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(publicado no diário Meia Hora de 17 de Julho)
António Costa é Presidente da Câmara Municipal de Lisboa há um ano. Na sua campanha eleitoral prometeu mundos e fundos. Ao fim destes primeiros doze meses não se vê obra feita – nem na reestruturação de serviços, nem no saneamento financeiro, nem na vida quotidiana da cidade.
Lisboa vive num clima de cortes de despesa, que se começa a sentir no estado das ruas, na limpeza dos jardins e espaços públicos. As juntas de freguesia são desprezadas, são-lhes retiradas condições para poderem cumprir projectos e até passos importantes de anteriores executivos – como a reabilitação de Monsanto – começam a dar sinais de regressão.
Na frente cultural o desastre é total. Não há estratégia nem plano, tudo se resume a umas manifestações folclórico-propagandísticas que ocupam a Praça do Comércio aos Domingos, dificultando o trânsito e a vida normal dos lisboetas.
Organismos culturais independentes estão a entrar em crise – como os Artistas Unidos – e uma boa parte das iniciativas que marcavam Lisboa encontraram asilo em Oeiras e Cascais. Por estes dias duas prestigiadas publicações internacionais – a revista «Monocle» e o diário «New York Times» apontavam Lisboa como uma cidade a seguir – isto não nasceu de repente, foi o resultado de um trabalho de vários anos, de uma programação diversificada e internacional, da criação de pólos de atracção – quase todos destruídos - desde a Moda Lisboa até à Lisboa Photo, passando pelo Africa Festival.
A cidade vive da fama ganha nos últimos anos e daquilo que ainda consegue sobreviver. Por este andar, quando este ciclo político terminar, arriscamo-nos a ter o deserto e Lisboa será, mais uma vez, um destino ignorado. É uma pena, agora que o trabalho anterior começava a dar frutos, que tudo esteja a ser desmembrado.
Para mim é um mistério como se deixa que as coisas se degradem na área cultural ao ponto em que estão – e que na vereação municipal isto seja assunto de que não se fala. Preocupados com as suas sinecuras político-partidárias os vereadores – da maioria e da oposição – mostram em relação às políticas de desenvolvimento cultural e criativo da cidade um desprezo que mostra a sua falta de estrutura enquanto cidadãos. Da esquerda à direita é lamentável, simplesmente lamentável.
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