro  “Fucked My Way Up To The Top” e “Cruel World”, a faixa de abertura. Em todos se nota o mesmo recado - um mundo que se foi tornando num museu confuso, em que a cultura se repete e em que todos copiam todos e imitam quem podem. Aqui está um álbum intrigante e sedutor.

 

PROVAR - Jorge Rodrigues é um dos chefs de cozinha algarvios que mais se tem destacado nos últimos anos. Combina a fidelidade às tradições gastronómicas da sua região com uma assinalável capacidade criativa e posiciona-se numa cozinha de inspiração mediterrãnica - um dos seus prémios diz respeito à forma como elaborou um tamboril em molho de carabineiro suado na cataplana. É ele o responsável pelo restaurante “O Convento”, localizado no Convento das Bernardas, em Tavira, reconstruído em 2010 pelo arquitecto Souto Moura, e que era o maior convento do Algarve. O restaurante fica numa sala ampla e tem uma lista tentadora. Nas entradas destaco as ostras da Ria Formosa ao natural, fresquíssimas, e um carpaccio de polvo com saladinha montanheira e vinagrete de coentros. Na parte mais substancial, quem quis as ostras de entrada avançou para  o polvo de Tavira confitado sobre esmagada de batata doce e misto de legumes e quem começou pelo carpaccio escolheu os filetes de cavala na chapa com açorda  de ostras e aroma a poejo. Do princípio ao fim tudo excedeu as expectativas - desde a manteiga de amendoa no couvert, até á troliogia de amendoa, alfarroba e figo na sobremenesa, acompanhada por um shot de medronho. A lista ds vinhos é assumidamente algarvia e o destaque da casa vai para a produção da Quinta do Barranco Longo. Na ocasião bebeu-se o branco, que esteve à altura da refeição servida. É sem nehuma dúvida o melhor restaurante do Algarve a que fui nos últimos tempos. O Convento, Rua Dom Paio Peres Correia, Tavira, telefone 281 329 040.



DIXIT -  “Sou uma carta fora do baralho” - Marcelo Rebelo de Sousa   

 

GOSTO - Depois de quatro anos de protestos dos utilizadores dos parques naturais do país, o Governo aboliu a polémica portaria que implicava o pagamento de uma taxa de 152 euros para a realização de uma simples caminhada.

 

NÃO GOSTO - O Jardim da Graça, prometido pelo executivo de António Costa para 2009 primeiro e para 2013 depois, continua com as obras paradadas desde há meses mas José Sá Fernandes arranjou tempo e recursos mandar retirar do Jardim da Praça do Império os brasões das ex-colónias.

 

BACK TO BASICS - “Não posso fazer mudar a direcçlão do vento, mas posso ajustar as velas do meu barco de maneira a conseguir chegar ao meu destino” - James Dean

 

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publicado às 13:07

TEMPOS DESFASADOS

por falcao, em 27.08.14

VIVER - Lembram-se de como era a vida antes da internet? Qualquer dia ninguém que seja profissionalmente activo se vai recordar do que era a vida antes  dos emails, dos motores de busca, das redes sociais, dos smartphones e dos tablets. Hoje podemos comunicar, trabalhar, estudar, escrever, ter música, imagem e texto em qualquer local num pequeno aparelho. Podemos ouvir uma selecção de canções em streaming ou numa rádio on line, ou percorrer a nossa própria colecção de discos na cloud do iTunes. Podemos fotografar e partilhar instantaneamente a imagem em diversos sistemas, a começar pelo Instagram. Temos livros digitais e podemos viajar com uns quilos a menos. Podemos ler a nossa revista preferida mesmo num local recôndito sem ir à procura de um quiosque bem fornecido de imprensa internacional. Podemos percorrer de forma virtual uma exposição num dos grandes museus internacionais. Tudo isto faz diferença na maneira como trabalhamos mas também como vivemos os nossos períodos de descanso e como procuramos aprofundar o nosso conhecimento. Em 1994, há 20 anos, a Internet dava os primeiros passos, não havia Google, nem iPhone, nem Dropbox, nem muitas das outras coisas com que hoje convivemos em tablets e smartphones. Mas enquanto tudo mudou nas nossas vidas, na nossa aprendizagem, no nosso trabalho e no nosso lazer, pouco - muito pouco - mudou na forma de os políticos fazerem política, de os partidos funcionarem e do sistema político organizar e mediar o exercício do poder. Estamos numa época em que coexistem dois mundos diferentes - um que faz parte do nosso dia a dia e outro, antigo, que nos governa. Ou, como dramaticamente se tem visto, nos desgoverna.

SEMANADA - A nova proposta de Lei da Cópia Privada está feita de tal forma que penaliza os criadores  que utilizem sistemas digitais, taxando o equivalente de hoje em dia do papel, das telas, da película fotográfica ou dos instrumentos musicais; a Apple lançou uma campanha de publicidade nalgumas revistas norte-americanas, como a New Yorker, que exemplifica o potencial e a utilização do iPad no processo criativo de músicos, realizadores, coreógrafos e artistas plásticos; o valor dos empréstimos sem garantias feitos pelo Montepio ascende a dois mil milhões de euros; o número de vítimas mortais de acidentes de viação que consumiram estupefacientes aumentou nos últimos dois anos; Portugal tem o quinto maior défice comercial da Uniao Europeia; a crise provocou um rombo de 14% no PIB português; o PS tem menos simpatizantes que militantes - de acordo com os numeros divulgados após um mês de angariação o número de simpatizantes do PS não ultrapassa um terço do número de militantes; na distrital de Braga do PS verificou-se um surto de pagamentos de quotas em atraso que até pagou as quotas de pessoas entretanto já falecidas;
uma mulher de 64 anos, de uma povoação perto de Ferreira do Zêzere, recebeu uma carta do Ministério da Defesa a convocá-la para o dia da Defesa Nacional, o equivalente à antiga inspecção militar; o Ministério da Educação colocou nos seus quadros uma professora que completa 70 anos no dia do arranque das aulas, o mesmo em que por força da sua idade terá obrigatoriamente que se reformar; dois em cada três portugueses aposta na lotaria e em jogos de sorte, revela um estudo da Marktest; no primeiro semestre de 2014 mais de três milhões de portugueses acederam a sites de rádio a partir de computadores pessoais.

ARCO DA VELHA - Um doente do Hospital de Tomar que, por recomendaçāo do médico de família, pediu em Junho uma consulta urgente de cardiologia, recebeu em casa uma carta a marcá-la para Fevereiro de 2016.

OUVIR - A “Intima Fracção” começou por ser um programa de rádio, evoluíu a certa altura para um podcast que vivia no site do semanário “Expresso” e hoje em dia pode ser encontrada em alguns locais virtuais, indicados no Facebook (www.facebook.com/IntimaFraccao). Francisco Amaral, o seu criador e autor, diz que hoje em dia os arquivos de som que vai publicando se assemelham mais a uma banda sonora de estados de espírito que à forma original de programa de rádio, baseado numa playlist muito especial, com uma apurada selecção. Na “Íntima Fracção” as palavras têm um peso relevante, directamente ligado à música. Um dia destes, avisa Francisco Aamaral, as imagens, como esta que aqui reproduzo, e que foi retirada do seu Facebook, hão-de fazer parte do conceito. A “Íntima Fracção“ é um espaço de bom gosto, descoberta e serenidade musical num mundo em que os sons se tornam, na maior parte das vezes, numa amálgama desconexa. Aborrece-me que nenhum site informativo a aloje e divulgue como ela merece.

PROVAR - Graças à revista “Time” fiquei a saber que comer manteiga afinal não é um risco para o coração - e assim a torrada matinal com manteiga passou a saber ainda melhor. Vem isto a propósito da variação que ao longo dos últimos meses tem surgido sobre o que se deve e não deve comer. Algumas gorduras, em tempos amaldiçoadas, são agora toleradas. Dietas que exigiam sacrifícios gigantescos e recomendavam alimentos exóticos vão sendo substituídas por recomendações mais racionais. Vejo um número apreciável de artigos recentes e fico baralhado - o que ontem fazia mal hoje em dia pode ser ingerido e aquilo que dantes era recomendado afinal pode ter riscos. Eu compreendo que a indústria agro-alimentar movimenta milhões, mas gostava que não existissem tantos cientistas a criarem confusão e a promoverem estudos contraditórios de ano para ano, conforme os intersses de quem financia os seus estudos - que por vezes me parecem inúteis. Isto deixou de poder ser tratado como ciência, passou a ser roleta russa.

VER - Graças ao meu iPad estou a escrever esta crónica em férias, bem a sul, perto de Tavira, e ao mesmo tempo estou a visitar o magnífico site do MoMA - o Museum of Modern Art, de Nova Iorque. Destaco a exemplar exposição virtual dedicada à obra de Louise Bourgeois, que está em contínua construção, e que, quando ficar concluída, terá 3500 imagens do trabalho da artista - só por si vale a pena visitar esta secção do site do MoMA, acessível através da homepage do museu, entrando na área "explore". Delicio-me com o que vejo da exposição, inaugurada há poucos dias, “The Paris Of  Touluse-Lautrec: Prints and Posters”, que nos permite imaginar como seria Paris no final do século XIX. Noutro local do site do mesmo museu vejo que quem fôr a Nova Iorque até 1 de Setembro ainda poderá visitar no MoMA a exposição de Jasper Johns, e quem lá fôr a partir de 12 de Outubro poderá já visitar a exposição de colagens de Henri Matisse. O MoMA é um Museu sempre surpreendente e o seu site é um exemplo de referência da adaptação de uma instituição à vida no tempo digital - www.moma.org.

FOLHEAR - A revista "The New Yorker" é um caso sério de estudo para quem se interessa pela capacidade de adaptação de um título de imprensa, mantendo no entanto sempre o essencial das suas características e nunca desiludindo o núcleo duro dos seus leitores. Como o nome deixa antever a revista é uma espécie de manual de sobrevivência para os nova-iorquinos que prezam um estilo de vida cosmopolita, informado e ligado às artes. A Wikipedia descreve-a como uma revista dedicada à reportagem, comentários, crítica, ensaio, ficção, sátira, cartoons e poesia. É publicada desde 1925 pela Condé Nast 47 vezes por ano (há cinco números duplos). Destaque ainda para a qualidade gráfica da capa, baseada sempre em obras inéditas encomendadas a artistas - entre os quais o português Jorge Colombo. Mesmo para quem está longe de Nova Iorque, a New Yorker tem pelo menos dois terços de matérias que podem interessar a quem a quiser ler em qualquer ponto do mundo. E se dantes a revista chegava tarde e cara a Portugal, agora, na sua nova e muito boa edição para iPad, é possível fazer uma assinatura mensal por 5,49 euros. Irresistível.

DIXIT - “Ou os administradores do BES eram nabos e incompetentes ou eram mentirosos” - Domingos Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas e ex-deputado do PS.

GOSTO - Da divulgação da Acta da Reunião Extraordinária do Banco de Portugal que criou o Novo Banco pelo advogado Miguel Reis, que a obteve utilizando apenas informação disponível na net.

NÃO GOSTO - O horror criado pelo chamado Estado Islâmico é um exemplo de barbárie pura, que aproveita a destruição da vida humana de forma selvática para fazer propaganda.

BACK TO BASICS - A velocidade a que os rios desembocam nos oceanos não é tão veloz como a rapidez com que os homens cometem erros - Voltaire

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publicado às 11:09

VOTAR SEM SABER EM QUÊ

por falcao, em 14.08.14

FUGA - Quando se vai a votos espera-se que os votantes escolham entre propostas diferentes, entre programas e ideias concretas, entre estratégias políticas e sociais diversas, certo? Quando há umas eleições, seja numa associação, numa agremiação desportiva, numa autarquia, num partido ou no país, o lógico é que os eleitores possam decidir com base no que os candidatos opinaram sobre as principais questões que, no cargo a que se candidatam, se lhes colocarão, não é? No entanto, quem seguir o que tem estado a acontecer nas primárias do PS dificilmente poderá seguir este raciocínio. Nas primárias do PS levou-se a fulanização da política ao extremo. Os eleitores, sejam militantes ou simpatizantes, não têm por onde escolher entre programas diferentes ou propostas diversas porque pura e simplesmente elas não se encontram explicitadas. Os dois candidatos, mas António Costa principalmente, fogem de tomar posição sobre os temas mais quentes e decisivos que se podem colocar a um primeiro ministro português nos próximos anos - e, no entanto, estas eleições são, teoricamente, para escolher quem será o candidato do PS a tal cargo nas próximas legislativas. Aos eleitores, face à fuga a dar resposta a questões concretas e à realidade, resta escolherem entre duas pessoas, entre dois estilos, entre duas imagens, entre duas retóricas. Quando a política se resume a estilo o resultado nunca é bom.

 

SEMANADA - Devido à falta de alunos as reduções de preços nas universidades privadas chegam aos 80%; quase metade dos desempregados estão sem trabalho há dois anos; uma mulher em Felgueiras prostituía a filha de doze anos a troco de carregamentos de telemóvel; em Portugal, nos últimos três anos, a percentagem de divórcios em relação aos casamentos realizados é de 70%; este ano os deputados tiveram mais 17% de faltas às sessões do Parlamento que no ano anterior - um total de 1634 faltas, uma média de 16 faltas por sessão; o número de jovens entre os 15 e os 29 anos em Portugal caíu em quase meio milhão de pessoas na última década; uma sondagem desta semana aponta que a maioria dos portugueses não acredita no sucesso das investigações da justiça no caso BES; Jorge Silva Carvalho, conhecido como o espião que foi para a Ongoing, foi designado director científico do MBA em Gestão do  Conhecimento e Inteligência Competitiva, na Coimbra Business School; segundo o Tribunal de Contas a receita do IVA desceu 3,3% de 2012 para 2013 em vez de ter aumentado 3,5% como dizia o Governo; o Tribunal de Contas considerou que as medidas de austeridade dos últimos três anos são precárias, centradas no curto prazo e foram insuficientes para conter a despesa do Estado com pensões; o sector da construção e obras públicas continua a ser aquele em que se verifica maior numero de insolvências de empresas; em Junho deste ano registou se uma queda de 20% no numero de empresas que declararam insolvência; depois da crise do BES a Bolsa de Lisboa, cujos resultados a colocavam entre as dez melhores a nível mundial, passou a ser a terceira pior do mundo, apenas à frente do Gana e da Venezuela.

 

ARCO DA VELHA - Sete dias depois de chegar a Bruxelas o eurodeputado Marinho Pinto anunciou que irá abandonar o Parlamento Europeu daqui a um ano para se candidatar à Assembleia da República, diz que o vencimento do novo cargo é “vergonhoso” mas afirmou não tencionar abdicar dele porque “sou pobre, preciso do dinheiro”. Anunciou também a sua disponibilidade para se candidatar à Presidência da República depois das eleições legislativas.

 

FOLHEAR - Cada vez vale a mais a pena folhear o British Journal Of Photography - seja em papel, seja na boa edição digital para iPad. Depois de em Julho ter feito uma edição dedicada à nova fotografia espanhola - desde fotógrafos a editores e curadores de exposições, passando pelo clássico Juan Fontcuberta, a edição de Agosto é dedicada à fotografia de guerra. O pretexto da edição é o centenário da I Grande Guerra, mas quis o destino que as imagens mais contemporâneas calhassem numa altura em que em várias zonas se reacendem conflitos violentos. A acompanhar  fotografias duras e explícitas de várias guerras em várias épocas e diversas zonas do globo, estão textos de enquadramento e de análise sobre o que tem sido o poder e o papel da fotografia nestes conflitos.

 

VER -  O Centro Português de Fotografia funciona na antiga Cadeia da Relação, no Porto, e desenvolve, com poucos meios, um trabalho exemplar quer na salvaguarda do património fotográfico que lhe está confiado, quer na apresentação de diversas exposições temporárias. Actualmente, e até finais de Setembro, destaco três exposições: “Prostituição, retratos de uma vida na rua",  do espanhol Ruben Garcia (na imagem), “A Pose e a Presa” que mostra um outro olhar sobre o universo da Caça e que ganhou a bolsa atribuída em 2013 pela Estação Imagem de Mora, e finalmente o trabalho de Mário Cruz, o vencedor do prémio de fotojornalismo 2014, também da Estação Imagem de Mora, com a reportagem “Cegueira Recente” que mostra a vida no Centro de Reabilitação Nossa Senhora dos Anjos sobre pessoas que perderam a visāo. Finalmente vale a pena recordar a exposição permanente, que mostra a evolução do aparelho fotográfico ao longo dos tempos. Por último destaque para o Projecto 14 que reúne trabalhos de fim de curso de alunos de várias instituições de ensino que abordam a fotografia.  O CPF funciona terça a sexta das 10h00 às 12h30  e das 14h00 às18h00, e aos  sábados, domingos e feriados entre as 15h00 e as 19h00.

 

OUVIR - Em 1987 Dolly Parton, Emmylou Harris e Linda Ronstadt fizeram um álbum apropriadamente designado por “Trio”. Venderam para cima de quatro milhões de discos, ganharam dois Grammys e em 1999 reincidiram com “Trio II” que não teve metade do sucesso. A ideia de colaborações entre músicos de origens diversas é sempre um desafio. Felizmente que a nova aventura a três, e que envolve Norah Jones, Sasha Dobson e Catherine Porter, corre bem. Entre os blues e o jazz de Norah e Sasha, e o rock que sustenta a carreira de Catherine Porter, desenha-se um disco com surpresas como a versão de “Jesus,Etc” de Wilco, uma abordagem clássica mas entusiasmante de “Down By The River” de Neil Diamond, e um arisco “Sex Degrees Of Separation” da própria Dobson. Estas três meninas formaram as Puss N Boots em 2008 quando Norah Jones começou a tocar guitarra nalguns bares de Brooklin, cedo acompanhada por Sasha Dobson e depois por Catherine Porter. Durante este tempo tocaram sobretudo para amigos, nos intervalos das respectivas digressões individuais. Quando se entenderam a tocar guitarra já tinham ganho reputação como uma banda country e daí a gravarem este disco para a Blue Note foi um passo. Constituído em partes iguais por versões e originais cabe destacar, além das já referidas, as interpretações de “Leaving London” um tema de Tom Paxton  e “Bull Rider”, um clássico de Johnny Cash.“No Fools, No Fun”, Puss N Boots, CD já à venda.

 

PROVAR - Ele há dias em que mais valia não me sentar num restaurante para almoçar. Foi o que me aconteceu, nas Avenidas Novas, no Laurentina, apelidado, sabe-se lá porquê, o Rei do Bacalhau. Sentado na esplanada, iludido pela vontade de bacalhau com grão, depressa me arrependi. Saíu-me um daqueles empregados espertalhões que servem para iludir turistas e acham que podem fazer o mesmo a clientes nacionais. Primeiro quis impingir-me uma meia garrafa do que lhe apetecia, nome falado entre dentes para eu não perceber bem, em vez de me mostrar a lista. Saíu-se com uma Duas Quintas que não era bem o que me apetecia, por muito bom que fosse. Chegou morno de temperatura e quente de preço. Passemos então ao bacalhau: ao fim de algum tempo, chegou a meia posta pedida, cozida demais e já esfriada. O grão, que bem podia ser de lata de sensaborão que estava, vinha igualmente friozote e em reduzida quantidade, partilhando o espaço com umas batatas que foram para dentro como chegaram. Lá apareceu a  salsa e a cebola mas não veio o alho. O azeite era abaixo de mediano. A pimenta, pedida, era em pó, envelhecida e mortiça, em vez de ser fresca e em moinho. No entretanto um empregado entretinha-se a colocar pedaços de batata cozida no chão para alimentar a praga de pombos junto à esplanada. No fim paguei praticamente 30 euros por mau serviço e comida mal confeccionada e mal servida. Ao meu lado uma cliente que almoçava com um estrangeiro e pediu factura com número de contribuinte levou como resposta que a conta já estava fechada e que teria de passar depois porque o patrão não estava e só ele podia tratar dessa engenharia - tudo isto se passa a meia centena de metros da ASAE. Esta Laurentina já não se recomenda e até me arrepio do que aconteça aos turistas que por ali passeiam na Conde de Valbom.

 

DIXIT - “A reforma do Estado não é possível com estes actores políticos” - Luis Palha da Silva

 

GOSTO - Produção da Auto Europa aumentou 12,3% no primeiro semestre deste ano

 

NÃO GOSTO - Sete em cada dez novos casos em Tribunal são devidos a dívidas.

 

BACK TO BASICS - “Não teria nenhum problema em estar de acordo contigo, se tu tivesses razão.” - Robin Williams

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publicado às 14:00

ISTO ANDA TUDO LIGADO

por falcao, em 08.08.14

POTENCIAL - O meu ponto de partida numa conversa de café é sempre complicado - desprezo o futebol, que acho um jogo menor. Não me distrai, não me encanta e aborrece-me. Não sei falar sobre o assunto. Esteticamente acho-o medonho. Perturba-me a importância que lhe é dada. Perturba-me ainda mais que ele sirva de desculpa ou escape para muita coisa. O rol de denúncias de falcatruas diversas, os erros de arbitragem, a corrupção, as ligações suspeitas, o crónico endividamente de clubes geridos a proveito de quem lá manda, tudo isto transformou o futebol num jogo de sorte ou azar, em vez de um desporto. Vivemos num país onde mais depressa os desabafos de Jorge Jesus sobre o estado do Benfica motivam mobilização do que a situação no BES cria movimentações. Isto não é propriamente novidade e por alguma razão o serviço público de televisão prefere investir em futebol de mediano interesse do que em programas de referência, como documentários ou ficção. Mas não me quero meter nisso, há muito que se percebeu que mesmo este Governo prefere distrair com o futebol a investir na criatividade e num audiovisual sustentável. Maduro, que entrou cheio de prosápia,  amadureceu tanto que pelos vistos apodreceu. Limita-se a ser um vendedor de ilusões sobre a Europa. Como dizem - e demonstram - livros recentes de Lino Fernandes (“Portugal 2015 - Uma segunda oportunidade?”)ou de Felix Ribeiro (“A Economia de Uma Nação Rebelde”), se houvesse estratégia no país em vez de manobras tácticas, muita coisa podia ser diferente.. Estas obras mostram dois dos melhores pensadores sobre Portugal das ultimas décadas e demonstram que o país tem potencial, mas desprezou sempre seguir um plano que potenciasse esse potencial. Os seus livros, publicados este ano, mereciam ser estudados por quem Governa. Não me parece, infelizmente, que tal suceda. Fazer o que propõem dá trabalho e só tem efeitos de médio prazo - coisa desinteressante numa política que vive de eleições e arranjos.

 

SEMANADA - Um país em festa: o estudo TGI da Marktest contabiliza cerca de 1,5 milhões de indivíduos que refere ter ido a uma discoteca nos últimos 12 meses; existem 20 mil cães perigosos registados em Portugal; em Junho de 2011 a população activa portuguesa era 5,5 milhões de pessoas e em Junho deste ano tinha descido para 5,24 milhões; novas admissões na Função Pública representam um terço dos 90 mil empregos criados no segundo trimestre deste ano; seis em cada dez empregos gerados no segundo trimestre foram para trabalhadores com mais de 45 anos; a Feira do Livro de Lisboa deste ano passou pela primeira vez na história do evento a barreira do meio milhão de visitantes; 270 reuniões de comissões de inquérito parlamentares resultaram em nada em termos de procedimentos subsequentes; a recém recuperada Ribeira das Naus, em Lisboa, tem água poluída e uma quantidade anormal de mosquitos; o Provedor de Justiça recomendou que os fiscais da EMEL esperem “um tempo razoável” antes de aplicarem multas, para dar tempo aos automobilistas para trocarem moedas e afixarem o comprovativo; a EMEL passou uma multa a um cidadão que estava morto e nunca teve carro; as empresas de transporte público de Lisboa e do Porto perderam desde 2010 mais de 145 milhões de passageiros, tendo apenas o Metro do Porto conquistado clientes; no ano passado registaram-se quase três milhões de falsas urgências nos hospitais; faltam cerca de 25 mil enfermeiros no sistema hospitalar; o Benfica registou seis derrotas nos jogos de pré-epoca das últimas semanas; Julho deste ano foi o mais chuvoso deste século; o Ministro Pires de Lima classificou de “desfaçatez” o comportamento da PT em relação do BES.

 

ARCO DA VELHA - Um terço dos professores que realizaram as provas do Ministério da Educação fez três ou mais erros ortográficos e apenas 37% tiveram a prova limpa sem erros.

 

FOLHEAR - Estamos naquela altura do ano em que a “Monocle” abandona o formato revista e passa a ser jornal. Surge a “Monocle Mediterraneo”: Mais à frente aparece a “Monocle Alpes”, no Inverno, para quem gosta de neve: Mas, por agora, fiquemos a sul, no Mediterrâneo, Esta é uma edição sempre dedicada às praias, a barcos, ao mar. Aqui há receitas de boas saladas (como uma de lentilhas com atum fresco, fantástica, que experimentámos em casa neste fim de semana), há indicações dos melhores bares, de excelentes locais para ficar. E, por cima disto tudo, Portugal - que não costuma aparecer nesta edição - surge com uma reportagem de duas páginas sobre o trabalho da Força Aérea, na base do Montijo, do esquadrão 751 heli-transportado, que já fez mais de três mil salvamentos no mar. É uma história muito bem contada sobre as missões, ambições e acções de um conjunto de homens que garantem a segurança na costa portuguesa. Só por isto já valia ler esta edição veraneante da “Monocle”.

 

VER -  Duas sugestões algarvias : Uma, em Tavira, na Casa das Artes - a exposição dos fotógrafos de “A Pequena Galeria” (na imagem). Ali estão até 22 de Agosto cerca de três dezenas de fotografias de Ágata Xavier, António Luiz Sousa, Carlos Gonçalves, Carlos Oliveira Cruz, Guilherme Godinho e Luis Pereira, trabalhos seleccionados a partir do que os autores  apresentaram em “A Pequena Galeria” ao longo de 2013 e 2014. A segunda tem a ver com o trabalho da fotógrafa Luisa Ferreira, decorre em São Brás de Alportel e chama-se “À Procura de Um Outro Corpo”. As fotografias de Luísa Ferreira estão Museu do Traje e na Antiga Farmácia Passos,  e podem ser vistas até final de Outubro.

 

OUVIR - Dois dos maiores êxitos da carreira a solo de Eric Clapton têm a assinatura de J.J. Cale - “Cocaine” e “After Midnight”. Nessa época Clapton saía da ressaca do fim dos Cream e dos Blind Faith e as canções de Cale deram-lhe uma confiança e segurança de que ele precisava na altura. “The Raod To Escondido”, um disco de 2006, permitiu a Eric Clapton retribuir a ajuda de Cale. A ideia deste novo álbum de homenagem nasceu depois da morte de JJ Cale e o título vem de uma das suas canções mais conhecidas, “Call Me The Breeze”, popularizada pelos Lynyrd Skynyrd. Neste “The Breeze” encontram logo na abertura a faixa que inspira o nome do disco, mas não encontrarão nenhum dos tema sque Clapton popularizou. Os melhores momentos do disco vêm da participação de Tom Petty em “Rock And Roll Records”, de Mark Knopfler em “Train To Nowhere”, de Willie Nelson em “Starbound” e de Don White em “I’Lll Be There”. Eric Clapton & Friends, “The Breeze - An Appreciation of JJ Cale”, edição Universal, à venda onde ainda há discos.

 

PROVAR - Até fico com pena de dizer isto, mas o Dell Anima, um novo restaurante italiano da Duque de Ávila, é uma boa ideia mal conseguida. Comecemos pelo espaço, que é muito bom, - esplanada no passeio da renovada avenida, sala interior bem climatizada, e esplanada no pátio das traseiras, arejada, com vegetação e uma fonte que ajuda à sensação de frescura. Mesas grandes corridas onde as pessoas se podem sentar com desconhecidos - mas onde há o risco de calhar ao lado de uma brasileira guinchante, que foi o que me aconteceu. Depois a lista: grande demais, complexa demais, parece uma proposta de infindável degustação e eu embirro com degustações. No geral até poderia dizer que há boas propostas, em quase todos os items, mas de facto a extensão não ajuda a um restaurante que se quer informal e o resultado é que se vai para o óbvio de uma pizzeria - a pizza. Da massa das pizzas só tenho a dizer bem, e dos conteúdos de uma Calabrese que pedi também só tenho que elogiar. O mesmo se aplica à focaccia de entrada, mas não aos gressinos, que não eram frescos. A lista de vinhos volta a ser despropositada nas escolhas, nos preços propostos e na ausência de mais vinhos frescos - brancos e rosés. Também se lamenta a inexistência de um vinho da casa, nas várias variantes possíveis, a um preço que estimule as pessoas a beberem um copo sem terem que beber uma garrafa. O serviço tem muito a melhorar, sobretudo na atenção às mesas, na atenção e rapidez do pedido da conta. Pretencioso na lista de comidas, esquizofrénico na lista dos vinhos, distraído no serviço. Salva-se a pizza. Já não é mau, espero que com o tempo melhore o resto, que o sítio merece. Ristorante Dell’Anima, Av. Duque de Ávila 42 B, telef 215 926 346.

 

DIXIT - “A falta de dinheiro no Estado abre espaço à iniciativa privada na Cultura” - Álvaro Covões

 

GOSTO - Portugal ganhou 16 prémios no World Travel Awards Europe e o Turismo de Portugal foi considerado o melhor organismo oficial de Turismo na Europa.

 

NÃO GOSTO - O Estado pagou desde 2007 mais de 22 milhões de euros por horas de vôo que nunca existiram dos helicópteros Kamov de combate a incêndios

 

BACK TO BASICS - A inveja é a úlcera da alma - Sócrates, filósofo grego

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publicado às 14:03

ILUSÃO - Continua a haver qualquer coisa que me desagrada no funcionamento da justiça portuguesa e já não estou a falar só da lentidão. Peguemos no caso do BES - avolumam-se indícios de que os últimos seis meses foram um contínuo lançar de petróleo sobre a fogueira ou, se quiserem, um constante deitar dinheiro a rodos do BES para cima do GES, literalmente lançando à rua milhões e milhões de euros que se desvaneceram nesse poço sem fundo em que se tornaram as holdings familiares do grupo. Mas numa altura destas, em que é flagrante, pelo menos, que as instruções do Banco de Portugal não foram cumpridas e que foram até contrariadas, a investigação sobre os líderes do grupo Espírito Santo que gerou mediatismo (a detenção, para interrogatório, de Ricardo Salgado) é assente num facto com uns anos e já muito conhecido. Não é que o tema não tenha que ser investigado - é que da maneira que as coisas foram feitas fica a impressão de que se pegou num caso antigo que estava mais ou menos estudado (e a ver vamos como) para criar um efeito mediático, dando impressão que o Ministério Público estava em cima do processo actual. O expediente, em matéria de comunicação, fez capas e deu notícias e imagens nos telejornais - ir prender um banqueiro dá sempre audiência. Mas quando se percebeu o que estava em cima da mesa logo surgiu a dúvida sobre o momento e a oportunidade. E, mais grave, sobre se a acção da justiça, neste caso, não será um exercício de atirar poeira para os olhos, com o objectivo de criar a percepção pública de que ela estaria em cima de um acontecimento de onde, afinal, como agora bem se percebe, está longíssimo. O caso não faz ter mais respeito pela justiça - provoca o contrário porque se avoluma o sentimento de que as investigações só avançam quando os investigados perdem poder e estatuto. No meio disto fica uma desagradável dúvida: o sistema judicial tem uma agenda que passa por iludir a opinião pública, ou de facto segue o que se passa no país?

 

SEMANADA - As dívidas fiscais nos tribunais já atingem 7,57 mil milhões de euros, mais 700 milhões que em 2011; uma auditoria à Câmara Municipal de Braga encontrou indícios de gestão ruinosa por parte do anterior presidente da Câmara, Mesquita Machado, eleito pelo PS, que esteve 37 anos no poder; segundo a mesma auditoria à gestão anterior o passivo da Câmara Municipal de Braga ultrapassa os 252 milhões de euros; o tráfego nas autoestradas da Brisa aumentou 4,6% no primeiro semestre deste ano e apenas do segundo trimestre teve um aumento de 7,1% em relação a iguais períodos de 2013; este ano já foram detidas sete mulheres por levarem droga escondida no corpo em visitas a familiares detidos em cadeias; o numero de estudantes estrangeiros em universidades portuguesas passou de 19 mil para 31 mil em três anos;os helicópteros que combatem os incêndios florestais estão sem seguro desde 2011; na campanha do PS tanto Seguro como Costa prometem desmantelar legado de Passos Coelho; em Lisboa a piscina do Campo Grande devia estar aberta há 2 anos mas as obras ainda não recomeçaram; António José Seguro disse em entrevista que “o PS associado aos negócios e interesses é apoiante de António Costa”; a Procuradoria Geral da República desmente que Sócrates esteja a ser investigado e o antigo primeiro-ministro nega qualquer envolvimento no caso Monte Branco, dizendo-se vítima “de uma canalhice”.

 

ARCO DA VELHA - O BES financiou a a actividade de vários grupos empresariais na condição de estes contraírem outros empréstimos junto do Banco para aplicarem em dívida e acções do Grupo Espírito Santo.

 

FOLHEAR - Todos sabemos que uma apresentação pode ser um momento mágico mas, na maioria das vezes, é um momento de enorme aborrecimento. Já nos aconteceu a todos ver um powerpoint em que o orador lê linha após linha a escrita intrincada que aparece no ecrã com gráficos e quadros impossíveis de apreender a mais de um metro de distância. Existe uma empresa, de origem brasileira mas que em Portugal está estabelecida há uns anos, a Soap, que se especializou em fazer boas apresentações: olham pra cada caso como se se tratasse de um filme e constroem um guião. Eu hoje em dia não gosto de usar a palavra “narrativa”, mas reconheço que uma apresentação como deve ser vive de um boa narrativa ou, se quiserem, de uma história bem contada. E uma história, se fôr bem contada, sem demasiado palavreado, pode cativar a audiência. Eu costumo dizer que um dos problemas dos filmes não americanos é que os diálogos são demasiado longos e desnecessários; aplique-se o mesmo às apresentações - eis o princípio que a Soap segue. O melhor de tudo é que querem partilhar connosco o seu método e fizeram um livro chamado “Super Apresentações - como vender ideias e conquistar audiências”, que minuciosamente descreve o processo que usam. Editado há uns anos no Brasil, teve agora edição portuguesa, adaptada a esta realidade e aos clientes locais, feita pela mão de Artur Ferreira, que foi quem trouxe o conceito para Portugal, onde dirige a Soap. O livro saíu por estes dias e lê-lo vale bem a pena- pode ser que ganhem um cliente se seguirem os conselhos que aqui vêem na próxima apresentação que fizerem.

 

VER -  Hoje recomendo um site. O site novo da revista “The New Yorker”, que em Fevereiro do próximo ano fará 90 anos. Sou um devorador da revista, seja em papel que vou comprando uma vez por outra, seja no seu site. Gosto das capas (algumas desenhadas por Jorge Colombo), gosto dos artigos, das biografias, das investigações, das short-stories, dos números especiais. O novo site tem também novidades a nível do acesso - durante os próximos três meses todo o conteúdo fica disponível à borla, incluindo o arquivo inteiro - normalmente até aqui apenas um terço da edição era disponibilizada on line a menos que se fosse assinante. Daqui a três meses entra em vigor outra modalidade, com preços diferenciados conforme o indíce de utilização, como acontece no New York Times ou Wall Street Journal - e existirão tabelas para leitores no estrangeiro. 2013 foi o ano  mais lucrativo desta publicação do grupo Condé Nast nas últimas décadas - The New Yorker tem um milhão de assinantes da edição em papel e 12 milhões de visitantes na internet. O novo site será mais fácil de manusear em dispositivos móveis, é feito a partir da plataforma wordpress, e sugiro que o descubram e utilizem em www.newyorker.com . E já agora termino com uma citação do editorial que apresenta o novo website: “Publishing the best work possible remains our aim. Advances in design and technology are tools in that effort.”. Óbvio, não é?

 

OUVIR - Jack White toca blues. É certo que algumas vezes não são blues muito ortodoxos - mas lá que são mesmo blues não há dúvida - logo desde a primeira canção deste seu novo disco, “Three Women”, uma adaptação livre de um clássico dos blues do final da década de 20 (do século passado, claro). Aqui há de tudo: a batida, o piano, a guitarra, as pausas, o brincar com as palavras. Desde o seu trabalho com The White Stripes, Jack White tem participado em dezenas de discos, apadrinhado desconhecidos ou feito heresias com conhecidos, como Neil Young, tudo através da sua editora Third Man. Há neste disco um lote de influências, que vão dos blues primitivos aos Rolling Stones, passando por brincadeiras que evocam Beach Boys, Ramones ou Queen e algum hip-hop aqui e ali. White gosta de brincar com as palavras e o título do álbum, “Lazaretto”, evoca leprosarias e hospitais de quarentena - como se tudo isto fosse um exercício de isolamento do mundo - certamente relacionado com o que se passou na sua vida e relações nos tempos mais recentes. Autobiográfico, intimista, sentido (All Alone In My Home Nobody Can Touch Me), este disco mostra uma dimensão próxima de um diário onde se vai escrevendo o que se sente de forma muito visceral. Apetece ouvir este disco e estas canções vez após vez. Em repeat, no iPhone para onde copiei o disco que comprei, o mesmo aparelho que agora querem taxar. Jack White havia de escrever sobre isto - “every single bone in my brain is electric”.

 

PROVAR - Comer um peixe assado na brasa em Lisboa não é uma das coisas mais simples do mundo. Primeiro, há muitos grelhadores mas poucas brasas; depois há muita gente a grelhar mas pouca a fazê-lo como deve ser; e finalmente, se passarmos para o ponto sério da questão, que nesta época do ano se resume às derradeiras e frágeis sardinhas, então a coisa torna-se mesmo complicada. A sardinha é um peixe delicado - precisa de ser fresco senão fica uma papa; precisa de ser bem assado, para não ficar desfeito; é pequeno e não quer exageros de calor nem de chama. Não é fácil assar bem sardinhas e em Lisboa nem sempre é fácil encontrar as melhores e mais frescas, como por exemplo as que se provam em Setúbal. Mas há um sítio lisboeta onde isso é possível. Chama-se “Último Porto” e faz da assadura na brase uma arte e da frescura e qualidade do peixe um princípio. É módico nos preços, divertido e despachado no serviço. A dose de sardinhas custa 11,50 euros, o jarro de vinho branco da casa, muito aceitável, fica pelos três euros. Chega-se lá indo até ao fundo da estrada da Estação Marítima da Rocha do Conde de Óbidos ou, pelo outro lado, até ao parque perto do Speakeasy, atravessando-se depois a ponte pedonal. Convém marcar que a esplanada enche com rapidez. O telefone é o 213979498.

 

DIXIT - “26 mil milhões de euros é uma pipa de massa, devem ser bem aplicados. E que se calem aqueles que dizem que a UE não é solidária com Portugal” - Durão Barroso sobre os novos fundos europeus para Portugal.

 

GOSTO - A revista francesa “Les Inrockuptibles” fez um rasgado elogio à música portuguesa contemporânea, afirmando que em termos musicais Portugal é a California da Europa com “uma cena musical riquíssima”.

 

NÃO GOSTO - Da criação de uma taxa sobre tablets, telemóveis e dispositivos de gravação sem ter em conta os utilizadores que pagam os conteúdos que consomem.

 

BACK TO BASICS - “Se quiserem testar o verdadeiro carácter de um homem, dêem-lhe poder e esperem para ver o que faz” - Abraham Lincoln

 

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