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ABUSOS - Há uma série de países em que partidos como o português CDS-PP fazem gala em defender os direitos dos cidadãos e proteger os contribuintes dos abusos e dislates do Estado. Por cá já se percebeu, pela actuação de Paulo Núncio e da Autoridade Tributária que tutela, que o PP desistiu desse posicionamento e passou a achar normal o princípio de que o Estado se sobrepõe aos cidadãos. Mas a culpa principal da situação a que se chegou não é dos partidos - é da falta de fiscalização de quem deve arbitrar a relação entre os vários poderes e, sobretudo, regular a relação entre quem governa e quem é governado. Se tivéssemos um Presidente da República em vez de um prefaciador talvez pudéssemos ter alguém que chamasse a atenção para a importância de o Estado ser uma pessoa de bem e não espezinhar os direitos básicos dos cidadãos. O papel regulador que o Presidente da República podia ter na defesa do equilíbrio entre o poder e os direitos não é exercido e esse é um dos maiores problemas na origem da maneira como o regime se degrada. O Presidente da República não chama a atenção para os erros do Governo, para abusos que tolera e até impulsiona, e em vez disso fica calado a prefaciar sobre as melhores características de um candidato à sua própria sucessão. Um Presidente da República interveniente não deixaria de fazer notar que um país não pode avançar quando a principal actividade económica é deixar uns abrir buracos, que outros depois tapam - uma actividade de décadas que tem originado corrupção e clientelismo. Nestes anos o Poder tem sido fértil a incentivar abusos. Talvez a resolução desta triste situação pudesse ser um dos temas das campanhas eleitorais que aí vêm.
SEMANADA - A Ministra das Finanças admitiu que tinham existido falhas na supervisão na queda do BES; apenas sete dos 17 candidatos iniciais entregaram propostas para compra do Novo Banco; Henrique Neto anunciou ser candidato à Presidência da República e vários notáveis do PS mostraram-se surpreendidos e criticaram a sua decisão; o candidato diz que Marcelo é quem mais receia à direita e que Rui Rio é aquele com quem mais se identifica; interrogado sobre as eleições presidenciais Guilherme de Oliveira Martins afirmou não estar “numa fila de candidatos ou de candidatos a candidatos”; Augusto Santos Silva afirmou que “falta ao centro-esquerda um candidato forte e mobilizador”; a factura dos juros da dívida portuguesa cresceu 51% nos dois primeiros meses do ano; a Ministra das Finanças congratulou-se por ter os cofres cheios, embora parcialmente à custa de nova dívida; a Associação Académica de Coimbra recusou o convite para participar num almoço de Passos Coelho com dirigentes estudantis; o PCP propôs a instalação da Feira Popular no Parque das Nações; o advogado de José Sócrates, João Araújo, disse numa entrevista que “jornalistas e comentadores falam sobre o caso Sócrates como se fossem bêbados”; a estreia de Shark Tank na SIC ficou em 12º lugar da lista dos programas mais vistos na televisão durante a semana passada; as exportações para Angola sofreram em Janeiro a maior queda dos últimos cinco anos; quase três mil enfermeiros pediram à Ordem para emigrar no ano passado; António Ventinhas, Presidente do Sindicato dos Ministério Público, disse que o ex-procurador Geral da República, Pinto Monteiro, instaurava “processos disciplinares ou abria processos de averiguações a todos os procuradores que ousassem investigar os mais poderosos”.
ARCO DA VELHA - Para assinalar o segundo ano do mandato à frente do Sporting Bruno Carvalho quis resguardar-se de olhares indiscretos colocando, pela primeira vez na história do clube, película fosca nos vidros do Camarote de Honra do Estádio José de Alvalade, para que não se veja o que lá se passa. A bem da transparência, imagina-se.
FOLHEAR - Os presentes inesperados são os melhores e, na semana passada, tive o prazer de receber um exemplar do “Dictionnaire Amoureux du Journalisme”, escrito por Serge July - o homem que fundou o “Libération” e o dirigiu ao longo de 33 anos - uma referência para uma geração de profissionais da comunicação. Neste livro July mostra a sua visão da historia dos media, da época de ouro dos jornais aos novos media digitais, das reportagens aos ensaios que ajudam a mudar a forma de pensar dos leitores. Ao longo de cerca de 900 páginas, July percorre nomes e obras essenciais da história do Jornalismo, do clássico Heródoto a Joseph Pulitzer, de Daniel Defoe a Gabriel Garcia Marquez, de Tintim a Curzio Malaparte, de John Reed a Tom Wolfe, de Voltaire a Émile Zola, de Robert Capa a Hemigway , dos paparazzis ao new journalism. Construído em torno de pequenas histórias que evocam factos e personagens, quase uma sucessão de artigos que se vai lendo à procura de novas descobertas, este livro é apaixonante. Edição Plon, disponível na amazon.fr .
VER - Merece ser seguida com atenção a programação da Festa do Cinema Italiano, que decorre entre o cinema S. Jorge e a Cinemateca Nacional e que tem uma extensão especial no cinema Nimas com a exibição de uma dezena de cópias restauradas e digitais das obras de Roberto Rosselini como “Stromboli” (na imagem) e “Viagem em Itália”. Até ao final do mês, em Lisboa, há 10 filmes para ver do grande mestre italiano e mais tarde, alguns dos filmes vão ser exibidos no Porto, Braga, Coimbra e Castelo Branco. A partir de 9 de abril, este ciclo dedicado a Rossellini estará no Teatro Municipal do Campo Alegre, no Porto e alguns dos filmes chegarão também a Braga, Coimbra e Castelo Branco. Na programação “oficial” da Festa, destaque para série Gomorra, cujos sete episódios serão exibidos integralmente em grande ecrã e depois passarão na RTP 2 até dia 2 de Abril. Outros filmes a não perder são “Que Estranho Chamar-se Frederico”, de Ettore Scola, “Almas Negras” de Francesco Munzi, “O Rapaz Invisível” de Gabriele Salvatores, ou “Corações Inquietos” de Saverio Constanzo
OUVIR - Van Morrison nasceu em Belfast há quase 70 anos. O seu primeiro disco a solo é de 1967, há 48 anos portanto, aquela que foi a sua grande revelação, “Astral Weeks”, é do ano seguinte e “Moondance”, outra referência, é de 1970. Antes disso, com os Them, já tinha gravado “Gloria”, uma canção marcante e épica que o acompanha ao longo da sua carreira. As influências musicais de Van Morrison estão claramente nos blues, muito por causa da música que ouvia em casa dos seus pais durante a adolescência. Por isso não deixa de ser curioso que agora, a chegar aos 70 anos, se dedique de novo a explorar as sonoridades dos blues, revisitando temas de toda uma carreira. Há sempre um risco enorme em fazer um disco de temas clássicos, pessoais, sob a forma de dueto entre o autor e um convidado e é raro a coisa dar certo. Tenho para mim que a razão do equilíbrio destes “Duets - Reworking The Catalogue”, de Van Morrison, é precisamente a sua dedicação aos blues e é por isso que ele resulta tão bem, seja quando canta ao lado de Georgie Fame, seja quando está com Marvis Staple, Gregory Porter, Chris Farlowe, George Benson, ou o grande Taj Mahal, que encerra os 16 temas deste CD com uma vertiginosa versão de “How Can A Poor Boy?”, que é um manual de como se pode ter prazer a interpretar uma canção. A compilação foge ao óbvio e, como se dizia num dos meus discos preferidos, “ a splendid time is guaranteed for all”.
PROVAR - A Champanheria fez nome em Setúbal com as ostras do Sado, entre as quais as famosas “les Portugaises”, e em Dezembro estreou-se em Lisboa, nas Avenidas Novas, com a porta a abrir ao fim da tarde para uma happy hour em que a proposta é meia dúzia de ostras a oito euros - mais precisamente entre as 18 e as 20H. Situada na Avenida João Crisóstomo, no quarteirão entre a Avenida da República e a Defensores de Chaves, tem infelizmente a maldita mania dos menus degustação com um mínimo de quatro entradas e uma lista reduzida algo incongruente - mais vale ir à happy hour e ficar por umas ostras e tapas. Vá lá que as ostras são, com razão, a grande razão de ser do local, assim como a lista de espumantes, champagnes e cavas e ainda uma sangria de espumante que é elogiada por quem goste do preparo. Embora perceba que as origens setubalenses levem a que o espumante da casa seja o Ermelinda de Freitas , a verdade é que é uma escolha que não é entusiasmante - e em Portugal já há muitos bons espumantes na mesma gama de preços. Para rematar, a casa fica ao lado de um Bingo e tem um ecrã que passa futebol, duas coisas mais que afastam gente que queira estar sossegada e apreciar a elegância das ostras no recato. É pena, que as ostras são boas. Avenida João Crisóstomo 15.
DIXIT
“li algures que os gregos antigos não escreviam necrológios,
quando alguém morria perguntavam apenas:
tinha paixão?
quando alguém morre também eu quero saber da qualidade da sua paixão”
Herberto Hélder (A Faca Não Corta O Fogo)
GOSTO - A marca de porcelanas Vista Alegre foi distinguida com o prémio de design da revista 'Wallpaper', na categoria de 'Best coffee and cake', com o serviço de mesa 'Orquestra’.
NÃO GOSTO - O SIS tem um manual de 222 páginas que prevê escutas ilegais, vigilâncias a pessoas que não são suspeitas em qualquer processo crime e pagamentos a fontes de informação.
BACK TO BASICS - “Diz-se que o poder corrompe, mas na realidade o poder limita-se a atrair aqueles que são corruptíveis; os que são sérios são atraídos por outras coisas que não o poder” - David Brin
POLÍTICAS - Estamos a meia dúzia de meses de eleições, no final de uma legislatura de quatro anos, e de um Governo que quando chegou se defrontou com um país à beira do colapso financeiro. Tomou as medidas que entendeu, umas melhores que outras. Mas em vez de discutir seriamente o que se vai fazer a seguir, nos próximos quatro anos, as últimas semanas têm apenas trazido casos e casinhos, uns graves, outros gravinhos, que são o retrato de uma classe política que se apraz a fazer politiquice de hábitos e costumes em vez de estudar, debater e traçar políticas e fazer pela sua implementação. Grande parte do tempo gasto em debates entre representantes dos vários partidos não versa sobre política mas sobre pessoas e atitudes dessas pessoas. Questões centrais como as formas de melhorar a justiça, a saúde ou a educação são esmagadas por polémicas sindicais, casos de intendência e um rotineiro hábito de fugir às responsabilidades por quem toma decisões de duvidosa legitimidade e efeito. A politiquice tem o efeito de mascarar a incapacidade de executar políticas adequadas que diagnostiquem e resolvam os problemas novos que se colocam por força da evolução social, económica e demográfica. Para agravar as coisas, em pano de fundo pairam evidências de que a possibilidade de um tratamento equitativo do Estado aos cidadãos é hoje em dia uma hipótese remota, tão cheio está o saco de situações concretas que mostram o contrário. O Estado tornou-se numa máquina que se serve dos cidadãos em vez de os servir e que aproveita as fragilidades para abusar dos poderes que pode utilizar. Quem governa tem especiais responsabilidades em ouvir e não em ignorar; deve conseguir combinar o exercício do poder com o combate ao abuso de poder. Se não fôr assim criam-se desiquilíbrios que estão na origem da descrença nos políticos, no sistema partidário e no funcionamento da sociedade. Estamos a um passo de ser uma minoria a decidir, tal o tamanho da abstenção que se adivinha e do desinteresse criado pela ausência de discussão séria.
SEMANADA - O FMI passou a semana a fazer pressão mediática para forçar mais reformas; o Ministro da Economia, Pires de Lima, disse que o FMI falhava as previsões frequentemente; a Segurança Social vendeu 900 mil acções da PT com um prejuízo de 87%; Fernando Ulrich afirmou ter partilhado com Vitor Gaspar as suas preocupações em relação ao Grupo Espírito Santo um ano antes do colapso do BES, desmentindo assim afirmações feitas pelo ex-Ministro das Finanças; Fernando Ulrich acusou a troika de ter estado três anos em Portugal e não ter percebido nada do que se passava no país; Fernando Ulrich criticou a actuação do Banco de Portugal no caso do BES, afirmando que na supervisão há pessoas “muito boas a usarem o microscópio, mas não é com microsocópios que se apanham elefantes”; a defesa de José Sócrates, numa só semana, perdeu um pedido de habeas corpus, perdeu um recurso para a relação e para remate despejou a sua frustração em cima da comunicação social e dos jornalistas; o vereador José Sá Fernandes conseguiu um coro de críticas na Assembleia Municipal por um projecto de concessão a privados de espaços em Monsanto, baseado num concurso com um único concorrente, com um caderno de encargos polémico e com um enquadramento económico duvidoso; Rui Rio está inclinado a entrar na corrida à Presidência da República; O PS está inclinado a fazer Sampaio da Nóvoa entrar na mesma competição; Portugal fechou 2014 a perder emprego e com a população activa em mínimos do século; os trabalhadores do Metro de Lisboa já fizeram greve 41 vezes desde 2011; 430 mil portugueses emigraram entre 2009 e 2013.
ARCO DA VELHA - Governo e Fisco desmentiram aquilo que, no dia 20 de janeiro, o chefe de serviços de auditoria da Autoridade Tributária, Vitor Lourenço, divulgara numa acção de formação a mais de 500 pessoas: a existência da lista de contribuintes VIP, sobretudo da área política, criada no âmbito do Fisco.
FOLHEAR - “A Síria em Pedaços” é uma colectânea de textos de Bernardo Pires de Lima, publicados em jornais, muitos com relação directa com a actualidade do momento, mas que agora, editados em livro, permitem ter uma visão de conjunto da evolução da situação naquele país e naquela região. Investigador do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa e do Centro para as Relações Transatlânticas da Universidade John Hopkins, Bernardo Pires de Lima é também colunista e comentador em jornais, na rádio e televisão. Conheci-o na saudosa revista Atlântico e tenho seguido os seus escritos, que ajudam melhor a perceber o conflito na Síria, o crescimento do radicalismo islâmico e as posições das diplomacias ocidentais. Além das análises e comentários a acontecimentos feitos ao longo de quatro anos, da primavera árabe ao atentado ao Charlie- Hebdo, passando pelo Isis, sempre com a Síria por pano de fundo, esta edição oferece ainda um útil glossário assim como um indíce de figuras que são actores da realidade da política internacional. “A Síria em Pedaços” é uma edição Tinta da China.
VER - Na Fundação Carmona e Costa está patente, até 2 de Maio, uma exposição de Graça Pereira Coutinho intitulada “A Outra Mão”, baseada em desenhos, ideias e reflexões feitas num caderno em que em que a artista foi deixando anotações ao longo do tempo. É uma espécie de diário de ideias por executar - e algumas passaram do estádio de simples imaginação para a execução de facto no espaço da Galeria - desde os desenhos a videos ou a instalações, com destaque para um labirinto que reflecte a visão do trabalho e do quotidiano e que é a peça central de toda a exposição (na imagem). O próprio original do caderno está exposto e pode ser visto numa das salas, confrontando o pensamento e o processo criativo com a obra produzida. É uma exposição apaixonante e intensa. Fundação Carmona e Costa, Rua Soeiro pereira Gomes Lote 1, 6º , ao rego. Informações e horários em www.fundacaocarmonaecosta.pt .
OUVIR - Max Richter é dos casos mais interessantes da música contemporânea. Com um fascínio pelo resultado do encontro de instrumentos electrónicos com instrumentos acústicos e com a voz humana, Richter, um pianista de formação clássica que desenvolveu uma carreira de compositor, tem também experiência de trabalho sobre obras de autores como Philip Glass, Arvo Part, Brian Eno ou Steve Reich, através do seu Piano Circus, um ensemble que durante dez anos dinamizou. O mais curioso em Richter é como ele combina a sua formação clássica com a influência da música popular. “The Blue Notebooks” é o seu segundo álbum a solo, originalmente editado em 2004 e agora reeditado pela Deutsche Grammophon. O disco tem a participação de Tilda Swimton, que lê, entre outros, textos de Kafka. Richter tem uma tendência narrativa na sua composição, que muitas vezes leva à construção de ambientes que são próximos de bandas sonoras de filmes imaginados. O resultado é admirável e esta reedição permite descobrir um disco que, uma década depois de ter sido gravado, continua intemporal.
PROVAR - Nas Avenidas Novas há um discreto local onde se pode comer boa comida tailandesa, convenientemente preparada, com delicadeza nos abores e intensidade no tempero. Chama-se Siam Square e fica na Avenida Luis Bivar, quase a chegar à Rua Tomás Ribeiro, num rés do chão elevado. A sala é simples mas acolhedora, o serviço é simpático e atencioso, a ementa é apelativa, a carta de vinhos é modesta mas bem escolhida. Nas entradas o destaque vai para os bolinhos de peixe, há sopas picantes e saladas de camarão, carne de porco ou galinha. Existem ainda propostas vegetarianas, pratos de caril, com destaque para o caril vermelho de pato assado com molho de coco e ananás fresco e o caril verde de camarão. Nos peixes destaca-se o robalo ao vapor com molho de limão e coentros. Outras possibilidades são o arroz de jasmim frito com galinha e o caranguejo salteado com caril em pó ou a carne de vaca salteada com molho de ostras e piri piri. Há ainda uma extensa lista de sobremesas. A experiência vale a pena e pode ser testada de segunda a sábado na Avenida Luis Bivar 7A. Telefone 213 160 529.
DIXIT - “Não é aceitável a atitude cada vez mais frequente como o Estado actua na cobrança de impostos de tal modo que, com frequência, os contribuintes se sentem impotentes para resolver os seus problemas com o fisco” - Manuela Ferreira Leite
GOSTO - Do alargamento da atribuição de vistos gold a estrangeiros que invistam na cultura, na investigação científica e na reabilitação urbana.
NÃO GOSTO - Há mil europeus infectados por dia com tuberculose.
BACK TO BASICS - Vivemos rodeados de mentiras, mas o pior de tudo é que metade delas são verdades - Winston Churchill
Mas a indústria automóvel não fica atrás e a Toyota mostrou um simulador de condução de um dos seus modelos – o que mostra o potencial da realidade aumentada fora do mundo dos jogos, do lazer e do prazer, e pode proporcionar aplicações comerciais que mais tarde ou mais cedo hão-de virar conteúdos publicitários.
Outra das tendências marcantes é a adopção de aplicações que proporcionam a capacidade de fazer live stream para redes sociais – o Twitter anunciou há dias ter comprado uma empresa desta área, a Periscope e algumas agências de comunicação têm usado uma ferramente idêntica, Meerkat, para fazer o live streaming de lançamento de produtos, transmitindo em directo nas redes sociais. Finalmente a terceira tendência é a utilização de plataformas como o Snapchat, particularmente o Snapchat Discover, que está rapidamente a tornar-se na coqueluche dos produtores de conteúdos, como a CNN, ESPN, Vice, Yahoo News, National Georgraphic e outras – espreite aqui www.snapchat.com .
Onze empresas de conteúdos colocam notícias e vídeos directamente no Snapchat e observadores da indústria consideram que estas aplicações, que conjugam a capacidade de enviar e receber mensagens com conteúdos editoriais, é uma das mais valiosas apostas do futuro. As receitas são geradas por publicidade ou patrocínios colocada nos conteúdos e a procura é grande – e os preços altos. Parece que uma das obsessões dos responsáveis de empresas editoriais e de conteúdos no SXSW foi conseguirem uma reunião com Evan Spiegel, o CEO da Snapchat . Vale a pena ver o blogue http://blog.snapchat.com/ para perceber um pouco melhor aquilo de que estamos a falar.
Uma das razões para toda esta azáfama em torno de aplicações que misturam mensagens com conteúdo tem a ver com umestudo recentes que apontam para o facto de a geração dos millenials ser particularmente receptiva a conteúdos online, independentemente de serem patrocinados ou pagos por marcas e anunciantes - 57% utilizam-nos. Se considerarmos o escalão entre os 18 e 24 anos o número de interessados sobe para 63%. Este estudo realizado no Reino Unido pela Adyoulike, entre pessoas dos 18 aos 33 anos mostrou que artigos escritos em forma de narrativa são o tipo de conteúdo que a maioria prefere (32 por cento), seguido de artigos construídos sobre listas focalizadas num tema ( 24 por cento) e vídeos (17 por cento). “As pessoas querem conteúdos de qualidade que lhes tragam alguma coisa de novo e não se importam se eles são patrocinados ou não”, afirmou Francis Turner, diretor da Adyoulike. Estes números confirmam o interesse crescente por aquilo que se designa “native advertising” –“ se os conteúdos forem suficientemente bons as pessoas não se importam como eles lhes aparecem” – refere Turner.
Estas três tendências – dispositivos de realidade virtual, live streaming nas redes sociais e native advertising em conteúdos, vão marcar as conversas dos próximos tempos e mostram como tudo evolui tão depressa no digital.
Na semana passada 13 programas, dos três canais generalistas comerciais, conseguiram audiências acima de um milhão de espectadores – oito foram da TVI, três da SIC e dois da RTP1. Na TVI os resultados foram obtidos por novelas, desporto, reality shows e informação; na SIC por novelas e informação e na RTP por um concurso e pelo Telejornal. O programa mais visto, no global, foi a transmissão do Porto-Basileia, na TVI, que alcançou 1,8 milhões de espectadores. Logo a seguir fiou a estreia de “A Outra Mulher”, que alcançou 1,75 milhões. À mesma hora desta estreia a SIC emitiu um especial “Mar Salgado” que conseguiu milhão e meio de espectadores. A nova novela da TVI, rodada em Angola e em Portugal, promete uma disputa feroz com a SIC no horário nobre – a SIC tem liderado durante a transmissão de “Mar Salgado”, vamos ver como se desenvolve esta guerra de audiências entre novelas de produção nacional. Também no Cabo a TVI 24 dominou. graças aos programas de resumos da jornada da semana passada da Champions League. No cômputo geral do cabo nota-se que a SIC Notícias está colada á RTP2, sendo que o segundo canal do serviço público nem aparece entre os 15 canais mais vistos na região da Grande Lisboa. Vamos ver o que as alterações na estrutura da RTP trazem a médio prazo ao posicionamento e relevância dos canais públicos entre as audiências de televisão.
PREFÁCIO - Ao longo da sua vida política Cavaco Silva tem sido sempre fiel a um princípio: diz umas coisas que provocam umas explosões, que são percepcionadas fora do seu círculo de uma determinada maneira e que causam um determinado efeito político. Depois vem, todo cândido, afirmar que não disse nada do que os comuns mortais entenderam, muito menos quis dizer o que quer que fosse, e jura ter falado apenas de abelhas e passarinhos enleados num jardim. Cavaco, já se sabe, nunca erra, é apenas incompreendido. Por estes dias assistimos a mais um destes episódios, com o prefácio que escreveu para “Roteiros IX”, a nona compilação de intervenções sem grande história que faz ao longo dos meses. Já não é a primeira vez que ao vazio genérico dos textos publicados Cavaco Silva resolve adicionar picante nos prefácios onde dá a sua visão do mundo, numas análises que são uma espécie de “50 Sombras de Grey” da política. A cerca de um ano das presidenciais, resolveu pregar o que entende serem as qualidades necessárias ao desempenho, como ele o vê, da função de Presidente da República e, entre elas, destacou a experiência internacional. Da direita à esquerda, vários candidatos a candidatos afirmaram que a descrição feita lhes assentava que nem uma luva - todos à excepção de Durão Barroso que seria porventura a figura que melhor se encaixaria no retrato robot desenhado. Não vou comentar o facto de o Presidente da República em exercício se dedicar a encontrar um herdeiro para a função mais a seu gosto, mas não resisto a citar Marcelo Rebelo de Sousa: “os portugueses precisam é de alguém que resolva os problemas cá dentro”. Que a campanha eleitoral já tinha começado, já se sabia. Mas que a direcção de campanha tinha gabinete em Belém é que é a notícia da semana.
SEMANADA - Um ministro demitiu-se por ter mentido no Parlamento - mas foi na Holanda; o ex-Ministro das Finanças, Vítor Gaspar, agora no FMI, afirmou que só soube do que se passava no BES “pela imprensa especializada internacional”; Faria de Oliveira, Presidente da Associação Portuguesa de Bancos, disse na Comissão Parlamentar de inquérito ao caso do BES que não entendia “que se tenham esquecido questões da maior importância, como a responsabilidade de cumprir as normas da actividade bancária”; António Vitorino ocupa cargos em orgãos sociais de 12 empresas; PSD e PS continuam em queda quanto a intenções de voto nas mais recentes sondagens publicadas; António Capucho defendeu a convocação de eleições antecipadas na sequência da polémica sobre as dívidas de Passos Coelho à Segurança Social; a compra de imobiliário relacionado com vistos gold atingiu 55 milhões de euros em Fevereiro, uma subida em relação aos 46 milhões registados em Janeiro; investidores chineses lideram o acumulado de investimento desde o início do programa de vistos gold, com 1777 aquisições de imobiliário, seguidos por 74 brasileiros e 70 russos; há mais de dez mil processos parados nos tribunais desde o bloqueio do Citius; as doações feitas através da declaração de IRS a instituições de solidariedade social quadriplicaram entre 2011 e 2014, atingindo agora mais de 12 milhões de euros e envolvendo cerca de 400 mil contribuintes; o mercado mundial de obras de arte aumentou vendas em 26% em 2014, para um total de 14 mil milhões de euros, dos quais 524 milhões foram peças de Andy Warhol.
ARCO DA VELHA - António Costa viveu durante dois anos num apartamento duplex, na Avenida da Liberdade, cuja construção teve parecer negativo dos técnicos da Câmara Municipal de Lisboa, mas que foi autorizado pelo vereador Manuel Salgado.
FOLHEAR - Ao pegar na edição “As Flores do Mal”, um título roubado à obra de Baudelaire, e aqui baseado em textos de Fernando Pessoa e em fotografias de Pedro Norton, fiquei na dúvida se havia de o colocar na secção “Folhear” ou “Ver”. Esta edição, magnífica, da Guerra e Paz, com capa de madeira gravada a fogo, tanto pode ser vista como um livro que se folheia ou uma exposição que se percorre. Em “Um Livro de Vícios”, a apresentação onde o editor, Manuel S. Fonseca, aborda o critério de escolha dos textos de Pessoa e dos seus heterónimos aqui representados, ele faz notar que o verso “Dêem-me de beber que eu não tenho sede!” é a chave para a compreensão da selecção de textos de Pessoa que foi feita, todos a falar de vícios - e “ópio tenho-o eu na alma”, é outro dos versos marcantes desta obra. Pedro Norton aventurou-se aqui a sair da sua clandestinidade fotográfica, pelos vistos um segredo bem guardado. Norton tem o bom senso de recusar o conceito de ilustrar as palavras de Pessoa - e tem razão porque as suas fotografias ensaiam uma história, pessoal, a olhar para o seu próprio universo - “só eu vejo aquilo daquela maneira”, conta Pedro Norton, um gestor há muito ligado à comunicação social. Na realidade esta história tem 51 histórias, ou, se quiserem, 51 fotografias - que vão do íntimo ao provocatório, do pensamento à acção, da descoberta ao refúgio. É uma edição exemplar baseada numa ideia original e perturbante. Deliciosamente perturbante.
VER - Retratos bem diferentes em duas exposições. “Mulheres na Ciência” agrupa retratos feitos por Luísa Ferreira a 20 investigadoras de diversas áreas e estará no Pavilhão do Conhecimento, durante um ano, onde receberá várias novas imagens ao longo do tempo - até se reunir todo o material para um livro que será editado em Março de 2016. Outra exposição de retratos, mas bem diferente, é a que foi feita por iniciativa da revista Máxima, reunindo imagens de homens que aceitaram o desafio de serem fotografados de saltos altos - “100 Homens Sem Preconceitos” - músicos, artistas plásticos, actores, jornalistas, desportistas (como Gonçalo Sousa Uva, na imagem), todos figuras públicas que foram retratados com stilletos propositadamente concebidos para esta série de pés masculinos por Luis Onofre. A exposição está no CCB até 2 de Abril e um livro, cujas receitas revertem para a Associação Laço, reúne as imagens que a Máxima foi produzindo e divulgando e que estão expostas.
OUVIR - Muita gente conhece o baterista Jack DeJohnette sobretudo pelo seu trabalho com nomes como Keith Jarrett ou Miles Davis e com a sua Special Edition Band. Mas DeJohnette começou por tocar piano em Chicago, no início dos anos 60, ao lado de saxofonistas como Henry Threadgill e Roscoe Mitchell. Foi então que conheceu o pianista Muhal Richard Abrams, um músico que teve enorme influência no free jazz com a Association For The Advancement of Creative Musicias e com a sua Experimental Band. Mais tarde DeJohnette evoluíu para a bateria, onde ganhou fama. Foi com os músicos da fase inicial da sua carreira, e com o baixista Larry Gray, que DeJohnette se juntou de novo, em 2013, então com 71 anos, para actuar no Chicago Jazz Festival. O resultado esta em “Made In Chicago”, gravado ao vivo nessa ocasião, e que é uma espécie de viagem às origens musicais destes pioneiros. Disco intenso, por vezes pouco confortável, mas enérgico, a sua faixa final, “Ten Minutes” é um exemplo de improvisação e de energia criativa. CD ECM, na Amazon
PROVAR - Hoje dedico-me ao petisco, a propósito do monocasta Syrah, “Lybra” ,da Quinta do Monte d’Oiro. O syrah vai bem com queijos intensos e este em particular acompanha bem um Azeitão ou um queijo amarelo da Beira Baixa. Mas a minha preferência vai claramente para um Serpa bem curado, daquele que se parte em lascas fininhas. A combinação de um bom vinho tinto com um queijo artesanal, saboroso e intenso, é das melhores coisas que me podem oferecer. Substitui uma refeição mais elaborada e o corpo frutado do syrah, se esmaga queijos delicados, harmoniza bem com alguns dos nossos melhores queijos de ovelha. Este syrah “Lybra” provém de uma vindima manual. com desengace sem esmagamento e estagiou entre 12 a 14 meses em barricas de carvalho francês. É um vinho jovem e vivo que nas grandes superfícies pode ser encontrado abaixo dos 10 euros. E é companhia garantida para uma boa conversa.
DIXIT - “Portugal só vai dar passos grandes no sentido de reformar o Estado quando cair no próximo resgate” - Daniel Bessa, Economista, ex- Ministro
GOSTO - Do exemplo de persistência e força de vontade de Nelson Évora que superou lesões muito duras, recuperou, e se sagrou Campeão Europeu do triplo salto apesar de muitos o terem dado como acabado para a alta competição.
NÃO GOSTO - Os alunos que não escreverem segundo o novo acordo ortográfico vão perder até 25% da nota do seu exame, mesmo que escrevam correctamente na grafia portuguesa.
BACK TO BASICS - “Normalmente são necessárias três semanas de preparação para fazer um bom discurso de improviso” - Mark Twain
EXEMPLOS - Esta semana li numa página de Facebook que acompanho uma verdade absolutamente incontornável: nos manuais de liderança, ser o exemplo surge como uma das características mais importantes de um líder. Vivemos num tempo em que a ignorância das leis e dos regulamentos é tida por coisa de somenos importância e em que a falta de memória é assunto esperado que motiva apenas sorrisos cínicos. E é entre a ignorância e a falta de memória que se desenvolve o cepticismo do comum dos mortais sobre os políticos, sobre os que se oferecem para ter uma participação cívica, sobre quem anuncia querer contribuir para mudar o país. Se Portugal tivesse mudado, para melhor, um décimo do que andam a prometer há décadas estaríamos nos primeiros lugares de bem-estar. Odeio pingue-pongue de acusações entre políticos que vivem debaixo de telhados de vidro - os últimos anos têm mostrado como em matéria de falta de ética a coisa está bem distribuída no espectro partidário, mas também no mundo empresarial e no sector financeiro. Este ano tem sido uma galeria de horrores em matéria de revelações escabrosas e o que mais revolta é observar a forma como as autoridades são tolerantes para os políticos incumpridores e os automatismos são inflexíveis para os vulgares cidadãos ou as instituições sem poder. Enquanto houver políticos com carreiras contributivas poluídas que tentam disfarçar, enquanto houver ex-governantes que se dedicaram a criar teias de relações para enriquecimento posterior, nada pode funcionar bem neste país. A política em Portugal não é encarada como um acto cívico. É entendida como uma oportunidade. Fica tudo dito. As boas intenções não vivem sózinhas.
SEMANADA - As escolas portuguesas perderam quase 40 mil professores desde 2011; há 9500 professores que, quando saírem das suas escolas, não serão substituídos; o vereador Manuel Salgado disse que a Presidente da Assembleia Municipal de Lisboa, Helena Roseta, tem um “raciocínio pouco atento”; o preço das casas subiu 1,2% em 2014, depois de queda de 22% em sete anos; a venda de automóveis cresceu 30,7% nos dois primeiros meses do ano face ao período homólogo de 2014; 262 mil veículos foram apanhados em 2014 pelos radares policiais em excesso de velocidade; uma mulher de 30 anos fez a ponte 25 de Abril em sentido contrário na direcção Almada-Lisboa; mais de 400 mil portugueses já foram ver as “50 Sombras de Grey”; um grupo de apoiantes do movimento “Junto Podemos” deixou de querer estar juntos e fundou o movimento “Agir”; Jardim Gonçalves aplaudiu a proposta de fusão do BPI e do BCP apresentada por Isabel dos Santos; segundo a Cáritas as situações de pobreza em Portugal aumentaram 15% em 2014; uma em cada quatro mulheres portuguesas estão desempregadas ou sub-ocupadas; o PSI 20 continua só com 18 empresas cotadas; em 2014 as empresas portuguesas desceram o seu endividamento em 19 mil milhões de euros e a maior fatia coube a microempresas que foram responsáveis por 39% do total da redução; frase esclarecida da semana: “o que é preciso agora é que os Governos desempenhem o seu papel”, tal é o pensamento do director do Think Tank Bruegel; uma vigília de apoio a Sócrates, que decorreu junto à cadeia de Évora no fim de semana, juntou 17 mulheres e quatro homens; a Turquia vai ser um dos grandes mercados de carne de coelho portuguesa a partir de meados deste ano.
FOLHEAR - A revista “Monocle” fez em Fevereiro oito anos e foi fundada com uma substancial participação de capital do Japão. É frequente encontrar sugestões sobre locais, empresas, moda ou design japonês, tal como de outros países. Pela primera vez a edição de Março deste ano da “Monocle” tem o Japão por tema central, e ainda bem. É um retrato contemporâneo do império do sol nascente, desde os media mais experimentais até comunidades estrangeiras que estão a mudar os hábitos dos locais - como os brasileiros que levaram o samba para Tóquio e explicaram porque é que no Brasil se faz sushi de fusão. A coisa mais interessante da “Monocle” é proporcionar uma visão abrangente, multi-disciplinar, ajudar os seus leitores a estarem atentos às tendências e obrigar a pensar no que se está a fazer por esse mundo fora - desde livrarias a lojas de acessórios, passando por moda ou música. É um equilíbrio difícil de conseguir, mas é esse delicado equilíbrio que faz o sucesso da revista e que, mês após mês, motiva fiéis leitores, como eu, a redescobri-la. No seu editorial desta edição o fundador da revista, Tyler Brulé, exprime o desejo de que no ocidente existam escolas japonesas que possam ensinar boas maneiras e princípios básicos de civilização. Dei comigo a concordar com ele.
VER - Hoje proponho uma exposição virtual, no site do Museum Of Modern Art - e não estou a falar da badalada exposição de Bjork, a cançonetista preferida de algumas pessoas que gostam de se dizer atentas à música moderna. Vamos passar a coisas sérias. A exposição de que falo mostra a colecção Thomas Walther que incorpora aquilo a que se chamava exemplos de fotografia dos tempos modernos, feitas entre 1909 e 1949, com especial ênfase nos anos 20 e 30, quando a fotografia começou a ser notada, levada a sério e referenciada. O trabalho de investigação, a maneira como se relacionam locais, autores estilos e temas de forma interactiva no site da exposição é absolutamente exemplar. A galeria de imagens é deslumbrante e eu, que me gabo de conhecer muitas imagens, descobri várias que ignorava. A colecção tem 341 fotografias de 148 artistas e o site da exposição, “Object Photo”, pode ser visto aqui - http://www.moma.org/interactives/objectphoto/#home . Não percam. No site do museu existem indicações sobre como adquirir o magnífico catálogo cuja capa aqui se reproduz.
OUVIR - Em finais de 2014 a ECM ofereceu uma prenda aos seus fiéis - um CD com o registo, muito pouco conhecido, de um histórico concerto realizado em Hamburgo, em 1972, pelo trio que integrava o pianista Keith Jarrett, o contrabaixista Chary Haden e o baterista Paul Motian - um trio que à época da gravação tocava em conjunto há cinco anos. É supreendente a esta distância ver a consistência, a nergia e o prazer da sua música. Motian morreu em 2011 e Haden no ano passado. Mas este disco é um legado precioso da forma como entendiam a música, como cada um contribuía para um resultado excepcional. Haden e Jarrett mostram já nessa altura, há 43 anos, o entendimento que ao longo de décadas aperfeiçoaram e Motian é surpreendente nas soluções que encontra para completar este trio. CD ECM na Amazon.
PROVAR - O Funil é um histórico restaurante das Avenidas Novas, nascido no início dos anos 70, com o apogeu nos anos 80, e que em meados do ano passado sofreu uma mudança total - de proprietários, de gerência, de decoração, de cozinha. Agora as mesas estão apenas colocadas no piso de entrada, mas, para os saudosistas mantém-se o Bacalhau à Funil, feito no forno com molho bechamel. Na minha opinião mais interessantes ainda são o novo Bacalhau à Braz à Funil e o Arroz de Bacalhau, ambos a superar expectativas. Outro arroz que merece elogios é o arroz de pato à moda antiga, um dos melhores que tenho provado. Em matéria de aperitivo recomendo as bolinhas de alheira com puré de maçã e a tábua de queijos. Ao almoço tem um menu executivo por 12.90 euros e um outro para os comilões, com sopa e sobremesa, que custa 14.50 euros. Ambos são servidos com pão de Mafra e azeitonas bem temperadas e um copo de vinho. No tinto a casa recomenda, com razão, o Paulo Laureano Clássico e nos brancos o Álvaro de Castro Dão. Para sobremesa tem um bolo de chocolate para quem quer coisas mesmo doces e um honestíssimo leite creme de boa queima e consistência. O chef Duarte Lourenço tem também uma carta vegetariana, o novo Funil encerra aos Domingos e fica na Elias Garcia 82A, junto à esquina com a 5 de Outubro. O telefone é 210 968 912 e em www.ofunil.pt pode encontrar todas as informações.
DIXIT- “Uma bala é um vulgar e tradicional instrumento da política russa” - Gleb Kuznetsov, no “Moscow Times”
GOSTO - Em Campolide vai haver um referendo para decidir que tipo de pavimento terão os passeios para peões no bairro.
NÃO GOSTO - Alexis Tsipras esconde-se atrás de acusações a outros países para não reconhecer na Grécia que as suas promessas eleitorais não serão cumpridas.
BACK TO BASICS - É obrigação de cada um reter na memória as promessas que andou a fazer - Friederich Nietzsche
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