(Publicado no Meia Hora de 18 de Novembro)
Na semana passada aconteceu-me ter uma reunião perto da sede da EMEL, a Empresa Municipal de Estacionamento de Lisboa. Eu confesso que não gosto da EMEL, dos poderes policiais que lhe foram dados (e que alguns juristas consideram de duvidosa legalidade), não gosto da atitude dos seus funcionários mas, sobretudo, não gosto do abuso que é a EMEL obrigar a pagar novo estacionamento cada vez que se sai da zona onde se pagou, mesmo que ainda reste tempo.
À porta da sede da EMEL há muitos dos seus fiscais a fumar, mas é difícil encontrar uma caixa de pagamento perto do local onde existem mais estacionamentos disponíveis. Um cidadão tem que dar uma bela caminhada até à esquina onde há uma máquina – apetece logo nem pagar. A colocação de máquinas em locais distantes é uma das provas da atitude que rege a empresa, de desprezo por quem a financia.
Vamos por partes: quem anda de automóvel em Lisboa é CLIENTE da EMEL, não é um malfeitor encartado atrás do qual devem ser lançados cães de fila. A EMEL tem que aprender aquela coisa básica que é tratar as pessoas como clientes, que são. Eu até sou dos cumpridores, lá vou pondo as moedinhas – mas não me coíbo de dizer que acho um roubo a forma como o sistema está organizado – e cada vez que digo isso a um Fiscal ele fica com cara de quem me quer dar voz de prisão. Há uns que olham para mim a ver se me fixam a cara e vão apontar a matrícula do carro. Revelador, não é?
Quem anda de carro em Lisboa por razões profissionais tem várias vezes que parar numa série de locais relativamente próximos, mas pertencentes a várias zonas de cobrança da EMEL . Já mais que uma vez me aconteceu chegar ao meu carro, com um selo ainda dentro do limite de tempo, mas oriundo de outra zona – e ter que aturar um fiscal a perseguir-me verbalmente sem sequer lhe passar pela cabeça que está a falar com um cliente e não com um assaltante. As criaturas da EMEL são formadas para perseguir, punir e abusar da autoridade – não são formadas para servir os clientes – não admira, a EMEL é filha da Câmara Municipal de Lisboa que tem uma persistente atitude de afastar moradores e castigar quem tem a mania de querer viver na cidade.
Nas próximas autárquicas só voto num candidato que proteja os moradores de Lisboa, que os beneficie em vez de penalizar. E que diga que vai pôr a EMEL na ordem.