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SEMESTRE – Com uma candura extraordinária Manuela Ferreira Leite sugeriu que não seria má ideia a interrupção da democracia durante uns seis meses para se fazerem umas reformas. Por mais voltas que a sua equipa do PSD dê, o que ela disse foi isto mesmo – admitir o princípio de que uma suspensão da democracia seria útil em certas circunstâncias. No mínimo foi um pensamento de mau gosto, se quiserem um acto falhado, desgraçadamente revelador de estados de alma desnecessários. A direita portuguesa tem, infelizmente um problema: convive mal com protestos e gosta de apelar ao exercício da autoridade, embora na realidade seja muito mais suave nessa matéria que o actual PS. Na realidade, como hoje se vê, em termos práticos, a direita portuguesa é um menino de fraldas ao pé das atitudes de José Sócrates, Santos Silva ou Vitalino Canas em matéria de reacção a protestos ou da forma de lidar com a contestação. Só que os fantasmas do passado ainda castigam a direita e beneficiam a esquerda. Na realidade posições como a tomada por Manuela Ferreira Leite apenas penalizam o PSD e a área política onde se insere- ao PSD não basta parecer que gosta do regime, tem que mostrar todos os dias e a todas as horas que gosta e o honra e não lhe fica bem distrair-se; ao PS, que já não sei bem se é de direita se de esquerda, basta parecer conformar-.se com o regime – mesmo que pelo meio faça as tropelias que entende ou mesmo que Vitalino Canas a falar dos professores e estudantes pareça um Ministro do Interior do passado. É injusto, mas é assim. Manuela Ferreira Leite acabou de dar mais uma vantagem a José Sócrates – ajudou-o a parecer ser mais à esquerda do que é, numa altura em que bem precisa dessa camuflagem.
LISBOA – Era muito boa ideia que no programa das candidaturas às próximas autárquicas, em Lisboa, constassem as medidas que os candidatos propõem, a nível fiscal, de benefícios e práticas (circulação, estacionamento, etc), para os residentes na cidade. Na realidade os residentes são prejudicados face aos não residentes que se deslocam para a capital, os residentes são penalizados em questões que vão desde os impostos ao IMI, passando por limitações de circulação durante festividades diversas ao fim de semana. Candidato que não proteja e estimule os lisboetas e a cidade não deveria merecer o voto de ninguém.
VER – Este é o fim-de-semana em que vale a pena ir à FIL, para ver mais uma Arte Lisboa. Vão estar presentes 70 Galerias, das quais 45 portuguesas e 25 estrangeiras. Até segunda à noite (entre as 16h00 e as 23h00) pode visitar e descobrir o panorama de novas obras, algumas aqui em primeira apresentação, e também o acervo de galeristas. Além disso tem um ciclo de debates com temas como o coleccionismo de fotografia, a actividade das feiras de arte e o investimento em arte, entre outros temas. Informação em www.artelisboa.fil.pt .
OUVIR – A britânica «Mojo» é sempre, de entre as revistas dedicadas à música, uma publicação a seguir com atenção. Na edição de Dezembro o destaque vai para Leonard Cohen, a propósito da grande digressão mundial que está a fazer, e que já passou por Lisboa no Verão. Para além de uma análise de toda a sua discografia, existe um extenso e magnífico artigo sobre este artista que diz durante anos ter seguido uma dieta rigorosa baseada em «vinho, mulheres, canções e religião». Mas o melhor de tudo é que a «Mojo» oferece um CD com uma colectânea de canções de Cohen interpretadas por outros artistas – 15 ao todo, entre as quais «Suzanne» por Ian McCulloch, «Joan Of Arc» por Allison Crowe, «Avalanche» por Nick Cave ou «Song For Bernardette» por Judy Collins. O meu exemplar foi comprado nas revistas do El Corte Inglês esta semana e ainda lá ficaram alguns.
FOLHEAR – Continuo a folhear a magnífica edição especial da «Newsweek» que mostra um portfolio da campanha eleitoral norte-americana e da vitória de Obama. Imagens magníficas, óptimo foto-jornalismo, boa reportagem, boa escrita. Um exemplar de colecção que mostra como as revistas e a imprensa servem outro compasso da informação – reflectindo, comparando, mostrando, muito para além da notícia instantânea. Intitulada «Obama’s American Dream», este «Special Commemorative Issue» estará à venda até Fevereiro de 2009.
ENGRAÇADO – Com um bocadinho de jeito Al Gore e seus derivados podiam quase ser considerados os inspiradores do ecologista hábil em negociatas que faz de vilão em «Quantum Of Solace». O filme coloca 007 em luta contra um grupo de empresários e políticos que querem dominar as fontes energéticas, às vezes em consonância com governos de insuspeitos países e seus serviços secretos. É a imagem dos que aproveitam a ecologia para encher os bolsos – há muito disso por aí. Faz tempo que um filme do agente secreto de sua majestade não era tão oportuno.
PETISCAR – O nome deste restaurante é de si um episódio - «Ultralento». O serviço no entanto é eficaz, cortez, e despachado e as influências culinárias são variadas, com destaque para a Índia. O caril de galinha e os bojés estavam muito bons, assim como uma sopa de abóbora com laranja e uma inesperada mas agradável maçã com chévre; nas entradas destaque para um puré de manga com vinho do Porto. Por falar em vinhos, a lista é razoável, mas o vinho da casa é do Dão, honestíssimo, e servido a copo. A decoração é contemporânea e cuidada, aqui está um simpático restaurante de bairro em Campolide onde dá gosto ir ao fim do dia – Rua General Taborda 47, tel 213 879 186. Mais informações em www.ultralento.com .
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