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AS MARCAS, A COMUNICAÇÃO E A PUBLICIDADE - Quando em meados de Março foram decretadas as medidas do Estado de Emergência tudo no mundo dos mídia começou a mudar. A procura de notícias aumentou e, nas primeiras semanas, o consumo de televisão cresceu significativamente, quer nos canais generalistas, quer nos canais de informação do cabo, ao mesmo tempo que o consumo de internet explodiu. Criaram-se novos hábitos. Mas, com o encerramento da actividade económica, os anunciantes retraíram-se e, apesar do consumo dos meios de comunicação ter aumentado o investimento publicitário diminuíu, e muito. Agora a actividade económica está a retomar e as marcas precisam voltar a estar na mente dos consumidores. Nestes meses muitas delas  saíram do dia a dia das pessoas, algumas arriscam o esquecimento. Como infelizmente há empresas que vão fechar, algumas marcas desaparecerão. Será que os consumidores vão perceber logo quais as marcas sobreviventes e dinâmicas? A verdade é que quem não fala desaparece, quem estiver ausente fica esquecido. Quem está à espera de decidir se vale a pena retomar a publicidade agora, pode ficar para trás na corrida de fundo que é a recuperação da economia. A publicidade é parte integrante dos conteúdos consumidos por quem segue televisão, rádio, imprensa, online, por quem anda na rua e vê outdoors. Sem presença regular na mídia nacional as marcas portuguesas comunicam pior, têm menos pontos de contacto com os seus consumidores. Publicidade e conteúdos andam de mãos dadas. As marcas portuguesas precisam dos canais de comunicação proporcionados pelos mídia nacionais e os mídia nacionais precisam da sua publicidade para continuarem a desempenhar o seu papel.

 

SEMANADA - As idas ao multibanco caíram para metade em Abril devido ao confinamento e as compras realizadas com cartões desceram para mínimos desde 2009; os sites de e-commerce mais visitados em Abril foram os da Worten e FNAC, seguidos do Aliexpress, Continente e Amazon, refere um estudo da Marktest; o valor da facturação do sector da restauração na primeira semana de abertura representou 40% do valor médio pré-confinamento; 54% da receita do IRC depende de 0,4% das empresas que existem em Portugal; as contas públicas registaram um défice de 1650 milhões de euros até Abril, mais 341 milhões que no mesmo período do ano anterior; em Portugal houve um aumento de perto de 50% no tráfego em sites marginais da internet que permitem o acesso pirata a canais de televisão de cabo e de streaming; há 400 mil pessoas a necessitar de ajuda alimentar; os 36 drones comprados pelo Estado há dois anos para o Exército, com o objectivo de detectarem fogos em colaboração com a Protecção Civil, nunca foram usados; uma locomotiva de 1924, exemplar único no mundo, está num barracão da estação da Pampilhosa da CP e já foi vandalizada por várias vezes; em Santarém existem 42 lares de idosos “não legais”, o dobro do que se pensava; nos quatro maiores hospitais do país há cerca de cem doentes que não têm para onde ir, à espera de vaga num Lar. 

 

ARCO DA VELHA - Um indivíduo de 20 anos que estava em prisão domiciliária com pulseira electrónica incendiou seis veículos na rua onde vivia, em Lisboa, com o objectivo de ver bombeiros e polícia a actuar.

 

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ARTES CONTEMPORÂNEAS -  Iniciada em 2016, a ARCOlisboa, feira internacional de arte contemporânea, decorreu até este ano na Cordoaria Nacional. Este ano, por força das coisas, a ARCOlisboa transformou-se num evento on-line com a duração de quatro semanas e vai estar disponível de 20 de maio a 14 de junho, através do site arcolisboa.com em parceria com a plataforma artsy.net, apresentando e comercializando obras das galerias selecionadas pelo Comité Organizador da feira e pelos comissários das secções Opening e África em Foco. Estamos a falar, nas galerias convidadas, de mais de quatro dezenas de stands virtuais - a maioria, duas dezenas, de galerias espanholas, seguidas por galerias portuguesas e também, galerias do Reino Unido, Japão, Áustria, Itália, Brasil e Uruguai. Na secção Opening, destinada a novas galerias, estão mais de uma dezena de participantes e na África em Foco uma dezena. Centenas de obras de pintura, escultura e fotografia estão disponíveis num circuito virtual, nem sempre com a navegação online mais evidente. Gostaria de destacar a secção África em Foco, coordenada por Paula Nascimento, e que mostra a diversidade das propostas dos artistas de diversos países (África do Sul, Angola, Moçambique, Uganda, Zimbabwe) que ali estão - saliento, pessoalmente, os trabalhos de Ângela Ferreira, Filipe Branquinho, René Tavares, Thó Simões, Keyezua (na imagem) e Musa Nxumalo. Outra sugestão: para sairmos do mundo virtual recomendo uma visita à Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, na Praça das Amoreiras, para descobrir a exposição “Água Pesada” que até 19 de Setembro mostra belíssimos desenhos a grafite de Alexandre Conefrey. Ali ao lado, na CasaAtelier Vieira da Silva, Inez Teixeira apresenta “Phytographia Curiosa”, um conjunto de desenhos a tinta da china sobre papel.

 

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A DANÇA DE NÍDIA  - Quando um disco tem por título uma frase de um poema de Jorge de Sena, nasce de uma etiqueta alternativa de rap e música de dança dos arredores de Lisboa (Princípe Discos), é feito e produzido por uma portuguesa de origem africana que viveu em França e tem lugar de honra na crítica semanal de discos do Guardian londrino, alguma coisa se passa. O álbum é “Não Fales Nela Que A Mentes”, o segundo disco de Nídia que o Guardian descreve como “um novo trabalho mais meditativo, que mostra uma variedade de ritmos de dança com enfoque na emoção e desassossego” . São dez faixas, com destaque para “Raps”, “Capacidades”, “Nik Com”, “Popo” e “Emotions”. Nídia Sukulbembe tem 23 anos e ganhou notoriedade como DJ um pouco por todo o mundo. Este seu segundo disco é fruto de uma experiência de pistas de dança mais amadurecida. Nídia, nascida numa família guineense, cresceu no Barreiro e mais tarde foi viver para Bordéus, onde ganhou contacto com músicos de outras nacionalidades, mas manteve sempre a ligação à Principe Discos. Há um ou outro elemento vocal, mas este é o reino do instrumental, do baixo e da percussão, com uma elegância invulgar na mistura. A Pitchfork diz que a  aproximação de Nídia à música “é eficiente e elementar, criando a complexidade através dos arranjos” - “Emotions” é um perfeito exemplo disso mesmo.

 

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E, A SEGUIR? - Desde que a pandemia começou a revista mensal “Monocle” tem alterado radicalmente o conteúdo editorial. A edição de Maio focou-se na casa das pessoas, onde cada um estava a passar o confinamento - com sugestões, ideias, exemplos de coisas para fazer. Agora, na edição de Junho, o tema é “What Happens Next?”. Para responder à pergunta a “Monocle” convidou 50 personalidades de todo o mundo, 50 pensadores “que se atrevem a sonhar”, como a revista os designou. Aqui estão nomes como o filósofo Alain de Botton, o arquitecto Daniel Libeskind, o economista Daniel Kahneman, entre muitos outros incluindo governantes de vários países e responsáveis urbanísticos. Os temas abordados vão desde a resiliência das cidades até ao futuro dos cruzeiros marítimos, o que se pode esperar da aviação, passando por estratégias para manter a funcionar pequenos comércios. Alain de Botton escreve sobre o estoicismo dos romanos, baseado em manter a calma e continuar a fazer o que cada um é suposto fazer - é um bom tiro de partida para toda a edição. Um especialista canadiano em agricultura, Jean-Martin Fortier, acredita que a pandemia levou as pessoas a pensarem mais sobre de onde vem a comida, como se cultiva e como se deve utilizar sem desperdícios; sobre as cidades, urbanistas recomendam que as autoridades de planeamento passem a ter como prioridade a criação de infra estruturas focadas nas necessidades reais das pessoas que nelas vivem permanentemente. Um dos mais curiosos artigos tem a ver com as saudades que ao fim de dois meses em casa muitos sentiram dos seus escritórios - é certo, diz o seu autor, que a pandemia provou que se pode trabalhar de forma remota mas isso não quer dizer o fim dos escritórios e sim a possibilidade de revermos como funcionamos. Um dos artigos de que mais gostei foi aquele em que se defende a importância da rádio - as emissões radiofónicas oferecem aquilo que nenhum outro meio pode oferecer: uma espantosa combinação de actualidade, intimidade e humanidade.



A IDEIA DE UM GRANDE CHEF - Massimo Bottura é o criador de um dos restaurantes mais famosos do mundo, a Osteria Francescana, de Modena. Na edição da “Monocle” acima referida escreve sobre como os restaurantes podem sobreviver - e renascer - no pós covid. Admite que já não tem reservas do estrangeiro como costumava ter, mas está contente porque as marcações de italianos que queriam conhecer o seu restaurante explodiram. Bottura defende que se aproveitem todos os ingredientes e fez mesmo uma série de videos durante o confinamento, “Kitchen Quarantine”, focados em evitar o desperdício. O que se está a passar vai fazer rever a forma como trabalha: admite fazer menus de degustação mais curtos, está a criar uma linha de take away em que os ingredientes serão embalados de forma separada para cada pessoa depois acabar de preparar o prato em casa, como o próprio restaurante faria. E confessa que quando outros chefs lhe perguntam o que devem fazer, responde sempre o mesmo: cada vez mais temos que ter em conta os produtores locais “somos os embaixadores dos melhores produtores de produtos frescos, de queijos, dos pescadores - o dever dos chefs é fazer com que os heróis sejam os produtores”. Em Lisboa, alguns restaurantes, como por exemplo o Salsa & Coentros, em Alvalade, ou o Essencial, junto ao Princípe Real, fizeram menus especiais de take-away durante o confinamento, sugestões fora da carta habitual, com pratos que deviam ser acabados na casa de cada um. Mais informações em www.restaurantesalsaecoentros.pt ou www.essencialrestaurante.pt.

 

DIXIT - “Já pagou as suas notícias de hoje? Ou está à espera que seja o Estado a pagar? Este é o problema dos Media e ninguém parece entender-se sobre o que fazer” - Catarina Carvalho

 

BACK TO BASICS - “Um diplomata é alguém que o pode mandar para o Inferno de tal forma que até lhe apetece lá ir” - Caskie Stinnett

 



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publicado às 11:07

A PRAGA AGORA PODE SER POLÍTICA

por falcao, em 22.05.20

 

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A ERVA DANINHA - O período mais complicado da pandemia começou agora, com o reabrir dos locais e das actividades após dois meses de um quase total encerramento. Os dois meses foram fundamentais para manter os indicadores em níveis baixos, para permitir que o Serviço Nacional de Saúde funcionasse sem sobrecarga demasiada e para que equipamentos de tratamento e de protecção chegassem nas quantidades necessárias. Durante dois meses houve uma trégua política assumida por todos - e manda a verdade que se diga que, no geral, o Governo fez bom trabalho. Vamos ver agora se o sistema está preparado para absorver os efeitos do desconfinamento - social e político. De qualquer forma a trégua política chegou ao fim e as tempestades já se desenham sob o pretexto das eleições presidenciais. António Costa tentou iludir a questão atirando o Congresso do PS para depois do acto eleitoral que sufragará Marcelo Rebelo de Sousa, na presunção de que ele quebra o tabu e se recandidata. A coabitação entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro inquieta à esquerda e à direita. Ana Gomes e Manuel Alegre já abriram hostilidades do lado do PS, assim como Alberto João Jardim e Miguel Albuquerque, do lado do PSD. Há poucos dias António Costa anunciou que o bloco central não estava nos seus planos, referindo-se a algum entendimento com Rui Rio. Mas, na prática, aquilo a que estamos a assistir é a uma nova forma de aliança, entre pessoas de quadrantes diferentes, ambas em lugares decisivos para o país: o novo compromisso histórico não vai ser o bloco central partidário, tudo indica que será entre o Presidente da República e o Primeiro Ministro. Ambos vão concentrar um poder conjunto inédito em Portugal. No horizonte estão, vindos daqui e dali da área do Poder, sinais de vontade de manter um autoritarismo e um controlo governamental que nasceu no Estado de Emergência e que, agora, dá sinais de querer continuar e, no desejo de alguns, florescer - incentivado aliás por todos os que, desesperados com os efeitos do encerramento geral de actividades no confinamento, se viram para o Estado como a solução de todos os problemas. Está criado o terreno para o Governo aparecer como o salvador. Sem poder equilibrado por um contra-poder essa erva daninha que é o abuso de autoridade poderá tornar-se uma praga, adubada por um compromisso histórico. Esse é o problema maior com que nos defrontamos a nível político.

 

SEMANADA - Um inquérito recente mostra que em Portugal, aos 15 anos, só 10% dos alunos gostam muito da escola mas em 1998 o número era de 29%; durante o período de estado de emergência foram efectuados 348 casamentos; nos hospitais não foram efectuadas nove mil cirurgias programadas durante o estado de emergência; em comparação com o mesmo período do ano passado realizaram-se menos 181 mil consultas hospitalares no período do estado de emergência; a pandemia obrigou a reescrever os guiões das telenovelas que voltaram a ser gravadas, mas sem cenas de beijos e de intimidade; foi descoberta uma estufa de cultivo de canábis, com uma tonelada da substância, dentro de um armazém na Maia que anteriormente era uma lavandaria; a crise da pandemia afectou 40% da força de trabalho em Portugal; o número de desempregados subiu 22,1% em Abril; 7500 microempresas pediram apoios para reabrir portas; um estudo recente indica que nos testes de diagnóstico a Covid-19 cerca de 11% dos infectados apresentam resultados negativos; danos colaterais: segundo o Centro de Informação Antivenenos do INEM, os casos de exposição indevida a lixívia em março e abril mais do que duplicaram e o número de acidentes com desinfetantes das mãos foi oito vezes superior ao do ano passado; O mercado europeu de automóveis caiu 76,3% em abril, em comparação com mesmo mês em 2019 e em Portugal, queda atinge 84,6%: o consumo de gasóleo em Portugal no mês de Abril caíu 45% e o da gasolina cerca de 60%.



ARCO DA VELHA -  O Tribunal da Relação de Évora absolveu um pai condenado por violar a filha menor, considerando que esta tinha mentido, e criticou aqueles que acreditam nos relatos de agressões das vítimas de crimes sexuais e de violência doméstica, ao mesmo tempo que ironizou sobre as lesões atestadas por médicos.

 

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REABRIU A ARTE - Esta semana grande parte das galerias privadas de arte contemporânea começaram a reabrir, algumas delas com exposições que estavam prontas e montadas e que não foram visitadas porque tudo coincidiu com as medidas de confinamento. As visitas são em horários mais reduzidos e com marcação, mas nos sites das galerias e nalguns casos no respectivo facebook é possível agendar o que se pretende ver. Eu tenho saudades de voltar a ver obras de arte sem ser no ecrã do computador em visitas virtuais. Por falar nisso esta semana a ARCO LISBOA abriu, desta vez não na cordoaria, mas de forma virtual, até 14 de Junho, em www.ifema.es/pt/arco-lisboa . Na próxima semana relatarei a visita que vou fazer mas desde já digo que a secção sobre arte africana me despertou a curiosidade. E esta semana foi também marcada pela reabertura de Museus, destacando-se a inauguração de uma apresentação de desenhos de Julião Sarmento no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa (na imagem) . Sob a designação “A Linha Que Fecha Também Abre”, Julião Sarmento apresenta cinco desenhos que dialogam com obras da colecção do museu, nomeadamente do desenho florentino do Renascimento e suas extensões ibéricas, obras da autoria ou atribuídas a Baccio Bandinelli, Luca Cambiaso, Corregio, Pontormo e Francisco Venegas. A exposição deste diálogo entre épocas, comissariada por João Pinharanda,  decorre na Sala do Tecto Pintado do MNAA até 26 de Julho. Finalmente, para sairmos de Lisboa, na Quinta da Cruz - Centro de Arte Contemporânea de Viseu, as portas reabriram com a exposição “I Dreamt Your House was a Line”, de Pedro Cabrita Reis.

 

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O BELO SOM DO  BANJO - Desde já aviso que só vale a pena continuar a ler estas linhas se gostar das sonoridades creoulas de Nova Orleães e de banjo. Eu gosto, de maneira que me deliciei com “The Blue Book Of Storyville”, de Dan Vappie, personagem exuberante, exímio tocador de banjo, vocalista cheio de tiques locais, ao lado dos Jazz Creóle, um trio constituído para esta ocasião e que integra  de Dave Kelbie na guitarra (e produção), Sebastien Girardot no baixo e David Horniblow no clarinete. Cabe aqui recordar que a tradição musical de Nova Orleães está ligada ao nascimento e crescimento do jazz. Neste disco estão canções creoulas originais (algumas no tradicional francês da região), standards de jazz e alguns originais do próprio Vappie, cuja educação musical vem aliás do jazz - começou pela guitarra e o baixo e só depois se dedicou ao banjo, muito influenciado por um dos grandes músicos dos anos 40 de Danny Baker, um dos históricos tocadores de banjo e contadores de canções de Nova Orleães. Dan Vappie pesquisou para este disco a música cajun, inspirações do Caribe, canções tradicionais, temas popularizados por Louis Armstrong ou Sidney Bechet, por exemplo. É difícil destacar um tema de entre os 17 deste disco mas o meu preferido é “Buddy Bolden’s Blues”. Vappie mostra bem a importância do banjo na música de Nova Orleães e a sua importância, muitas vezes esquecida, no jazz. “The Blue Book Of Storyville” está disponível no Spotify.

 

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HISTÓRIAS DE UMA TORRE - Dia 26 de Maio, terça-feira da próxima semana, assinala-se o centenário do nascimento de Ruben Andresen Leitão, que ficou conhecido pela assinatura literária que escolheu - Ruben A. Nesse mesmo dia vai ficar disponível nas livrarias a nova edição de uma das suas obras mais importantes, “A Torre de Barbela”, a visão pessoal de Ruben A. da evolução de Portugal desde a sua fundação.  Escrito em forma de romance que nasce no Minho, na margem esquerda do Rio Lima, numa antiga torre de vigia que, reza a História, data da fundação da nacionalidade e que é a única torre triangular de toda a Península Ibérica. O local, a Torre de Barbela, é o ponto de partida para uma viagem a oito séculos de História através de personagens fantásticas que Ruben A. criou. O romance foi premiado em 1965 pela Academia de Ciências de Lisboa com o prémio Ricardo Malheiros. Publicado na Colecção Miniatura dos Livros do Brasil. A evocação do centenário do nascimento do escritor, de que esta edição faz parte, terá continuidade com as reedições de mais duas obras, “O Mundo À Minha Procura” e “Silêncio para 4”, pela Assírio & Alvim, no segundo semestre. Ruben Andresen Leitão nasceu em 1920, estreou-se em 1949 com “Páginas”, um misto de diário e ficção e dedicou a sua vida ao ensino da Língua e Cultura Portuguesas em universidades do Reino Unido, nomeadamente em Londres e, depois em Oxford.



O REGRESSO ÀS MESAS DE RESTAURANTES - Esta semana regressei aos restaurantes que gosto de frequentar no dia a dia. Num deles procurei uma coisa trivial, mas que ali corre sempre muito bem: um meio bife do lombo, grelhado na brasa, acompanhado por batatas fritas aos palitos absolutamente impecáveis. Ao contrário do que muitos pensam é preciso arte para isto correr bem: a carne tem que ser boa, a grelha tem que estar no ponto para vir mal passado e as batatas fritas não podem ser das congeladas nem das moles e espapaçadas - devem estar estaladiças por fora, sem ficarem queimadas. É assim que as coisas se passam na cervejaria Valbom, que nestes dias tem a vantagem de ter uma boa esplanada (Avenida Conde Valbom 114, telefone 217 970 410). E além do bife tem muito por onde escolher em matéria de cozinha portuguesa, como filetes de polvo com arroz de grelos por exemplo. O outro regresso foi ao melhor bacalhau à Braz que conheço - leve, ovos no ponto, húmidos, bacalhau de boa qualidade, tempero acertado. Nesse dia na ementa havia uma outra especialidade da casa que me deixou na dúvida - pastéis de massa tenra, mas venceu o bacalhau e não me arrependi. O local destas confecções é O Apuradinho, na Rua de Campolide 209, telefone 213 880 501). E, embora agora apeteça voltar a uma sala de restaurante, rever conhecidos e estar à cavaqueira com amigos, se quiser em qualquer destes locais pode fazer uma encomenda para levar para casa.

 

DIXIT - “O PS não pode tratar os militantes como parvos (...) o PS não é o partido do Costa” - Ana Gomes

 

BACK TO BASICS - “É muito perigoso querer estar certo quando um Governo está errado” - Voltaire

 

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publicado às 11:00

O QUE FAZER COM ESTA EUROPA?

por falcao, em 15.05.20

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RECONSTRUIR O FUTURO - O acto fundador da União Europeia foi há 70 anos. Sete décadas depois, e no meio de uma das maiores crises da História recente da Europa, não se vê união - mas sente-se a existência de obstáculos, burocracias e, infelizmente, de muitos egoísmos nacionais.  Quando se olha para a Europa observa-se o entendimento cordial entre a França e Alemanha, construído a calcar os interesses e aspirações de outros países em nome do seu mútuo benefício, e sente-se o agudizar de divisões entre o norte e o sul. Em nome das normas europeias sectores vitais para Portugal como a agricultura e a pesca foram primeiro reduzidos e depois quase eliminados. A indústria foi pelo mesmo caminho. Os fundos europeus foram a justificação para destruir a produção portuguesa em várias áreas e tiveram o seu papel na corrupção do aparelho de Estado. Ficámos com auto estradas construídas e  com o sistema ferroviário destruído. Passámos a importar muito do que antes produzíamos. E, no fim, o turismo foi a cereja no topo do bolo: passámos a exportador de ilusões. O resultado está à vista. Para assegurarmos o futuro temos que reconstruir parte do nosso melhor passado e incorporar nele a capacidade de investigação científica e de desenvolvimento tecnológico de que entretanto começámos a dar provas. Seremos capazes de apostar no nosso desenvolvimento e recuperar agricultura, pesca e indústria ao mesmo tempo que desenvolvemos um sector de serviços baseado no conhecimento e na tecnologia e não apenas no sol, praia e paisagem? 

 

SEMANADA - Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa prepararam a nova viagem de ambos nas instalações da Auto Europa em Palmela; Centeno levou cartão amarelo por fora de jogo no caso do Novo Banco; Rui Rio equiparou a comunicação social a fábricas de calçado ou mobiliário; até Março foram registadas menos 71 mil transacções de imóveis; segundo uma sondagem da Marktest, 74% dos portugueses admitem optar no futuro por fazerem essencialmente compras no comércio de rua, tradicional; quanto às deslocações, a grande maioria considera que vai optar pela utilização de transporte privado e na média nacional apenas 16% aponta para a utilização dos transportes públicos, com um número ligeiramente superior, 22%, nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto; a Deco recebeu 3.600 pedidos de ajuda entre 18 de Março e 11 de Maio por parte de famílias em dificuldades financeiras devido à redução de rendimentos;  Mário Centeno admite que a receita do Estado em 2020 pode cair perto de 10 mil milhões de euros, um cenário mais pessimista que o estimado por Bruxelas; segundo a Escola Nacional de Saúde Pública os concelhos com maior taxa de desemprego e maiores desigualdades de rendimentos são aqueles que têm maior número acumulado de casos de covid-19; Portugal é um dos seis países do euro que menos impulso orçamental vai dar à recuperação da economia; mais de 79% das empresas portuguesas tiveram uma redução no volume de negócios desde o início da pandemia.

 

ASSIM VAI PORTUGAL - Um estudo da Marktest indica que durante o mês de Abril Cristiano Ronaldo continuou a ser o português que registou maior número de menções nas redes sociais, o primeiro ministro António Costa, ficou na segunda posição da tabela e a apresentadora da SIC, Cristina Ferreira manteve o terceiro lugar.

 

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GUITARRADA - Blake Mills é um produtor premiado pelo seu trabalho com nomes como Laura Marling ou John Legend. É, além disso, um guitarrista criativo, um compositor dedicado a fazer canções simples e marcantes, e um cantor com um registo de voz invulgar. “Mutable Set”, agora editado, é o seu quarto disco. Tocou ao lado de Fiona Apple e ao longo dos seus 20 anos de carreira construíu a reputação de ser um músico inventivo a quem se podia recorrer para assegurar arranjos inesperados e uma musicalidade que outros não conseguem criar. A ele, sai-lhe naturalmente, quer quando produz canções de outros, quer quando as faz para si próprio, como neste disco. A forma como toca guitarra e trabalha o seu som, é surpreendente - por vezes com recurso a guitarra sintetizada. Se as suas origens estão no country rock, o seu presente é marcado pelo desejo de descoberta e afirmação de um estilo próprio. As canções deste disco, muitas feitas em parceria com  Cass McCombs nas letras, como “Never Forever” ou “My Dear One”, têm todas uma sonoridade e uma produção exemplares, baseada em guitarra, piano e saxofone. Essa produção, meticulosamente trabalhada, é particularmente saliente em “Vanishing Twin”, onde todo o seu talento enquanto guitarrista mais se mostra - de uma forma elegante mesmo nos momentos mais exuberantes. A voz de Blake Mills é discreta, muitas vezes imagina-se que está a sussurrar ao ouvido de alguém, como por exemplo em “May Later”. Os sete minutos de “Money Is The One True God”, uma evocação da tempestade económica que marca os dias de hoje, é daquelas canções que vai ficar na memória. E, quase de certeza, na História. Disponível no Spotify.

 

NewsMuseumLiberdadeImprensa.jpgAPRENDER A VIVER AS NOTÍCIAS - Localizado em Sintra, o NewsMuseum é um equipamento único vocacionado para dar a descobrir o mundo dos media, com incursões na história do jornalismo e da comunicação. Uma das suas componentes importantes é o serviço educativo, vocacionado para proporcionar aos alunos de diversos graus de ensino uma percepção de como se fazem as notícias. Para se integrar na realidade escolar criada pela pandemia, o Newsmuseum  vai realizar visitas guiadas e interativas para as escolas através de videoconferência. NewsMuseum @Zoom para Escolas é um programa de e-learning já disponível, ainda a tempo de integrar o plano de aulas do 3.º período escolar, no registo #EstudoEmCasa. É a própria coordenadora dos Serviços Educativos, Elsa Luís, quem recebe os visitantes em Zoom e os conduz numa visita interativa pelas grandes narrativas que marcaram Portugal e o Mundo nos últimos 120 anos. Os alunos podem ainda experimentar algumas simulações de reportagem e no final podem fazer um jogo que consiste em criar uma primeira página de jornal. As visitas serão adaptadas aos diferentes níveis de ensino, desde o 5.º ao 12.º ano. Mais informações e agendamentos através do e-mail info@newsmuseum.pt.. Aberto desde 25 de Abril de 2016, o Newsmuseu fica localizado na Rua Visconde de Monserrate, no Centro de Sintra. 

 

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VOANDO NO DESERTO - “O Principezinho” foi escrito e ilustrado por Antoine de Saint-Exupéry, um aviador francês que estava exilado nos Estados Unidos, país onde o livro foi primeiro publicado em 1943.  É uma das obras mais editadas e traduzidas em todo o mundo, existindo mais de 200 edições em outros tantos idiomas e dialectos. O livro tem uma forte componente autobiográfica baseada naquilo que o próprio Saint-Exupéry viveu quando o seu avião caiu no deserto do Saara. À primeira vista, é uma história muito simples: um principezinho fala com um aviador em apuros e cativa-o. O principezinho é uma criança, um menino apenas. Com a sua imaginação e poesia cativa o aviador, e ambos andam, no deserto, à procura de alguma coisa: no fim, a busca deles é o espelho da nossa procura diária de um sentido para a vida. Antoine de Saint-Exupéry nasceu em Lyon, no começo do século XX, a 29 de Junho de 1900. Morreu no céu, quando o seu avião foi atingido por um atirador alemão, durante a II Guerra Mundial, em 1944. Era piloto de aviões, mas a sua imaginação voava sozinha, criava romances, poemas, reportagens, fazia desenhos que ilustram o que escrevia, como se vê  nas páginas deste “O Principezinho”. O que esta edição tem de especial é um texto do editor, Manuel S. Fonseca, no final, com 16 perguntas. Num livro para crianças a primeira das perguntas é dirigida a adultos: ”quando foi a primeira vez que se lembrou que também já foi uma criança?”. E, mais à frente, outra para os adultos: “qual foi a sua última aventura?”. São duas questões que nos podem pôr a pensar. As outras perguntas, bem mais simples, são destinadas às crianças, os jovens leitores a quem Saint-Exupéry dedicou o livro, os textos e os desenhos. Edição Guerra e Paz na colecção Correio da Manhã.

 

O FEIJÃO FORA DA LATA - Na minha redescoberta dos vendedores e dos pequenos mercados de freguesia redescobri a existência de feijão de várias espécies fora das latas onde vem embalado. Um dia destes trouxe um pequeno saco de feijão frade seco para casa e perguntei se havia conhecimento para tratar do assunto. Que sim, que havia, foi a resposta recebida. E vai daí, pela primeira vez em muitos anos, comi feijão frade demolhado de véspera e cozido na hora, ao mesmo tempo que meio chouriço alentejano cortado às rodelas, com tempero ao gosto. Assisti à preparação, lançando umas piadas pelo meio sobre a complexidade do know how envolvido na operação (muito para além de escorrer a leguminosa de uma lata de abertura rápida). O resultado foi um sabor diferente, uma textura melhor. Regado com bom azeite e salpicado de salsa fresca, também do mercado, foi o acompanhamento de um entrecosto cozido na mesma água que banhou feijão e chouriço. O entrecosto veio do talho do mesmo mercado, onde durante todo este tempo não houve filas e onde a qualidade dos produtos sempre me surpreendeu. A rematar vieram uns morangos, também produzidos na região, e comprados ao produtor no próprio dia em que foram colhidos - toda uma outra história em relação aos que vêm importados de Espanha ainda meio verdes e que andam nos supermercados. Nestes dois meses de isolamento aprendi a comprar produtos alimentares de outra forma, a preparar os ingredientes naturais, a cozinhar mais devagar. E tudo isto sem gastar mais tempo e a despender menos dinheiro que se fizesse as coisas de outra forma. Esta é uma das lições que me fica de dois meses à descoberta de outra maneira de viver o quotidiano, conciliando trabalho profissional com ocupações pessoais e chegando ao fim de cada dia com mais coisas feitas, menos stress e mais contente por contribuir para ajudar o comércio local.

 

DIXIT- “Há uma diferença radical entre cada um de nós ter um campo ideológico com o qual se identifica ou ter um clube ideológico com o qual tem de se identificar” - João Miguel Tavares.

 

BACK TO BASICS - “Nunca ouvi música criada pelo Diabo” - Little Richard.

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PARADOXOS DO PODER - Ainda durante o Estado de Emergência o Presidente da República e o Primeiro Ministro resolveram deixar a abordagem científica do combate à pandemia, trocando-a pela abordagem política às boas relações com o PCP e a conquista de boas vontades para os próximos orçamentos e actos eleitorais. A coisa consubstanciou-se em torno das evocações do Primeiro de Maio, com a coreografia montada pela CGTP que, de mãos dadas com os comunistas, bem pressionou as duas figuras acima referidas para terem direito à excepção das medidas preventivas. A pressão foi protagonizada pela nova líder da CGTP, Isabel Camarinha, uma sindicalista vinda do sector dos serviços e que se mostra adepta da linha dura de confronto. É curioso notar que , de acordo com os últimos números conhecidos no meio da nuvem de mistério que habitualmente rodeia as estatísticas sobre sindicalizados, a CGTP representará cerca de 550 mil trabalhadores e a UGT uns 480 mil - quase empatadas, portanto. No seu recente congresso a CGTP anunciou novos inscritos, mas evitou dar números de abandonos e total de filiados. É também interessante notar que administração pública, sector de escritórios e serviços , professores e saúde são as áreas que contribuem com maior número de sindicalizados da CGTP - e a dosagem da paz social nestes sectores é a moeda de troca nestas negociações. Para termos uma ideia de conjunto um estudo recente aponta que nas últimas quatro décadas o número de sindicalizados caiu de 60,8% para 15,7% da força de trabalho. E sendo o total de sindicalizados nas duas maiores centrais pouco superior a um milhão, convém recordar que a população activa, nas estatísticas mais recentes, é de cerca de 5,2 milhões. Traduzindo por miúdos: já que UGT se demarcou dos festejos da CGTP, a realidade é que em nome de  dez por cento da população activa Isabel Camarinha e Jerónimo de Sousa conseguiram levar Presidência e Governo a permitir uma violação às medidas de contenção da pandemia. E agora a líder sindical queixa-se, face às reacções que surgiram, de estar a ser perseguida. Isto não é o mundo ao contrário?

 

SEMANADA - No prazo anunciado pelo Governo para o pagamento das primeiras comparticipações ao “lay-off” muitas empresas ainda não receberam um cêntimo do Estado e multiplicam-se denúncias sobre a dificuldade em obter respostas da Segurança Social; Bruxelas continua sem data para anunciar plano de recuperação económica; os profissionais do sector da cultura contam perder mais de 50% do seu rendimento; o Banco de Portugal estima em 8,2% a perda de rendimento  das famílias portuguesas; em relação ao mesmo mês do ano passado caíu para metade o número de vacinas administradas em Abril; na Europa já foram detectados 6000 casos de sarampo por falta de vacinação; a PSP e a GNR receberam 4111 queixas desde o início do ano por golpes com MB Way; as empresas de mídia ouvidas pelo Presidente da República disseram que os apoios estatais são bem vindos, mas sublinharam que os anunciados até agora são insuficientes; um estudo de cinco universidades portuguesas mostra que 45% das pessoas que eram fisicamente inactivas antes da pandemia iniciaram a prática de alguma actividade física durante o período de confinamento; segundo uma sondagem recente da Marktest, 14% dos jovens portugueses não consomem nenhuma peça de fruta por dia; as receitas dos casinos virtuais subiram 58% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado.

 

ARCO DA VELHA - Um empresário espanhol colocou uma placa com a inscrição “zona de quarentena Covid-19” para evitar que as pessoas de uma aldeia alentejana circulassem por um caminho municipal que atravessa uma propriedade de que é arrendatário.

 

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ARTE DIGITAL - MAAT modo digital é uma iniciativa do Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, que propõe uma programação semanal divulgada através do seu site, do Instagram e do YouTube. “Prova de Artista” é uma rubrica publicada na conta do MAAT no Instagram, onde todas as segundas-feiras, durante o maat Mode Digital, é apresentado um artista representado na Coleção de Arte Portuguesa Fundação EDP para dar aos seus seguidores a oportunidade de conhecer melhor os artistas, as suas ferramentas favoritas, as suas inspirações ou até a recomendação de um livro. José Barrias foi o primeiro convidado e confessa que o lápis é a sua ferramenta de trabalho preferida, fala dos dois livros em que está a trabalhar e o livro que sugere é Salto di scala de Ruggero Pierantoni. Na rubrica “Património Energético”, que pode ser vista no site, está uma exposição virtual de cartazes e folhetos sobre o papel da mulher na publicidade aos electrodomésticos nos anos de 1930 a 1950. A programação completa pode ser seguida por exemplo no Instagram na zona onde está a imagem aqui reproduzida - ideias para todos os dias de segunda a Domingo. 

 

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BRITPOP - Ed O’Brien, um dos guitarristas dos Radiohead, lançou o seu primeiro álbum a solo, “Earth”. Muito menos conhecido que outros membros da banda, como Jonny Greenwood ou Thom Yorke, O’Brien optou nesta sua estreia por recuperar algumas das sonoridades que tornaram os Radiohead conhecidos na segunda metade dos anos 80 do século passado. Ao contrário das experiências de outros membros da banda, nomeadamente Yorke, Ed O’Brien, EOB para os fãs, mantém-se fiel às origens e é em torno da sua guitarra que desenvolve este disco - embora o uso da electrónica seja também abundante. Há, se quisermos, duas faixas de referência desta sonoridade, “Brasil” e “Olympic”, ambas a excederem os oito minutos de duração, ambas mais ambientais, calmas, com mais sintetizadores. Depois há faixas mais cruas, como “Deep Days”, onde proclama  “we are the people on the edge of the night”. “Long Time Coming”, onde a guitarra acústica de EOB está em destaque, é outra das canções a merecer atenção. Talvez o ponto alto seja a faixa de encerramento do álbum, “Cloak On The Night”, onde a guitarra acústica se junta à voz de Laura Marling. Esta estreia a solo de EOB é no fundo um disco eclético, que oscila entre o regresso ao britpop que fez os Radiohead célebres e momentos confessionais do autor, aqui acompanhado por um elenco de luxo:a produção é de Flood e nas diversas faixas participam Adrian Utley dos Portishead, Glenn Kotche dos Wilco, e como acima se referiu, Laura Marling. É tão eclético e fora do seu tempo que acaba por ser engraçado.  “Earth” está disponível no Spotify.

 

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CONSELHOS PARA A CRISE - Uma das publicações especiais do grupo “Monocle” é a revista “Entrepreneurs”, um derivado nascido de uma rubrica da radio online Monocle24. A edição que foi agora lançada é dedicada a formas de repensar, ajustar e defender os negócios dos pequenos e médios empresários no contexto da crise gerada pela pandemia. A capa, aqui reproduzida, evoca um canivete suíço com a multiplicidade de ferramentas que tem para resolver os vários problemas - e é isto que a revista se propõe através de um conjunto de ideias, reportagens e artigos de opinião. Esta “Entrepreneurs” dá especial enfoque a alguns empreendedores que estão a recuperar marcas tradicionais, adquirindo a posição dos antigos proprietários. Além disso são mostrados casos de sucesso, sugestões de alguns sectores que podem ser boas possibilidades de investimento;  conselhos de comunicação, externa e interna e de trabalho em equipa estão também presentes. Pequenos negócios em localizações inesperadas e empresas apostadas no aproveitamento de tecnologia estão entre os numerosos casos referidos ao longo de toda esta edição. As últimas páginas são dedicadas a lições que devem ser retidas desta crise - 25 ideias fortes, que vão desde as vantagens de ter uma empresa ágil até à importância do comércio local na defesa da qualidade de vida nas cidades, passando pela mais valia dos contactos cara a cara ou da defesa da privacidade. E o jogo sugerido como bom exercício para resolver problemas, qual é? O Xadrez, claro. Vai uma partida?

 

A SALVAÇÃO ATRAVÉS DA MASSA - Uma das receitas garantidas para a junção de um cozinhado rápido com uma refeição saborosa consiste na combinação de massa com legumes. A primeira questão é escolher o formato da massa, entre as várias marcas de boa qualidade que existem no mercado. Eu normalmente oscilo entre fusilli ou farfalle (espirais ou lacinhos). Estes são os dois formatos que penso que captam melhor o sabor do cozinhado. Há várias possibilidades de legumes - as minhas duas opções favoritas são courgettes e beringelas aos cubos com tomate cherry cortado ao meio e, noutro plano, farfalle com flor de bróculo (a que gosto de juntar dois ou três filetes de anchova de conserva esmagados). Recomendo que salteiem os legumes com um pouco de azeite. Normalmente começo por colocar três ou quatro lâminas de gengibre fresco a aquecer com o azeite e depois lanço os legumes, que tempero com sal a gosto, pimenta negra moída na altura, gengibre em pó e cebolinho fresco picado. Enquanto os legumes estão a ser preparados deito a massa escolhida em água abundante já a ferver, temperada com sal, e deixo-a cozer até dois-três minutos antes do tempo recomendado. Quase no fim retiro o equivalente a um copo da água da cozedura da massa, que reservo. Escorrida a massa, coloco-a directamente com os legumes, mexo tudo bem e vou adicionando a água da cozedura aos poucos para permitir melhor ligação - e por vezes deito também mais um fio de azeite. No caso do farfalle com brócolos, prefiro usar os broccolini, os pequenos brócolos, usando apenas as flores e retirando quase todo o caule. Se fôr o caso, antes de juntar os farfalle mal cozidos, coloco as anchovas esmagadas, envolvo bem nos brocccolini e depois adiciono a massa misturando tudo bem. O segredo é sempre deixar a massa envolver-se no sabor daquilo com que é misturada.

 

DIXIT - “O mesmo Governo que acede a festejos do Dia do Trabalhador acumula atrasos nos pagamentos das situações de layoff, que deixam dezenas de milhar na penúria” - Paulo Rangel

 

BACK TO BASICS - “A felicidade é essencialmente a combinação de ter boa saúde e má memória” - Albert Schweitzer

 

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