(Publicado no diário Meia Hora de dia 3 de Fevereiro)
O PS e o Bloco de Esquerda pretendem fazer alterações significativas no trânsito na zona da Baixa e na zona ribeirinha de Lisboa. Os argumentos são os do costume: devolver a cidade aos peões, tentar criar faixas para bicicletas, demagogia barata para consumo eleiçoeiro – como se as cidade contemporâneas não convivessem com os automóveis.
Fernando Nunes da Silva, um Professor do Instituto Superior Técnico, já veio alertar para o facto de os desvios previstos irem provocar engarrafamentos consideráveis noutros locais – nomeadamente no Chiado – aumentando a circulação, a poluição e diminuindo a qualidade de vida nessas zonas que agora irão ser castigadas.
Os comerciantes que ainda sobrevivem na Baixa lisboeta alertam para o facto de as limitações propostas irem ameaçar ainda mais o já reduzido movimento comercial, alertando para a possibilidade de muitos estabelecimentos comerciais terem que encerrar, criando assim mais desemprego e desertificando ainda mais a Baixa.
Olhando com atenção para as soluções apresentadas salta logo à vista que o movimento entre a zona de Alcântara e a zona da Expo ficaria fortemente condicionado – paradoxal depois do investimento realizado na recuperação daquela área. A este nível este plano é quase uma segregação da Expo, relegada para arrabalde com penalizações de entrada no centro da cidade. Não deixa de ser curioso que um dos autores do estudo agora apresentado seja um dos responsáveis pela planificação (má, como hoje já se percebeu) da Expo – o vereador Manuel Salgado - «um poeta que vive numa auréola de esquerda, sendo um homem de direita», nas acertadas palavras do Presidente do Automóvel Clube de Portugal, Carlos Barbosa.
E é ainda Carlos Barbosa quem recorda, a propósito deste plano, apresentado por António Costa, que o actual Presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi «o pior Ministro (da Administração Interna) no que diz respeito à mobilidade e a tudo o que tem a ver com a segurança rodoviária».
As medidas agora previstas, a serem tomadas, prejudicarão sobretudo os lisboetas que vivem e trabalham dentro da cidade, os mesmos que este ano serão chamados a eleições para uma Câmara Municipal que lhes suga dinheiro em taxas e impostos, que usa a EMEL como arma terrorista e os castiga por quererem continuar a viver nesta cidade. Eu gostava de continuar a viver numa cidade que me quer, em vez de uma que me persegue.