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O grande problema do Primeiro Ministro é que as suas palavras coincidem muito pouco com as acções. Ele promete uma coisa e faz outra, estabelece uns objectivos e alcança resultados bem diferentes e estes três anos são prova disso. Daí não viria mal ao mundo se ele aceitasse a realidade e não quisesse convencer toda a gente que se vive no melhor dos mundos.
Peguemos nas reformas: a da saúde está adoentada e não se sabe ainda o diagnóstico, a educação começa a ser duvidosa, a da diminuição da administração pública já se percebeu que apenas existe de forma muito marginal, a da justiça é por enquanto apenas um novo mapa judiciário. O Governo até pode ter vontade reformista, mas na realidade não tem conseguido concretizar reformas e obter resultados em questões como a criação de emprego.
Já repararam no que os cidadãos têm dado? - pagam mais impostos, têm diminuições nos sistemas sociais que existiam, vêem o poder de compra a baixar, sentem que Portugal se atrasa em relação à maioria dos outros países europeus. E, em troca que recebem?
Quando vão corridos três quartos do mandato deste Governo, a contabilidade do deve e haver não é favorável aos cidadãos. E isto passa-se, note-se, numa situação em que o eleitorado deu a um partido uma maioria absoluta, baseado em promessas e num programa eleitoral que tem sido cumprido de forma muito diminuta. A maioria absoluta foi pedida- e ganha – em nome da capacidade de fazer obra. A realidade é que a obra feita é insuficiente para o que foi prometido.
Mas enquanto o cumprimento das promessas eleitorais é insuficiente, o aumento do poder do Estado sobre os cidadãos é grande, as atitudes autoritárias tornaram-se mais frequentes, a forma como o fisco abusa dos seus poderes generalizou-se, e o Estado dá sinas de se querer começar a intrometer em questões do foro privado.
O quadro geral mostra que a maioria absoluta não resolveu os problemas, mas serviu para evitar debates e para fugir a preparar medidas de forma mais cuidada. O grande problema de José Sócrates é que tem um estilo autoritário, em vez de conseguir ganhar autoridade pelo acerto das posições que toma. Por isso, mais vale que a maioria absoluta não se repita. Esse é o único balanço que consigo fazer dos três anos deste Governo.
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