(Publicad0o no Diário Meia Hora de 13 de Janeiro)
Num tempo em que tantos Institutos e Observatórios são criados por todo o lado eu gostava que fosse criado um Observatório da Política. A missão deste Observatório seria comparar os actos dos políticos eleitos com as promessas feitas quando se apresentaram a votos, comparar a acção dos políticos na oposição com o que prometeram nas respectivas campanhas, avaliar o desempenho de partidos, de dirigentes partidários, e dos titulares de cargos públicos.
Vou um bocadinho mais longe: não é só o partido vencedor das eleições que merece ser escrutinado face às suas promessas – também os derrotados devem depois passar pelo crivo da comparação entre os programas eleitorais e promessas avulsas realizadas e a verdade dos factos no dia a dia da acção política.
Infelizmente a demagogia e a mentira tornaram-se no mal maior da política contemporânea. Ganham-se eleições a prometer reduzir impostos, quando se chega ao Governo aumentam-se logo; e, inversamente, defende-se o aumento dos impostos quando se é Governo e depois a redução quando se passa à oposição.
A falta de seriedade dos políticos é a maior causa para o desinteresse dos cidadãos. É triste mas os chamados partidos de Governo comportam-se todos da mesma forma: quando pedem um voto, na prática estão a pedir um cheque em branco – não interessa o que os seus programas eleitorais dizem, não interessa o que os dirigentes prometem, a passagem das ilusões, utopias e sonhos a promessas descartáveis acontece no exacto momento das tomadas de posse.
Este Instituto da Política devia ser criado com declaração de urgência por forma a ainda poder servir de alguma coisa neste ano eleitoral: que fizeram os deputados europeus eleitos em Portugal? Como se comportaram eles? Quem sabe se cumpriram programas? Que balanço fazer dos deputados à Assembleia da República? Que dizer dos membros do Governo que em eleições prometeram uma coisa e depois passaram o mandato a fazer o contrário? Que dizer dos líderes de oposição que também não se lembram do que garantiam ser o melhor para o país? Que dizer dos autarcas que deixaram as cidades e vilas pior do que as encontraram e que não respeitam o bem estar de quem lá vive?. O fundamental é que cada um de nós analise o que se passa à sua volta e retenha na memória as promessas para as comparar com a realidade.