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(publicado no diário Meia Hora de dia 3 de Setembro)
Estamos a meses do início de um novo ciclo eleitoral, que vai ser já ali ao virar da porta. Em 2009 sucedem-se eleições europeias, autárquicas e legislativas e a verdade é que o panorama político está confuso. À direita PP e PSD têm crises internas de diferentes matizes e não souberam aproveitar estes três anos do ciclo do PS no poder para se reorganizarem, para definirem estratégias, para produzirem um programa alternativo credível. Um e outro partido enredaram-se em disputas internas de poder absolutamente estéreis.
E, no entanto, a oportunidade existe: as fragilidades do PS são grandes, os resultados do Governo são discutíveis, o alcance reformista estancou, o próprio PS está dividido entre uma posição mais ao centro e outra mais à esquerda. Mais além, no espectro partidário, o PCP mantém-se igual e o Bloco de Esquerda, ao institucionalizar-se cada vez mais, perdeu o apelo romântico que lhe deu ânimo nos primeiros anos.
No meio deste cenário tão confuso, o mais provável é que os próximos 12 meses não tragam grande novidade, que fique tudo mais ou menos na mesma. A minha convicção é que, sob a ilusão da estabilidade ou a defesa da continuidade, se vai entrar numa etapa de desagregação acelerada da actividade política e partidária tal como a conhecemos. A geração que estava nas faculdades no dia 25 de Abril de 1974 está a entrar na idade da reforma e quando olha para trás não tem muito com que se orgulhar – foram demasiadas as oportunidades perdidas, sobretudo quando comparamos com o que se passou aqui mesmo ao lado, em Espanha.
Quando as eleições começam a ficar próximas, quem está no poder deixa de tomar medidas polémicas, passa a estar mais sensível à opinião pública e tem tendência a ter mais cuidado com o que diz, com o que faz e, sobretudo, com o que anuncia querer mudar. Fazer grandes mudanças em ano eleitoral pode ser bom a médio-longo prazo, mas nunca é bom para quem quer assegurar maiorias. Vamos entrar oficialmente no ano de todas as promessas. Preparem-se – o que ainda não se fez, tão cedo não se fará. Vivemos num país adiado por promessas eleitorais. 2008, como se está a ver, é o ano de todos os silêncios – apenas a tradução do enorme vazio que nos cerca.
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