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(Publicado no diário Meia Hora de 9 de Julho)
A Câmara Municipal de Lisboa anunciou recentemente a intenção de constituir uma Film Commission, como instrumento auxiliar da captação de produções audiovisuais para a cidade. É uma boa iniciativa, que pretende dotar Lisboa de um organismo que fomente o investimento estrangeiro nesta área. Aqui ao lado, em Espanha, há Film Commissions em Barcelona, Madrid, Valência e Sevilha, e Londres e Paris são outras cidades europeias com grande actividade nesta área.
Há, essencialmente, três aspectos da actuação de uma Film Commission, que se desenvolvem em planos diferentes: em primeiro lugar elaborar um guia de filmagens, com imagens de locais naturais, monumentos, etc, indicação de serviços técnicos e de produção disponíveis localmente, um guia de profissionais portugueses em regime de «free-lance» e um levantamento de tudo o que pode ajudar à actividade; em segundo lugar uma entidade que tenha capacidade de receber, analisar e despachar os pedidos de filmagem, que seja ágil e dê resposta em tempo útil e evite uma peregrinação a dez entidades diferentes; e, finalmente, a obtenção de um regime fiscal que torne competitivo a um estrangeiro vir produzir a Portugal.
Esta é a parte mais delicada de toda a questão: hoje em dia não chega ter muitas horas de sol, lindos cenários naturais e profissionais bem preparados para conquistar produções internacionais, sejam de publicidade, sejam de televisão ou de cinema. Com o IVA à taxa que temos, perdemos logo directamente em competição com a Espanha. Com a dificuldade de reembolso do IVA em algumas produções internacionais, perdemos em relação aos outros países (e Film Commissions) que obtiveram incentivos e regimes especiais que atraem o investimento estrangeiro. Convém aqui recordar que uma produção internacional investe dinheiro directamente no sector e consome (muito) em toda a cadeia turística – hotéis, restaurantes, rent a car, etc.
A Câmara Municipal de Lisboa faria bem em se aconselhar com os profissionais do sector, faria bem em articular os seus esforços com a iniciativa de construção de uma Cidade do Cinema, no Barreiro, por iniciativa de Carlos Matos, um português que tem forte actividade na área do cinema nos Estados Unidos. E faria bem em estudar os bons exemplos no estrangeiro e não se limitar a fazer uma espécie de simplex para o audiovisual.
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