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O ZÉ - Como já imaginava o vereador Sá Fernandes revela-se de dúbios princípios – o que lhe interessou foi ser eleito, o cumprimento das promessas ficaria para depois. Mal se viu vereador sentou-se ao colo de António Costa e agora não quer de lá sair. O Bloco de Esquerda entretanto já anunciou que, curiosamente, o Zé não faz falta nenhuma – a pequena política é assim – feita de grandes oportunismos que vivem à conta da manipulação dos eleitores. O delito do Zé não é de opinião, como o PS quer fazer crer, é de ética.
OS CIFRÕES - Depois da entrevista ao Expresso queixando-se da falta de orçamento, o Ministro da Cultura parece desaparecido. Não se vê, não se sente, não se ouve. Há um ano atrás entrou fulgurante no Ministério a dizer que o dinheiro chegava, tinha que se trabalhar com os meios que existiam. Agora já se queixa – nada como o confronto com a realidade para a prosápia esmorecer. Ultimamente já nem se vê em ocasiões como a inauguração da exposição da bela colecção de fotografias do BES no CCB. Quem não perde pitada de acontecimentos do género é Manuel Pinho, já considerado o Ministro-Sombra da Cultura.
DESCOBRIR - Gostei muito das fotografias de Tatiana Macedo na Rock Gallery, uma das partes do Art Edifício, Rua da Boavista 84, ao Cais do Sodré. Na VPF Cream Art Gallery o brasileiro Tiago Carneiro da Cunha propõe uma interpretação contemporânea das porcelanas italianas do período barroco, a Plataforma Revólver apresenta uma colectiva com enfoque no desenho e seus derivados, e na Rock Gallery está um conjunto de fotografias de Tatiana Macedo sob o título «Boys Need Yoga Too», imagens feitas numa viagem à China no Verão passado e que revelam uma observação atenta para além do registo do óbvio que se tornou numa (nefasta) tendência em parte da fotografia actual.
COLECCIONAR - A colecção de fotografia do Banco Espírito Santo reúne um conjunto invulgarmente eclético de imagens fotográficas desde meados do século XX até agora, de autores de diversas nacionalidades. A colecção (pelo menos na mostra agora apresentada), tem uma predominância de autores contemporâneos sobre os nomes mais consagrados da fotografia, o que provoca também desiguais descobertas. A exposição «O Presente: Uma Dimensão Infinita» está patente até 25 de Janeiro no Museu Berardo (CCB) e beneficia de uma montagem muito conseguida da responsabilidade das curadoras da mostra, Maria de Corral e Lorena Martínez de Corral, que conseguiram mostrar, como elas próprias sublinham, «o meio através do qual vemos tudo».
VER - O filme «Amália», ante-estreado esta semana, vai fazer correr alguma tinta. A opção por uma narrativa – chamemos-lhe tablóide – da vida da fadista não é pacífica, assim como não é pacífica a subalternização da componente artística e criativa em detrimento de uma aproximação baseada nos conflitos (alguns pessoalíssimos e íntimos), traumas e suas origens que percorreram a vida de Amália Rodrigues. O argumento tem fragilidades técnicas (demasiadas referências, demasiados saltos no tempo, demasiadas personagens colocadas ao mesmo nível, dispersão da acção e da narrativa, abuso de momentos de tensão dramática) e a realização sofre, para um filme de longa metragem, da conotação demasiado televisiva do Carlos Coelho da Silva e da sua predilecção por um estilo, digamos, brejeiro, que já vem desde «O Crime do Padre Amaro». Regra geral o desempenho dos actores é escorreito e Sandra Barata Belo consegue uma boa recriação de Amália. É provável que a bilheteira seja boa, mas é certo que a história de Amália Rodrigues merecia melhor tratamento. Destruir a imagem pública de um mito tem o seu preço…
LER - A edição de Dezembro da revista «Vanity Fair»é absolutamente extraordinária. Já nem falo da capa e da sessão fotográfica de Kate Winslett, limito-me a chamar a atenção para o melhor artigo que até agora li sobre as origens da actual crise financeira, «Wall Street Lays Another Egg», escrito por um historiador de economia, Niall Ferguson. Outros destaques vão para uma viagem ao interior da Bloomberg, que já é a maior fonte de notícias utilizada em todo o mundo. Ainda no reino dos media, a mesma edição oferece uma viagem ao império de Murdoch e à corrida pela sua sucessão na News Corporation e ainda a história exemplar do que é a persistência de um grande jornal, o «New York Times», numa situação de guerra, no caso o Iraque. Leitura recomendada para os editores cá do burgo.
OUVIR – Se gostam de blues não hesitem: o disco que precisam de conhecer é «No Regrets», onde Randy Crawford canta standards, acompanhada pelo grande pianista Joe Sample . Em temas como «Everyday I Have The Blues», «Respect Yourself», «Me, Myself And I», «Starting All Over Again», »Lead Me On» e «Angel In The Morning», entre outros, Crawford e Sample mostram um entendimento perfeito e conseguiram um registo absolutamente exemplar. CD Emmarcy, Universal Music.
PIZZAR - A Maritaca é um restaurante acabado de abrir na 24 de Julho, em Lisboa, mesmo ao lado da discoteca Kapital. Na realidade a Mariataca é um bocadinho mais que um restaurante – é daqueles locais a meio caminho entre sala de estar, ponto de encontro de amigos e casa de pasto despretenciosa e contemporânea. Espaço amplo, área para fumadores, enfoque na comida italiana (pizzas, risottos, lasagnas, raviolis), desvio para bifes se necessário. As pizzas são como deve ser – massa muito fina e estaladiça, a preços honestos. Vinho a copo, sem mácula. Serviço simpático, muito bom para resolver um daqueles jantares ou ceias que não se sabe onde podem ser. Encerra aos Domingos, nos outros dias está aberto aos almoços e à noite até às duas. Av 24 de Julho 68F, telef 213939409.
BACK TO BASICS – Se os meus filmes fizerem uma pessoa que seja mais infeliz, cumpri o meu trabalho – Woody Allen.
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