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O ECRÃ FAZ TUDO - A janela é o ecrã mais antigo que conhecemos. O nosso olhar para fora de casa começou por passar por ali. A realidade hoje é outra. A janela é apenas mais um ecrã entre os muitos que fazem parte do nosso dia-a-dia. Frequentemente tenho à minha volta mais ecrãs que janelas e cada ecrã traz-me uma realidade diferente - algumas que escolho pessoalmente, outras que me são trazidas. A televisão é uma delas. Há uns anos era a única janela alternativa e podíamos apenas olhar para o que ela nos trazia, agora podemos escolher o que queremos que ela nos traga entre centenas de canais, podemos escolher a nossa programação, ver o que que nos interessa em gravações depois da sua emissão. No meio disto as transmissões desportivas, de futebol, continuam a ser os programas mais vistos - basta dizer que dos dez programas que maior audiência obtiveram até agora, oito foram transmissões de futebol - a excepção foram um “Jornal da Noite” do início da pandemia e  uma emissão de “Isto É Gozar Com Quem Trabalha” no primeiro período de confinamento. Desporto e notícias, que só fazem sentido quando vistas em directo, são o seguro de vida dos canais para manterem as suas audiências. Quase tudo o resto pode ser visto de outra forma. Muitas pessoas já vêem séries e filmes noutros ecrãs que não o da televisão e um dos ecrãs mais atingidos com a pandemia foi o das salas de cinema. Gus Van Sant, um cineasta norte-americano, constata que este ano o cinema foi empurrado para o ecrã dos computadores, aliás como boa parte das nossas vidas neste 2020. E desabafa: “É um bocado estranho estar a ver cinema no mesmo ecrã de computador onde fazemos as compras de mercearia”.

 

SEMANADA - Registam-se mais 103 mil desempregados em Outubro que no mesmo mês do ano passado e o nível de desemprego está 34% acima do registado em Outubro de 2019; nos primeiros oito meses deste ano venderam-se mais de 13 milhões de embalagens de ansiolíticos e antidepressivos, o valor mais alto dos últimos três anos; uma análise ao mapa de risco da COVID-19 com base em informação compilada pela Marktest, mostra que, nos dois grupos de concelhos de maior risco, vive 69% da população e concentra-se 68% do seu poder de compra; segundo um inquérito recente dois terços dos frequentadores habituais de restaurantes deixaram de o fazer desde que se iniciou novo estado de emergência; segundo a Associação Nacional dos Restaurantes a crise da pandemia já terá criado 40 mil desempregados no sector; um estudo do Ministério do Trabalho indica que 66% das empresas não têm ninguém em teletrabalho; impostos, taxas e outras tributações representam 46% das contas de energia eléctrica em Portugal; de acordo com o estudo “Os Portugueses E As Redes Sociais”, da Marktest, 33.2% dos portugueses com perfil criado em redes sociais afirma já ter feito compras diretamente numa rede social; desses cerca de 75% fez a última compra através do Facebook e 20% através do Instagram.

 

ARCO DA VELHA  - O vereador da Educação da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Grilo, ameaçou dar “um par de murros nas fuças” a um vogal da Junta de Freguesia do Areeiro, Luís Moreira.

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O BARCO VERMELHO -  No grande hall de entrada do Museu Berardo está uma enorme peça de madeira, longa e curva, a face superior pintada de vermelho. É como se fosse a forma bruta, não trabalhada, do casco do barco, longilínio, negro, com o interior a vermelho, que é a peça central da exposição “Dar Corpo Ao Vazio”, de Cristina Ataíde, inaugurada esta semana naquele Museu. A terra, a água e uma evocação da presença humana passam pelas cinco salas onde se desenvolve a exposição, entre esculturas, desenhos de grandes dimensões, uma instalação, fotografias e um vídeo - as áreas onde Cristina Ataíde tem trabalhado. A côr vermelha é uma constante na sua obra, nas suas várias facetas e nos suportes utilizados, do papel à escultura. Sérgio Fazenda Rodrigues, o curador da exposição, sublinha no texto que elaborou, que a produção de Cristina Ataíde “revela uma sede de experimentação e um fascínio pela descoberta que, entre outros, se ancora no impulso da viagem, na procura por outros sistemas de pensamento e numa busca pela expressão da matéria”. Nas cinco salas onde se desenvolve a exposição viaja-se pelos pilares da obra de Cristina Ataíde, com referências cruzadas mas sempre com a afirmação da sua identidade criativa. A exposição fica patente no Museu Berardo até 14 de Março de 2021. Outras sugestões: a Galeria Módulo (calçada dos Mestres 34) apresenta 20 pinturas de Ana Mata, realizadas entre 2018 e 2020. E na Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12), Daniela Krtsch apresenta até 30 de Janeiro novas obras de pintura sob a designação “Please be quiet, please”, uma metáfora destes tempos que atravessamos.

 

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O DIA DA ORQUESTRA - Sérgio Godinho é um dos maiores escritores de canções da música portuguesa. Poucos autores se podem gabar de ter composto tantos temas que se tornaram famosos e que fazem parte do melhor da história da nossa música popular. Em quase 50 anos de carreira gravou 18 álbuns de originais, o último dos quais, “Nação Valente” data de 2018. Ora foi nesse mesmo ano que Sérgio Godinho realizou no Teatro S. Luiz, em Lisboa, uma série de concertos, entre 5 e 8 de Julho. Pela primeira vez na sua carreira tocou acompanhado por uma Orquestra, neste caso a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Cesário Costa. O piano e os arranjos para orquestra ficaram a cargo de Filipe Raposo e no palco estavam também, como habitualmente, Os Assessores, o grupo que o vem acompanhando ao vivo - Miguel Fevereiro (guitarras eléctricas e acústicas, percussão, coros), Nuno Espírito Santo (baixo, percussão), João Cardoso (teclados, samplers, coros), Sérgio Nascimento (bateria, percussão) com direcção musical de Nuno Rafael (guitarras eléctricas e acústicas, cavaquinho, lap steel guitar, percussão, coros). Godinho, agora com 75 anos, tem mostrado uma capacidade de se rodear bem em termos musicais e este disco não é excepção. Sobre esta série de concertos, ele sublinha: “Há espectáculos de que continuamos a falar muito tempo depois, houve uma chispa. Não se apagou.” Essa chispa está bem presente nos 15 temas que o disco inclui, desde “Com Um Brilhozinho Nos Olhos”, até “A Noite Passada”, “A Deusa do Amor ou “O Primeiro Dia”, mas também canções menos conhecidas como “O Velho Samurai”. Sérgio Godinho inclui dois temas que são uma homenagem a dois contemporâneos com quem trabalhou- evoca Zeca Afonso em “Endechas a Bárbara Escrava”, um tema que Zeca compôs sobre um poema de Camões e evoca também José Mário Branco numa canção que com ele escreveu para o álbum “Nação Valente”, “Mariana Pais, 21 Anos”. Os arranjos de Filipe Raposo respeitam as canções e dão-lhes uma sonoridade diferente com um acompanhamento orquestral - e diga-se que Sérgio Godinho adapta muito bem a sua interpretação a este novo pano de fundo musical. Já disponível em CD e nas plataformas de streaming áudio.

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NO REINO DAS MOTORIZADAS LUSITANAS - Durante algumas décadas existiu em Portugal uma indústria de fabrico de motorizadas, derivadas da formulação bicicletas com motor auxiliar - limitado a 50 cc e que era possível guiar com carta de bicicleta, na altura obrigatória para andar, mesmo a pedal, na via pública. Começaram por imitar motos estrangeiras mas cedo se desenvolveram modelos desenhados em Portugal, numas vezes com motores importados,noutros casos com motores fabricados localmente. As Casal, Zundapp, Famel ou Sachs, para citar só algumas, foram o meio de transporte que cresceu no Portugal rural e ajudou a transformar a paisagem. Sobretudo no pós guerra e até final da década de 70 cresceram os modelos, aperfeiçoou-se a qualidade e algumas fábricas sobreviveram até ao início deste século. A história da indústria portuguesa de motociclos é agora contada por Pedro Pinto, motociclista e ex piloto desportivo, num magnífico álbum intitulado “As Motos Da Nossa Vida”, editado pela Quetzal. Ali se conta desde o início do fabrico dos primeiros velocípedes com motor a petróleo, fabricados no Porto no final do século XIX. A Famel em Águeda, a Diana em Sangalhos, os motores  Alma e as correspondentes Motalli em Vila Nova de Gaia, a Casal que tinha uma oficina de montagem na Avenida da República, em Lisboa e mais tarde uma fábrica em Aveiro,a EFS também em Aveiro, a Famel em Águeda, a Macal também em Águeda, a Pachancho em Braga, a Sachs em Anadia, a Vilar no Porto. O livro é profusamente ilustrado com imagens dos modelos de cada marca, das instalações fabris e até das numerosas provas desportivas que se realizam por todo o país com motorizadas cá produzidas. “As Motos da Nossa Vida” revisita as pequenas e grandes fábricas que, um pouco por todo o país, inventaram e desenharam modelos, criando riqueza e emprego, exportando milhares de exemplares e transformando o dia a dia do transporte de tanta gente. O álbum, de capa dura, tem cerca de 200 páginas e é um memorial precioso do que foi uma época do motociclismo nacional, antes dos sucessos agora obtidos por pilotos como Miguel Oliveira.



GULOSEIMAS DE ÉPOCA  - O português, já se sabe, é uma língua muito traiçoeira. Há palavras que só se devem usar no singular. Por exemplo é sempre mais elegante dizer tomate do que tomates, assim como é menos dúbio dizer que se gosta de marmelo do que de marmelos. Adiante na brejeirice… Vem isto a propósito de eu gostar de fruta da época e o marmelo ser uma delícia de outono. Nesta altura gosto dele cozido ou, ainda melhor, assado, levemente tostado, sempre com pouco açúcar e bastante canela. Para consumo posterior o petisco mais imediato é geleia de marmelo com nozes, uma verdadeira delícia. E, depois, para consumo faseado ao longo do ano, a verdadeira e genuína marmelada é sempre apreciada. Em matéria de geleia e marmelada, além de umas artesanais que algumas pessoas me oferecem, a minha preferência vai para as que são confeccionadas pela Cister, na Rua da Escola Politécnica. A receita mais afamada é a do Convento de Odivelas. No Porto a Casa Ramos vende uma marmelada muito elogiada produzida em Cinfães sob a marca Memórias. Em matéria de sobremesa de marmelo cozido ou assado o Salsa & Coentros e o Apuradinho, em Lisboa, são incontornáveis. 



DIXIT - “Coexistirão dois países entre 27 e 29 de Novembro: o do PC e o nosso” - João Gonçalves.

 

BACK TO BASICS - “Uma fotografia é um segredo sobre um segredo. Quanto mais mostra, menos se sabe” - Diane Arbus



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publicado às 11:00

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por falcao, em 26.11.20

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O ECRÃ FAZ TUDO - A janela é o ecrã mais antigo que conhecemos. O nosso olhar para fora de casa começou por passar por ali. A realidade hoje é outra. A janela é apenas mais um ecrã entre os muitos que fazem parte do nosso dia-a-dia. Frequentemente tenho à minha volta mais ecrãs que janelas e cada ecrã traz-me uma realidade diferente - algumas que escolho pessoalmente, outras que me são trazidas. A televisão é uma delas. Há uns anos era a única janela alternativa e podíamos apenas olhar para o que ela nos trazia, agora podemos escolher o que queremos que ela nos traga entre centenas de canais, podemos escolher a nossa programação, ver o que que nos interessa em gravações depois da sua emissão. No meio disto as transmissões desportivas, de futebol, continuam a ser os programas mais vistos - basta dizer que dos dez programas que maior audiência obtiveram até agora, oito foram transmissões de futebol - a excepção foram um “Jornal da Noite” do início da pandemia e  uma emissão de “Isto É Gozar Com Quem Trabalha” no primeiro período de confinamento. Desporto e notícias, que só fazem sentido quando vistas em directo, são o seguro de vida dos canais para manterem as suas audiências. Quase tudo o resto pode ser visto de outra forma. Muitas pessoas já vêem séries e filmes noutros ecrãs que não o da televisão e um dos ecrãs mais atingidos com a pandemia foi o das salas de cinema. Gus Van Sant, um cineasta norte-americano, constata que este ano o cinema foi empurrado para o ecrã dos computadores, aliás como boa parte das nossas vidas neste 2020. E desabafa: “É um bocado estranho estar a ver cinema no mesmo ecrã de computador onde fazemos as compras de mercearia”.

 

SEMANADA - Registam-se mais 103 mil desempregados em Outubro que no mesmo mês do ano passado e o nível de desemprego está 34% acima do registado em Outubro de 2019; nos primeiros oito meses deste ano venderam-se mais de 13 milhões de embalagens de ansiolíticos e antidepressivos, o valor mais alto dos últimos três anos; uma análise ao mapa de risco da COVID-19 com base em informação compilada pela Marktest, mostra que, nos dois grupos de concelhos de maior risco, vive 69% da população e concentra-se 68% do seu poder de compra; segundo um inquérito recente dois terços dos frequentadores habituais de restaurantes deixaram de o fazer desde que se iniciou novo estado de emergência; segundo a Associação Nacional dos Restaurantes a crise da pandemia já terá criado 40 mil desempregados no sector; um estudo do Ministério do Trabalho indica que 66% das empresas não têm ninguém em teletrabalho; impostos, taxas e outras tributações representam 46% das contas de energia eléctrica em Portugal; de acordo com o estudo “Os Portugueses E As Redes Sociais”, da Marktest, 33.2% dos portugueses com perfil criado em redes sociais afirma já ter feito compras diretamente numa rede social; desses cerca de 75% fez a última compra através do Facebook e 20% através do Instagram.

 

ARCO DA VELHA  - O vereador da Educação da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Grilo, ameaçou dar “um par de murros nas fuças” a um vogal da Junta de Freguesia do Areeiro, Luís Moreira.

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O BARCO VERMELHO -  No grande hall de entrada do Museu Berardo está uma enorme peça de madeira, longa e curva, a face superior pintada de vermelho. É como se fosse a forma bruta, não trabalhada, do casco do barco, longilínio, negro, com o interior a vermelho, que é a peça central da exposição “Dar Corpo Ao Vazio”, de Cristina Ataíde, inaugurada esta semana naquele Museu. A terra, a água e uma evocação da presença humana passam pelas cinco salas onde se desenvolve a exposição, entre esculturas, desenhos de grandes dimensões, uma instalação, fotografias e um vídeo - as áreas onde Cristina Ataíde tem trabalhado. A côr vermelha é uma constante na sua obra, nas suas várias facetas e nos suportes utilizados, do papel à escultura. Sérgio Fazenda Rodrigues, o curador da exposição, sublinha no texto que elaborou, que a produção de Cristina Ataíde “revela uma sede de experimentação e um fascínio pela descoberta que, entre outros, se ancora no impulso da viagem, na procura por outros sistemas de pensamento e numa busca pela expressão da matéria”. Nas cinco salas onde se desenvolve a exposição viaja-se pelos pilares da obra de Cristina Ataíde, com referências cruzadas mas sempre com a afirmação da sua identidade criativa. A exposição fica patente no Museu Berardo até 14 de Março de 2021. Outras sugestões: a Galeria Módulo (calçada dos Mestres 34) apresenta 20 pinturas de Ana Mata, realizadas entre 2018 e 2020. E na Galeria das Salgadeiras (Rua da Atalaia 12), Daniela Krtsch apresenta até 30 de Janeiro novas obras de pintura sob a designação “Please be quiet, please”, uma metáfora destes tempos que atravessamos.

 

 

O DIA DA ORQUESTRA - Sérgio Godinho é um dos maiores escritores de canções da música portuguesa. Poucos autores se podem gabar de ter composto tantos temas que se tornaram famosos e que fazem parte do melhor da história da nossa música popular. Em quase 50 anos de carreira gravou 18 álbuns de originais, o último dos quais, “Nação Valente” data de 2018. Ora foi nesse mesmo ano que Sérgio Godinho realizou no Teatro S. Luiz, em Lisboa, uma série de concertos, entre 5 e 8 de Julho. Pela primeira vez na sua carreira tocou acompanhado por uma Orquestra, neste caso a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida pelo maestro Cesário Costa. O piano e os arranjos para orquestra ficaram a cargo de Filipe Raposo e no palco estavam também, como habitualmente, Os Assessores, o grupo que o vem acompanhando ao vivo - Miguel Fevereiro (guitarras eléctricas e acústicas, percussão, coros), Nuno Espírito Santo (baixo, percussão), João Cardoso (teclados, samplers, coros), Sérgio Nascimento (bateria, percussão) com direcção musical de Nuno Rafael (guitarras eléctricas e acústicas, cavaquinho, lap steel guitar, percussão, coros). Godinho, agora com 75 anos, tem mostrado uma capacidade de se rodear bem em termos musicais e este disco não é excepção. Sobre esta série de concertos, ele sublinha: “Há espectáculos de que continuamos a falar muito tempo depois, houve uma chispa. Não se apagou.” Essa chispa está bem presente nos 15 temas que o disco inclui, desde “Com Um Brilhozinho Nos Olhos”, até “A Noite Passada”, “A Deusa do Amor ou “O Primeiro Dia”, mas também canções menos conhecidas como “O Velho Samurai”. Sérgio Godinho inclui dois temas que são uma homenagem a dois contemporâneos com quem trabalhou- evoca Zeca Afonso em “Endechas a Bárbara Escrava”, um tema que Zeca compôs sobre um poema de Camões e evoca também José Mário Branco numa canção que com ele escreveu para o álbum “Nação Valente”, “Mariana Pais, 21 Anos”. Os arranjos de Filipe Raposo respeitam as canções e dão-lhes uma sonoridade diferente com um acompanhamento orquestral - e diga-se que Sérgio Godinho adapta muito bem a sua interpretação a este novo pano de fundo musical. Já disponível em CD e nas plataformas de streaming áudio.

 

NO REINO DAS MOTORIZADAS LUSITANAS - Durante algumas décadas existiu em Portugal uma indústria de fabrico de motorizadas, derivadas da formulação bicicletas com motor auxiliar - limitado a 50 cc e que era possível guiar com carta de bicicleta, na altura obrigatória para andar, mesmo a pedal, na via pública. Começaram por imitar motos estrangeiras mas cedo se desenvolveram modelos desenhados em Portugal, numas vezes com motores importados,noutros casos com motores fabricados localmente. As Casal, Zundapp, Famel ou Sachs, para citar só algumas, foram o meio de transporte que cresceu no Portugal rural e ajudou a transformar a paisagem. Sobretudo no pós guerra e até final da década de 70 cresceram os modelos, aperfeiçoou-se a qualidade e algumas fábricas sobreviveram até ao início deste século. A história da indústria portuguesa de motociclos é agora contada por Pedro Pinto, motociclista e ex piloto desportivo, num magnífico álbum intitulado “As Motos Da Nossa Vida”, editado pela Quetzal. Ali se conta desde o início do fabrico dos primeiros velocípedes com motor a petróleo, fabricados no Porto no final do século XIX. A Famel em Águeda, a Diana em Sangalhos, os motores  Alma e as correspondentes Motalli em Vila Nova de Gaia, a Casal que tinha uma oficina de montagem na Avenida da República, em Lisboa e mais tarde uma fábrica em Aveiro,a EFS também em Aveiro, a Famel em Águeda, a Macal também em Águeda, a Pachancho em Braga, a Sachs em Anadia, a Vilar no Porto. O livro é profusamente ilustrado com imagens dos modelos de cada marca, das instalações fabris e até das numerosas provas desportivas que se realizam por todo o país com motorizadas cá produzidas. “As Motos da Nossa Vida” revisita as pequenas e grandes fábricas que, um pouco por todo o país, inventaram e desenharam modelos, criando riqueza e emprego, exportando milhares de exemplares e transformando o dia a dia do transporte de tanta gente. O álbum, de capa dura, tem cerca de 200 páginas e é um memorial precioso do que foi uma época do motociclismo nacional, antes dos sucessos agora obtidos por pilotos como Miguel Oliveira.



GULOSEIMAS DE ÉPOCA  - O português, já se sabe, é uma língua muito traiçoeira. Há palavras que só se devem usar no singular. Por exemplo é sempre mais elegante dizer tomate do que tomates, assim como é menos dúbio dizer que se gosta de marmelo do que de marmelos. Adiante na brejeirice… Vem isto a propósito de eu gostar de fruta da época e o marmelo ser uma delícia de outono. Nesta altura gosto dele cozido ou, ainda melhor, assado, levemente tostado, sempre com pouco açúcar e bastante canela. Para consumo posterior o petisco mais imediato é geleia de marmelo com nozes, uma verdadeira delícia. E, depois, para consumo faseado ao longo do ano, a verdadeira e genuína marmelada é sempre apreciada. Em matéria de geleia e marmelada, além de umas artesanais que algumas pessoas me oferecem, a minha preferência vai para as que são confeccionadas pela Cister, na Rua da Escola Politécnica. A receita mais afamada é a do Convento de Odivelas. No Porto a Casa Ramos vende uma marmelada muito elogiada produzida em Cinfães sob a marca Memórias. Em matéria de sobremesa de marmelo cozido ou assado o Salsa & Coentros e o Apuradinho, em Lisboa, são incontornáveis. 



DIXIT - “Coexistirão dois países entre 27 e 29 de Novembro: o do PC e o nosso” - João Gonçalves.

 

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publicado às 11:14

O que mudou na televisão portuguesa?

por falcao, em 21.11.20

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A mudança mais significativa acontecida no último ano foi a diminuição do número de espectadores dos canais generalistas de sinal aberto (RTP1, RTP2, SIC e TVI). Actualmente cerca de metade do total dos espectadores de televisão preferem canais de cabo e serviços de streaming. Netflix, HBO, Disney e Amazon são os principais players – e já captam o interesse de cerca de 15% do total de espectadores, tendo estado a crescer ao longo de 2020. Ao fim de semana a sua relevância é ainda maior, chegando a andar perto dos 20%. Por isso, nos fins de semana, cada vez com maior frequência, a soma do share de audiência do conjunto de canais de cabo e de streaming ultrapassa os 50%. No entanto é preciso ter em conta que metade da audiência global concentrada nas mão da SIC, TVI e RTP1 é significativo e, do ponto de vista da importância comercial da publicidade, a televisão generalista garante uma cobertura que mais nenhum meio consegue igualar.

Se olharmos para o panorama nacional registamos ao longo do ano uma aproximação da TVI à SIC, que agora tem estado à distancia de dois pontos percentuais quando em Janeiro se situava nos seis pontos percentuais de diferença. A SIC continua a liderar, a TVI vai subindo e a RTP1 mantém alguma estabilidade. Os conteúdos mais consumidos pelos espectadores nos canais generalistas são transmissões de futebol, novelas, informação e reality shows. No cabo os líderes são a CMTV, seguido da Globo e da SIC Notícias. Nos canais de séries a FOX afirma-se claramente como líder.

Outra realidade que é preciso ter em conta, com a proliferação de ecrãs móveis e smart TV’s, é evidenciada por um recente estudo da Marktest, o Bareme Internet 2020: um milhão e 672 mil  portugueses costumam ver Televisão online, ou seja 19.5% dos residentes no Continente com 15 e mais anos e 25.8% dos internautas nacionais nesta faixa etária. Os homens a revelar uma taxa de consumo de TV online bastante superior à das mulheres, de 25% e 14.6% respetivamente A classe social revela igualmente comportamentos muito diferenciados, com os valores a baixar gradualmente de 35.2% junto das classes mais altas para 6.3% junto das mais baixas. O estudo da Marktest indica também que entre as idades encontramos igualmente diferenças importantes, com os mais jovens a registar um valor quase dez vezes superior ao dos mais velhos. 32% dos portugueses com menos de 35 anos tem o hábito de ver Tv online, face aos 3.2% dos indivíduos com mais de 64 anos que também o faz.

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publicado às 11:48

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UM RIO DE LAMA - Pode acontecer que um partido político decida mudar de estratégia no seguimento de um Congresso. O vencedor muitas vezes surge em oposição ao poder interno anterior ou então como a tábua de salvação num momento de falta de alternativa. Rui Rio venceu o PSD em oposição a Santana Lopes, mas fugiu sempre de explicitar estratégia e táctica política. Ficou sempre indefinido,  preferiu navegar ao sabor do vento. E em vez de uma oposição frontal a António Costa, ao PS e à geringonça, como Santana prometia, Rio decidiu-se por uma coexistência pacífica. Supõe-se que na sua mente estava poder ser a charneira que ressuscitasse um bloco central. Só que a vida não lhe correu de feição - e Costa, que é um político mais hábil de olhos fechados que Rio de olhos bem abertos debaixo de um duche frio, acabou por o acantonar. A isto juntou-se a deriva de um PP órfão de liderança,  que também pouco mais faz que tirar água do porão para não se afundar, e uma divisão do eleitorado urbano não centrista para a Iniciativa Liberal. E, para cúmulo, à direita de PSD e PP começou a crescer uma nova força política, populista, ideologicamente carregada, claramente em ruptura com o sistema, com um líder carismático - André Ventura. Rio foi o encenador do crescimento do Chega e agora, acossado, está disposto a tudo. O que Rui Rio está  a fazer é um exercício de sobrevivência de poder interno no PSD, sem mandato nem coerência, sem estratégia à vista que não seja tentar manter alguma relevância junto dos desesperados do aparelho pela falta de poder. De tudo isto vai sair um PSD mais fraco, uma direita menos credível e muito provavelmente umas eleições dadas de bandeja, de novo, ao PS. A única incógnita é saber o que Marcelo fará depois de ser reeleito: ou tolera Rio ou dá sinais de que o dispensa. Essa vai ser a parte interessante de seguir, ainda durante os ensaios das autárquicas, aposto. 

 

SEMANADA - Relativamente à pandemia, no início da semana, seis em cada dez municípios do país estavam em situação grave; 27 concelhos têm mais de 100 casos por 100 mil habitantes; os concelhos considerados de risco geram 90% da riqueza do país; no fim de semana passado foram detectadas pela GNR três festas no Algarve em que participavam 310 pessoas; o programa de apoio a pessoas carenciadas, financiado por fundos europeus, teve uma execução de apenas 32%; em 2018, segundo o Eurostat,  21,6% da população portuguesa vivia em risco de pobreza ou exclusão social; a pandemia provocou uma queda de 980 milhões de euros de receitas nos hotéis portugueses durante o verão; o investimento dos vistos gold caíu 52% em outubro; um inquérito da CIP aos seus associados  revela que 21%  das empresas admitem ter que reduzir os seus quadros de pessoal devido à situação provocada pela pandemia; no mês de setembro o recurso ao crédito pessoal, linhas a descoberto e aos cartões de crédito aumentou 16% relativamente ao mês anterior; no espaço de um ano encerraram 187 agências bancárias e saíram 1016 trabalhadores da banca; foram apresentadas na Assembleia da República 1542 propostas de alteração ao Orçamento de Estado, um novo recorde; segundo a Marktest 32% dos portugueses com menos de 35 anos tem o hábito de ver Tv online, face aos 3.2% dos indivíduos com mais de 64 anos que também o faz.

 

SINAIS DOS TEMPOS - Por causa da pandemia o negócio da venda de presuntos,salpicões e chouriças de Trás-os-Montes saltou das bancas das feiras para o online.

 

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PAPEL FOTOGRÁFICO - Luís Pavão, conhecido pelas suas fotografias de Lisboa (sobretudo nos anos 80) e pelo seu trabalho na área da preservação da fotografia,  expõe uma série de trabalhos inéditos feitos com a técnica de sensibilização directa do papel fotográfico, sem intermediação de uma câmara. O título da exposição veio do papel usado - Record Rapid (na imagem). No caso foi uma antiga caixa de papel Agfa Record Rapid, um clássico entre os papéis fotográficos para impressão a preto e branco. Os fotogramas recuperam a técnica utilizada por William Fox Talbot nos seus “photogenic drawings” na primeira metade do século XIX.  Aqui o que conta é a capacidade de trabalhar a luz e a sombra, por vezes colocando objectos sobre o papel no momento da sensibilização. Luís Pavão apresenta nesta “Record Rapid” a sua interpretação da fotografia enquanto possibilidade de desenho, substituindo o lápis pela luz e por objectos do quotidiano. Luís Pavão exerce a sua atividade na área de fotografia, além de ter realizado livros e exposições em torno da fotografia documental, é especializado em conservação e digitalização de coleções de fotografia e desde 1991 é conservador das coleções de fotografia do Arquivo Municipal de Lisboa. A exposição abriu n’A Pequena Galeria (Avenida 24 de Julho 4C) e estará patente até 19 de Dezembro e, depois, de 13 de Janeiro a 13 de Fevereiro. Continuando na fotografia, mas a norte, destaque para a exposição que assinala os 50 anos de carreira de Alfredo Cunha e que estará patente até Maio do próximo ano no Centro Português de Fotografia, alojado no edifício da Cadeia da Relação, Largo Amor de Perdição, Porto. Alfredo Cunha é um dos mais importantes fotojornalistas portugueses e ao longo do último meio século trabalhou para jornais portugueses e estrangeiros e também para agências noticiosas.

 

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MÚSICA ALBANESA - Apesar da voz grave e cheia, o canto é suave, envolvente. Elina Duni nasceu em Tirana, na Albânia, no início da década de 80 e estudou música na Suíça, para onde foi residir na década de 90. Foi a partir do estudo do piano que descobriu o jazz - género que mais tarde se veio a tornar o seu principal foco de estudo, centrado no canto e composição, no Conservatório de Berna. Foi ainda enquanto estudava que criou o seu quinteto e que procurou uma fusão entre as suas raízes musicais - temas do folclore balcânico - e o jazz. Com o andar dos tempos o quinteto transformou-se em quarteto, com Elina Duni na voz, Rob Luft na guitarra (um elemento marcante da formação), Fred Thomas no piano e bateria e Matthieu Michel nos instrumentos de sopro. A maior parte dos 12 temas deste novo disco, “Lost Ships” são de Elina Duni e de Rob Luft que desde 2017 trabalham em conjunto. Mais tarde juntou-se Fred Thomas, cuja contribuição neste disco é muito sensível e por fim o flugelhorn de Matthieu contribui também para a sonoridade de todo o álbum. No disco coexistem temas de inspiração na música tradicional da Albânia, mas também versões de temas popularizados por Sinatra (“I’m A Fool To Want You”) ou Aznavour (“Hier Encore”). Permito-me destacar a cumplicidade entre a guitarra e a voz num disco inesperado. Edição ECM, disponível no Spotify.

 

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HISTÓRIAS DE SEMPRE - No século XIX os irmãos Grimm dedicaram-se ao registo de fábulas infantis e a recolha que efectuaram tornou-se fonte de algumas das histórias infantis mais apreciadas, ainda hoje permanentemente contadas. Do trabalho que desenvolveram saíu a colectânea “Os Contos de Grimm”, cuja primeira edição, em 1812, tinha dois volumes e incluía duas centenas de contos, incluindo clássicos como  “O Rei Sapo”,  “Capuchinho Vermelho”, “Rapunzel”, “Cinderela”, “A Bela Adormecida”, “Hansel e Gretel” ou “Branca de Neve”. Philip Pullman, um escritor britânico que ganhou fama com a trilogia “Mundos Paralelos”, decidiu pegar nas recolhas dos Grimm, escolheu meia centena dos contos mais conhecidos e deu-lhes nova forma, chamando-lhes “Contos de Grimm Para Todas as Idades”, agora editado pela Bertrand. A obra, considerada como “Livro de Ficção do Ano” pelo Sunday Times, inclui em cada conto os comentários de Pullman sobre as versões originais, fazendo o enquadramento na época da primeira edição e a forma como as histórias chegaram ao conhecimento dos irmãos Grimm.

 

O REGRESSO DO CLARETE - Durante os últimos anos, à sombra do ressurgimento de bons brancos e do nascimento de bons rosés nacionais, o clarete infelizmente perdeu espaço e, quase existência. E isto apesar de ser um vinho tradicional, nascido há séculos pelas mãos de monges cistercienses, que assim procuravam um equilíbrio entre uma pequena percentagem dos tintos e os brancos mais nobres, fazendo um vinho rico em aromas e com tons abertos. Mas as coisas estão a mudar e há pouco tempo tive ocasião de provar um clarete surpreendente - um Vineadouro Clarete 2019, feito pelo saber do enólogo Virgílio Loureiro que em boa hora convenceu Teresa e Carlos Lacerda, os proprietários da Quinta de Vineadouro, a arriscarem produzir um clarete - por sinal o primeiro clarete a obter a certificação DOC do Douro. Localizada no Douro Superior, freguesia de Numão, concelho de Vila Nova de Foz Côa, com o rio por perto, a quinta de Vineadouro tem uma mistura de 22 castas tradicionais, bem preservadas, algumas cuja plantação data de há 100 e há 50 anos a uma altitude de 450 metros. É um vinho com mais sabor que cheiro, feito a partir das castas Rabigato, Bastardo, Rufete, Casculho, Marufo e Síria. Aromático, este é um vinho ideal para petiscar, por exemplo ao lado de um queijo de meia cura  e de bom presunto da região. Tive também ocasião de experimentar dos mesmos produtores um branco com a casta histórica do Douro, o Rabigato. É um monocasta, com o sabor intenso daquelas uvas, corpo médio, aromático, fresco. Muito bom, com personalidade vincada. Outro branco notável é o Vineadouro Vinhas Antigas, uma vinha plantada em socalcos há mais de um século, com, entre outras castas, Malvasia Fina, Trincadeira Branca, Gouveio e Carrega Branco. Aromático, sabor intenso, acidez marcante, fantástico para preparar o palato a acompanhar frutos secos torrados. Por último há um tinto - o Vineadouro Reserva de 2017, com Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz, corpo e sabor marcantes com madeira de carvalho perceptível mas não dominante. A produção da Quinta ronda as  3000 garrafas e em Lisboa pode encontrar os seus vinhos na garrafeira Néctar das Avenidas, na Avenida Luis Bivar - ou então ir ao site vineadouro.com e fazer a encomenda aos produtores.

 

DIXIT - “Considero necessária a realização de um Congresso extraordinário do PSD para definição, bem antes das eleições autárquicas e legislativas, da política de coligações e entendimentos (do partido) “ - Jorge Moreira da Silva.

 

BACK TO BASICS - “O maior problema não é a falta de dinheiro, é a falta de ideias” - Ken Hakuta, inventor.



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CONTRADIÇÕES & DESCUIDOS- No passado dia 10 de Abril António Costa afirmou: “seguramente vai surgir uma segunda vaga Covid no Outono/Inverno”; no dia 15 de Maio a Organização Mundial de Saúde alertou: “Europa pode enfrentar uma segunda vaga letal de Covid-19 a partir do Outono”; no dia 10 de Julho o grupo de peritos que trabalha com a Direcção Geral de Saúde avisou para uma situação de alto risco no Outono; no dia 9 de Novembro António Costa afirmou: ”Ninguém estava à espera que a segunda vaga chegasse tão cedo”. Isto não é ficção nem fake news, encontra-se facilmente quando se faz uma busca no google. A pandemia é um gravíssimo problema de saúde pública, a má comunicação em torno da situação tem complicado as coisas, dificultando o seu combate. O pior começou com a euforia de Junho quando as mais altas figuras do Estado deram o exemplo de participar em espectáculos, quando dirigentes partidários promoveram eventos para multidões, quando o Governo autorizou público numeroso em muitas ocasiões. Os comportamentos contraditórios com as precauções exigidas pela situação motivaram o desleixo. Tiago Correia, investigador na área da saúde defende que o governo “ficou deslumbrado” e preparou mal a segunda vaga. José Manuel Mendes, coordenador do Observatório de Risco, recorda que “na primavera confinámos e no verão fomos mandados de forma eufórica para a praia”. Nas últimas duas semanas morreram em média 43 pessoas por dia, o registo mais alto desde o início da pandemia. Em 20 dias duplicou o número dos internados por Covid nos hospitais do SNS. Têm razão aqueles que afirmam que o Governo baixou os braços no Verão, não previu mecanismos para prevenir a esperada segunda vaga, tomou demasiado tarde a decisão de obrigatoriedade de máscaras, demorou tempo a implementar testes rápidos e quando tudo se agravou de repente andou a correr atrás do prejuízo. Portugal é um dos países europeus em que a população tem maior ileteracia em matérias relacionadas com a saúde. Sabendo tudo isto os responsáveis deviam olhar para a frente, procurar prevenir em vez de remediar. Mas Costa, que finalmente agiu esta semana, mostrou mais uma vez que quando descontrai facilita e falha e acaba por decidir sob pressão - o que causa quase sempre excessos que, se houvesse uma estratégia em vez de um improviso, talvez pudessem ter sido evitados.

 

SEMANADA - Apesar da crise na aviação os cursos para piloto mantêm uma alta procura em Portugal, embora o seu custo oscile entre os 60 e os 115 mil euros; a venda de computadores portáteis aumentou 29% no terceiro trimestre do ano, reflexo do aumento do teletrabalho; as principais empresas de vendas pela internet em Portugal estimam que poderão ter até final do ano um crescimento de 30 a 50% de encomendas; um estudo recente aponta para que o valor de ouro, prata, paládio, platina e cobre existente nos 12,2 milhões de telemóveis que já não são usados e não foram reciclados existentes em Portugal atinge o total de 31 milhões de euros;  no setor da restauração e bebidas, 41% das empresas admitem avançar para a insolvência; a organização Refood está a receber menos donativos de comida devido à situação dos restaurantes e similares e tem praticamente o dobro dos beneficiários que procuram ajuda alimentar; nos últimos seis anos mais de 100 mulheres foram mortas, vítimas de violência doméstica; existem indícios de que o Presidente do Instituto do Desporto terá tentado bloquear a investigação a uma claque do Benfica; a diferença salarial entre homens e mulheres representa 52 dias de trabalho pago; um antigo subchefe dos Bombeiros Voluntários de Alfândega da Fé está a ser julgado sob a acusação de ter ateado 18 incêndios florestais em 2019; a Direção-Geral da Saúde não divulga o número de casos de Covid por concelho desde 26 de outubro, nem mesmo para os 121 concelhos abrangidos por medidas mais restritivas.  

 

ARCO DA VELHA - Um homem de 82 anos arrastou a sua mulher, de 79 anos, para o posto da GNR para a acusar de infidelidade e veio-se a descobrir que ela era vítima de violência doméstica há décadas sempre sob o pretexto de ciúmes.

 

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ARTE POPULAR -  Em semana de inaugurações, em que vejo as novidades na internet no site das galerias, destaco a nova exposição de Mário Belém na Underdogs - “That Moment Between Birth And Death”. O artista trabalha sobre uma base de madeira, obras frequentemente a meio caminho entre a pintura e a escultura, criando uma linguagem visual próxima da cultura popular mas com uma forte componente de reflexão sobre a condição humana nesta época. Esta exposição (na imagem) inclui trabalhos que radicam na observação da realidade vivida este ano e nos efeitos que tem na vida de todos nós. Belém cita uma frase de Mário de Sá-Carneiro como introdução ao seu trabaalho - “Ah! se eu fosse quem sou… Que triunfo!”. Numa outra área da galeria, o espaço Underdogs Capsule, apresenta-se o trabalho de duas artistas convidadas por Mário Belém - Ana+Betânia, que mostram “Wild Fire”. Ana Cruz e Maria de Betânia são duas ceramistas radicadas nas Caldas da Rainha e o seu trabalho é influenciado pela cerâmica popular portuguesa. As exposições ficam até 19 de Dezembro na Underdogs, de segunda a sexta, das 14 às 19h00, na Rua Fernando Palha, Armazém 56, em Marvila. 

 

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O PIANO - Dave Brubeck tinha 90 anos quando gravou este “Lullabies”, dedicado aos seus netos, muito baseado em temas clássicos e em canções populares junto de crianças. Reeditado agora, este não é um disco de easy-listening, é uma demonstração da capacidade de interpretação de um dos grandes pianistas de jazz, autor de numerosos temas que ficaram para a história da música como “In Your Own Sweet Way” ou “The Duke” ou intérprete de versões de temas como “Take Five” ou “Blue Rondo A La Turk”, ambos originais de Desmond, que com ele manteve uma longa colaboração. Estes grandes êxitos de Brubeck não fazem parte destas “Lullabies”, que percorrem um outro território, apenas com piano. Ao gravar o disco Brubeck recordou que o seu amor pela música e pelo piano veio da sua mãe, que frequentemente tocava para ele desde bebé. O disco começa com uma versão da famosa “lullaby” de Brahms e inclui tradicionais como “When It’s Sleepy Time Down South”, de clássicos como “Over The Rainbow” ou “Summertime”, a inspiração oriental de “Koto Song” e um “Briar Bush” arrebatador. Os fãs de Brubeck têm também um outro recente lançamento, a compilação “Brubeck Standard Time”, que inclui sete dos seus temas mais conhecidos, vários deles gravados ao vivo. Ambos estão disponíveis no Spotify.

 

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PORTO NO TOPO - “The Forecast” é uma publicação anual da revista “Monocle” que chega sempre às bancas nesta altura e se destina a perspectivar o novo ano que se avizinha. Economia, turismo, segurança, urbanismo, e, inevitavelmente, pandemia são alguns dos temas de uma edição que aponta também as melhores cidades para acolher startups e o tipo de arte em que pode valer a pena investir. No seu editorial Tyler Brulé, o fundador da “Monocle” apela à responsabilidade dos mídia nestes tempos em que vivemos, ao apoio dos estados aos serviços públicos de comunicação e informação e à necessidade de reforçar a imprensa livre que promova debates e a mobilização cívica das comunidades a que está ligada. 2020, afirma, foi o ano em que se perceberam mais claramente o tipo de problemas que surgem com o tipo de informação que se apresenta gratuita, como a que surge nas redes sociais, e que mostra visões deformadas e não escrutinadas da verdade - um preço terrível a pagar. “Os responsáveis por esses negócios que se disfarçam como informação devem ser responsabilizados pelos efeitos que as redes sociais geram”, afirma Brulé, que conclui assim:  “Muitas coisas boas acontecem com a digitalização mas não devemos ter receio de denunciar outras que nos são apresentadas como progresso e que no fundo provocam retrocessos na economia, nas pessoas e nas sociedades”. A terminar uma boa notícia: no artigo sobre as melhores pequenas cidades o Porto surge em primeiro lugar da lista.

 

RECEITAS DO CONFINAMENTO - Hoje proponho uma maneira diferente de preparar lombos de salmão. Coloque o forno a aquecer a 200 graus e num recipiente adequado disponha os lombos de salmão com a pele para baixo e tempere-os com azeite de boa qualidade (meia colher de sopa por lombo), sal a gosto e pimenta preta moída na altura. Reserve. A novidade vem no molho que vamos usar para dar um toque especial ao salmão. Numa pequena tigela dissolva uma colher de chá de açafrão moído de boa qualidade em duas colheres de sopa de água morna e mexa bem até o líquido ficar homogéneo com a cor alaranjada. Esprema para o mesmo recipiente o sumo de limão e meio e mexa bem de novo. Deite todo o conteúdo da tigela por cima das postas de salmão e depois disso vire-as, para a pele ficar para cima. Reserve durante quinze minutos enquanto começa a preparar o arroz. Volte a virar os lombos colocando de novo a pele para baixo e coloque no forno durante cerca de 15 minutos. Entretanto comece o arroz, de preferência um basmati de boa qualidade. Meça uma chávena de arroz, lave-o bem em água corrente até ela sair transparente e deixe-o escorrer. Coloque-o numa panela, deite duas colheres de bom azeite, sal a gosto e duas chávenas de água à temperatura ambiente. Mexa bem e espere que comece a ferver. Nessa altura reduza o calor e  misture uma quantidade generosa de endro picado, umas duas ou três colheres de sopa. Vá mexendo de vez em quando até a maior parte da água se ter evaporado, o que deve demorar uns cinco minutos. Só então o tapa da forma mais hermética possível e deixa-o em lume brando uns dez minutos, sempre coberto. Ao fim desse tempo tire-o do lume, mexa bem com um garfo para separar os bagos de arroz, volte a tapá-lo e espere cinco minutos. Ajuste a entrada do salmão no forno ao tempo do arroz para que tudo fique pronto na mesma altura - o salmão deve ficar opaco em cima e levemente rosado no interior. Divida o arroz pelos pratos e coloque os lombos dos salmão por cima, regando com o molho que tenha sobrado. Sirva com um quarto de limão a guarnecer o prato. Bom apetite.

 

DIXIT - “O espaço do centro direita e da direita portuguesa não é o do extremismo, seja esse extremismo convicto ou oportunista” - do texto do manifesto “a clareza que defendemos”.

 

BACK TO BASICS - “Não são aqueles que criaram os problemas que os poderão resolver” - Albert Einstein

 




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UMA SEMANA TRAMADA

por falcao, em 06.11.20

 

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O ESTADO DA NAÇÃO - Uma das coisas que na situação actual mais cria desconfiança nas pessoas é a forma de encarar o combate à pandemia num zigue-zague permanente que o Governo desenvolveu nos últimos meses. Houve claramente tratamentos diferenciados entre o que foi permitido e o que foi proibido e nem sempre se percebeu o porquê das decisões num caso e noutro - a Fórmula Um foi o caso recente mais flagrante. O perigo de uma segunda vaga, mais forte e perigosa, era conhecido há muito, ninguém pode dizer que foi uma surpresa. Mas a verdade é que as hesitações e contradições dos últimos meses complicaram passar a mensagem da prudência. O combate à pandemia passa também pelo exemplo, pela comunicação, pela transparência nas decisões, pela capacidade de mostrar uma estratégia. O que acontece é que o Governo andou a correr atrás do prejuízo, tem sido mais reactivo que preventivo. Se há uma estratégia e uma linha clara, por mais polémica que seja (estou a lembrar-me da Suécia…) então aposte-se tudo no que fôr decidido. Mas correr apenas ao sabor do vento não é uma boa solução. Compreendo que há cansaço, em primeiro lugar dos que estão mais directamente envolvidos na coordenação desta luta, mas não pode acontecer que se fique a dormir na forma como aconteceu na maior parte dos últimos meses. Ninguém sabe a cura, mas já muita gente sabe o que não deve acontecer. E houve claramente tolerância a mais - o que gera maus exemplos e agrava todos os problemas. O que estamos agora a passar tem a ver com isso mesmo. Uma semana tramada.

 

SEMANADA - 43% do sector da restauração equaciona insolvência; a transmissão televisiva de touradas em canais de sinal aberto será proibida a partir de 2022; este ano, devido à pandemia, realizaram-se 48 corridas de touros, menos 159 que em 2019;  um rapaz de 16 anos tinha em casa, em Albufeira, duas jibóias, uma pitão e uma tarântula; o número de trabalhadores demitidos em processos de despedimento colectivo entre janeiro e setembro já é de cerca de 5400 e é o mais elevado desde 2014, o último ano da troika em Portugal; a taxa de desemprego, que no segundo trimestre deste ano estava em 5,6%, subiu para 7,8% no período entre julho e setembro; em Portugal o tempo médio gasto por uma empresa para cumprir as obrigações fiscais é de 243 horas, enquanto que na Irlanda é de 82 horas; analisado o processo de pagamento de impostos Portugal é o sexto pior país entre os 141 estudados em relatórios do Fórum Económico Mundial e Banco Mundial;  ao nível da burocracia regulamentar ocupamos o 96º lugar e a 113ª quanto ao funcionamento da justiça; segundo dados do Ministério Público os inquéritos abertos por crimes de corrupção mostram um aumento de 100% entre 2014 e 2018; mais de 600 mil condutores foram detectados em excesso de velocidade desde o início do ano e, apesar da pandemia e da diminuição da circulação, o número de multas aumentou 25%; entre Março e Maio deste ano foram administradas menos 77.300 vacinas, uma queda de 13% face ao período homólogo do ano anterior. 

 

ARCO DA VELHA - Sete condenados do processo “Face Oculta” escapam à cadeia há 9 anos com a apresentação de novos recursos e apenas três outros estão detidos.

 

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A ARTE DO AZULEJO - Desde 1987 a Galeria Ratton dedica-se a fazer do azulejo o suporte para o trabalho de numerosos artistas que vai convidando. Faz peças de arte pública e painéis e azulejos individuais. Agora, em colaboração com a embaixada de Itália, e a propósito de um livro de Antonio Tabucchi, “Requiem”, a Ratton convidou Marta Wengorovius e Pedro Proença para criarem as peças que compõem a exposição “Entre O Sol E A Lua, Uma Alucinação”. A ideia da embaixada de Itália foi homenagear as vítimas da pandemia e ao mesmo tempo manter a sua ligação ao azulejo português que está presente no edifício da embaixada, no pátio e escadaria do Palácio dos Condes de Pombeiro. Assim nasceu o convite a Marta Wengorovius e Pedro Proença para que revisitassem os azulejos do Palácio e criassem um diálogo entre os azulejos e o imaginário presente no único livro escrito em português por António Tabucchi, “Requiem”. Foi assim que os dois artistas se envolveram num processo de criação assente na inspiração recíproca entre pintura e literatura que caracterizou também a obra de Tabucchi. Até 31 de Dezembro, Rua da Academia das Ciências 2C. Outras sugestões: na Galeria Cisterna (Rua António Maria Cardoso 27), Sara Maia mostra uma série de pinturas e desenhos a que chamou “Contadora de Histórias”. E, na nova galeria Sokyo Lisboa (Rua de S. Bento 440), pode ver a primeira exposição em Portugal da ceramista japonesa Mishima Kimiyo.

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O NASCIMENTO DE UMA LENDA - A canadiana Joni Mitchell tinha 20 anos quando gravou as primeiras canções que aparecem num novo conjunto de cinco CD’s, que recuperam gravações antigas, feitas antes ainda de ela ter feito o seu primeiro LP, “Songs To A Seagull” em 1968. Esta caixa é o primeiro volume dos seus arquivos sonoros - The Early Years (1963–1967). Na época das primeiras gravações aqui incluídas ela ainda usava o seu nome verdadeiro, Roberta Joan Anderson e acompanhava-se com um ukulele - a guitarra veio mais tarde. Foi um DJ de rádio de então, Barry Bowman, que no verão de 1963 a convenceu a gravar no estúdio da sua emissora, nove temas folk em duas sessões, e foi um dos amigos desse tempo, Danny Evanishen, que lhe sugeriu aprender guitarra. A primeira faixa do primeiro disco ( e a colectânea está organizada por estrita ordem cronológica de gravação), é o clássico “The House Of The Rising Sun”. As gravações desta sessão só reapareceram em 2015 e, mais tarde, outro material dos anos seguintes descoberto em vários locais. Neil Young, outro canadiano, que também se tem dedicado a recuperar o seu arquivo, ajudou Mitchell neste processo. E foi assim que ao longo de quase um ano se recuperou e remasterizou todo o material que agora aparece nos cinco CD’s. Ao todo são 119 temas, gravados em bares, sem sessões improvisadas, em programas de rádio, em concertos, um pouco por todo o lado. Desde as primeiras gravações, de 1963, até às de 1967 que encerram este primeiro volume dos arquivos, nota-se a evolução de uma criadora - na maneira como usa a voz (mas que está lá desde o início), na forma como imagina a música e a toca e sobretudo como evoluíu de tradicionais folk para as suas próprias composições, introspectivas que vão reflectindo o seu pensamento. Em cinco anos desapareceu Roberta Joan Anderson e nasceu Joni Mitchell. É essa transformação que este primeiro volume dos seus arquivos sonoros mostra. Disponível no Spotify.

 

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ESCRITA GONZO - Histórias urbanas ou ficções publicitárias? Um pouco de ambas. É esta a receita de “Azulejos Pretos”, o novo livro de Pedro Bidarra. O título vem do local central da acção que marca a narrativa - uma casa de banho inteiramente forrada a azulejos negros, toda ela preta, por onde desfilam personagens, se criam casos e se devoram vícios. No fundo, a metáfora da decadência destes tempos onde o mundo se organiza em torno de uma retrete. Mais do que uma crónica sobre noites marginais e personagens em busca de excitações casuais, “Azulejos Pretos” é o retrato do desencanto perante a sucessão de estereótipos que proliferam à nossa volta. A personagem central é o mestre de cerimónias que vê desfilar os actores secundários no palco do WC enquanto tece considerações sobre a sua vida e a dos outros. Há um pouco de evocação do género de escrita que Hunter S. Thompson popularizou como “Gonzo Writing”, onde o autor se confunde com o protagonista. Nas notas de apresentação do livro ele é assim descrito: “ Sendo o romance de um convulso anti-herói, Azulejos Pretos é um fresco cínico, satírico, ácido, mas também escondidamente enternecido das últimas quatro décadas da nossa vida, contadas e rememoradas numa só noite, numa casa de banho de azulejos pretos.”. Duas citações marcam o livro: “Se não fores pássaro, tem cuidado para não acampares à beira de um abismo”, de Nietzsche; a outra é um excerto de “Once In A Lifetime”, uma canção dos Talking Heads, do álbum “Remain In Light”. Como David Byrne cantava, “Well, How Did I Get Here?” - essa é a pergunta que baliza o protagonista da narrativa. Edição Guerra & Paz.

 

VOLTAR À PROVA - Gosto de voltar a restaurantes que não frequento muito mas que me impressionaram numa visita anterior. Umas vezes tenho desilusões, noutras alegrias. E foi com muito contentamento que saí do restaurante A Prova, em Belém, num regresso realizado há poucos dias. O restaurante é pequeno, meia dúzia de mesas e no espaço coexiste uma garrafeira bem escolhida, com preços sensatos, e uma mercearia com bons produtos de várias regiões - queijos, enchidos, conservas e compotas por exemplo.  A casa está nas mãos de um casal, José e Paula - ela na cozinha, ele na sala. Ali vai-se petiscar e Paula gosta de ir propondo coisas novas que vai aperfeiçoando. Desta vez a grande novidade foi um leitão da Bairrada desfiado em crocante de massa filo. Pela mesa circularam também para os quatro comensais batata doce recheada e bolinhas de alheira com geleia de fruta, que também se portaram bem. Ainda melhor se portaram umas vieiras, cozinhadas na chapa, no ponto exacto, muito bem temperadas, a fazer realçar o sabor a mar. No final um requeijão com doce de abóbora rematou uma refeição que foi acompanhada por um tinto do Douro, o Passagem reserva, por um branco da Bairrada, o Bone de Pedro Martim, e um Soalheiro Rosé. Para prova futura ficam os cogumelos selvagens em molho de mostarda e limão e a sanduíche de bolo lêvedo com queijo da ilha e calda de figo. Para quem quiser outros petiscos há preguinhos no pão e tábuas de queijos e enchidos. O Prova tem um serviço de take away com diversas quiches, bacalhau com alheira de caça ou com broa e espinafres e um lombinho de porco wellington, entre outras possibilidades. As entregas são feitas no dia a seguir à encomenda pelos telefones 215819080 ou 966046218 e O Prova fica na Rua Duarte Pacheco Pereira 9E, no Restelo, próximo do célebre café Careca.

 

DIXIT - “A situação é grave e as medidas restritivas são indispensáveis, mas sem liderança e sem mensagem tardarão a produzir efeitos. O Governo esgotou-se” - Paulo Rangel

 

BACK TO BASICS - “O Governo nunca deve ser deixado nas mão de quem cometa acções irresponsáveis” - George Washington

 




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