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O BARÃO NEGRO DE SINTRA - A RTP2 tem transmitido diariamente uma série muito educativa sobre os meandros dos políticos, dos seus partidos e dos cargos que ocupam no Estado ou por indicação do Estado (também disponível no RTP Play). A série é francesa, chama-se “Barão Negro”, passa-se entre Dunquerque e Paris, mas podia bem passar-se em Portugal. Abuso de poder, truques sujos na luta de bastidores dentro dos partidos, manobras de escroques em congressos e trafulhices várias na obtenção de fundos para campanhas eleitorais constituem o enredo. Em Portugal há vários Barões Negros e ocorreu-me que Sintra tem tido a sina de ser governada por baronesas e barões de calibre - uma vila classificada em 1995 como Património da Humanidade pela Unesco merecia melhor sorte. Veja-se o que está a acontecer em pleno Centro Histórico de Sintra, na Gandarinha, com a construção de um hotel que tem tido um historial de atentado às regras de defesa do património e às características morfológicas, paisagísticas e arquitectónicas da vila. No início a  obra foi licenciada e avançou sem os estudos exigidos pelo então IPPAR, não teve acompanhamento arqueológico na fase de movimentação de terras e da destruição de pré-edificações e desconhece-se a realização de um estudo de impacto ambiental. O que aconteceu entretanto foi a impermeabilização quase total do terreno, a escavação de cerca de 10.500 m3 na encosta da serra, o que provocou uma acentuada alteração da morfologia do terreno e da paisagem. Pelo caminho foram arrancadas árvores, destruído o jardim existente e a volumetria inicial foi alterada. Inicialmente autorizado por Fernando Seara, Basílio Horta renovou o licenciamento, apesar de a Direcção Municipal de Planeamento e Urbanismo ter considerado que o projecto teria “um impacto significativo numa área de Paisagem Cultural classificada como património mundial”. Mas se a autorização inicial era polémica, são agora visíveis alterações ao projecto (que contemplou um aumento do número de quartos e da volumetria), alterações que já estão a ser feitas sem que saiba como foram avaliadas e autorizadas pela autarquia. Este é um caso entre muitos - mas que revela de forma clara como um autarca pode abusar do poder e privilegiar interesses particulares acima do património que devia defender. Mas, que mais se poderia esperar de Basílio Horta, um homem que é campeão nacional de salto à vara político?

 

SEMANADA - Para sublinhar a sua guerra com o Governo, Mário Nogueira prometeu um ano desgraçado aos alunos; a Ordem dos Médicos pede um “apuramento rápido” das causas do aumento da mortalidade infantil; os inspetores da Polícia Judiciária vão estar em greve sete dias no início de fevereiro, juntamente com os restantes funcionários da PJ; a greve dos enfermeiros na região de Lisboa e Vale do Tejo registou esta terça-feira uma adesão de 68%; os crimes de que Vale e Azevedo era acusado, de desvio de verbas do Benfica no final dos anos 90 do século passado, prescreveram sem o respectivo julgamento se ter iniciado; em 2018 foram vendidas 500 casas por dia; o preço das habitações em Portugal aumentou 15,6% no espaço de um ano; em 2019 Portugal terá mais 86 novos hotéis com um total de 7700 quartos; Portugal mantém-se na terceira posição na lista dos países da União Europeia com maior dívida pública; a Segurança Social mandou encerrar 109 lares de idosos por falta de condições; no ano passado foram detectadas falhas graves, num total de 64 milhões de embalagens, no fornecimento de medicamentos para a doença de Parkinson, diabetes, hipertensão, asma, epilepsia e doenças cardíacas; os estudantes que vêm para Lisboa seguir os seus cursos e vivem em hostels pagam taxa turística - assim como os habitantes da cidade que por qualquer razão tenham que pernoitar num hotel.

 

ARCO DA VELHA -  Descobriu-se agora que vários gestores da Caixa Geral de Depósitos receberam bónus de desempenho apesar de nos seus mandatos o banco ter concedido créditos ruinosos à revelia dos processos de avaliação de risco e por pressão direta do Conselho de Administração.

 

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OLHÓ ROBOT - Nos idos dos anos 80 os Salada de Frutas cantavam, pela voz de Lena d´Água, uma canção que rapidamente se tornou êxito: “olhó robot. é pró menino e prá menina olhó - trabalha muito e gasta pouco “. Nos quase 40 anos desde que essa canção surgiu a robotização começou a invadir todas as áreas, da fabril à criativa. Cada vez se fala de forma mais insistente sobre os efeitos da proliferação da inteligência artificial e dos robots nas mais diversas actividades.  “Hello, Robot. Design Between Human and Machine”, a exposição vinda do Vitra Design Museum, inaugurou esta semana no MAAT, onde ficará até 22 de Abril, inclui mais de 200 peças das áreas de design e arte, e contém robôs utilizados no nosso quotidiano, na medicina e na indústria, bem como em jogos de computador, instalações de media, e evocações da presença de robôs no cinema, na literatura e na banda desenhada. Ali se podem ver algumas das primeiras consolas de jogos, protótipos de robôs antigos e contemporâneos, que podem ser usados desde regar plantas até ronronar como um gato ou ajudar ao desenvolvimento de crianças. Como afirma o catálogo, “Hello, Robot aborda o modo como o design molda a interação e relação não só entre os humanos e as máquinas, mas também entre os próprios humanos”.

 

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UMA CATEDRAL DE PAPELÃO - O papelão é o futuro da indústria do papel - foi pelo menos o que eu li há tempos. A explicação é simples: enquanto se assiste à diminuição da utilização de papel nos escritórios das empresas, constata-se que o incremento do comércio electrónico faz aumentar a procura de embalagens de papelão, que garantam a robustez necessária para que os livros, roupas  ou máquinas que encomendamos nos cheguem em perfeitas condições. De material pouco considerado o papelão passou a centro de atenções e cuidados. A sua utilização na arte contemporânea tem vários exemplos, desde que Andy Warhol se lembrou de replicar as caixas de detergente Brillo. Mas talvez ninguém tenha ido tão longe como Carlos Bunga que, dentro do MAAT, construíu a alegoria de uma catedral, unicamente  utilizando papelão. Carlos Bunga “The Architeture of Life. Environments, Sculptures, Paintings and Films” é a primeira exposição retrospectiva da obra de Carlos Bunga, em Portugal- ele foi o vencedor do Prémio Novos Artistas Fundação EDP em 2003. Reunindo obras dos últimos 15 anos, a exposição documenta as construções de grande escala que o artista cria e destrói como performance, e é animada por vídeos das suas interações com o mundo material.  ‘O meu projeto é uma espécie de arquitetura; não é um espaço real, mas uma ideia mental.’ - afirma Carlos Bunga (na imagem no meio de uma das suas instalações). Em paralelo na Fundação Carmona e Costa, está a exposição “Where I am free”, onde Bunga apresenta uma seleção de trabalhos em papel com várias obras recentes concebidas especificamente para a Fundação.

 

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A ARTE DA CARPINTARIA - Artes visuais, música, teatro, dança, cinema e gastronomia são as principais áreas de actuação das Carpintarias de São Lázaro, agora inauguradas após uma profunda remodelação das antigas oficinas de marcenaria ali existentes. Situadas na Rua de São Lázaro 72, junto ao Martim Moniz, estas Carpintarias ocupam 1800m2, divididos entre dois pisos e um rooftop. O espaço, além  da sua utilização como infraestrutura cultural, quer desenvolver parcerias com entidades, públicas e privadas. A programação do novo espaço contempla as áreas das Artes Visuais, Música, Teatro e Dança, Cinema e Gastronomia. Na sexta-feira 25 de janeiro é a inauguração do espaço, em simultâneo com a inauguração da exposição “Jeu de 54 cartes”, a mais recente série de trabalhos de Jorge Molder (na imagem), apresentada pela primeira vez no Museu Internacional de Escultura Contemporânea em Santo Tirso, e agora em Lisboa nas Carpintarias de São Lázaro. Durante todo o fim de semana a Cozinha dos Vizinhos poderá ser provada resultado da colaboração com a Cozinha Popular da Mouraria e no fim de semana seguinte decorrerá a Mostra dos Premiados do Concurso Gastronómico Lisboa à Prova. Uma performance de Joana Runa, o oitavo aniversário do canal de videos A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, cinema ao vivo e um open studio pela artista residente Miriam Simun completam o programa destes primeiros dias de funcionamento da nova carpintaria.

 

O QUE CONTA É O CACAU - Já houve uma altura em que era capaz de sair de casa a meio da noite a correr à procura de uma loja de conveniência próxima que tivesse chocolate negro. Entretanto a coisa mudou - mas percebo que o chocolate se torne num vício. Ora acontece que um recente estudo da Marktest indica que nos últimos 12 meses, neste nosso cantinho, 5,3 milhões de pessoas consumiram chocolate nas suas várias formas, o que quer dizer cerca de 60% dos portugueses se entregaram a este vício. Outro alimento que segundo o mesmo estudo está em alta é o iogurte grego que no mesmo espaço de tempo foi consumido por 2,5 milhões de pessoas, o que representa cerca de 30% dos portugueses - é já a segunda variedade de iogurte mais consumida no nosso mercado.

 

DIXIT - “Nas Finanças há um profundo convencimento de que a saúde é sobretudo uma fonte de despesa e que o controlo apertado vai limitar essa despesa” - Manuel Pizarro, médico e atual alto comissário da Convenção Nacional de Saúde

 

BACK TO BASICS - “A melhor forma de prever o futuro é sermos nós próprios a criá-lo” - Abraham Lincoln.

 

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publicado às 12:50

O REGRESSO DAS NACIONALIZAÇÕES

por falcao, em 18.01.19

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Desde que a geringonça chegou ao poder o Estado mudou de forma substancial: passou a ocupar mais espaço, a ser mais intrusivo na vida dos cidadãos (basta ver a nova legislação sobre acesso do Fisco às contas bancárias), a regressar a sectores de onde tinha saído, a entrar em  novos sectores sem se saber porquê. Enquanto o Estado reforçava a sua participação na economia e aumentava o seu peso sobre os cidadãos, deixava ao mesmo tempo para trás uma série de obrigações básicas - na saúde, na educação, na segurança, nas infraestruturas básicas, na justiça. A prática das cativações fez diminuir o Estado onde ele de facto é mais necessário e abriu caminho a que ele ocupasse espaço onde não é necessário. Não há-de ser por acaso que o regresso do Estado, por exemplo à TAP, coincida com o caos instalado na companhia, recordista mundial de atrasos de vôos com graves consequências no seu desempenho financeiro. Este desejo de o Estado ser dono de muito mais do que seria necessário chegou também às autarquias e neste caso o desdobramento da geringonça em Lisboa deu os mesmos resultados. Nunca perceberei, por exemplo, porque é que a autarquia lisboeta se meteu ela própria no negócio das bicicletas de aluguer em vez de deixar esse terreno aos privados, como acontece nos outros países europeus - e não foi por falta de interesse de diversos operadores. Mas o mais inesperado e suspeito movimento do Estado foi a espécie de nacionalização da Inapa, uma das poucas multinacionais portuguesas, concretizada nas últimas semanas. A jogada tem muitos contornos ainda por esclarecer, envolveu a Caixa Geral de Depósitos, a Direcção Geral do Tesouro e Finanças e a Parpública - que agora detém 44% da empresa. Mas como é o Estado o dono desta fatia não se sujeita às mesmas obrigações dos accionistas privados que de um momento para o outro viram a sua posição desvalorizada. Aqui está um bom exemplo do que é a política  económica de António Costa e seus aliados. Qual a negociata que inspirou esta movimentação é o que o tempo dirá.

 

SEMANADA - Dez dos 33 heliportos existentes em hospitais portugueses não têm condições de segurança para receber vôos com doentes durante a noite; as apreensões de medicamentos ilegais em 2018 bateram todos os recordes e um quinto dos fármacos apreendidos destinava-se ao tratamento da disfunção eréctil; entre garantias e empréstimos concedidos o total de gastos do Estado no BES/Novo Banco vai já em 4980 milhões de euros, montante que provavelmente aumentará ainda mais; entre 2015 e 2017 as autoridades detectaram 15 casos de jovens futebolistas que vieram para clubes portugueses através de esquemas de tráfico de seres humanos; dez aparelhos médicos de gastroenterologia, no valor de 300 mil euros, foram roubados de uma zona de acesso restrito do Hospital Egas Moniz; em contrapartida à queda de 8% de turistas britânicos, regista-se um crescimento de visitantes dos EUA (cerca de mais 20%), colocando este mercado emissor num inédito 4º lugar (a seguir a França, Brasil e Espanha); na semana das propinas gratuitas soube-se que ainda há quase 17 mil alunos das universidades e politécnicos nacionais à espera de saber se têm bolsa de estudo;  o livro escolar do 12º ano onde foram efectuados cortes a três versos da “Ode Triunfal”de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, alegadamente por serem escabrosos, foi uma obra editada, com os cortes, sob a coordenação do  Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa.

 

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O PROBLEMA DO UMBIGO - O fim da Quadratura do Círculo é o fim de uma época e o sinal de uma mudança. A SIC Notícias já não é líder no cabo, os intervenientes do programa acomodaram-se, deixou de haver valor acrescentado. Em termos de audiência foram caindo - passar dos 50 mil espectadores já era raro e a média do último trimestre de 2018 foi 43 mil e quinhentos, o share de audiência do programa esteve abaixo do share médio anual do canal. Em resumo, perdia fiéis e não trazia ninguém de novo à congregação. O programa não tinha debate político, tinha afirmação de egos e era megafone de grupos de interesse dos partidos de onde eram originários os comentadores. Servia de suave anestesia para que as boas consciências tivessem  a ilusão de que havia debate político. Tornou-se mais monótono que um debate na Assembleia da República, o que, deve dizer-se, é um feito difícil. Na realidade tratava-se de uma conversa previsível entre dinossauros políticos previsíveis que acabaram por se fechar na quadratura do círculo que queriam contestar. Agora há quem se lamente, que chore o fim deste clube de amigos. O painel da Quadratura do Círculo teve o pecado capital de olhar para o país e a paisagem política através dos respectivos umbigos. Tornou-se fastidioso.

 

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OS OUVINTES DO RÁDIO - Segundo a Marktest o auto-rádio é o principal suporte de escuta de emissões de rádio, com 6 milhões e 199 mil utilizadores, o que representa 72.4% das pessoas, o rádio portátil é o segundo suporte com mais utilizadores com 16.0%, e o telemóvel o terceiro, com 15.7% num total de um milhão e 345 mil ouvintes. Se olharmos para a idade os mais jovens são os que apresentam maior percentagem de audição de rádio pelo telemóvel, que quase duplica os valores médios: entre os 15 e os 24 anos, 88.4% ouve rádio pelo auto-rádio, 6.4% no rádio portátil e 27.9% no telemóvel. Ainda segundo o Bareme Radio da Marktest 81.8% dos residentes no Continente ouviu rádio pelo menos uma vez por semana e 57.8% fê-lo na véspera. Numa análise por regiões, é possível ver que são os residentes no Grande Porto os que apresentam maior consumo deste meio, com 59.2%. Pelo contrário, no Interior Norte observam-se as taxas mais baixas, de 51.4%.

 

CENAS BOTÂNICAS - Manuela Moura Guedes comparou Rui Rio a um bróculo e Luis Montenegro a uma beterraba. Coitadas das courgettes, quem lhes irá calhar na rifa? - pergunto eu...

 

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HISTÓRIAS ESCONDIDAS - Adoro histórias picantes da História, ir buscar o que anda escondido no fundo dos baús. Um livro agora editado, “Bizarrias de Reis, Rainhas e Fidalgos Infames”, relata fantasias sexuais, infidelidades variadas, escândalos abundantes, de enguiços a incestos, com passagem por episódios de tortura, roubos e outras coisas muito pouco recomendáveis. Na nossa História são evocados casos como a luta de D. Afonso Henriques contra a sua mãe, a dama espanhola que terá enfeitiçado D. Sancho I, a morte de D. Inês de Castro, a infiel rainha D. Leonor Teles, o caso de D.Pedro II que prendeu o irmão e casou com a cunhada, de D.João V que ficou conhecido por ter numerosas amantes e ser um frequentador dos conventos onde as alojava, nomeadamente o Convento de Odivelas, onde várias viveram em simultâneo. E, claro, há o devido destaque para D.Pedro IV de Portugal e I do Brasil, um digno sucessor dos seus mais aventureiros antecessores em matéria de devaneios sexuais. Mas para além da corte portuguesa o livro relata ainda as depravações de Calígula, as rainhas de Henrique VIII, as loucuras de Nero ou a fantasia de Luis II da Baviera. A edição é da Guerra & paz e garante uma belíssimo visita à História dos vícios e pecados.

GULOSEIMA - Não sou muito doceiro nem me deslumbro com a montra de uma pastelaria. Em geral gosto daquilo que se designa por bolo seco, sem grandes cremes. A bola de Berlim sem creme está no limite máximo e só é admissível num contexto de praia. A seguir vem o queque tradicional, sem raspas de chocolate nem outras coisas como nozes, pinhões e quejandos. Em terceiro lugar vem um caracol simples e depurado - o da Versailles é para mim o melhor de todos. E finalmente vem o meu preferido, desde miúdo - o clássico bolo de arroz, uma coisa modest cuja receita leva apenas farinha de arroz, farinha de trigo, ovos, manteiga, açúcar e raspa de limão. Vai ao forno enrolado num papel vegetal que lhe segura a base e onde costumam estar inscrições do género “fabrico especial da casa”. O bolo de arroz ideal deve ter a crosta polvilhada de açúcar bem tostada, a massa deve ser leve sem se desfazer, não pode ser compacta e o sabor do limão deve ser delicado, sem exageros. Conheço dois que são uma referência - há muitos anos provei no Porto o afamado Bolo de Arroz da Padaria Ribeiro, que existe desde 1878. Uns anos depois encontrei paralelo em Lisboa, na também histórica Confeitaria Nacional, ainda mais antiga, fundada em 1829. Mas há muitas boas pastelarias em Lisboa com um Bolo de Arroz honesto, sem artifícios, acompanhante ideal de um café cheio. Com o tempo ganha-se experiência e basta olhar para se saber se vale a pena. Nas cadeias de padaria da moda em geral não vale a pena.

 

DIXIT - “O PS não tem o direito, enquanto está no Governo, e para ganhar mais uns votos, de comprometer o futuro do país” - Fernando Rocha Andrade, Deputado do PS e antigo secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

 

BACK TO BASICS - "O futuro já chegou, só não está é distribuído de forma igual para todos" - William Gibson

 

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publicado às 13:00

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O PAGADOR DE PROMESSAS - Esta quinta-feira de manhã, ao acordar, olhei para o espelho e sabem o que vi? Apesar da gripe não foram os olhos um pouco congestionados que me chamaram a atenção; o que vi ao espelho foi um pagador de promessas, um bombo da festa da colecta de impostos, taxas e taxinhas, directos e indirectos. Cada vez que alguém no Governo se lembra de anunciar uma nova medida, vem logo aí mais despesa. A receita vem sempre do mesmo sítio: pôr cada um de nós a pagar mais. E foi assim neste suave enlevo que ficámos a saber que não estamos em campanha eleitoral. Quem o veio jurar foi o Primeiro Ministro António Costa numa das cerimónias em que tem assinado contratos de milhares de milhões para obras e aquisições diversas, todas encadeadas na mesma semana. Num rasgo de génio o Primeiro Ministro apresentou.-se numa das encenações, o contrato para construção do aeroporto no Montijo, como o homem providencial que toma decisões que deviam ter sido tomadas há 50 anos. Depois, numa cerimónia das obras previstas para o Metro de Lisboa, garantiu que a ideia de que estes eventos estão ligados ao facto de existirem eleições este ano é uma calúnia de gente mal intencionada e desmentiu qualquer intenção eleitoralista no que tem andado a fazer desde que o ano começou e Centeno o autorizou a abrir os cordões à bolsa - de tal maneira que agora até se fala em acabar com as propinas no ensino superior. A verdade é esta, como escreveu por estes dias Manuel Villaverde Cabral: “Se o governo não paga, o PS não recebe os votos; e se paga, é a economia que se ressente,”

 

SEMANADA - A taxa de utilização dos cheques dentista não chega aos 70%; a dívida do Serviço Nacional de Saúde disparou mil milhões em três anos; os hospitais do serviço nacional de saúde apresentam prazos máximos de resposta aos pedidos de consultas acima do previsto por lei; há casos de esperas superiores a mil dias em primeiras consultas nas especialidades de cardiologia e urologia; há 45.563 idosos a viver sozinhos ou isolados em todo o país; em 2017 o desperdício de água agravou-se em metade dos concelhos do país e o volume de perdas seria suficiente para encher 281 piscinas olímpicas por dia; segundo a Bloomberg a TAP é a companhia aérea com mais atrasos no mundo; cerca de sete milhões de passageiros sofreram perturbações em vôos com partida de Portugal em 2018, como consequência de atrasos ou cancelamentos de 34% das ligações; o governo aumentou o imposto “do carbono” quatro dias depois de baixar o imposto dos combustíveis; o Portal da Queixa recebeu, entre janeiro e dezembro de 2018, em média 250 reclamações por dia (perto de 90 mil ao ano; os bancos vão ser obrigados a comunicar ao fisco as contas bancárias com saldo superior a 50 mil euros, depois da aprovação no Parlamento de uma proposta com  votos a favor de PS, BE e PCP; o ministro dos Negócios Estrangeiros atacou a OCDE porque este organismo internacional atreveu-se a aconselhar um reforço de meios humanos e legislativos de combate à corrupção, tal como já fez com outros países.

 

ARCO DA VELHA - As obras no Liceu Camões, em lisboa, previstas para se iniciarem em Agosto de 2011, no âmbito do plano de modernização da Parque Escolar, ainda não se iniciaram e a ruína do edifício agravou-se.

 

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UM DIÁRIO - Ler o diário de alguém é sempre descobrir uma intimidade. Entrar no diário de um escritor é uma descoberta ainda maior - os desabafos do dia-a-dia,  as dúvidas sobre o que se está a escrever, as hesitações no esboço dos capítulos. Neste segundo volume do “Diário” de Virginia Woolf é apanhado o período entre 1927 e 1941, um dos mais criativos da sua vida durante o qual ela se afirmou definitivamente como escritora e que coincide com a publicação de algumas das suas obras mais importantes como “Rumo Ao Farol”, “Orlando” ou “Um Quarto Que Seja Seu”. A certa altura ela relata que escrever o diário é o que lhe dá oportunidade de escrever com uma caneta, já que quase tudo o resto era escrito - ou reescrito -  à máquina. É fascinante ver como Virginia Woolf viveu este período, é uma viagem ao seu processo criativo, mas também às suas dúvidas pessoais sobre a vida e sobre a morte, as suas reflexões sobre a importância das artes - em consonância com o Grupo de Bloomsbury, de que foi uma das impulsionadoras.

 

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ESPREITAR - Nas próximas semanas há muita coisa para ver nas galerias lisboetas - recomeçou a actividade depois do período de fim de ano. Vou começar pela Módulo (Calçada dos Mestres 34A), onde quinta-feira inaugurou uma exposição de Marco Moreira, “O meu fazer, cogita a tua percepção de ver”, que resultou do trabalho efectuado durante quatro meses numa residência artística na La Térmica, Centro de Cultura Contemporánea de Málaga. No sábado a Galeria Diferença assinala os seus 40 anos de actividade com uma colectiva onde estão representados mais de 50 nomes incontornáveis da arte contemporânea portuguesa e que em algum momento estiveram ligados a este espaço. As celebrações começam pelas 16h00 na Rua de S. Felipe Nery 42. Na próxima semana inaugura dia 17  a nova exposição da Galeria Belo-Galsterer (Rua Castilho 71 R/C esq), que apresenta trabalhos de Rita GT com (Re)membering / (For)getting, e Renzo Marasca com "From Night to Dawn". Se por acaso fôr a Nova Iorque nos próximos tempos não perca a exposição que o Whitney Museum dedica a Andy Warhol com  mais de 350 obras que abrangem quatro décadas, mostrando a evolução de uma carreira, desde os desenhos de estudante até aos anos 80.

 

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AQUELA COISA DA IDADE - Um dia destes dei comigo a pensar que a idade já não é o que era. Vou traduzir isto por miúdos: hoje em dia ouço com prazer novos discos de músicos que comecei a ouvir há uns 40 anos - de Dylan a Springsteen, passando por Neil Young para citar só os mais evidentes. Com quase 70 anos Springsteen cantou a história da sua vida, todos os dias durante um ano, num teatro da Broadway, sozinho em cima do palco e aos 80 anos o saxofonista Charles Lloyd fez um dos seus mais marcantes discos ao lado de Lucinda Williams, que tem agora 65 anos. Aos 82 anos Robert Redford desempenhou um dos melhor papéis da sua vida em “O Cavalheiro Com Arma”, ao lado de uma magnífica Sissy Spacek com 69 anos;  Michael Douglas, aos 74 anos, imaginou e actuou numa fantástica série de televisão, da Netflix, chamada “O Método Kominski”. Assisti ao nascimento e ao desenvolvimento das carreiras destes músicos e destes actores - que de alguma forma são lendas do espectáculo, tal como os Rolling Stones que continuam a tocar como se não houvesse amanhã. Na realidade ninguém diria que a cultura pop, nas suas várias vertentes, saída dos anos 60, tivesse protagonistas com esta durabilidade. Mas a verdade é que é isso mesmo que acontece. A actividade de todos eles é a prova de que aquela coisa da idade já não é o que era. Ainda bem. Já agora: Tintim fez 90 anos e continuo a ler as suas aventuras com gosto.

 

PROVAR - Nunca fui à Arménia e a minha relação com esse país é sobretudo feita através do facto de Calouste Gulbenkian ter sido Arménio (a propósito surgiu uma nova biografia que parece ser muito interessante). Há uns dois meses abriu o Ararate, um restaurante arménio nas Avenidas Novas onde no menu surgem pratos como Khorovats, khachapuri, hamest taty e choban. Não por acaso o restaurante fica muito próximo da Fundação Gulbenkian. Traduzido por miúdos o que se pode encontrar anda à volta de guisados, estufados, espetadas e ensopados, tudo com legumes frescos, carnes diversas e peixes como o esturjão. Para contornar a dificuldade linguística o menu traz uma minuciosa descrição e imagens - e o pessoal de sala é atento e bem informado, esclarecendo as dúvidas existentes. A carne de borrego é amplamente proposta, muitos pratos são cozinhados a baixa temperatura, o recurso a especiarias no tempero é regra, há um menu de almoço a preço competitivo, a sala é ampla, arejada e bem iluminada e a garrafeira razoável a precisar de moderar os preços nalguns casos. Mas quem não gosta de borrego está bem defendido por propostas de outras carnes, nomeadamente de vaca e vitela. Quem quiser começar por petiscar tem um fumado muito interessante, o basturma, no meio de uma bem servida tábua de enchidos que acompanha com matnakash, pão fermentado. O tipo de cozinha proporciona que se faça uma partilha de petiscos - por exemplo de espetadas. O nome do restaurante, Ararate, vem  da mais alta montanha da Turquia, mas local sagrado para os arménios e onde os cristãos acreditam ter encalhado a Arca de Noé após o Dilúvio . Avenida Conde Valbom, 70, reservas 925 451 509.

 

DIXIT - O populismo consubstanciou-se numa chamada telefónica - lido no facebook

 

BACK TO BASICS -"A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro.", atribuída ao filósofo inglês Herbert Spencer

 

 

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publicado às 13:00

NÃO SEI EM QUEM HEI-DE VOTAR

por falcao, em 04.01.19

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VOTAR EM QUEM?  - Este ano há duas eleições - as europeias e as legislativas - e confesso que não sei em quem votar nem num caso, nem noutro. Partilho há muito da preocupação do Presidente da República, que, na sua mensagem de Ano Novo, pediu “políticas e políticos mais credíveis”. Marcelo percebeu bem que cresce a desconfiança em relação aos partidos. Mas não é só uma desconfiança em relação aos seus dirigentes e aparelhos, é ao que eles representam e ao modo como funcionam. Num passo interessante da sua mensagem o Presidente da República, falando da constituição das listas eleitorais, apelou a que os candidatos analisem com cuidado o percurso passado. Lembrei-me particularmente desta frase quando constatei que uma das novas forças políticas que irá já a votos nas Europeias escolheu para seu cabeça de lista Paulo Sande, um indefectível de Bruxelas e dos seus organismos (dirigiu o Gabinete do Parlamento Europeu em Lisboa durante oito anos e é professor da Construção Europeia na Universidade Católica). Nem esta Aliança aproveitou a oportunidade que a sua tenra idade lhe dá para se demarcar do caos da União, da Comissão Europeia e do seu Parlamento - que no conjunto são uma das maiores fontes de desconfianças e descréditos entre muitos eleitores de vários países. Ao proceder assim o novo partido entregou o território anti-Bruxelas a populistas que surjam à espreita do descontentamento com a política agrícola e de pescas, com a política monetária, com o processo de decisão. O muro de Berlim caíu há 30 anos, mas o muro de Bruxelas está cada vez maior. E, no momento em que se olha para o que se passará com o Brexit, na cena política portuguesa não há no centro direita quem diga que o rei vai nu, despidinho de todo. Não me apetece nada votar nesta Europa e não sei em quem hei-de votar. Por este andar a abstenção só pode aumentar.

 

SEMANADA - O número de mortes em acidentes rodoviários em 2018 foi o mais alto dos últimos 22 anos; mais de 300 condutores foram detidos por excesso de álcool durante a operação de fiscalização do Ano Novo; o endividamento na compra de automóvel cresceu para níveis anteriores à intervenção da troika e já atingiu 6,1 mil milhões de euros; a dívida pública aumentou 400 milhões de euros em novembro, face a outubro, para os 251,48 mil milhões de euros, atingindo um novo recorde; os organismos públicos gastaram em 2018 pelo menos 15,1 milhões de euros na aquisição de bens e serviços para as festas de Natal e do fim de ano; segundo a Marktest 45,4% dos portugueses que têm conta bancária utilizam Internet Banking, com um valor de 66,6% entre os indivíduos dos 25 aos 34 anos e 76,8% na classe alta/média; em 2017 nasceram mais 1107 bebés que no ano anterior, mas o índice de natalidade continua baixo; quatro mil psicólogos e nutricionistas candidataram-se a 80 vagas no SNS; com uma mensagem de oito minutos no YouTube, fortemente crítica para António Costa, Santana Lopes iniciou a campanha eleitoral da sua Aliança: “o sr. primeiro-ministro vive num país diferente daquele em que eu vivo”; André Coelho Lima, um porta-voz social democrata, afirmou que “O PSD tem resistido - e vai continuar a resistir - a dizer mal de tudo”; o Governo anunciou um novo plano de obras públicas quando falta fazer 80% do anterior.

 

ARCO DA VELHA - O inquérito do Ministério Público aos 100 maiores devedores da Caixa Geral de Depósitos foi aberto em 2016 mas continua sem qualquer arguido constituído, apesar das suspeitas de gestão danosa na atribuição dos financiamentos, com créditos em incumprimento que ascendem a 2,5 mil milhões de euros.

 

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O ALMANAQUE - Todos os anos repito o ritual logo no início de janeiro - compro o “Borda D’Água”, que se intitula como “o verdadeiro almanaque”, com “reportório útil a toda a gente”. Umas vezes compro-o na rua, outras vezes numa  banca de jornais - foi o que aconteceu este ano e aí ouvi o experiente ardina dizer-me que “já houve anos em que voava, mas hoje já não se vende muito”. O “Borda D’Água” completa agora 90 anos, é editado desde sempre pela Editorial Minerva e tem 24 páginas, com uma tiragem de 100 mil exemplares. Em cada mês tem indicações sobre a hora do nascer e pôr do sol, as fases da lua ao longo dos dias, assim como os santos evocados diariamente ao longo do mês. A folha mensal inclui um oráculo, com recomendações para homens e mulheres, assim como indicações sobre agricultura e jardinagem. Há ainda um mapa de feriados, uma recolha de ditos populares, um quadro com as fases da lua ao longo de todo o ano, tabela de marés, eclipses (em 2019 haverá cinco…), a visibilidade dos planetas e a entrada da lua nos signos do zodíaco, além de um calendário de festas e feiras que se realizam, mês a mês, por todo o país. Este ano de 2019 é regido por Marte “trazendo consigo sentimentos competitivos e de conquista” - indicação que se pode ler na última página onde, além deste Juízo do Ano se pode ler como nasceu e cresceu o “Borda D’ Água”, desde que surgiu há 90 anos pela mão de Manuel Rodrigues, fundador da Minerva, antigo impressor gráfico.

 

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ARTE NA RUA - Volta e meia a arte desce à rua, ao espaço público, e essa é sempre uma boa ideia. Por estes dias, mas por pouco tempo, ainda poderá ver uma fotografia de Jorge Molder, ampliada para grande dimensão (12x15 metros) na fachada do edifício da LACS, junto à Rocha do Conde de Óbidos, na empena virada para a Avenida 24 de Julho e que ali está exposta há cerca de seis meses (na imagem). Trata-se de uma iniciativa que o pólo criativo pretende repetir ao longo do tempo. A fotografia exposta faz parte da série “A Origem das Espécies”, foi escolhida por Sandro Resende, curador e um dos fundadores do projecto de arte pública contemporânea BillBoard, que procura ocupar o que normalmente são espaços publicitários, usando-os como suporte de obras de arte, e que já realizou intervenções em Lisboa, Porto e Faro. Quando a fotografia criada por Jorge Molder sair daquele local (podendo eventualmente ser resposta noutro sítio) será substituída por uma peça de Pedro Cabrita Reis.

 

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SONS SEM RIVAL - “Vanished Gardens” é  um dos discos que mais me surpreendeu em 2018, e que só descobri já o ano ía muito adiantado. Vem assinado por uma junção inesperada: a voz de Lucinda Williams com Charles Lloyd & The Marvels ( Bill Frisell na guitarra, Greg Leisz na pedal steel guitar, Reuben Rogers no baixo e Eric Harland na bateria). Tudo nasceu quando a tradição country e pop de  Lucinda Williams se cruzou com as sonoridades de blues e de jazz de Lloyd e dos seus músicos num concerto realizado na Universidade de Los Angeles em Abril de 2017. Meses depois num estúdio, também em Los Angeles, juntaram-se para gravar “Vanished Gardens”. Aqui e ali há influências de gospel, de folk, mas também de rock - um cocktail da música popular americana. “Dust”, o segundo tema do álbum e o primeiro em que Williams canta, é de uma enorme intensidade e um exemplo do diálogo entre a voz de Williams e o saxofone de Lloyd. Trata-se de uma versão de um original de Lucinda Williams, tal como “Ventura” e “Unsuffer Me”, também presentes neste disco que inclui ainda três originais de Lloyd, entre os quais a faixa-título. Em todo o disco é marcante o saxofone de Charles Lloyd, como aliás se testemunha na derradeira faixa, “Angel”, versão de um original de Jimi Hendrix. Disponível no Spotify. Já agora, Charles Lloyd tem tido ao longo da sua vida numerosas colaborações com a música pop e o rock e, de certa forma, este é testemunho disso mesmo. Edição Blue Note disponível no Spotify.

 

ÁSIA JUNTO AO RIO -  O Okah é um restaurante localizado no terraço do edifício do LACS, o pólo criativo localizado no antigo edifício do refeitório do Porto de Lisboa, junto à Rocha do Conde d’Óbidos. No mesmo terraço existe um bar e uma cafetaria, o Zazah - tudo criado a partir de um conjunto de contentores modificados que acolhem aqueles espaços. A primeira coisa é a vista extraordinária que dali se pode desfrutar. A segunda é a simpatia do serviço. E, por fim, quando chega a comida, percebemos que fizémos uma boa escolha. Apresentando-se como um restaurante de inspiração asiática, o Okah vai buscar ideias a várias gastronomias. Por exemplo uma das entradas mais procuradas é amêijoas à Bulhão Pato, que se diferenciam por levarem uma mistura de especiarias indianas. Na lista das carnes destaca-se um borrego neozelandês com puré de batata e molho de hortelã e um pica-pau asiático com lombo de novilho mal passado e cubinhos de ananás. Na lista do mar destaque para uma dourada grelhada com molho de tamarindo, sobre legumes, e para uns camarões tigres escalados com um molho aromático que salvaguarda o sabor da carne do bicho, dando-lhe um toque inesperado, acompanhado por um couscous muito bem temperado. Lista de vinhos mediana que podia ter preços mais razoáveis. Esperemos que este Okah não se estrague. Lista Telefone 914 110 791

 

DIXIT - “Mais um ano a empurrar os problemas para o futuro” - Nuno Garoupa

 

BACK TO BASICS - “A melhor forma de prever o futuro é participar na sua criação” - Abraham Lincoln.

 

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