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(Publicado no diário Meia Hora de 21 de Maio)
Palavra de honra que a culpa não é minha: depois do que aqui escrevi na semana passada, não contava voltar a falar de novo da ASAE e do seu inexcedível Sr. Nunes. Mas a realidade é que as notícias de vilezas praticadas pela ASAE aparecem a toda a hora e, depois, já se vê, o assunto volta à baila.
No fim de semana surgiram notícias de que a ASAE apreendeu e mandou destruir alimentos que tinham sido oferecidos a Instituições de Solidariedade Social (entre eles lares de terceira idade), apenas baseada no não cumprimento de regras e sem qualquer análise. Soube-se que a ASAE sujeita essas instituições às regras que impõe por todo o lado, sem sequer querer saber se têm condições para fazer o investimento necessário, sem procurar soluções transitórias.
Esta acção da ASAE mostra um organismo dirigido para actuar de forma cruel e desumana, apenas interessada em cumprir objectivos – os tais mapas de objectivos que o Sr. Nunes diz não estarem em vigor.
Este caso de perseguição e ataque a organismos de apoio aos mais carenciados é a peça que faltava para mostrar o processo de deturpação de objectivos que o Sr. Nunes empreendeu na ASAE. Evidentemente é necessário que exista e actue uma entidade que fiscalize condições sanitárias de estabelecimentos e de alimentos, mas ainda é mais necessário que essa entidade tenha bom senso e não tenha uma actuação desproporcionada. A ASAE é forte para com os fracos e fraca para com os fortes. Delicia-se a perseguir quem tem poucos recursos para se defender. É ao mesmo tempo polícia, juiz e carrasco, numa intolerável actuação que ignora as mais elementares regras da sociedade em que vivemos, tendo por cartilha única regulamentos europeus lidos de forma burocrática.
Não sei se José Sócrates e Manuel Pinho já repararam numa coisa: enquanto derem cobertura à forma de actuação da ASAE e ao padrão que o Sr. Nunes lhe imprimiu, para os efeitos práticos são eles próprios que cometem os excessos, os desmandos desumanos e a crueldade que é dificultar o trabalho de organismos de apoio social. É como se fossem eles próprios a deitar fora os alimentos que as populações oferecem a estas instituições ou a mandá-las encerrar sem cuidar de quem lá é assistido. O silêncio que têm sobre esta matéria é de um cruel cinismo e de um intolerável desprezo para quem os elegeu. Espero que do próximo programa eleitoral de Sócrates constem as medidas da ASAE que ele protege. Assim, pelos menos, os eleitores saberão o que os espera.
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