EMEL - Vou relatar uma situação real ocorrida esta semana, numa tarde de chuva, com uma amiga minha. Foi ao notário tratar de um assunto e no regresso o carro estava com bloqueadores da EMEL. Ligou para um call center muito moderno e dizem que os desbloqueadores vão a caminho. Factos: o estacionamento foi feito às 11h20, a saída do notário foi às 13h20, o bloqueamento foi feito às 12h05, o primeiro pedido de desbloqueamento foi às 13h25, mas só foi concretizado três horas e meia depois, às 16h50. Pelo meio foram feitos vários telefonemas sempre com a informação de que o assunto estava a ser tratado – com o irritante automatismo dos call centers que efectivamente são um atentado aos clientes. Eu sei que a EMEL é uma organização, patrocinada pela Câmara Municipal de Lisboa, para abusar da paciência dos munícipes. A legalidade da sua plena actuação é questionável, o bom senso dos seus agentes é quase nulo, a eficácia na caça à multa e o abuso de autoridade é directamente proporcional à ineficácia da sua acção quando são chamados a resolver situações. O Dr. António Costa acha três horas e meia um tempo aceitável para desbloquear um carro? Eu por mim sugiro que na próxima campanha autárquica os eleitores castiguem quem não apresentar medidas de reforma da actuação da EMEL.
EUROPA - Estou cheio de curiosidade sobre o futuro do Tratado de Lisboa – aliás tenho alguma curiosidade em ver como a União Europeia vai sair da embrulhada em que está no meio da crise financeira. Quis o destino que a próxima presidência da União caiba à Checoslováquia – que por acaso ainda não ratificou o tratado e cujo presidente Vaclav Klaus se tem recusado a hastear a bandeira da Comunidade no alto do Castelo de Praga, a sua residência oficial. Depois do frenesim de Sarkozy vai ser curioso seguir a evolução de uma Europa em roda livre.
EUA - A «Newsweek» desta semana resume numa frase curta o que é a missão de Baracak Obama para a História: «O novo Presidente dos Estados Unidos será julgado com base no que conseguir fazer para salvar o capitalismo». Ora aqui está uma coisa que as mentes simplórias devem ter sempre presente.
PORTUGAL - No regime português pós 25 de Abril existem dois «golpes de Estado», chamemos-lhes assim: o primeiro foi a dissolução da Assembleia da República por Jorge Sampaio (o pior Presidente do regime), numa sucessão ainda mal explicada de acontecimentos; e o segundo foi a alteração irrevogável dos poderes presidenciais expressos na Constituição, no caso do Estatuto dos Açores. Não certamente por acaso os dois golpes foram protagonizados por socialistas: Jorge Sampaio e José Sócrates. Vale a pena registar a forma como o Partido Socialista trata o regime e os expedientes a que recorre em seu interesse exclusivo.
FUTURO - Algo me diz que em 2009 a demagogia vai subir de tom, algo me diz que o populismo vai comandar, algo me diz que o PS vai tentar abusar da sua autoridade, utilizar a maioria absoluta para promover mais abusos. A situação é tanto mais complicada quanto a oposição é fraca, tem pouca capacidade e iniciativa. Nem o básico dos básicos consegue: confrontar o PS com o que faltou fazer em relação a promessas eleitorais e programa de Governo. A situação provoca o desinteresse dos cidadãos, o PS agradece e está a transformar o Estado no seu parque de diversões privativo. Sem a participação dos cidadãos o futuro vai ser dos tiranetes justificados por maiorias absolutas. Nos meus piores sonhos vejo uma junta militar presidida por Sócrates, ladeado por António Vitorino e Santos Silva a acolherem Hugo Chávez com honras nacionais.
ALMANAQUE - A revista do ano é sem dúvida a «Monocle», a revista que se tornou uma leitura obrigatória no que diz respeito ás tendências, à evolução das cidades, á forma de pensar e de encarar o Mundo. A edição de Dezembro/Janeiro dedica-se a fazer previsões sobre 2009 e a indicar pistas a seguir, em pessoas, em artistas, em cidades e regiões. No meio, um português surge entre os 20 heróis do futuro próximo,
João Fazenda, ilustrador com trabalhos publicados no «Sol», «Visão» e «Público», além de vários jornais e revistas internacionais. Saibam mais sobre ele em
www.joaofazenda.com . A «Monocle» é um verdadeiro almanaque dos tempos que correm.
CLÁSSICO - Nestes tempos difíceis nada como regressar aos clássicos. Michael Feinstein é um intérprete pouco conhecido em Portugal, mas reconhecido e apreciado nos Estados Unidos. Tem uma carreira dedicada a estudar e interpretar os clássicos da canção popular norte-americana e é colaborador frequente da «Library Of Congress» nesta área. O seu trabalho mais recente é uma homenagem a Sinatra. Além da capacidade vocal e de interpretação, os arranjos e toda a produção deste disco ( a cargo de Bill Elliott) são absolutamente exemplares. De longe esta é a mais fascinante homenagem a Frank Sinatra feita nos últimos anos. «The Sinatra Project», Michael Feinstein, CD Concord, comprado na Amazon.
BACK TO BASICS – «A melhor forma de prever o Futuro é inventá-lo», Alan Kay.