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ELEIÇÕES – A notícia do arranque formal da campanha eleitoral do Governo foi dada com a proposta de Orçamento de Estado para 2009, que contempla o catálogo de medidas eleitoralistas a aplicar no decurso da campanha. Na mesma semana o Primeiro Ministro sublinhou a importância da manutenção do calendário das grandes obras públicas previstas e mereceu logo um significativo coro de aplausos daqueles empresários portugueses que gostam mais de trabalhar para o Estado do que de procurar clientes no mercado. É engraçado comparar o esforço do Estado nessas obras com incentivos à exportação ou estímulos à criação de novas empresas. Recordo aqui que ainda há pouco tempo o Presidente da República chamou a atenção para o facto de os empresários deverem ter em conta o mercado real dos consumidores e não o mercado manipulado das encomendas do Estado e das obras públicas. O desenvolvimento de um país é o resultado não da capacidade de lobby no aparelho de Estado, mas sim do êxito no mercado. Confundir Estado com mercado é um vício penoso que se tornou numa praga em Portugal.
CRISE – Nestas semanas de crise a mais completa e elucidativa cobertura, entre as revistas generalistas, tem sido a da «Newsweek», e isto porque procura perceber as razões do que sucedeu e avançar pistas para o futuro. Na edição de dia 13 a revista publicava um artigo do historiador Francis Fukuyama, «The Fall of America Inc» (pode ser visto em http://www.newsweek.com/id/162401 ), que analisava o que ao longo dos anos levou à situação actual, em que uma certa forma de capitalismo colapsou. Será possível restaurar a confiança na marca «América»? - pergunta Fukuyama provocatoriamente. Vale a pena ler o artigo, é absolutamente brilhante. Também imperdíveis têm sido os artigos do redactor-estrela da revista, Fareed Zakaria, cheios de dados, recordando a sucessão de factos que levaram ao colapso do sistema financeiro, mas também sugerindo soluções para ultrapassar a crise e mostrando que todas as crises têm um lado positivo.
BOATARIA – Passadas duas semanas, vale a pena lembrar que, segundo o «Expresso», a primeira referência sobre problemas «em dois pequenos bancos» terá sido criada a partir de uma declaração do Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, numa reunião com os cinco maiores bancos portugueses. O mais curioso é que na semana seguinte foi o mesmo Vítor Constâncio quem veio atacar a boataria sobre problemas na Banca portuguesa. É de mim ou isto é tudo um bocadinho esquisito?
PETISCAR – As reconciliações são sempre momentos felizes. Foi o que me aconteceu um destes dias quando me reconciliei com o Salsa e Coentros, um restaurante marcado pela gastronomia alentejana e que, há uns largos meses, me tinha desiludido no serviço, na forma como os clientes eram tratados, no ambiente geral. Passado um patamar médio da qualidade da cozinha, a forma como um restaurante recebe, a simpatia no atendimento de marcações, a forma como se processa o serviço na refeição, são tudo coisas que contam. Comer fora não é encher o bandulho, é suposto ser um momento de prazer e não um castigo ou sacrifício. Alguns restaurantes portugueses gostam de tratar os clientes como uns meros maçadores e assumem uma postura arrogante. Deste mal me queixava eu em relação ao Salsa e Coentros, mas a situação mudou e desta vez senti-me bem e comi melhor. A escolha foi uma perdiz de fricassé que estava perfeita. Roubando uma garfada ao vizinho do lado conatatei que a empada de perdiz estava igualmente boa. As batatas fritas às rodelas, finíssimas e no ponto, estavam perfeitas. Aqui está um sítio onde terei gosto em voltar. Rua Coronel Marques Leitão nº12 (perto da Avenida Rio de Janeiro, Alvalade). O telefone é o218410990.
OUVIR – David Oistrakh (1908-1974) foi um dos mais extraordinários violinistas de sempre. Por ocasião do centenário do seu nascimento a Deutsche Grammophon juntou algumas das suas gravações mais representativas, interpretações emocionantes de obras de Mendhelsson, Bruch, Prokofiev, Chausson, Ravel, Glazunov e Kabalevski, registadas entre 1948 e 1961, numa selecção cuidada de registos de origens e épocas muito diversas. A edição inclui ainda um CD extra, com gravações raras, de 1952, em que Oistrakh é acompanhado ao piano por Vladimir Yampolsky. Triplo CD «Concertos And Encores», Deutsche Grammophon.
LER – Os conflitos religiosos, a condição humana, a fé, as guerras em que os Estados Unidos se envolvem no exterior e, claro, o conflito entre a moral e o sexo, são os temas do novo livro de Philip Roth, «Indignation», a sua 29ª obra. Considerado com um dos grandes escritores contemporâneos, Roth localiza a acção em 1951, na época da Guerra da Coreia e num jovem estudante universitário, Marcus Messner, proveniente de uma família judia ortodoxa, em conflito com a religião, inadaptado no ambiente que descobre na universidade. O livro contém descrições brilhantes de lugares e de situações – à mistura com considerações e formas de ver o mundo - e desenrola-se num ambiente de crescentes conflitos, que culmina numa irreversível ruptura – com a vida. «Indignation», 233 páginas, edição Houghton Mifflin, comprado na Amazon.
BACK TO BASICS – Um político pensa apenas no seu próximo acto eleitoral, um estadista pensa na próxima geração (James Clark).
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